Vingadores: A Era de Ultron 1, Brian Michael Bendis, Bryan Hitch
Vingadores: A Era de Ultron 2, Brian Michael Bendis, Bryan Hitch, Brandon Peterson, Carlos Pacheco
Isto teria corrido melhor se não tivessem tentado vender este crossover event com o mesmo título do segundo filme dos Vingadores. Pelo que me é dado a entender pelas opiniões no Goodreads, toda a gente se pôs a ler isto pensando que os prepararia para o filme, e é claro que foi um tiro no pé. O livro pede que se conheça relativamente bem o universo Marvel e alguns dos seus personagens mais (e menos) proeminentes, e não é nada introdutório no que toca ao Ultron, por isso...
Portanto, o Ultron no início da história volta à Terra (os vilões voltam sempre, por mais que os eliminemos), tem um confronto com os Vingadores, e desaparece, para se vir a revelar que tinha um plano que envolvia destruir a humanidade e os super-heróis (what else?), e que foi bem sucedido, resultando num presente pós-apocalíptico.
Acho que preferia ter visto a evolução do ponto A para o ponto B, isto é, como o Ultron fez uma razia ao planeta, como o seu plano se desenrolou. Assim só vemos o resultado, e apesar de ser assustador, ver a destruição e quão poucos sobreviveram, seria mais impressionante ainda ver a coisa em acção.
Portanto, os super-heróis estão destruídos, desmotivados (até o Capitão América está para ali encostado a um canto, deprimido), em números muito reduzidos, mas tentam desenvolver um plano para descobrir o que se passa e como derrotar o Ultron, e uma coisa leva a outra, et voilá, temos direito a viagens no tempo.
Estou curiosa para saber o que teria acontecido com a Equipa Futuro (devem ter morrido todos), mas gostei de acompanhar o Wolverine e a Sue Storm ao viajarem para o passado e tentarem impedir a criação do Ultron, ainda que discordem no método. O Wolverine é a pessoa que gosta de ser criativo com as garras, como é habitual, e ooops, nova timeline/universo paralelo criados.
Achei esta timeline bastante interessante, e gostei de a explorar; contudo, ainda mais interessante e importante foi o Wolverine voltar ao momento crucial antes da criação do Ultron e essencialmente resolver as coisas falando, com o Hank Pym e com o seu outro eu, em vez de resolver à pancada. Uma vez na vida o homem aprende.
Além disso, a noção de dois Wolverines no mesmo espaço e a quantidade de pancada que isso dá no contínuo espaço-tempo, bem, é fantástica de considerar. O final é relativamente interessante, mas considerando que já percebi há que tempos que este pessoal anda a dar cabo do universo aos poucos, e que isto vai rebentar não tarda nada, bem, não há nada de novo. A não ser ali quando o Hank pensa numa solução melhor, e eu temer que isto vá descarrilar novamente.
Gostei mais da segunda parte da história, visualmente, porque o primeiro artista, Bryan Hitch, tem uma forma estranha de planear o layout das pranchas, e muitas são uma dupla página que não tem pistas visuais suficientes que avisam que é uma dupla página, e vá de a ler três ou quatro vezes até acertar com a coisa. A segunda parte, como mete viagens no tempo, usa dois artistas para separar o passado do presente, e torna-se muito mais interessante de observar, pelos estilos díspares.
Homem de Ferro: A Semente de Dragão, John Byrne, Paul Ryan, Mark Bright
Eu provavelmente apreciaria mais isto se fosse realmente fã do Homem de Ferro, o que não é exactamente o caso. Oh, os filmes foram divertidos, muito graças à interpretação do Robert Downey Jr., mas ainda não me consegui decidir sobre o personagem. Há alguns personagens da Marvel que eu gosto à partida, porque cresci com eles ou já os conheço há muito tempo, ou porque são apresentados de maneira cativante, mas o Homem de Ferro? Nunca li uma coisa que me fizesse realmente gostar dele, ou percebê-lo, sei lá, ter uma boa imagem dele.
