Nota: Este livro foi lido em leitura conjunta com a Joana do Leitora de Fim-de-Semana. Podem ler a opinião dela aqui.
Opinião: O último ano tem-se revelado repleto de leituras que acabam séries, o que faz sentido, porque a maior parte delas comecei em 2011-2013, quando comecei a ler em inglês com frequência, e sendo a maioria trilogias, é só fazer as contas, estão todas a terminar ao mesmo tempo. O problema é que eu ando a dizer adeus a demasiados mundos em que passei tanto tempo imersa (também conta o tempo entre livros em que andei a suspirar pelas sequelas), e isso deixa-me com uma disposição singular. (Uma qualquer combinação de deprimida, feliz, enlevada, amuada e com vontade de pedinchar mais.)
Focando-me neste livro em particular, e em como termina a sua série respectiva. Bem, a Susan sempre teve uma noção brilhante de ritmo, e os livros têm tido um ritmo alucinante, sempre a andar, sempre algo a acontecer, mesmo os momentos parados avançam a narrativa ou a caracterização dos personagens. Este livro não é excepção; começa pouco depois do anterior terminar (seria um exercício interessante ler todos de seguida, para acompanhar o ritmo), pegou em mim, envolveu-me, e não me largou até chegar ao fim.
E no entanto, no arco maior de história que abrange a trilogia, senti que este livro andou um nada depressa demais, ou saltou passos, ou algo do género. Há coisas que são resolvidas demasiado depressa, e fora de cena, o que é incongruente com a importância que tiveram antes. E há coisas que mereciam mais tempo para ser desenvolvidas.
Não sei, a Susan originalmente planeava que isto fosse uma pentalogia, e dei por mim a desejar que realmente houvessem mais livros, porque há coisas que mereciam ter mais tempo de antena para eu ficar completamente satisfeita com a sua evolução. Pelo menos, sinto que mereço definitivamente mais um livro, para apresentar e desenvolver certos pontos, com um outro enredo que não este (os nephilim talvez?), e depois finalmente vinha este livro, em toda a sua glória apocalíptica.
A fasquia está mais elevada que nunca, e os planos retorcidos dos anjos (de certos anjos, pelo menos) vêem o seu culminar neste volume, o que não augura nada de bom para os humanos. Algo que sempre apreciei nestes livros foi a sensação de o mundo que conhecemos ter acabado, e isso mantém-se, não é desfeito, e é ainda mais ameaçado. O apocalipse continua, e é um desafio tremendo para os humanos resistir-lhe.
Apreciei alguns pontos novos do worldbuilding que foram introduzidos (se bem que não me importava nada que alguns fossem mais desenvolvidos, ou que tivessem sido apresentados mais cedo): os Watchers, o Pit, o que a espada podia fazer, toda a nojeira fascinante que acontece no Pit, aquilo dessa nojeira que transborda para o mundo real, a nojeira ainda mais fascinante e aterradora que os anjos arranjaram para lixar os humanos, e oh por favor, eu quero saber onde a Susan foi buscar metade destas imagens, porque é arrepiante e (adivinhem) nojento e fascinante e aterrorizador.
Coisas que eu gostava de ter visto mais: basicamente explorar a sociedade dos anjos. Gosto muito do POV da Penryn, mas é limitado neste aspecto, e não me importava nada de ter tido uns capítulos para o Raffe, que nos daria isso, e ainda esclareceria melhor o seu carácter, que é coisa que eu gostava de ter explorado melhor, sinto que ainda nem arranhámos a superfície.
Além disso, onde é que está o Lúcifer? O que é um apocalipse sem o anjo malvado que caiu originalmente por, er, mandar a entidade patronal apanhar caracóis? Sinto que um apocalipse sem Lúcifer não é apocalipse, o que provavelmente é o objectivo, mas dei por mim a desejar que ele aparecesse para acabar com aquela tralha toda, que estava toda a gente a operar fora do calendário pré-estabelecido, e não seria tão divertido se Lúcifer fosse um burocrata retorcido, e fosse ele a pôr tudo na linha? Ok, aqui já estou a construir castelos no ar, eu sei. Mas seria tão fixe.
