domingo, 8 de março de 2015

Uma imagem vale mil palavras: Once Upon a Time Temporada 1 (2011-2012)

Era uma vez uma série de televisão, que estreou no seu país de origem, os EUA, há qualquer coisa como três anos e meio, tanto tempo como aquele em que eu tenho vindo a ouvir falar dela. Coisa que é uma bênção e uma maldição. Sim, porque depois de tanto tempo existem expectativas e ideias pré-concebidas, e se umas me podem preparar para o que viria a ter à frente, outras podiam dar uma ideia completamente errada da coisa e deixar-me completamente confusa.

Digo isto porque ao começar a ver a primeira temporada, e mesmo depois de a ter terminado, tenho uma sensação de... estranheza. Acho que esperava algo completamente diferente, ou pelo menos com uma dinâmica diferente. Não é necessariamente mau, apenas estranho por me obrigar a ajustar as minhas expectativas e ideias. Talvez um pouco desconcertante. De qualquer modo, é por esta razão que eu odeio ter expectativas sobre coisas, e ainda detesto mais o fenómeno de hype sobre algo, e fujo disso como se não houvesse amanhã.

Once Upon a Time explora um mundo de contos de fadas partilhado que é roubado a si mesmo pela Rainha Má da Branca de Neve, numa maldição que transporta os seus habitantes para uma cidade (Storybrooke) do mundo real, o nosso mundo, mas que também os rouba das suas memórias (e por extensão, das suas personalidades), e os mantém congelados no tempo. Pelo menos, até um salvador profético quebrar a maldição.

Acho que a coisa que mais me cativou e acabou por puxar para a série foi o conceito de os contos de fadas existirem no mesmo espaço e (mais ou menos) mesmo tempo. Há uma interligação entre as histórias e os personagens que é demasiado boa para ser ignorada. Vá lá, a Branca de Neve e a Capuchinho Vermelho a serem amigas? A lenda do Rumplestiltskin a cruzar-se com a Cinderela e a Bela e o Monstro? É quase demasiado bom para ser verdade. E é muito fixe ver todas as pequenas conexões a serem feitas.

Intercalada com as histórias de vários personagens de contos relativamente bem conhecidos, temos o desenvolvimento da história da Branca de Neve e do Príncipe Encantado (eles são a modos que os protagonistas, e é contra eles, ou pelo menos contra a Branca, que a Rainha Má tem um problema).

E os escritores aproveitaram muito bem os espaços no conto original para criar a sua própria história, muito mais rica, e deliciosa de explorar. Os vários pedaços dela são apresentados durante a temporada, nem sempre por ordem, e por isso foi tão bom tentar montar o puzzle. Aliás, no fim disto tudo eu adorava ver uma montagem da história deles e dos outros personagens por ordem cronologica, porque está tudo interligado e tenho a sensação que me escaparam coisas, de certeza.

Entretanto, em quase todos os episódios, a exploração dos flashbacks a mostrar-nos quem estas pessoas eram estão intercalados com cenas em Storybrooke, no presente, a mostrar-nos quem estas pessoas são. Acabou por se revelar interessante, porque as cenas do presente são em parte uma reflexão das cenas do passado, e também porque mostra o impacto que a maldição tem neles.

Sem as suas memórias, muita gente porta-se duma maneira diferente, ainda que reminiscente, do que era na terra dos contos de fadas. O Grilo Falante (sim, ele é um personagem) tem alguma dificuldade em manter-se uma bússola moral; a Branca de Neve, a maior visada na vingança da Rainha Má, vê o seu espírito destemido castrado pela maldição, apesar de manter um bom sentido moral; e o Príncipe Encantado, bem, nem sei se hei de ter pena dele ou vontade de lhe dar um abanão.

Foto de família? Heh.
Essencialmente esteve 28 anos em coma, e quando acorda nem sequer tem memórias fabricadas pela Rainha Má como os outros personagens, o que provoca um grande vazio moral e mental (de certo modo, é como uma criança) que o leva a meter a pata na poça durante boa parte da temporada. Grande parte das vezes em que isso acontece deu-me vontade de bater com a cabeça nas paredes, mas pronto, tentei manter em mente o efeito da maldição para não me saltar a tampa. De qualquer modo, dá um bocado de pena vê-lo tão avariado.

