Opinião: Estou fascinada com esta autora. Ao longo desta série, tem conseguido a proeza de pegar no tipo de história que é relativamente formulaica (romance contemporâneo) e dar-lhe uma apresentação diferente em cada livro, no que concerne a tom, tema, personagens, cenário ou enredo. E muito importante, com um sentido de humor fantástico e uma boa capacidade de nos deixar entrar na vida e na cabeça dos personagens durante aquelas horas que dura a leitura.
Primeiro, foi a história da Bliss e do Garrick (Losing It), muito cheia de humor e de situações engraçadas, mas que trabalhava a insegurança (e a trapalhice) da Bliss. Depois, a história da Max e do Cade (Faking It). Ambos tinham um historial de fragilidade em relação ao modo como os entes mais próximos os viam, particularmente a Max, cuja insegurança em relação aos pais era praticamente incapacitante.
E depois temos aqui a Kelsey e o Jackson. E devo dizer que a Kelsey é uma protagonista (a história é contada apenas do ponto de vista dela, como no Losing It, e ao contrário do Faking It) fabulosa. Nunca pensei que ela se viesse a revelar desta maneira. É uma personagem muito mais complexa e cheia de uma vida interior muito interessante.
Viajando pela Europa fora, a Kelsey está apenas à procura de um algo que ela não sabe definir. (E de estoirar o dinheiro do papá, mas até isso tem mais que se lhe diga.) Mas não está a resultar. O vazio continua a estar lá. E depois ela cruza-se com um estranho que resiste à sua sedução (o choque!) e se ri dela (a lata dele!) e a deixa completamente confusa. Bondade não é uma coisa que ela conheça bem, e a Kelsey lida melhor com o que a rodeia se souber o que os outros esperam dela, e se esperar o pior dos outros.
E depois o Jackson desafia-a a viajar durante uma semana com ele, e ver se a perspectiva dela sobre a sua viagem à Europa não muda. *suspiro* E que viagem. É daquelas para dar uma pontinha de inveja e uma dose saudável de wanderlust. E o que acho mais fascinante é a maneira como eles se revelam ao longo da viagem, como por exemplo vamos percebendo um bocadinho melhor a Kelsey, e como ela se esforça por mudar os padrões de comportamento em que tinha caído. E como a relação dos dois se desenvolve a partir de um apoio mútuo e de uma cumplicidade sem palavras, porque era o que ambos precisavam no momento.
Não senti a falta de ler algo no POV do Jackson, porque ele está num lugar melhor, em termos de mentalidade (se é que isto faz sentido), mas até estou curiosa por ler a novela que a autora vai publicar em Janeiro. Gostava de ver o que ele pensa da Kelsey.
E quanto à Kelsey, que rapariga... só me apetece dar-lhe um abraço apertado. Há tanto naquela cabeça, tantos medos a ser derrotados, tantos entraves colocados a si própria... é a melhor caracterização da Cora nos três livros, e diria que, paradoxalmente, é a mais pessoal e a mais universal - no seu medo de crescer, na procura de um lugar no mundo, no sentimento de à deriva que não permite à Kelsey contentar-se, sendo que o mundo não chega para esse sentimento tão grande.
Diria que este é o livro mais doce e mais amargo, pela história da Kelsey e pelas cenas dela e do Jackson, algumas tão bonitas e emocionais. E o mais maduro. O final não é aquela coisa perfeita dos contos de fadas mas é tão giro e realista... apesar da dor, é possível perdoar e recomeçar. É uma boa maneira de apresentar a questão.
Páginas: 320
Editora: William Morrow (Harper Collins)
Aiiiiii estou ansiosa por lê-lo! esta autora foi uma óptima descoberta este ano :D e lança os livros rápido..o que é bom para quem é fã =)
ResponderEliminarTemos que combinar um cafézinho, prometi emprestar-te este em formato físico. ;)
EliminarPois é, ela foi mesmo uma boa surpresa este ano... ai o que eu me ri com a Bliss. xD E tens razão, agora fui ver e o próximo dela, da nova série, sai já em Maio... :O