segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Summer Days and Summer Nights


Opinião: Summer Days and Summer Nights é uma antologia editada por Stephanie Perkins, publicada no seguimento de My True Love Gave to Me; a única diferença é os nomes com que conta, que fora a organizadora são todos diferentes, e o foco da antologia: o Verão, em vez da época natalícia.

Acho que em geral gostei um pouco menos desta. Tem menos autores com que eu estava familiarizada. O que não será justificação suficiente por si só, mas se formos ver pelos contos melhores e pelos piores, numa escala subjectiva minha, diria que esta teve mais contos que não gostei, e entre os que não gostei achei-os piores, qualitativamente falando, do que aqueles que não tinha gostado na outra antologia.

E por outro lado, parece-me que a maior parte dos contos não foi tão universalmente gostada por mim como tinha acontecido na outra antologia. Além disso, tenho menos favoritos entre esta antologia. Diria que tudo isto contribui para a minha sensação de gostar menos desta antologia, mas admito que é uma sensação altamente subjectiva.

Pontos altos: os contos da Stephanie Perkins, da Veronica Roth, da Jennifer E. Smith e da Brandi Colbert. Também bonzinhos: o da Cassandra Clare, do Jon Skovron, da Libba Bray e do Lev Grossman.

Mesmo maus/não gostei: Nina LaCour, Francesca Lia Block, Tim Federle. Meh: Leigh Bardugo.

Bem, se formos olhar aqui para esta lista, até não são muitos os que eu activamente desgostei. Mas na outra antologia só não gostei mesmo dum, e achei outro meh. Os outros todos foram francamente bons e favoritos. Por isso, diria que comparando as duas, achei a outra mais de encontro aos meus gostos. (Talvez pelo tema. Uma antologia de Natal é bastante fixe.)


Head, Scales, Tongue, Tail de Leigh Bardugo é um conto que evoca muito bem o Verão pelo seu tom etéreo, impermanente, e misterioso. Gosto do aspecto de realismo mágico que contém, e cativou-me o suficiente para ficar investida na história da protagonista. Mas não me parece tão bom como qualquer conto dos Grisha que a autora tenha escrito. Faltou-lhe um factor “uau”.

The End of Love de Nina LaCour: ah, a maneira como a autora escreve soou-me tão literária/pretensiosa que me predispôs a não achar piadinha nenhuma a este. Além disso, acho que o conto não tem conflito, ou tem um falso conflito: os dramas da protagonista com os pais soaram-me a fracos, não me permitiram relacionar com ela. Parecia que se estava a queixar só por queixar. Gosto do aspecto queer da história, mas merecia melhor. A moça cair nos braços da sua paixoneta foi demasiado “instantâneo”, e o fim vem com uma aceitação demasiado rápida e incredível da protagonista em relação aos seus problemas.

Last Stand at the Cinegore de Libba Bray, por sua vez, é tão divertido e engraçadito. Basicamente é uma homenagem aos filmes de terror que o protagonista e os amigos tanto gostam de ver, e usa os clichés e tropes do género para contar a história. Muito bem feito. Só peca por acabar demasiado depressa, ainda queria ver uma pontinha do “depois”.

Sick Pleasure de Francesca Lia Block trouxe-me outra com a mania que é literária. Mais escrita a soar-me pretensiosa. (Detestei o uso das iniciais. As pessoas não podiam ter o nome completo?) Ugh. Quase que me soou como se a autora estivesse a tentar canalizar a atmosfera do Grande Gatsby para esta época e local. O que não é nada uma recomendação para mim. Não, não quero ler sobre meninos bem que não sabem o que hão de fazer à vida deles. Podia ser uma boa história sobre a instabilidade e impermanência do Verão, mas é só fragmentada e desinteressante. O fim é abrupto, não mostra evolução alguma e não tem qualquer recompensa emocional.

In Ninety Minutes, Turn North de Stephanie Perkins mostra que é por isto que eu gosto da Stephanie. Qualquer coisa que ela escreva tem esta qualidade adorável, gostável. Tudo o que eu li dela até agora tem aquele ar de comédia romântica, e digo-o como o maior dos elogios. Recaptura a fofice de tais filmes. Adoro que ela tenha revisitado o casal sobre o qual escreveu para a antologia anterior, e que tenha dado uma evolução à sua relação. Pode não ser a que esperávamos, mas obriga os dois a compreender algumas coisas acerca de si mesmos e do outro. A cena final é de morrer e chorar por mais.

