Lumberjanes vol. 1: Beware the Kitten Holy, Noelle Stevenson, Grace Ellis, Shannon Watters, Brooke Allen
Este livro é totalmente adorável. Já tinha ouvido falar tanto dele, mas não tinha uma ideia muito clara do que esperar, por isso ainda bem que me arrisquei. A história passa-se num campo de férias para meninas, ahem, hardcore lady-types, como o texto se refere ao grupo e ao campo, e conta as aventuras de um grupo de 5 jovens.
Só que a piada dessas aventuras é que têm um pendor sobrenatural, com serpentes marinhas gigantes, raposas com três olhos, e estátuas falantes, num misto de várias coisas que gosto de ler (ou ver), tudo no mesmo produto artístico, e isso é tão divertido. Quase que podíamos argumentar que tanta aventura é produto da imaginação das meninas, se não fosse a monitora delas aparentar ficar ciente dos monstros no fim deste volume.
O enredo corre bem, com um misto de aventuras e momentos mais calmos, alturas em que cada rapariga pode brilhar por mostrar uma capacidade que tem (afinal, isto é um campo de algo parecido com escuteiras, e têm de ganhar badges por certas capacidades que demonstram), e pontos em que descobrimos mais um pouco sobre elas e sobre o mistério geral no centro de Lumberjanes (o meu único problema é ainda não termos uma ideia muito clara do que se passa, detesto não saber já).
Gostei bastante de conhecer as várias jovens protagonistas, ficamos com uma pequena ideia das suas personalidades e relações, mas estou com vontade de as conhecer melhor, acompanhá-las foi uma delícia. A arte é exuberante e colorida e uma delícia para os olhos, e pontos-bónus para esta edição - com folhas mais grossas que o normal para estes livros, e com muitos extras de capas variantes para os vários números presentes no volume.
Rat Queens vol.1: Sass and Sorcery, Kurtis J. Wiebe, Roc Upchurch
Outro livro acerca do qual não sabia bem o que esperar, e outro que me surpreendeu. Basicamente os autores pegam em todos os clichés dos livros e jogos de fantasia que se lembraram, e comentam-nos e gozam com eles, e viram-nos ao contrário para criar uma história que provavelmente vai agradar mais se o leitor tiver algum conhecimento do género, para poder rir-se com as piadas internas inseridas na narrativa.
E a sério, só os arquétipos e raças neste são por demais engraçados de ver explorados. As protagonistas são uma elfa feiticeira, uma anã guerreira, uma humana clériga e uma smidgen/halfling/hobbit/whatever ladra. Só aí as expectativas sobre elas são esmagadas, com a clériga a ser também ateia, ou a ladra a ser uma hippie de primeira, com uma queda por doces e drogas.
As aventuras em si são bastante engraçadas e cativantes de acompanhar - alguém anda a tentar matar grupos de mercenários, e as protagonistas são um deles, e tentam safar-se das tentativas de assassinato ao mesmo tempo que procuram o culpado. Os personagens secundários e até a maneira como as aventuras decorrem fogem ao conhecido para o género, e adoro o sentido de humor embutido na narrativa e nos diálogos.
Gosto ainda mais de ver um grupo de mulheres mercenárias, femininas, com diferentes estilos e perspectivas de vida, a divertir-se, matar coisas por dinheiro, e com uma saudável perspectiva sobre sexo. Creio que tenho uma inclinação maior para a Dee, só porque ela no fim do livro na festa estava tão desconfortável na festa, agarrada ao seu livrinho e com uma disposição "não me chateiem". Mas na verdade gostei de todas, e apreciei as suas diferentes personalidades.
Saga vol. 3, Brian K. Vaughan, Fiona Staples
É assim, eu já comentei Saga por duas vezes aqui no blog, não sei se tenho muito a acrescentar. Grande parte das coisas que disse continuam a aplicar-se. É uma história que cada vez mais vai ganhando tracção, e está numa parte particularmente cativante e interessante. As histórias dos vários personagens cruzam-se finalmente, e beeeeem, é explosivo. (Quase literalmente.)
Achei bem interessante ver os desafios que se põem à Alana, ao Marko e à Hazel como família, e o que se perfila e se espera para eles no futuro, e achei tão engraçado ver a Klara e o Oswald darem a volta à geração mais nova. Para além disso, aprecio como os autores estão a conseguir desenvolver quase todos os personagens, fazendo o leitor preocupar-se com o que lhes acontece.
Velvet vol. 2: The Secret Lives of Dead Men, Ed Brubaker, Steve Epting, Elizabeth Breitweiser
Neste segundo volume da intriga em torno de Velvet, a protagonista volta a casa, em Londres, para perseguir mais umas pistas relacionadas com o mistério que investiga, e no qual foi implicada como bode expiatório.
Acho que a parte que eu gosto mais destes livros é a intriga de espionagem, as facadinhas nas costas entre gente deste meio, os segredos e mistérios, a incerteza do que vai acontecer e de quem temos à frente. E também o perigo associado à missão de Velvet, os planos malucos de espião que usam coisas tão básicas da natureza humana para funcionar, e o drama presente derivado de tudo o que aconteceu no passado.
Parece que estou a ver um episódio de Alias, uma série que eu adorava ver, e por isso digo-o no sentido de elogio. Essa série também conseguia ser bastante retorcida e cheia de reviravoltas. Neste volume, adorei ver como a fasquia sobe mais um bocado, a intriga revela-se ser mais profunda que o esperado, e a Velvet, apesar de ser quase sobrehumana nas suas capacidades, vê-se ultrapassada por alguém que joga este jogo ainda há mais tempo que ela.
Os pontos de vista espalham-se a outros personagens, o que dá uma imagem mais geral da coisa, mas também permite avaliar a genialidade da Velvet, na maneira como manobra a perseguição que lhe é feita, e se escapa entre os pingos da chuva. Espiões a enganar espiões é tão divertido.
O enredo avança com uma velocidade furiosa (heh, nada a ver com o filme), nem dando tempo para respirar, e levanta mais uma pontinha do véu deste mistério, ao mesmo tempo que coloca mais perguntas e mostra que isto é bem mais profundo que inicialmente se apresentava. A narrativa joga bem com as personalidades e tropes de espiões, e é um gosto acompanhar, nunca se torna confusa.
A arte é fantástica, Steve Epting e Elizabeth Breitweiser combinam traço e cor para apresentar uma imagem bem realista e cinematográfica, conjurando uma atmosfera bem adequada a uma história de espionagem dos anos 70. No entanto, não gosto muito da capa (deste e do anterior). Sei que está a tentar conjurar um estilo de época bem explorado, mas é mesmo por essa razão que sei que é possível fazê-lo sem parecer uma confusão pegada. Aqui não há ligação entre imagens, está tudo ali a flutuar sem nexo.
Tenho muita curiosidade em ler Lumberjanes e Rat Queens! Têm temáticas que me agradam e Lumberjanes ganhou prémios Eisner.
ResponderEliminarDepois de ler a tua opinião, estou interessado em ler sobretudo Rat Queens, acho piada à ideia e eu até que devo apanhar muitas referências com o background que tenho em vídeos-jogos.
Lumberjanes é super adorável! Tem um tom juvenil, lembra-me um bocado aqueles livros que líamos quando éramos miúdos, tipo Uma Aventura e o Clube das Chaves. Só tem é mais coisas fantásticas pelo meio. E os prémios são mesmo bem merecidos. ^_^
EliminarRat Queens é também muito engraçado, com as referências e os clichés do género fantástico, e se jogas habitualmente, então vais mesmo gostar, de certeza que apanhas muito melhor as referências. ;)