terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Voo do Corvo, Juliet Marillier


Opinião: Depois do que aconteceu em Shadowfell, em O Voo do Corvo Neryn vê-se perante uma demanda árdua com o intuito de se tornar numa melhor Voz e de ajudar os rebeldes a mudar o destino de Alban. Sendo tipicamente um livro do meio de uma trilogia, nem por isso a Juliet Marillier consegue apresentar algo menos bom do que aquilo a que já habituou os seus leitores.

Digo que este é tipicamente um livro do meio porque a história não tem propriamente início nem fim, sendo a continuação do primeiro e a antecipação do terceiro livros da trilogia, mas ao mesmo tempo consegue ser muito satisfatório como história individual. Percorre as várias estações do ano - e adoro como a Juliet fez isto, fazer com que o tempo de Inverno, o tempo de reflexão, de pausa, e de descanso, corresponda às temporadas em Shadowfell, e desenvolver a demanda do longo do resto do ano, à medida que a Primavera dá lugar ao Verão, e este ao Outono.

Adorei conhecer os Guardiões que a Neryn encontra durante a história. Apreciei as lições que lhe dão e os desafios que lhe apresentam. A Bruxa do Oeste, impenetrável e fluída, deu muito que pensar à Neryn e ensinou-lhe muitos aspectos acerca de ser uma Voz que gostei de conhecer. Mas o meu favorito foi o Lorde do Norte, pela sua história e pela sua atitude para com a Neryn. E apreciei o modo como ela lidou com ele ao conhecê-lo, foi uma solução interessante. Gostava que ela tivesse oportunidade de aprender mais com ele.

Quanto à Neryn, fiquei muito contente ao ver a sua evolução ao longe dos dois livros. No primeiro ela era muito mais fugidia e assustadiça, e aqui ela assume que vai ter um papel importante no desenrolar dos acontecimentos, e enfrenta aquilo que atravessa o seu caminho. Apreciei seguir a sua interacção com os Guardiões e com os Boa Gente, especialmente porque consegue mobilizá-los, algo que me parecera difícil até aqui. Gostei muito de como ela lidou com a Tali, tornando-se amiga dela e mostrando-lhe que não precisa sempre de ser uma durona.

E por falar na Tali, que rapariga. Suspeitei desde o início aquilo que ela escondia, mas admirei a sua determinação e dedicação à causa. Tenho a dizer que ela assustou-me mesmo ali num certo momento. E já agora, um brevíssimo comentário para o Flint, que não aparece o suficiente, nem de perto, apenas o necessário para deixar a coitada da Neryn a hiperventilar e nós a suspirar por dias melhores para eles. Tenho medo, tanto medo, das sequelas que esta guerra e a vida dupla vai deixar nele. É preciso uma grande força de vontade para se manter no tipo de situação em que ele se mantém, especialmente sem se deixar trair. Fiquei intrigada com a sua última acção no livro, e aquilo que prenuncia.

Tenho que mencionar ainda os Boa Gente. Parece-me, do que li da Juliet, que estes são dos livros dela que dão maior destaque e protagonismo aos seres féericos, tendo estes um papel tão preponderante na narrativa. Gosto muito disto, e de conhecer os vários seres que se cruzam com a Neryn. Fascina-me o conceito das Vigias e intriga-me ver as diferenças que suscitam entre os Boa Gente.

O fim deixa-me muitíssimo curiosa acerca do que vem aí. Não sei se gosto das notícias que são dadas, porque vejo aquilo a complicar-se de mil e uma maneiras... mas estou com esperança que o fim queira dizer mesmo aquilo que estou a pensar que quer dizer. E não posso ser mais explícita, infelizmente.

Uma nota para a edição que desta vez, vá lá, lá trouxe o mapa de Alban. Está ali um bocadinho cortado, mas ao menos tive direito a mapa.

A outra nota é para a própria Juliet, que esteve em Portugal a semana passada, e foi tão simpática e acessível. É delicioso poder ouvi-la falar sobre os seus livros e sobre a sua escrita, e foi bom poder ter este livrinho assinado. Não devo ir fazer um post próprio para a sessão de autógrafos, porque não tinha a máquina a funcionar e não tenho fotos, e a minha memória não chega para recontar o que ela disse... mas não podia deixar de mencionar a ocasião.

Título original: Raven Flight (2013)

Páginas: 400

Editora: Planeta Manuscrito

Tradução: Catarina F. Almeida

3 comentários:

  1. Olá,

    Quantos mais comentários leio sobre esta serie, mais fico com a sensação que estou a passar ao lado de uma excelente trilogia e até tenho quem me empreste os livros, mas os últimos livros da escritora parece-me que perderam alguma da magia, é pena dizer isto mas é o que sinto.

    Mas parece-me que essa mesma magia está de volta o que é um excelente sinal :)

    Quanto ao estar com ela, nunca mais vou esquecer o dia que fomos ao Oceanário, realmente alem de uma grande escritora a Juliet é uma senhora,. simplesmente :)

    Bjs e boas leituras

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    1. Boas, Fiacha!

      É pena que isso te tenha acontecido com os livros dela. :/ Pela minha parte, só te posso dar força para que dês uma oportunidade a esta trilogia, que acho que vale a pena. ;)

      A sua estrutura é um pouco diferente do resto dos livros dela - enquanto que normalmente a demanda e a história da heroína ficam terminadas ao fim de um livro, aqui só ficará realmente completa no fim dos três. Contudo, de resto, as coisas que caracterizam os livros da Juliet estão lá: os locais (aqui inspira-se na Escócia), os seres féericos (aqui chamam-se Boa Gente, e têm um papel maior do que o normal), a história épica e a escrita emocional. :) Gostava que ponderasses em espreitar a trilogia, pelo menos tiras as teimas e vês se te agrada ou não. ;)

      Ah, a Juliet é tão fofinha. Desta vez, no Colombo, respondeu a montes de perguntas e assinou livros a imensa gente, aquilo estava cheio, ou pelo menos tão cheio como da outra vez. Só tive pena que desta vez só assinasse um livro, porque foi difícil escolher qual é que levava, mas enfim, compreendo. Pelo menos desta vez a sessão não acabou tão tarde como há dois anos. :)

      Boas leituras! **

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  2. Ois,

    Sim vou ler, nem que fique para o próximo ano :).

    Espero que essas caracteristicas todas não torne o enredo previsível, algo que aconteceu no Sangue do Coração (penso ser este o nome).

    Quanto às sessões nunca fui, tirando Martin, mas é totalmente diferente, a Juliet, convive contigo, senta-se na relva, vai passear, almoçar, tirar fotos, autografar livros, etc sempre com um sorriso, mas pronto o importante é qe tenhas gostado....Tenho um livro de cada saga assinado :D

    Bjs e boas leituras

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