Sobre a Penryn e o Raffe: bem, eu estava totalmente à espera que acontecesse uma desgraça, e passei tanto tempo a preparar-me para isso, que agora não sei bem o que fazer com o que lhes acontece. A sua relação toma um ângulo mais intenso e angustiado, com a noção do muito que os separa, mas também aquele efeito íman que não os deixa afastar... e o livro termina para eles num ponto alto e satisfatório, mas também numa incerteza, e a incerteza consome-me, porque não quero imaginar coisas más a acontecer a personagens queridos, e pronto, quase que era preferível que tivesse mesmo acontecido uma desgraça, porque lá fico eu outra vez a fazer castelos no ar. Alguém que me pare.
De qualquer modo, têm boas cenas juntos, com trocas verbais deliciosas, e o passarem mais tempo juntos quer dizer que, bem, passam mais tempos juntos. Fisicamente. Conscientes do outro mesmo ali ao lado. É uma evolução interessante para a Penryn, que apesar de tudo, todo o drama, a maturidade que lhe é exigida, ainda é uma adolescente, com direito a ter as hormonas aos saltos.
E por falar na Penryn, a sua evolução ao longo do livro passa por algumas coisas que eu gostei de ver abordadas, como o "cofre dos sentimentos", onde enterrava lá tudo, e agora começa a abarrotar, o que guia o seu comportamento mais complicado em certos pontos. Apesar disso, ainda é a minha Penryn, decidida, corajosa, pronta a tudo para proteger os seus, mas também uma jovem, com direito a inseguranças e a não saber o que fazer em algumas circunstâncias. A Susan faz um bom balanço neste ponto.
Entre os personagens secundários, destaque para a Paige, essa pequena guerreira que não se perde na violência; a mãe da Penryn e da Paige, que tem os seus momentos lúcidos, e tem intervenções brutais neste livro; o Beliel, esse desgraçado que agora é demasiado fácil entender; os Watchers, um grupo bem interessante e que merecia mais desenvolvimento para se consolidar como grupo; e as pessoas da Resistência, sempre determinadas na sobrevivência da raça humana.
Sobre o confronto final, já disse, foi assustador e de roer as unhas, comovente e nojento (há criaturas por ali que eu preferia nunca ver), e emocionante e um testamento à resiliência humana e à sua capacidade para coragem nas situações mais estúpidas e sem esperança. Foi mais curto do que eu esperava, mas o final fica em simultâneo fechado (por resolver o conflito) e em aberto (já que fica à nossa imaginação como os personagens vão resolver os problemas do dia-a-dia num cenário pós-apocalíptico).
Acho que a sensação principal que eu retiro daqui é que isto ainda não acabou. A Susan tem tanto para explorar neste mundo, e se ela achava originalmente que conseguia escrever 5 livros disto, é porque tem material para mais livros que 3. Só a exploração da mitologia e do worldbuilding dava pano não só para mangas, mas para o fato completo. Há muitas pontas soltas, muitas coisas apenas introduzidas, com as quais eu consigo sobreviver se não as vir desenvolvidas, mas não era tão bom saber mais? Sou insaciável neste ponto.
De qualquer modo, saí da leitura muito feliz. Tive um final para os meus queridos personagens, um bom final, que me satisfez. Tive um livro ao nível dos outros, em termos de ritmo do enredo e da história. Tive novas descobertas e resolução de pontos mais antigos. Só queria assim um bocadinho mais, que sei que a Susan é capaz, que ela podia ter deitado tudo abaixo, eu incluída, e ainda tinham de me raspar do tecto da explosão de excitação. Assim sendo, sobrevivi.
Páginas: 352
Editora: Skyscape (Auto-publicado)
"quase que era preferível que tivesse mesmo acontecido uma desgraça"
ResponderEliminar*gasps* meanie!!
É verdade, o que é que queres? Passei tanto tempo a preparar-me psicologicamente para acontecer uma desgraça, que não estou preparada é para tudo terminar assim tão bem! Comecei logo a preocupar-me, "e onde eles vão viver, e a Pen é mortal e ele não, por isso isto vai descambar relativamente rápido, e depois ele fica assim para o resto dos tempos, e, e, e, e, ..:" eu não mereço ficar em suspenso! xD
Eliminaroooi por favor quando o esse livro sera publicado?? ou onde posso obte-lo?? to ansioso para terminar essa serie
ResponderEliminarO livro já foi publicado, saiu o ano passado em Maio. Eu comprei no site do Book Depository, eles enviam com portes gratuitos para quase todos os países. ;)
Eliminarterminei de ler achei a historia legal porem o terceiro livro achei q ficou um pouco fantasioso kk' e nao sei o que passou pela cabeça da autora de fazer os personagens principais darem uns amaços no inferno kkk' curti demais estou satisfeito super recomendo!!
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