Opinião: Raramente faço releituras completas ou sequer compro um livro mais que uma vez, a não ser que seja um grande favorito. (Culpado principal: Orgulho e Preconceito e outros livros da Jane Austen.) Tendo em conta que adorei o Daughter of Smoke and Bone, alías, a trilogia completa, e sou fã incondicional da Laini Taylor, achei que valia a pena dar a oportunidade à tradução portuguesa, nem quer seja para ver como estava.
E basicamente apaixonei-me novamente pela história. A Laini tem uma escrita tão rica, e uma construção de mundos fascinante, e o enredo evolui duma maneira que mesmo sabendo como termina, ainda assim conseguiu cativar-me.
Mais, consegui encontrar novas coisas para gostar e apreciar. Consegui, agora que sei quais as revelações que estão mais para a frente, entender certas referências, compreender melhor os personagens e suas motivações. Dá para entender muito melhor o caminho do Akiva até aqui, perceber a aproximação da Karou e dele neste livro, e até as acções dela aqui, e para a frente.
Um personagem pelo qual desenvolvi uma admiração ainda maior é o Brimstone, especialmente pela natureza do seu trabalho e pelos sacrifícios que exige. Tudo o que ele tem de suportar fazer, porque acredita na causa, enquanto gostaria que tudo fosse diferente, que o seu mundo fosse melhor, mas não lhe permite. E mais, é verdadeiramente trágico que não se permita mostrar afecto pela Karou, e que se separem do modo que separam, zangados, porque nenhum merece, especialmente porque o seu laço é bem mais forte do que aparenta.
Toda a história tem uma atmosfera mágica, daquela que nos faz acreditar em destino e magia e no fantástico à vista do real. A história dos protagonistas é verdadeiramente apaixonante e encantadora, e adorei voltar a segui-los. O elenco de personagens secundários é fantástico, dá imenso gozo acompanhá-los. (Destaque para a Zuzana, pela sua personalidade e pelas suas falas divertidíssimas.)
Acho que não tenho queixas da tradução, com uma excepção: há uma fala da Zuzana quando conhece o Akiva que no original está no infinitivo, mas que a tradutora decide traduzir para um tempo verbal do indicativo, atribuindo a acção à Zuzana, quando a acção devia ser mais geral. O problema é que a fala é hilariante no original, mas em português soa mal, pelas circunstâncias recentes da Zuzana. Parece-me que não dava trabalho nenhum manter o tempo verbal como estava, mas enfim, os nossos tradutores gostam de inventar um bocado...
De qualquer modo, é um livro que recomendaria sem reservas, adoro a história e a autora, e a edição é bastante boa. (Não era muito fã da capa, mas entranhou-se-me.) Suspeito que possa não ir ao encontro dos gostos de toda a gente, mas acho que é daquelas histórias a que vale a pena dar oportunidade, porque a recompensa é demasiado grande para não arriscar. É um bom livro para se sair da zona de conforto.
Título original: Daughter of Smoke and Bone (2011)
Páginas: 376
Editora: Porto Editora
Tradução: Elsa T.S. Vieira
Quando vi a capa na net, pela primeira vez, confesso que também não me convenceu, isto porque adoro as edições hardback britânicas - são lindas! Porém, agora que a vi ao vivo... não sei... acho-a bonita e, em certo modo, até mesmo apropriada. Gosto. =)
ResponderEliminarQuando vi pela primeira vez, detestei. Tenho as edições britânicas e gosto muito, e as americanas também são muito boas... esta ao lado delas não é tão gira. Mas lá está, fui-me habituando a ela e acabei por gostar bastante. Ainda acho que estão a dar à capa um tom de fantasia épica que a história (maioritariamente) não tem, e o título é um bocado spoilerento, mas do que temos aqui em Portugal, é das melhores, por isso acabou por me entrar no goto. xD
Eliminar