segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Uma imagem vale mil palavras: Cidade dos Ossos (2013)

(... recuso-me a usar o nome completo do filme, porque é demasiado longo e acho desnecessário porem-lhe o "Instrumentos Mortais" antes do título principal. E estou a sentir-me preguiçosa.)

Foi uma boa sessão para trailers. Vi o trailer do Kick-Ass 2 (não vi o primeiro filme, mas li a BD e estou curiosa quanto à história da sequela), do Catching Fire (e continua a aumentar a minha adoração pela Effie com aquela fala do "chins up, smiles on"; ah, e o tradutor/legendador devia levar uma traulitada por escrever "Gael" em vez de "Gale"), outra vez, e o RPG (que era filme que eu era capaz de não ir ver, porque parece um mash-up do Os Jogos da Fome e do Destinos Interrompidos, mas agora que descobri que tem produção portuguesa até estou interessada... morbidamente interessada).


Sobre o filme... é uma sensação engraçada. Disse cobras e lagartos das adaptações do Beautiful Creatures e do The Host. E li ambos os livros há imenso tempo, tal como o Cidade dos Ossos. Por isso, é provável que não me lembre de alguns pormenores, e que lhes sinta menos a falta - nos três casos. O problema é que eu senti falta dalguns pormenores nos dois primeiros, e achei que ambos falharam em transmitir o espírito da história, senão no seu todo, pelo menos em parte. E com o Cidade dos Ossos eu não senti isso. Não é um filme perfeito, e é um pouco diferente do que tinha imaginado que ia ser.. mas diferente não é mau. Acho que está mais próximo do espírito dos livros, e do que a minha imaginação tinha conjurado, do que esperava. E saí da sala agradavelmente surpreendida.

Durante o início da história tive uma sensação de estranheza que não soube definir. O filme lembrava-me um daqueles filmes de aventuras dos anos 90 que passam na televisão. E depois lembrei-me de algo que li no Official Movie Companion - ao que parece, o filme foi rodado em película, não em digital. E numa época de digital, 3D e IMAX, é definitivamente alienígena ver no cinema o resultado de filmagens neste meio. É menos perfeitinho, estilizado, ou brilhante. Mas acaba por resultar. No fim do filme já tinha entranhado e deixado de estranhar... e os efeitos especiais do clímax da história funcionaram bem com este meio.


Senti-a como uma adaptação que tentou ser fiel aos livros - tenho a impressão que nas mãos de outra pessoa tinham metido os pés pelas mãos e cortado coisas ao desbarato sem fazer sentido nenhum. Mas aqui fiquei com a ideia que houve um certo respeito pela história e pelos fãs, e aquilo que de facto cortaram ou modificaram fez sentido para mim. A maior parte das coisas que mudaram ajuda a contar melhor a história em filme, e só algumas mudanças na parte final do filme me deixaram na dúvida.

A mudança de local do clímax - em termos da produção dum filme, e do tempo que têm para contar uma história, faz sentido, em vez de darem voltas e voltas para chegar ao local do livro. A revelação que "estraga" o momento-choque do fim - bem, eu nunca acreditei que isso fosse verdade quando estava a ler o livro, por isso não me faz diferença que o facilitem para a audiência que não leu os livros. Gostei de alguns aspectos visuais desta parte final - os demónios, a abertura das protecções do Instituto, o lança chamas, até o pentagrama do Valentine (tão giro como ele o constrói). Por outro lado, aquilo que me fez mais comichão de terem mudado é a posse da Taça Mortal, que me parece que está nas mãos erradas no fim do filme. A fazerem uma sequela, como exactamente é que vão explicar isso?


Uma parte que me agradou é manterem o sentido de humor e as falas divertidas de alguns personagens. (Pontos bónus ao Robert Sheehan por conseguir dizer as falas dele com uma cara séria.) Passei parte do filme na risota, mesmo já conhecendo os diálogos. (Aliás, sou capaz de me ter rido que nem uma pateta precisamente por os conhecer.) Faltou-me foi uma certa qualidade sarcástica e auto-depreciativa do Jace. Não me lembro se no primeiro livro essa sua qualidade está apurada, mas achei o personagem um pouco sério a mais.

Sobre os personagens e respectivos actores... a Lily Collins está bem fofinha, e gostei da sua Clary. O Jamie, como Jace, estava bastante próximo daquilo que tinha imaginado, e fez um bom trabalho com o que tinha. (Mas faltou-me o sentido de comédia trágica do Jace, lá está.) O Robert Sheehan como Simon estava óptimo, com o equilíbrio certo de anseio pela Clary e sentido de humor. Os actores da Isabelle e do Magnus, bem, não têm muito destaque, mas os próprios personagens não o têm no livro. O Magnus só se revelou, para mim, na trilogia dos Infernal Devices, e à Izzy ganhei-lhe gosto ao longo da série. (Se bem que gostei do que vi dela.) Ao Alec faltou-lhe um je ne sais quoi. (Ou para ser honesta, sei. Bem sei que o Alec é um rufião com a Clary no primeiro livro, mas também tem uma certa vulnerabilidade que me fez falta.)

