Opinião: Segundo livro da série Penryn & the End of Days, World After começa nos momentos quase imediatamente a seguir ao fim de Angelfall. A Penryn e a família estão novamente reunidas, e juntaram-se novamente à Resistência, coisa que não vai durar muito, porque se há coisa em que a Susan é mestre, é não nos deixar sequer respirar antes de enfiar um monte de obstáculos no caminho da Pen (pobre da rapariga).
Desta vez, depois de tudo o que fez para ajudar e recuperar a irmã, a Penryn tem dificuldade em reconectar-se com ela. Pois a Paige voltou mudada, e a Penryn não sabe se consegue reconhecer a irmãzinha nesta pessoa tão diferente que tem à frente. Aquilo que a Paige é agora está a um passo de se transformar num monstro, e só o amor pela família e pela irmã a impede de passar o limite.
Achei muito interessante ver a Penryn debater-se com este dilema, o de querer voltar a abraçar a irmã mas deter-se por causa daquilo que está à vista, ignorando outros sinais. Apesar de tudo, a Pen faz tudo pela irmã, e neste volume volta a dar por si à sua procura. Pontos bónus por a Susan usar um artifício semelhante ao do livro anterior para fazer avançar a história, e ao mesmo tempo conseguir escrever uma coisa fresca e que não soa a repetição.
Parte disso tem a ver com a maneira como a autora escreve a história. Nada na história parece desperdício, nada serve para engonhar. A história e o enredo estão escritos de maneira habilidosa, e de modo a que cada evento, cada acção, sirvam para avançar a narrativa, ou definir melhor o worldbuilding, ou aprofundar a caracterização dos personagens. A Susan dá resposta a perguntas e coisas que ficaram por esclarecer do primeiro livro, enquanto lança ainda mais perguntas e sugere coisas que atiçam ainda mais a curiosidade. Isto traduz-se num livro que pega no leitor e o leva a virar páginas sem dar conta, num ritmo viciante, até chegar ao fim.
Continuo fã da Penryn, que tem uma personalidade fabulosa. Ela sabe fazer, e faz, tudo o que é preciso fazer para sobreviver, e não pede desculpas por isso. Mas ao mesmo tempo debate-se com os problemas da irmã, e tem um fraquinho pelos mais fracos (mete-se pelo menos um par de vezes em sarilhos para ajudar alguém), e às vezes só quer ser uma miúda normal, nem que seja por cinco minutos, para poder suspirar por um tipo giro (é claro que a realidade não a deixa).
Tenho um bocadinho de medo por ela, porque estamos sempre a vê-la compartimentalizar as coisas, e colocar aquelas com que não pode lidar no seu "cofre mental", mas - e ela própria reconhece-o - qualquer dia o cofre não vai fechar, e as coisas más vão sair todas cá para fora duma vez, e nesse dia a sanidade dela ainda vai para o Inferno. Tenho muito medo desse dia.
Quanto ao Raffe, está ausente por uma parte da narrativa, mas temos direito à segunda melhor coisa a seguir a ele, que é a sua espada. É impressionante o modo como a autora conseguiu dar personalidade à espada, e ainda conseguir usá-la como um artifício narrativo, mostrando-nos alguns momentos no ponto de vista do Raffe - coisa importante para ajudar a compreender como é que ele "funciona".
Gosto imenso de o ver a ele e à Penryn juntos, porque fazem genuinamente uma boa equipa (adoro aquela cena no oceano), e têm um sentido de humor fantástico (adoro as piadinhas que fazem à custa um do outro), e algumas cenas com eles são de aquecer o coração (ah, a cena depois da cena do oceano, e ainda a cena depois dessa)... mas não consigo largar a sensação de que vou acabar esta série de coração partido. Dê lá por onde der, a separação intrínseca entre os dois é muito difícil, senão impossível, de quebrar. E se há coisa que a Susan consegue fazer, neste mundo pós-apocalíptico recheado de anjos, é ser realista. Por isso não vejo que volta pode ela dar a isto.
Passemos para outras coisas que me deprimam menos. Adoro o elenco de personagens secundários. A mãe da Penryn é fabulosa na sua loucura com uma lógica tão particular, e eu tenho a certeza que ainda vai ter um papel muito importante na narrativa. A Paige surpreendeu-me, porque eu achava que a reviravolta no seu destino significava que a ia perder brevemente, mas agrada-me mesmo aquilo que a autora está a fazer com ela. Estou deveras curiosa para ver o que vai sair daqui.
