Opinião: Awww, este livro é mesmo adorável e fofo... gostei mesmo de como a Becky decidiu escrever a sua história. Dá para perceber que ela passa (passou?) muito tempo à volta de adolescentes. A sua caracterização dos personagens no livro é fantástica.
Simon Spier é um rapaz de 16 anos. É gay e está bem resolvido quanto à sua sexualidade; apenas ainda não está preparado para sair do armário. Começou a trocar e-mails com alguém da sua escola, e está enlevado com o Blue, o seu correspondente, mas dele apenas sabe que é outro rapaz gay que também ainda não saiu do armário. Um colega da escola descobre a troca de e-mails, e chantageia-o com o objectivo de conhecer melhor uma amiga do Simon; a partir daí, todo o tipo de sarilhos pode acontecer.
Simon Spier é um rapaz de 16 anos. É gay e está bem resolvido quanto à sua sexualidade; apenas ainda não está preparado para sair do armário. Começou a trocar e-mails com alguém da sua escola, e está enlevado com o Blue, o seu correspondente, mas dele apenas sabe que é outro rapaz gay que também ainda não saiu do armário. Um colega da escola descobre a troca de e-mails, e chantageia-o com o objectivo de conhecer melhor uma amiga do Simon; a partir daí, todo o tipo de sarilhos pode acontecer.
Como disse, adorei a caracterização. Gostei muito de ler a maneira como a Becky escreveu o Simon: com as suas inseguranças e interesses, asneiras e dramas adolescentes. É um miúdo normal, e aprecio que não seja feito um dramalhão em torno da sua sexualidade. A exploração discreta da sua vida é muito mais interessante.
Gostei também da sua relação com os seus: os pais, os amigos... toda a gente comete erros, mas todos se adoram; e sair do armário, quando acontece, merece uma chuva de apoio e preocupação de todos. Por falar em sair do armário, gosto mesmo de como a Becky descreve a saída forçada a que o Simon é sujeito: a sensação de traição é algo com que todos nos podemos relacionar, independentemente da nossa sexualidade.
Em adição, acho interessante ver que não há um bullying exacerbado derivado desse momento: há bullying, sim, e vemos os professores preocupar-se e defender um dos seus alunos, mas também há uma série de microagressões, coisa com que qualquer minoria se debate no dia-a-dia, o que é bem realista.
Outro aspecto do Simon que achei amoroso: enquanto tenta perceber a identidade do Blue, encontra alguns rapazes que acha interessantes, desenvolve umas paixonetas por aqui e ali, mas desapaixona-se com a mesma rapidez. E apercebe-se que está mesmo encantado com o Blue pela pessoa que é, e que revelou ser ao longo dos seus e-mails.
Quanto à identidade do Blue... foi divertido tentar adivinhar. As pistas da Becky são subtis, mas estão lá, e permitem ao leitor lá chegar. Também é engraçado tentar ver o Simon lá chegar: especialmente porque a certa altura ele se queixa que heterossexual é visto como a norma, e depois a identidade do Blue fá-lo confrontar-se com uma norma que o Simon assume, relacionada com outra minoria. Ser parte de uma minoria não o protege de ter as suas ideias pré-concebidas, o que é interessante de ver.
Bem, em suma, consigo definitivamente ver de onde vêm as comparações à Stephanie Perkins ou à Rainbow Rowell. A Becky é capaz de escrever livros igualmente adoráveis, e tem o potencial de vir a tornar-se uma favorita como as outras autoras. Faltou-lhe um bocadinho assim (sinto que o enredo devia ser mais "preenchido", mais convoluto para chegar ao que faz das outras autoras minhas favoritas), mas é definitivamente uma autora a ter debaixo de olho.
Uma última nota: não tenho exactamente queixas em relação à tradução... mas não consegui deixar para trás a sensação que devia ter lido isto em inglês. Creio que perdi uma ou outra piada por não estarem no contexto e/ou língua original.
Título original: Simon vs. the Homo Sapiens Agenda (2015)
Páginas: 248
Editora: Porto Editora
Tradução: Miguel Marques da Silva
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