sábado, 16 de julho de 2016

A Torre de Espinhos, Juliet Marillier


Opinião: Não consigo deixar de suspirar profundamente de impaciência. Por um lado porque agora vai passar um bom bocado até eu conseguir ler o terceiro livro - e de qualquer modo a sinopse desse faz-me pensar que a Blackthorn e o Grim vão estar separados durante um bom bocado, o que não me deixa feliz -; e por outro, estes dois são! tão! lentos! e! obtusos! Grrr. (Já volto a este assunto.)

Voltando ao início, que era onde eu devia começar. A Blackthorn e o Grim estão a acomodar-se ao seu lugar entre as pessoas na casa do príncipe Oren, só que, claro, isso não dura muito tempo. Primeiro porque o príncipe vai assumir o lugar de liderança do reino durante uma ausência do pai, e como Lady Flidais está grávida, Blackthorn sente-se na obrigação de acompanhar (a resmungar a cada passo do caminho, mas isso é típico dela).

Entretanto, uma nobre, Lady Geiléis, vem pedir ajuda à corte, pois tem um dilema: as suas terras estão amaldiçoadas, e durante o Verão um monstro encerrado numa torre das suas terras grita sem descanso, endoidecendo os que vivem por ali. Com uns empurrõezinhos, a Blackthorn acaba a aceitar tentar ajudar, e o Grim, claro, vai atrás.

E pronto, esse é o mistério no centro da história, o mistério da Torre de Espinhos, da maldição que nela se centra, e como poderá ser quebrada. Não é muito difícil adivinhar os quês e porquês da maldição, mas a piada está mesmo em ver a história desenrolar-se.

Digo isto porque a Juliet consegue tecer uma história digna de um conto de fadas, no que toca à maldição e ao par que mais foi afectado por ela; há pedacinhos de A Bela Adormecida, e A Bela e o Monstro, e As Mil e Uma Noites, até, e provavelmente mais coisas que não me estou a lembrar agora, no cerne da maldição, e é fascinante de a acompanhar.

É também de partir o coração, digamos. Sem estragar a maneira como as coisas decorrem, perturba-me saber que os apaixonados foram amaldiçoados sem fazerem propriamente algum mal, sem provocarem um féerico, apesar de um féerico realmente se ter sentido provocado pela ligação deles. Mas parece tudo... maldade demais? E entristece-me saber da não-vida vivida por aqueles que os seguiam, e o fim que tiveram.

Há uma pequena parte de malícia e maldade na maneira como tentam quebrar a maldição, mas não lhes posso apontar o dedo. Suspeito que ao fim de tanto tempo, qualquer um estaria desesperado para acabar o sofrimento, à conta fosse do que (ou quem) fosse. Foi um dilema e um mistério bastante mais profundo e complexo que se apresentou ao par de protagonistas deste livro. (Comparando com o primeiro, quero dizer.)

Sobre os protagonistas. Hmmm. Primeiro a Blackthorn. Eu gosto muito de protagonistas rezingonas. Divirto-me imenso com elas. Gosto bastante de como a Juliet a retrata, porque o tipo de trauma que ela carrega é impossível de curar, e gosto de ver como ela vive com isso, e as estratégias que encontrou para lidar com o mundo. É inteligente, faz as perguntas certas, preocupa-se, apesar de fingir que não.

Contudo... já diz o ditado, o pior cego é o que não quer ver. Em muitos sentidos. A), minha amiga, não era óbvio o que se estava a passar ali, e porque é que continuas a deixar-te levar pela tua ânsia de justiça/vingança, quando é óbvio que isso não vai correr bem, quando não te deixas pensar no que estás a fazer? B), que raios é que te possui para deixar de fazer perguntas, quando devias estar a fazê-las, mesmo no fim? Cobarde. Grrr.

Já o Grim? Pobre coisinha. Já era expectável que a história dele fosse assim tão trágica, e bem... uau. A Juliet é mesmo má com os personagens dela. E ele tem esta personalidade que carrega o mundo às costas, e deprecia-se constantemente. E isso também é tão triste.

Toda a gente que o conhece descarta-o como um bronco burro, e isso está tão longe da realidade... ele tem uma intuição e uma pureza de espírito que é impressionante. É simples no trato, mas isso está longe de ser ignorância. E o sentido de lealdade dele ainda vai ser ou a sua salvação ou a sua perdição, no entanto é o que salva o esquema todo aqui, e por isso é, e vai ser, muito importante.

Parto para o terceiro livro muito curiosa. É suposto ser o último livro da trilogia, mas a Juliet tem planos para escrever mais, se os editores dela a contratarem para isso, e por isso o livro tem de ser aberto e fechado o suficiente para isso. Há uma série de coisas a merecer um avanço, e sinto que a entidade féerica responsável pela maldição pode aparecer outra vez, e gostava mesmo de ver isso concretizar-se. Espero mesmo que isto se venha a tornar mais que uma trilogia, porque há história para muito mais.

Título original: Tower of Thorns (2015)

Páginas: 408

Editora: Planeta

Tradução: Catarina F. Almeida

1 comentário:

  1. A Juliet é tão mázinha. Opá, o Grim deixa uma pessoa de rastos, quer dizer ele também me faz rir porque só consigo pensar nele como naquele gigante passivo que não tem sorte nenhuma, tu viste quando o outro apareceu e a Blackthorn corre para o abraçar toda contente e eu só conseguia imaginar o Grim do tipo okay, ele tem direito a um abraço e a sorrisos... sigh *forever alone* xD pobre Grim!

    Também estou para ver quantos cães eles vão adoptar até ao fim da série. xD

    Yep, a Blackthorn no fim, wow, a minha curse foi levantada num instantinho... HOW??

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