Os gémeos Dee e Dum também me deixam curiosa, porque tenho sempre a sensação que há algo mais com estes dois, que estão sempre a tramar alguma que faça parte de um endgame só deles, e que ainda vamos descobrir qualquer coisa sobre eles que nos vai deixar boquiabertos. O Uriel continua aquele tipinho manipulador e cheio de esquemas, e aquilo que vislumbramos das tramóias dele não é bonito. Nem por sombras. Estou com uma vontade louca de descobrir que ele tem um certo arcanjo supostamente morto escondido algures só para o beneficiar, e que esse arcanjo consiga voltar só para criar mais caos neste mundo já de si caótico. Se há coisa em que os anjos são muito bons, é no caos.
Em termos de revelações, aquilo que mais gostei de descobrir prende-se com as maquinações e política dos anjos, e com os "escorpiões" e com aquilo em que a Paige se tornou. Há aqui muita coisa em jogo, e a autora faz um bom trabalho, e deliciosamente tortuoso, em revelar a quantidade certa de informação antes de nos atirar mais perguntas para cima. Há tanta coisa que quero saber... lá terei de esperar pelo terceiro livro (e seguintes), cuja data de publicação neste momento ainda é incerta. Leitora interessada sofre muito.
Páginas: 320
Editora: Skyscape
"mas não consigo largar a sensação de que vou acabar esta série de coração partido. "
ResponderEliminarCREDO! *BATE NA MADEIRA* DON'T!!!
Então o que pensas que vai acontecer? A Susan deixou muito claro que anjos e humanos é um grande não, por isso (a não ser que ela queira quebrar as suas próprias regras e criar uma resolução ridícula) só vejo duas hipóteses:
Eliminara) o Raffe cai ou vira humano ou faz seja o que for para ficar na Terra com a Pen;
b) um deles morre, deixando o coração de milhares de fãs espezinhado.
Por isso estou a preparar-me mentalmente, e ao meu querido coraçãozinho, para que a Susan mo pisoteie daqui a uns tempos. Prefiro ser pessimista do que ser surpreendida pelo que quer que ela tem na manga para nós. :P
c) a Penryn não é totalmente humana! Ou melhor, é filha de um anjo :D
EliminarÉ uma teoria que anda por aí e eu gosto bastante. Podia explicar algumas coisas, como o facto dela conseguir usar a espada do Raffe, embora isso já tenha explicação ainda acho estranho às vezes; e a mãe dela que claramente não é tão louca como parece, ela sabe coisas. Aliás também pode ser a mãe que é parte anjo.
Hmmm se é para especularmos sobre a parentalidade da Penryn, inclino-me mais para que seja descendente do lado do mal. Se bem que o limite entre bem e mal nestes livros anda muito diluído... mas pronto, quero dizer de um demónio/anjo alinhado com o Inferno. Pelo menos explicaria as psicoses da mãe dela com demónios e afins.
EliminarA coisa da espada acho que não precisa de mais explicações, o Raffe deu aquela da lealdade para quem o ajudasse e pareceu-me fazer sentido. E melhor, vemos o momento em que ela lhe passa a espada no POV dele e ele não parece surpreso que a espada aceitasse a ajuda dela para o poder ajudar a ele.
"Parte disso tem a ver com a maneira como a autora escreve a história. Nada na história parece desperdício, nada serve para engonhar. A história e o enredo estão escritos de maneira habilidosa, e de modo a que cada evento, cada acção, sirvam para avançar a narrativa, ou definir melhor o worldbuilding, ou aprofundar a caracterização dos personagens."
ResponderEliminarDescreveste na perfeição o livro ;D
Obrigada! :D A Susan é exímia nisto, e gosto tanto dela por isso. ^_^
EliminarOi, como eu consigo esse livro traduzido p portugues?? Fiquei encantada com angel fall, estou doida por este!!! Nancijcastro@hotmail.com Obrigada!!! ;-)
ResponderEliminarNão faço ideia. Li o livro em inglês. E este não é um site de downloads.
EliminarPor favor vocês tem o pdf em português ? Precisooo
ResponderEliminarÉ incapaz de ler? Já disse ali em cima que li em inglês, e comprei o livro. Este não é um site de downloads.
Eliminarli tudo em 4 dias sem parar nossa to naquele estado tipo please preciso do 3º livro quase me vi dentro da historia kk a parte que mais gostei no primeiro livro quando penryn esta para entrar no estado de coma e raffe diz eu disse que seu orgulho e sua lealdade ia te matar mas nao sabia que morreria leal a mim............. pah... segura coraçao!! ja no segundo livro a parte da cabana hehehe vou nem comentar perfeito!! bjoo pra geral leiam muito bom
ResponderEliminarLeu o segundo livro em pdf traduzido??
Eliminarachei um site que tinha a historia do 2º e o 3º livro em ingles e traduzi não ficou bom mas deu para entender.
ResponderEliminarachei um site que tinha a historia do 2º e o 3º livro em ingles e traduzi não ficou bom mas deu para entender.
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