quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Across a Star-Swept Sea, Diana Peterfreund


Opinião: Com For Darkness Shows the Stars, Diana Peterfreund conseguiu fazer várias coisas ao mesmo tempo. Recontar um dos meus livros favoritos, cativar-me com os seus personagens e fascinar-me com o mundo pós-apocalíptico que criou. Neste livro, expande esse mundo e apresenta-lo sob uma nova perspectiva que muito me agradou. Não conhecia o livro em que se inspira (The Scarlet Pimpernel), mas nem por isso deixei de me divertir a ler Across a Star-Swept Sea.

A protagonista, Persis Blake, é uma jovem aristocrata de Albion, uma de duas ilhas de New Pacifica. À superfície, é apenas mais uma socialite oca e mimada, mais interessada em roupas que na situação política explosiva do seu país. Mas na verdade, ela tomou a identidade de Wild Poppy, um espião misterioso que resgata presos políticos de Galatea, a outra ilha de New Pacifica.

Devo confessar que adorei este aspecto da narrativa. Primeiro, porque a autora recriou as circunstâncias da Revolução Francesa duma maneira deliciosa nesta parte do seu mundo. Galatea teve recentemente uma revolução contra o poder aristocrata, e o resultado é uma onda vingativa contra todos os membros da classe, tenham eles feito por merecê-lo ou não.

E foi tremendamente interessante ler sobre como as pessoas nesta parte do mundo têm uma percepção um pouco diferente do que aconteceu no passado (o evento apocalíptico) em relação à sociedade de For Darkness Shows the Stars. Como é diferente o tipo de sociedade que se desenvolveu em New Pacifica, e como as pessoas têm uma relação diferente com a Reduction. Nuns aspectos mais avançada, noutros mais atrasada, gostei de explorar New Pacifica.

Em segundo, porque adorei a Persis e todo o enredo de ela criar um engano elaborado para convencer as pessoas de que era uma aristocrata tontinha, e assim não desconfiarem de que era o Wild Poppy. Ver a dualidade de percepções das pessoas sobre ela... Os pais sabiam da miúda inteligente e engenhosa que era, e achavam que a fase tontinha era só isso, uma fase. Os amigos mais próximos sabiam que a tontinha era uma fraude, e participavam nas missões Wild Poppy. E todos os outros viam a socialite frívola que ela tentava passar. Achei-a muito corajosa por se lançar num empreendimento destes, tão jovem e decidida a corrigir aquilo que via que estava mal no seu mundo.

E isso leva-me ao protagonista masculino, o Justen. É um personagem interessante. Não se destaca exactamente, não tem um fundo moral forte o suficiente para o levar a agir o mais depressa possível quando vê algo que está mal, e vê-se numa posição de inacção durante uma parte da narrativa devido às suas opções passadas. Mas é um óptimo contraponto à Persis. Nem todos podem ser os heróis da história, e ele tem qualidades suficientes para se tornar num parceiro adequado para a Persis. É inteligente, por isso não haveria um desequlíbrio intelectual entre ambos, está decidido a fazer a coisa certa, e mesmo não sendo uma pessoa de acção arrisca-se para ajudar a Persis.

A relação deles é algo divertida de ver desenvolver-se. Tem uma certa pitada de Orgulho e Preconceito, por causa da faceta que envolve as impressões e percepções que temos das pessoas. O Justen passa grande parte da história preso à imagem da socialite frívola, mas ao mesmo tempo a Persis mostra o suficiente do verdadeiro eu dela para o deixar confuso e intrigado, e eventualmente atraído por ela. E a Persis não consegue controlar o quanto mostra das suas duas facetas para manter o engano da tontinha frívola. Ela é tão óbvia às vezes que o Justen até parece palerma por não perceber mais cedo. Contudo, a cena em que ele, mais os pais dela, percebem ao mesmo tempo a identidade do Wild Poppy... sem preço. Especialmente quando vão pedir satisfações à princesa Isla, melhor amiga da Persis, e que sabia claro do enredo todo.

Fora isto, amei quando certos personagens do livro anterior aparecem neste. Dá para ver um certo casal a, bem, agir como casal (tão fofinhos!), e são um contraponto engraçado à Persis e ao Justen. Dá para ver uma certa personagem convencida a continuar a ser teimosa que nem uma mula. E dá para ver uma certa personagem a ser igual a ela própria, e a fascinar e intrigar as pessoas em New Pacifica (só ela).

Em suma, este é um livro um pouco diferente do For Darkness Shows the Stars, mas igualmente satisfatório. A autora conseguiu expandir o seu mundo, criar uma nova sociedade com o mesmo passado comum, e contar uma história absolutamente cativante e doseada com acção e intriga. Por favor, por favor, por favoooor, que ela escreva mais um livro nesta série.

Páginas: 464

Editora: Balzer + Bray (HarperCollins)

3 comentários:

  1. Sinto-me tentada, mas ainda tenho de ler o For Darkness Shows the Stars

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    1. Ohhh, por favor, cede à tentação. :P Ou pelo menos faz um favor a ti própria e lê o For Darkness Shows the Stars, que é lindo. *.* Pleeeease? :D

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    2. Sim! até já o tenho, só ainda não lhe peguei *shame*

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