Opinião: Stay With Me é o terceiro livro desta série da autora Jennifer L. Armentrout (pseudónimo J. Lynn), uma série cujos livros podem ser lidos independentemente e por uma ordem qualquer, já que as respectivas histórias são autocontidas; o que têm em comum são os personagens, que se movem nos mesmos espaços e círculos, mas não é propriamente essencial ler por ordem, já que as referências de uns livros para os outros são relativamente breves.
Neste volume, seguimos a história de Calla, uma jovem que teve um passado duro, mas que evita lembrá-lo ou falar dele ao grupo de amigos, pois não é uma história bonita, nem deixou para trás grandes coisas a recordar. No entanto, o passado volta para a assombrar, obrigando-a a retornar à cidade onde cresceu. E aquilo que queria esquecer, a vida que deixou para trás, parece impor-se, não a deixando escapar assim com tanta facilidade.
Neste volume, seguimos a história de Calla, uma jovem que teve um passado duro, mas que evita lembrá-lo ou falar dele ao grupo de amigos, pois não é uma história bonita, nem deixou para trás grandes coisas a recordar. No entanto, o passado volta para a assombrar, obrigando-a a retornar à cidade onde cresceu. E aquilo que queria esquecer, a vida que deixou para trás, parece impor-se, não a deixando escapar assim com tanta facilidade.
Curiosamente, gostei bastante da personalidade da Calla. As tragédias passadas marcam o presente dela, pois as marcas físicas que lhe ficaram condicionam a sua interacção com as pessoas... e ao mesmo tempo, nunca a Calla age como coitadinha; mais como resignada. Ela sabe que a cicatriz que tem na cara vai fazer com que algumas pessoas pensem nela de certa maneira, e como protecção para não se envolver e magoar é muito reservada, mas nunca se queixa dos problemas que tem, tentando procurar uma maneira de os resolver.
Além disso, a falta de intimidade com outrém também se estende ao plano físico, mas não é por isso que ela deixa de ter desejos e anseios, o que é refrescante de ver. Noutro ponto, gostei de ver como voltar à cidade onde cresceu a afecta, e de certo modo liberta. Apesar de toda a dor, a Calla sentia saudades de lá estar e do que deixou para trás, e vê-la reconciliar-se com as coisas é muito satisfatório.
Parte dessa viagem tem a ver com o Jax, um pedaço de mau caminho que na verdade até é bom rapaz. Está bastante bem resolvido, tem a vida encaminhada, e toma uma posição de apoio e de protecção em relação à Calla, o que é sempre giro de ver. Também a acompanha por muitas mudanças, e é bastante carinhoso e apaixonado.
Contudo, não sou totalmente fã de algumas atitudes dele. Ele sabia no que se estava a meter com a Calla, a maturidade emocional dela não dá para tudo, especialmente quando nunca teve uma relação séria, por isso é excessivo pedir-lhe algumas atitudes à partida. Uma certa discussão que eles têm a meio da história faz perfeitamente sentido (felizmente não é daquelas discussões estúpidas entre o casal que as autoras às vezes metem na história), e o Jax até parece mais o infantil no meio daquilo, porque é idiota o suficiente para continuar a ser apanhado em situações meio comprometedoras, mas enfim.
E depois não sou fã de ele ter escondido certas e determinadas informações. Uma então, perfeitamente inócua, devia ter saído cá para fora logo no início, não havia razão para se manter no escuro - e pior, as pessoas à volta da Calla não a corrigem quando ela faz comentários baseados no não saber essa informação... é simplesmente muito estranho - apenas uma desculpa para a autora os pôr a discutir uma última vez, antes da reunião final do livro.
Também não sou fã da outra coisa que ele escondeu, porque é um pouco desconcertante saber disso, e porque não acredito que a situação se desenvolvesse dessa maneira sem a Calla estar envolvida. Toda a coisa parece como se a autora lhe quisesse dar uma pinta de "estava destinado", mas só faz o Jax parecer um bocado stalker, portanto não sou mesmo nada fã.
Tenho algumas dúvidas sobre eles como casal, pois se é óbvio que têm química e pontos de entendimento, também desenvolvem alguns "vícios" da relação - a Calla tem dificuldade em confiar, o Jax dificuldade em dizer a verdade -, e não parecem melhorar quanto a eles até ao final, que se baseia precisamente num desentendimento que envolve estes problemas que eles têm. Gostaria mais de os ter visto a ultrapassá-los.
No meio disto tudo, os personagens secundários revelaram-se boas caixinhas de surpresas, como a Katie, a stripper vidente, e a Roxy e o Nick, que prometem vir a ter uma relação... conturbada no próximo livro. E amei ver os casais dos livros anteriores aparecerem, porque as suas presenças trouxeram cenas bem divertidas, e uma percepção muito necessária para a Calla de que ninguém é perfeito, e todos temos esqueletos no armário.
Quanto ao enredo, ao "obstáculo" principal da história, acaba por ser o elo mais fraco. As ameaças e o perigo em que a Calla se vê são algo cliché e pouco desenvolvidos, é o tipo de enredo que já se viu num rol de thrillers ou mistérios, e como o objectivo da narrativa nem é esse, acaba por desenvolver menos esta sua componente. Apesar disso, gostei de alguns pontos dela, como uma determinada cena de perigo que envolve a Calla mais para o fim.
Uma boa leitura, no sentido em que permite passar um bom bocado, e diverte bastante, algo que associo a esta autora, e nesse sentido raramente me desaponta. É só o que peço, especialmente depois do último livro dela que li, Stone Cold Touch, me ter deixado um amargo na boca.
Páginas: 496
Editora: HarperCollins
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