Liga da Justiça: Crise de Identidade 1, Brad Meltzer, Rags Morales
Liga da Justiça: Crise de Identidade 2, Brad Meltzer, Rags Morales, Geoff Johns, Howard Porter
Estou impressionada com o tipo de história que aqui se conta. Ver super-heróis, supostos paradigmas de virtude, a tomar decisões moralmente duvidosas e a meter os pés pelas mãos quando tentam resolver uma situação que não tem propriamente solução... a ideia é boa. As questões que geraram a história - até quão longe vão estas pessoas para proteger a sua identidade, de modo a proteger os seus, e o que acontece depois de os vilões serem derrotados - são pertinentes. E achei interessante ver os vários tipos de relação familiar que os super-heróis tinham com os seus entes queridos.
Gostei de seguir o mistério, pois não é uma coisa tão comum de ler em comics, pelo menos nestes moldes tão sóbrios e trágicos. Toda a história tem uma atmosfera pesada, e lê-se bem como um policial... não é muito habitual encontrar estes aspectos entre super-heróis americanos. E certos acontecimentos... fiquei de boca aberta com a evolução das coisas. E aquele fim, apesar dos problemas que tenho com ele, bem, é surpreendente.
O problema que tenho com a história... é que é tão machista. É tudo focado nos coitadinhos dos personagens masculinos, e no horror de poderem vir a perder as suas namoradas/mulheres/etc.. E então as mulheres? Não estão em perigo de perder entes queridos? É que não há uma única mulher no centro deste dilema. (E não, meter ali uma vinheta de vez em quando não chega.) Fora isto, só vemos as mulheres como vítimas ou futuras vítimas, o que não é menos machista. E até o final perde força por causa disto. A razão pela qual o vilão fez o que fez, ou pelo menos o modo como é revelada, é tão mesquinha, e menoriza o sofrimento e os acontecimentos trágicos que estão para trás.
Fora isso, tenho a apontar a estupidez de preparar uma casa para proteger alguém contra os poderes conhecidos de vários vilões, mas não se considerar protecção, ou pelo menos a detecção do uso de poderes conhecidos de super-heróis. É claro que assim não tínhamos história, mas tendo em conta os extremos a que a Liga da Justiça foi para proteger os seus entes queridos, pareceu-me uma falha mesmo óbvia.
O segundo volume contém ainda uma história do Flash para complementar. Ao contrário da história principal, que faz referências ao passado sem exagerar, e que são explicadas bem, esta mete por ali uns comentários enviesados que não são muito claros. Mas gostei de seguir. Faz um bocadinho a continuação da Crise de Identidade, resolvendo algumas pontas soltas, e mostrando o Wally West, o Flash, a fazer as pazes com as escolhas do Flash anterior, o Barry Allen. Não achei muita piada foi ao facto de a história ficar a meio. Os vilões estão claramente a tramar alguma e aquilo fica em suspenso.
Uma nota para as capas, especialmente a do segundo volume, porque conseguiram trabalhar bem o fundo branco e fazer uma capa interessante. (E diferente das do resto da colecção.)
Novíssimas Crónicas da Boca do Inferno, Ricardo Araújo Pereira
Um comentário curto, porque é um livro de crónicas, e não-ficção, e é difícil fazer uma opinião jeito para tal, pelo menos para mim. Divirto-me a ler as crónicas do autor na Visão quando as apanho, por isso tenho adquirido os livros que as reúnem, e este não foi excepção. É curioso, dá para seguir a evolução das notícias quentes do momento em que as crónicas foram escritas... ai, que este país é deprimente. Porque uma boa parte é a comentar politiquices e asneiradas de políticos. Que bela imagem do nosso país.
Apesar dos temas serem um pouco repetidos, acho piada à maneira como o autor às vezes apresenta as situações, e aprecio o tipo de humor com que as aborda. Só torço para que as coisas mudem um bocadinho por cá, para que da próxima vez que ler um livro destes haja mais variedade de temas.
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