Souvenirs de Tim Federle: bem, isto tinha sido melhor se não achasse o protagonista narrador tão choninhas e queixinhas. Não me aqueceu nem arrefeceu. O que é pena, porque a premissa é até curiosa: uma relação com prazo de validade, já que as partes acordaram em terminar antes de irem para a faculdade. E tem os altos e baixos emocionais certos, incluindo a revelação de que o Keith até se preocupa. Mas ter-me-ia soado melhor se o protagonista não me bulisse com os nervos.

Inertia de Veronica Roth: e é por isto que esta miúda é uma mestre, e me faz envergonhar porque tem mais ou menos a minha idade e eu não seria capaz de escrever assim, nem agora nem nunca. E é por isto, também, que o conto foi comprado para uma potencial adaptação cinematográfica, porque a premissa é tão singular e tão simples que soa lindamente. Ah, até a escrever um conto sobre o Verão ela parte a louça toda. Mas lá está, foi isto que eu vi no primeiro livro dela: a capacidade de pegar numa premissa razoável, com sentido, e explorar as suas ramificações na vida e sociedade. Tem uma evolução emocional fantástica e muito bem esgalhada. O fim é um pouco meloso e cliché, mas no melhor dos sentidos, porque faz todo o sentido. É facilmente um conto uns furos acima dos outros.

Love is the Last Resort de Jon Skovron seria a maior e melhor surpresa da antologia; o conto que me poderia dar vontade de explorar o resto da obra do autor. (O que é inteiramente o objectivo duma antologia. Ou devia ser.) Adorei a escrita dele, tão divertida e meio sarcástica, e bastante auto-consciente, falando directamente com o leitor. Diverti-me tanto com as tropelias cupidescas da história. O fim é que me soube a pouco. Ver o casal final junto não foi tão satisfatório como podia ser, o autor podia ter sugerido e desenvolvido melhor a ligação deles ao longo do conto.

Good Luck and Farewell de Brandy Colbert é outro que entrou para os meus favoritos. Gosto da premissa - a narradora adolescente vai perder a prima, que basicamente a educou - vai para outra cidade. Tem os altos e baixos emocionais certos, descreve mesmo bem o sentimento de perda e revolta que a Rashida tem, ao mesmo tempo que mostra que a mudança da prima Audrey é uma coisa boa. Gosto da maneira como a autora introduz diversidade sem ser esforçada, mas também como mostra não ser cega a certas coisas de política racial. Só o fim é que me pareceu um pouco apressado ou precipitado.

Brand New Attraction de Cassandra Clare: acho que vou acabar sempre por gostar do que esta senhora escreva. Neste caso, apreciei que ela fosse pegar em algo que possa ser mais associado com o Verão, como o carnival, e dando-lhe o seu toque típico paranormal. É também um mistério, e é bastante simples nesse aspecto, mas tem um bom ritmo. Adorei os detalhes paranormais, gostava tanto de os ver mais explorados, como o que é real ou não no carnival, ou a existência dos demónios e como “funcionam”/interagem com o mundo.

A Thousand Ways This Could All Go Wrong de Jennifer E. Smith foi muito melhor que a minha única experiência com a autora. Mesmo giro e adorável. A protagonista é monitora numa espécie de ATL de férias e convida para sair um rapaz da escola, no qual ela sempre esteve interessada. Só que o encontro é torpedeado por uma emergência no ATL, e a Annie vê um lado mais secreto do Noah. Adivinhei bastante cedo o segredo dele, mas gostei de os ver juntos, e gostei da reacção dela ao descobrir, e de como o desafiou a pensar melhor de si mesmo.

The Map of Tiny Perfect Things de Lev Grossman tem uma premissa fabulosa – um par de jovens fica preso num dia no meio do Verão, que se repete vezes sem conta. De início o narrador nem dá conta, mas quando dá, acaba por se cruzar com uma jovem que também está presa; e ambos iniciam um desafio de encontrar as coisas pequenas e perfeitas que acontecem naquele dia, na zona onde estão “presos”, para ver e rever, dia após dia. Gosto da ideia de isto acontecer por uma razão nada relacionada com o protagonista, mas também gostaria de poder ler isto do ponto de vista de quem é o foco deste acontecimento: a rapariga que ele conhece. Seria infinitamente mais interessante e desafiador, mas acredito que um bom escritor conseguiria fazer caixinha e fazer o mesmo tipo de revelação, que é bem intrigante. O fim, por sua vez, é fofo, mas talvez um pouco abrupto/apressado e meloso demais para o meu gosto.

Páginas: 400

Editora: St. Martin's Griffin (MacMillan)

Sem comentários:

Enviar um comentário