O arco narrativo principal da temporada foca-se na maldição e em como pode vir a ser quebrada, e o papel que o salvador profético, a Emma, virá a ter nela. É que a Emma é a filha da Branca de Neve e do Príncipe Encantado, nascida pouco antes da maldição ser lançada, e enviada para este mundo com o potencial de vir a quebrar a maldição. E a Emma cresceu no mundo real, e tem agora 28 anos, enquanto que os pais estiveram presos este tempo todo em Storybrooke, sempre com a mesma idade. O que quer dizer que por esta altura a Emma tem a idade deles, ou até pode ser mais velha, nunca se sabe. Uma noção deveras bizarra, mas que pode vir a dar umas cenas engraçadas.

Parte da piada de acompanhar a série passa também pelas maquinações da Rainha Má e do Rumplestiltskin, que às vezes parecem estar a jogar um jogo de xadrez completamente à parte, enquanto toda a gente ainda está a jogar à cabra cega. São simplesmente deliciosos de acompanhar, e acho que gostava de rever a temporada para apanhar algumas coisas sobre eles e sobre o que sabiam e quando o sabiam. (Isto aplica-se ao todo da série e dos personagens, na verdade.) Em retrospectiva, há coisas que começaram a ser planeadas com muita antecedência e acabaram por acontecer como pelo menos um deles esperava, por isso é de louvar o nível de planeamento que este tipo de coisa envolveu.

A série tem algumas reviravoltas que são engraçadas de descobrir, mesmo quando já tinha adivinhado algumas delas - adivinhei pelo menos a do Capuchinho Vermelho e a do August Booth. Enfim, se estou a ver uma série sobre contos de fadas à espera de reviravoltas, é certo que vou tropeçar nalgumas antes de tempo. Não me fez diferença saber de antemão.

Sobre o elenco, já mencionei alguns personagens que gostei de acompanhar; posso mencionar também a Capuchinho/Ruby, cuja personalidade é fantástica; a Emma, pelo seu cepticismo e pelo crescimento ao longo da temporada; e já agora o xerife, por duas coisas. Uma, porque tive pena que desaparecesse tão cedo, já que achei que podia ter mais coisas a contar. Duas, porque é interpretado pelo Jamie Dornan, e se tivessem aguentado mais o personagem talvez ele ainda andasse por ali hoje. Isso quereria dizer que hoje se calhar ele não era o Christian Grey, e eu teria sido poupada a piadas sobre algemas por parte da minha irmã (ela tem queda para piadas parvas) durante a extensão das suas aparições na série. Enfim, não se pode ter tudo.

Há tanta coisa mais, tantos pequenos detalhes, que eu gostava de comentar (os vestidos! ahhhh morri e fui para o céu quando vi os vestidos da Belle), mas podia ficar aqui o resto do mês a enumerá-los, o que não é propriamente prático. Resta-me dizer que apesar de ter estranhado a princípio, acabei por entranhar e ficar cativada pela história (apesar de não ser fã do ritmo do enredo, também não vejo como poderia ser feito de outra maneira), e estou bastante curiosa para ver o que se segue para os personagens. Não vou a correr ver, mas gostava de ver brevemente, para não me esquecer do que vi.

4 comentários:

  1. Eu já tenho visto episódios soltos quando apanho a série a dar no AXN e não e parece má. Ainda não me consegui aventurar a ver a série toda do início porque para já digo muitas séries, mas gostava de a conseguir ver toda um dia. :)
    Beijinhos.

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    1. Hmmm, estou intrigada com a noção, não sei se episódios soltos dá para perceber muito bem o que se está a passar... :S Recomendo, se um dia tiveres oportunidade. Nem que seja para ver o que eles fizeram com os contos de fadas. ;)

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  2. Uma das minha séries favoritas! Mas ultimamente tem andado um bocadinho morta...também já vai na quarta temporada e as histórias encantadas não duram para sempre...

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    1. Pois, essa é uma coisa que me tem retido no que toca a atrever-me a ver, quase toda a gente que começou por adorar a primeira temporada vai-se desencantado com as seguintes, pelo que vejo... bem, a este ponto não tenho remédio, eheheh, fiquei curiosa o suficiente para continuar. :)

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