Opinião: Hmmm. É por isso que hoje em dia não vejo filmes de terror. Nada me assusta verdadeiramente, nada deixa aquele arrepiozinho, aquela sensação paranóica que fica muito depois de ver o filme (ou ler a história). É esse precisamente o problema com este livro: Stephanie Perkins escreve uma história com momentos sangrentos, sim, mas não são nada assutadores. O seu "terror" não tem garra.
A narrativa não tem tensão alguma: o assassino não é conhecido o suficiente, nem as suas vítimas o são, para importarem realmente ou terem peso na história, para nos custar a sua morte, ou a descoberta de quem é o assassino; além disso, o assassino é descoberto a meio, bem longe do clímax da história, o que mata a revelação; e por fim, os motivos do assassino são... bem, fracos - foi um balde de água fria descobrir uma motivação tão mundana, e saber que motivou um ódio tão grande. (Em adição, isto podem ser as 12 temporadas de Criminal Minds a falar... mas um assassino em série não é habitualmente tão novo, parece-me, e não tem o seu modus operandi tão apurado.)
Ah, e a história até tinha potencial. O assassino faz uma coisa super interessante às suas vítimas - um tipo de gaslighting, em que move coisas da sua casa nas semanas antes, para as desconcertar e assustar. E isso sim, foi a única coisa assustadora para mim.
A protagonista, Makani, ganha pontos pela diversidade (meio Havaiana, meia Afro-Americana), e soou realista nesse aspecto, em como a sua herança familiar é importante para ela. Soou como se a autora tivesse realmente pesquisado. No entanto, por outro lado, é dado um peso excessivo ao segredo da Makani, é feita "caixinha" quase de cinco em cinco páginas, fazendo um grande sururu, e quando é revelado... parece fraco em comparação com a seriedade do que está a acontecer com o assassino. Sim, uma praxe extrema que correu mal, mas a reacção da Makani parece encaixar com o momento. Foi horrível, sim, mas não algo que mereça alguém castigar-se para todo o sempre.
Destaque para alguns personagens secundários: o Ollie, que é amoroso quando se deixa conhecer e um exemplo de como um comportamento diferente é logo descartado por uma sociedade pequena; e o par de amigos que a Makani faz, Alex e Darby, que tiveram o seu interesse e só tenho pena de não os conhecer melhor. (Especialmente o Darby, um rapaz trans - que traz mais alguma diversidade -, e cujos desafios particulares numa cidade pequena seriam interessantes de acompanhar.)
No que a Stephanie se destaca, é algo que já tinha feito anteriormente. É bastante realista a caracterizar adolescentes, e a desenhar as relações interpares entre os adolescentes no centro da narrativa, seja de amizade, ou de algo mais. A Makani e o Ollie são amorosos juntos, nos seus encontros e desencontros; e principalmente, é realista a maneira como a autora os descreve nos momentos íntimos (o sexo é seguro e casual, sem dramas).
Em suma... bem, leria certamente outro livro contemporâneo por parte da Stephanie, mas não um de terror. Ela bem pode gostar do género, mas o género não lhe caiu bem.
Páginas: 304
Editora: Dutton Books for Young Readers
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