quinta-feira, 21 de abril de 2016

Curtas: Graphic Novels da Marvel, vols. 6 a 8

Supremos: Super-Humanos, Mark Millar, Bryan Hitch
Eu creio que isto já deve ter sido publicado em Portugal, e eu quase de certeza que já li. Não me lembro da maioria da história, mas lembro bem da recta final, da conversa do Tony com o Thor e o Capitão, da sua revelação, e do conflito do Hank Pym e da Vespa. Uma boa descrição do livro, mesmo. As partes de acção/porrada não são particularmente memoráveis, o resto é que é interessante.

Bem, suponho que poderia apreciar isto melhor se não fosse essencialmente um reboot, e se eu fosse audiência para histórias de origem. Em parte a sensação é been there, done that. Por outro lado, as ideias base por trás da coisa são minimamente interessantes, o que contrabalançou isso.

Acho piada à ideia de fazer dos Vingadores Supremos umas celebridades usadas politicamente, dá, na sua origem, uma dependência da equipa ao panorama político e à opinião pública. Também me interessou a maneira como são apresentados: o Capitão a rever as pessoas do seu passado, o Thor um hippie anti-capitalista e anti-corporativista, a Vespa, o Gigante e o Bruce Banner a trabalhar num projecto para recriar o Super-Soldado. (Bastante divertido: toda a gente a gozar sobre quem faria deles num filme, anos antes dos filmes Marvel

Do que eu não gosto: ver, pela milionésima vez, o quanto ninguém sabe lidar com o Bruce Banner. É sempre a mesma coisa, em todo o lado. Sim, o tipo é responsável pela existência do Hulk. Mas a melhor maneira de lidar com ele é desprezando-o? Gozando com ele? Fazendo-o sentir pequenino a cada passo, como se não pudesse contribuir para o objectivo da equipa? Bem, se acham mesmo isso, é bem feita que ele depois se passe e tenham de lidar com o Hulk.

Ugh. Ainda não li uma história que me agradasse realmente com o Hulk. Bem, talvez o Hulk: Cinzento. Corrijamos isso para uma história que lide bem com o equilíbrio entre os dois lados do personagem. Ou temos histórias que metam o Hulk a destruir tudo no seu caminho, ou histórias só com o Bruce, nada de Hulk. Céus, não há por aí uma história que mostre realmente a angústia que é ser um cérebro sem controlo sobre a besta interior?

Guerra Secreta, Brian Michael Bendis, Gabriele Dell'Otto
Bem, quando o Nick Fury fica paranóico e amedrontado, o homem vai mesmo até às últimas consequências. Nesta história de espionagem e traição, um grupo de super-heróis da Marvel descobre a sua participação numa revolução política, involuntariamente esquecida; participação essa que os coloca agora em perigo.

Gostei muito do tom do livro, mistério e espionagem e paranóia misturados. A primeira parte do livro monta muito bem a intriga e o suspense, e permite fazer virar as páginas vorazmente; e tem momentos engraçados, ainda assim - o Wolverine no avião, por exemplo.

A segunda parte é um pouco mais fraca; há demasiada exposição. É-nos dito o que aconteceu, em vez de revelado, e é tudo tão dado de colo que é algo aborrecido, quando a história até ali era bem interessante.

A verdadeira estrela do livro, no entanto, é a arte. Linda, linda, fascinante. Adoro estilos assim, como se o trabalho artístico fosse uma pintura.

Demolidor: Diabo da Guarda, Kevin Smith, Joe Quesada
Ok, este deixou-me dividida. O Demolidor parece ser um personagem complexo, complicado, a tender para dramático, mesmo; e nesse aspecto a história encaixa com ele. Os acontecimentos trágicos, a crise de fé, a montanha-russa emocional: nisto os autores acertaram, apanharam e desenvolveram elementos do personagem que fazem parte dele, encaixam na sua história e personalidade.

Os dilemas religiosos e morais que se põem ao Matt são interessantes de acompanhar, assim como a angústia, o drama, a dúvida. Podia ser exasperante com qualquer outro, mas com este personagem funciona. A fasquia é alta, e uma série de coisas das quais não se tem retorno acontecem, e são em parte fascinantes pelo que provocam na história. (Em parte são parvas, mas já lá vamos.)

Contudo, há qualquer coisa na construção da história que me parece fraquita, a maneira como o enredo evolui, toda a coisa convoluta de gente diferente vir dizer que um bebé é o salvador ou o anticristo. Epá, é uma coisa que mostra uma certa inteligência do vilão, que percebeu o que move o Matt, mas a maneira como é apresentada é desnecessariamente enrolada, e não faz bem o equilíbrio entre sobrenatural e psicológico.

Há outros elementos que também enfraquecem a história; a revelação é surpreendente e desapontadoramente mundana, depois de tanto elemento místico, e a revelação do vilão é mesmo info-dump até ao fim. Também não sou fã da situação com o Foggy, muito menos a da Karen, que dá cabo da rapariga duma maneira... antes sequer da sua participação na história terminar.

A arte é deveres cartoonesca, abonecada, o que não incomoda e até é giro, em partes... as cores e o traço enchem o olho. Mas depois há partes em que é... exagerada? Principalmente nas caras, que pareciam quase caricaturas.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pensei em me iniciar no mundo das graphic novels e queria começar com esta coleção. Agora, não sei se seria um bom ponto de partida auehauehuaehua
    Beijos

    http://notasmentaisparaumdiaqualquer.blogspot.com/

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    1. É possível que um bom número dos livros desta colecção até seja um bom ponto de partida para iniciantes, e talvez seja esse o meu problema... às vezes já conheço demasiado bem os personagens para certas abordagens funcionarem comigo. :/

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