domingo, 10 de janeiro de 2016

Prometes Amar-me?, Monica Murphy


Opinião: Já está mais do que descrito nas opiniões dos dois livros anteriores da série o meu problema com a escrita da autora; e também está mais que descrita neste blogue a minha tendência para o masoquismo - juntando os dois, o que é que temos? Eu a continuar a ler a série, apesar de não ser nada de extraordinário, e até me irritar em parte.

Portanto, voltando a reiterar: a escrita da autora é fraquinha. Pior, não vejo evolução. Olhando para as datas de publicação, vejo que ela escreveu e publicou cada livro da série com uns quatro ou seis meses de diferença, apesar de isso ser mais do que suficiente para outros autores escreverem algo coerente e satisfatório, e bom, mesmo (a Jennifer L. Armentrout vem-me à mente, aquela mulher escreve como uma máquina, e raramente tive razões de queixa da qualidade dos livros dela).

Para a Monica? Nem por isso. Parece que está a deitar livros cá para fora só porque sim. A escrita continua muito básica, muito tell e pouco show - ela apoia-se demasiado em exposição dos pensamentos interiores dos personagens, para nos dizerem o que sentem e pensam, em vez de nos mostrar o mesmo com diálogo e acção (e com subtileza); e como me queixei anteriormente, ninguém é tão introspectivo.

E ninguém é tão ciente dos seus problemas, já agora, sem fazer algo para os corrigir. O Colin sabe que está a ser estúpido em fugir da Jen, mas faz ele alguma coisa para melhorar? Pfff. Até achei piada a uma certa cena dele com o Drew, em que o último lhe tenta meter juízo na cabeça, mas o próprio Colin já sabe que tem de ganhar juízo. Aliás, na narração ele próprio diz "pode ser que o Drew me faça ganhar juízo". A sério? Como é que isto faz sentido? Tu sabes que tens de fazer uma coisa, mas esperas que outro personagem te faça fazê-lo? Eu consigo perceber se ele estivesse em negação e não agisse, mas não percebo ter-se tal alto nível de auto-consciência e nada fazer.

Para além disso: o Colin foi tão estúpido com a Jen quando descobriu uma certa coisa. Acho que ele estava mais magoado com ela não lhe contar do que o resto, mas tudo o que soou foi como se ele estivesse a julgá-la pelas suas acções num momento de vulnerabilidade, o que é muito mau para um protagonista de um romance. E como é que ele esperava que ela fosse honesta acerca disto se nem consegue ser honesto com ela e dizer-lhe o que sente?

Enfim. A Jen não é muito melhor. Aprecio a luta dela com o seu passado, a necessidade de aceitação e de fazer paz com o que precisou de fazer. Mas ela é tão totó. Passa o tempo a confortar o Colin, a correr para os braços dele mesmo com tantas negas que ele lhe deu. Mete-se em tantos sarilhos, sempre em jeito de donzela em apuros, apesar de se esforçar muito para sair desse papel e se afastar do Colin, que vem sempre fazer de cavaleiro de armadura branca e reluzente...

Contudo, oh bolas, o fim dá um tiro no pé dessa resolução. A Jen mete-se em sarilhos, sim, como era óbvio que ia acontecer, mas esperava que ela lidasse com a situação de modo mais adulto, que saísse por cima daqueles dois. Achei a situação muito estranha, como se as duas pessoas envolvidas estivessem a usar uma situação delicada para cometer uma fraude e ficar com o dinheiro do depósito, e gostava que a Jen tivesse ganho coragem para os enfrentar e recusar a sair sem o dinheiro, fazendo algo para os intimidar.

Mas não, a ovelhinha sai, com o rabo entre as pernas, e o cavaleiro andante vem à procura dela e salva-a e leva-a para casa. Não há resolução nenhuma dos conflitos internos dos personagens, simplesmente mudam de ideias um dia e decidem que afinal querem mesmo cair dos braços um do outro. Os problemas deles, os obstáculos que os separavam, deixam de existir magicamente e ta dah! final feliz. Ugh. Novamente, péssima escrita da autora.

Este é o momento em que quem me esteja a ler se pergunta porque é que continuo a submeter-me a isto, se pouco tenho de positivo a destacar. Boa pergunta. Também gostava de saber a resposta. Acho que apesar de tudo, não consigo odiar todos os envolvidos. Há livros que eu leio e detesto imediatamente e sei que nunca mais vou pegar em nada do autor... mas esta simplesmente não consegue evocar emoções tão fortes em mim. A indiferença funciona a favor da autora, suponho.

Acho que uma certa curiosidade residual se mantém. Apesar de tudo, a autora tem boas ideias base - a execução é que é fraca -, e essa curiosidade é suficiente para manter o meu interesse, ignorando o facto de que não encontro propriamente factores redentores na autora, na escrita e nos livros. E em adição, o comprar e ler estes livros dá-me esperança que continuem a publicar outras autoras no género.

Oh Topseller, já pensaram nisso? Jessica Sorensen, por exemplo, tem uma backlist enorme e é bastante conhecida no género, ou a Jasinda Wilder, por exemplo. A Karina Halle? A Jessica Park? Nicole Williams? Mia Sheridan? Jay Crownover? Vá lá, pensem nisso. Ou melhor, publiquem Leah Raeder. Bem sei que o mercado português não está preparado para ela, mas a sério, nem precisavam de publicar mais nada, teriam chegado ao pico do que o New Adult vos pode oferecer.

Título original: Three Broken Promises (2013)

Páginas: 256

Editora: Topseller

Tradução: Ângelo Santana

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