O Luke ainda me parece algo novo de mais, que me desculpe o Aidan Turner que fez um trabalho decente, mas caramba, tiveram de lhe pôr uma "coisa" esbranquiçada na parte da frente da cabeça para lhe o envelhecer. A Lena Headey não tem muito tempo de antena, mas gostei da cena de acção dela, que nos mostra porque é que a Jocelyn é uma óptima Caçadora de Sombras, algo que até os livros às vezes se esquecem de fazer. E por falar nisso, ri-me um bocado com os actores escolhidos para fazer de rufiões do Valentine - são actores que já têm feito papéis de "músculo" noutros filmes. O Valentine/Jonathan Rhys Meyers - bem, eu esqueci-me que o Valentine devia ser loiro até há coisa de um mês ou dois, por isso o casting agradou-me (e distraiu-me), e foi uma boa escolha. O actor tem presença e consegue ser arrepiante e psicopata com o pouco que tem.


Acerca do cenário, acho que o facto de saber que isto foi filmado em Toronto me prejudicou. Não pretendo fingir que sei como é que Nova Iorque (ou neste caso, Brooklyn) é, mas pareceu-me que faltou um bocadinho assim para os cenários me convencerem. Mas por outro lado, a parte da produção que envolve os cenários interiores e os adereços agradou-me. Gostei bastante da Cidade dos Ossos, da biblioteca do Instituto, da estufa, e da "aparição" do Instituto. Por outro lado, as roupas dos Caçadores de Sombras estão ali no limite. Visualmente são fantásticas (se bem que as imaginei de outra maneira), mas nalguns pontos exageraram no aspecto gótico (a roupa do Alec estava ridícula).

Em suma, fiquei satisfeita com a adaptação. Mais do que estava à espera, tendo em conta que as últimas que vi têm deixado a desejar. Foi uma surpresa agradável, especialmente porque dei por mim submersa no mundo e na história, e porque achei o filme mais fiel ao livro do que esperava, por isso diria que foi uma adaptação bem sucedida, na minha opinião.

4 comentários:

  1. Aaaaaaaaah oooolaaaá estou viva!! ainda não fui ver o COB acreditas??? :O
    Sempre achei a roupa do Alec muito exagerada, parece um stripper mascarado de polícia a caminho de uma despedida de solteira, não havia necessidade...ainda por cima o Alec é tão low-profile nos livros.
    Mas enfim li tantas opiniões más (também parece que o filme não se deu muito bem na bilheteira :s) que fiquei surpreendida com o facto de teres gostado! :D
    E AINDA NÃO ME DISSESTE O QUE ACHASTE DO TRAILER DO DIVERGENT :P

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    1. Ihhh estou com tantas saudades tuas!!! Não posso acreditar, então quando é que vais ver? :P

      Pois, a roupa do Alec foi a que me pareceu mais excessiva... e faltou-me qualquer coisa da personalidade dele. :/

      Bem, eu achei que havia imensa coisa fiel ao espírito dos livros, apesar de terem mexido nalguns pormenores. Com estas mudanças pude eu bem, mesmo com o que fizeram ao final. ;) E eu sou super esquisita, por isso também fiquei surpreendida por ter gostado tanto. ^_^

      Oh, o problema da bilheteira... acho que eles fizeram muito o marketing para os fãs, em vez de o fazerem para as outras pessoas, de modo a convencê-las a ir ao cinema. Os fãs já iam ver o filme de qualquer modo. :S

      O trailer do Divergent? Meh... falta-lhe ali qualquer coisa. Da maneira como está feito, parece um Hunger Games-wannabe, deviam fazer o trailer de modo a destacar as forças deste mundo para alguém que não o conhece. Eu consigo reconhecer as cenas, e *sei* que são fixes, mas sinto que o trailer não reflecte este mundo tão bem como podia.

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    2. Idem! :)
      Em minha defesa tenho a dizer que a culpa é da quigui, ela ia ler o livro e depois íamos ver o filme, e acho que ainda não lhe pegou (também não a tenho chateado, é verdade), tu vê só a minha vida. u_u

      Yep, os fãs hardcore da Cassie não é preciso convencer a ir ao cine, é preciso é convencer os outros, mas honestamente este não é um filme que chame muito por pessoas que não sejam fãs dos livros, e depois é claramente para teens e young-adults, os mais crescidos não devem olhar duas vezes para o poster :s

      Whaaaaaa não me digas uma coisa dessas, está totalmente espectacular! xD talvez gostes mais do trailer mais longo quando sair :p

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    3. Ohhhh espero que ainda tenhas oportunidade de ver, reparei que alguns cinemas já cortaram nos horários de exibição... :/

      Não sei, se eles tivessem feito o marketing bem, não se tinham entrincheirado no canto YA, isto podia apelar a adultos que gostem de aventura/acção, ou fantasia/paranormal... mas a verdade é que o primeiro livro tem muito poucos personagens adultos, por isso percebo a falta de interesse para adultos. :/

      A mim faltou-me qualquer coisa. O trailer completo tem de ser assim para lá de awesome, porque este está fraquito. Mas enfim, há algum tempo que nenhum dos trailers das adaptações me satisfaz completamente. :/

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