De qualquer modo, aprecio esta história por explorar e esclarecer vários pontos da mitologia do personagem e dos seus inimigos. Descobrimos de onde vêm os dez anéis do Mandarim, e parece que a história é uma reinvenção do seu papel como vilão do Homem de Ferro, o que é interessante de ler. Também aparece um vilão, o Fin Fang Foom, que tinha visto algures, e descobri agora que é suposto ser um vilão do Homem de Ferro. A sua história de origem é fascinante, porque dragões. Dragões a sério, na China. Dragões alienígenas. Está tudo dito.
E pronto, o enredo pode fazer um bom trabalho a correr o conflito, a estabelecer os avanços e recuos nele, mas noutro ponto é péssimo: então o Tony Stark e a doutora Su Yin saem um par de vezes, convivem para resolver o problema dele, e de repente já estão apaixonados? Sendo ela casada, o que pressupõe que não está livre emocionalmente para este tipo de coisa, ainda mais porque parece que há qualquer coisa com o marido, que nem sabemos o que é, porque nunca é devidamente explorada. Ugh. Da próxima vez que alguém se vier queixar de YA e os seus tropes, incluindo insta-love, como se os outros livros não os tivessem, leva nas trombas com este volume. Que forma de escrever um aspecto emocional tão preguiçosa.
E agora que me lembro, a Viúva Negra aparece, anda à procura de ajuda para qualquer coisa. Só que é uma storyline meio abandonada a meio deste volume. Calculo que fosse o arco de história seguinte ao deste volume, mas não gosto que tenha sido desenvolvida tão cedo (devia ter aparecido na segunda metade do volume), e que seja assim abandonada, como se deixasse de ter interesse. Apenas diminui a sua importância para o que iria acontecer de seguida, que nem sabemos o que é, em vez de a aumentar, e de aumentar o interesse.
Viúva Negra: O Manto da Viúva, Greg Rucka, Igor Kordey, Devin Grayson, J.G. Jones
Este volume reúne duas histórias da Viúva Negra, e em ambas o foco é dividido com (ou até somente de) uma segunda Viúva Negra, activada quando a Natasha desertou e deixou de ser espia ao serviço da Rússia. Essa segunda personagem é Yelena Belova, que se debate com a herança deixada pela Natasha Romanov.
A primeira história, apesar de ter sido publicada depois, acontece antes, cronologicamente falando. Segue a Yelena nos seus tempos de preparação para ser a Viúva Negra, e os acontecimentos que precipitam o seu assumir do manto. Yelena investiga a morte do seu supervisor, um homem que se vem a revelar ter frequentado um clube S&M, tendo contratado uma sósia da Yelena como parte das suas fantasias.
O interessante aqui é a realidade construída para activar a Yelena, que me fez questionar tudo, toda a narrativa passada e presente que condiciona o evoluir do enredo; e ao mesmo tempo, como os sentimentos da Yelena a levam a tornar-se na Viúva, e como tem de os enterrar para assumir esse papel.
A segunda história apresenta uma espécie de competição entre as duas Viúvas. Um cientista criou um soro que torna soldados em berserkers, essencialmente, e os governos russo e americano mandam as Viúvas numa corrida contra o tempo para impedir um general de um país fictício do Médio Oriente de usar o soro, e recuperá-lo.
Aqui o interesse prende-se com a "competição" entre as duas, que nunca chega a sê-lo, propriamente. A Yelena tem o mesmo treino e capacidades que a Natasha, mas não tem a sua experiência; e por isso, a Natasha está sempre dois passos à frente dela. (Melhor, está dois passos à frente dos dois governos que têm interesse no soro, como a melhor das espias.) É uma relação curiosa de explorar, a das duas, especialmente com a posição de mentora a cair nos braços da Natasha.
É a minha história favorita das duas. (A outra exige que se conheça e goste da personagem para se preocupar com o que lhe acontece. Aqui no livro devia vir depois, tal como a ordem em que foram publicadas.)
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