Sailor Moon. Esse anime que marcou um bocadinho a minha infância. E não só... imagino que seja difícil encontrar alguém da minha geração que não tenha visto pelo menos um episódio, com a Bunny Tsukino a guinchar "em nome da Lua, vou castigar-te!" com aquela vozinha meio irritante. Que boas memórias... e foi numa perspectiva saudosista que me lancei a explorar esta reedição manga americana.
Tendo em conta a leitura dos primeiros 6 volumes, metade da história total, diria que ambos são duas coisas algo diferentes, até porque são meios diferentes de contar uma história. Primeiro porque o anime é mesmo longo (200 episódios), cheio de fillers a engonhar a história". Nesse aspecto, o manga é mais contido, e consegue contar uma boa história em menos tempo.
Por outro lado, e não tenho a certeza de quanto isto terá a ver com a dobragem, que era completamente "doida"... mas sinto que o anime era um pouco mais excessivo, mais "histérico", e mais exagerado. Em resultado as personalidades dos personagens são um pouco diferentes. E acaba por me agradar mais o que vi no manga. A caracterização é mais subtil mas de certo modo mais cheia de nuances, mais rica.
Já os vilões não têm a mesma sorte, parece-me. Muitos acabam por ter menos tempo de antena, ser menos desenvolvidos, e lembro-me de um ou outro caso em que acabam por ter finais diferentes. Contudo, os vilões principais estão lá, as motivações também, em grande parte, e os arcos de história mantêm-se semelhantes. A única grande diferença nesse aspecto é a ausência dos vilões do início da segunda temporada, um casal, que não aparece no manga. Mas não lhes senti a falta. É a parte que gostei menos do anime, não necessariamente pelos vilões, mais por se seguir àquele final da primeira temporada explosivo.
Adorei redescobrir certos aspectos da história, que podiam não ser assim muito óbvios para uma miúda na altura em que assistia aos desenhos animados. Particularmente no que toca à mitologia. Adoro o conceito da reencarnação, toda a história passada do Silver Millennium na Lua, e a história futura do Silver Millennium na Terra... certas subtilezas tornaram-se mais claras. A relação entre as várias versões da Princesa/Rainha Serenity, e a relação entre os vários personagens. Todas as associações entre as Sailors, os seus planetas, e os seus elementos/domínios... e a incorporação de coisas como o Santo Graal ali pelo meio.
Faz-me confusão, e ainda me atrapalho, com certas alterações que o anime fez. Ainda tenho uma grande dificuldade em ver o a gato gata Luna como uma fêmea. Ou a o Artemis como um macho. A ambiguidade entre a identidade de género da Haruka é algo presente nos dois, mas a relação com a Mariana Michiru era assim a modos que varrida para baixo do tapete. E já que falei no assunto, as mudanças de nomes, ainda que fazendo sentido numa adaptação para miúdos, tem algumas coisas estranhas:
- Bunny - Usagi: esta faz sentido, porque Usagi tem um significado semelhante a Bunny, mas quando era miúda não fazia ideia de como se escrevia o nome dela (porque era em inglês, duh, e talvez andasse muita gente às aranhas com esta);
- Rita - Rei: eh, soam semelhantes;
- Ami - Ami: ei, não mudaram um nome!;
- Maria - Makoto: er... começam com M?;
- Joana - Minako: pronto, estes não têm nada a ver;
- Gonçalo - Mamoru: idem... mas gosto bastante do nome em português;
- Mariana - Michiru: também começam com M?;
- Haruka - Haruka: aqui estou a assumir que mantiveram o nome... bem, pelo menos na dobragem portuguesa o nome dela soava a Haruka;
- Susana - Setsuna: soam vagamente semelhantes, talvez...;
- Octávia - Hotaru: idem;
- Chibi-Usa: esta está igual.
E não é nada estranho que eu me lembre dos nomes passado tanto tempo. De todo.
O último ponto que quero fazer é que gostei imenso de rever a ligação entre a Usagi e o Mamoru. É mesmo aquela coisa épica, que abrange séculos e planetas diferentes, mortes trágicas e amor eterno. Adoro isso. A história tem imensos momentos fofinhos com eles. Para não falar de que a história surpreendeu-me com o pendor de girl power que tem. Miúdas guerreiras que enfrentam os maus e salvam o mundo? Esteve sempre lá, apenas não me tinha apercebido disso.
Adorooooo. Bem, no anime deu para explorar um bocado mais as personagens do que no manga apesar de ser o anime que é baseado no manga. :) Mas o manga soa melhor, no geral.
ResponderEliminarQuanto à dobragem, yep, era completamente amalucada. Era crack, só podia. :P Provavelmente já era a tradução do francês, que se calhar já era do inglês. Se tiveres oportunidade, vê a versão japonesa. :) Ou o novo anime que vai começar brevemente. (YAY).
No anime exploram de outra maneira, é verdade, mas gosto bastante da maneira como conseguem fazer um bom trabalho com o manga, sendo um meio mais restrito. Acabam por se perder menos na história, porque não têm os fillers.
EliminarOh, eu ainda consigo ouvir as vozes da dobragem portuguesa. Sou capas de jurar que cada vez que lia no manga "In the name of the moon, I will punish you!", ouvia a vozinha guinchada da Sailor Moon a dizer o mesmo em português. xD
Tenho alguma vontade de rever o anime, mas agora estou em dúvida sobre a qual versão é que me devia dedicar. Espero pelo remake, tento ver o original em japonês... decisions, decisions. :D
Percebo perfeitamente o que queres dizer sobre a versão portuguesa. Há uns aninhos consegui arranjar a série toda em japonês (com legendas, óbvio) e fiquei com uma ideia muito diferente de certas situações. Afinal, tem menos guinchos, menos parvoeira e, claro, não há cá trocas de géneros sem sentido.
ResponderEliminarFiquei com curiosidade quanto à manga, afinal, na época em que vi o anime não fazia ideia de que existiam fillers.
Não sabia que iam fazer um remake! Agora estou expectante :P
As nossas dobragens, em geral, eram muito doidas. Lembro-me que a do Dragon Ball fartava-se de inventar, com expressões e referências muito portuguesas ali pelo meio, mais os "não percam o próximo episódio, porque nós também não!". xD
EliminarEu diria que o manga vale a pena. Quando era miúda adorava cada episódio do anime, mas mais tarde ao conhecer o conceito de fillers apercebi-me do engonhanço que há, e acho que hoje em dia era capaz de me aborrecer um bocadinho a vê-lo. :P