E retomei a leitura da série, com a box que contém os volumes 7 a 12 da mesma. O volume 7, e parte do 8, continuam o arco dos Death Busters/Infinity. Gosto imenso desta parte da história, porque é a história da Hotaru/Sailor Saturn, e tem alguns momentos arrepiantes. A história dela é bem triste e ao mesmo tempo deveras interessante. Gostei de ver esclarecido aquilo que lhe foi feito para a manter viva e à mercê da Mistress 9. E de como a Saturno é sempre a Navegante temida ("always the uninvited guest"), pelo que significa.
Se bem que, e aqui é a taradinha da mitologia a falar, é completamente ridículo que tendo em conta os papéis atribuídos às Navegantes da Hotaru e da Setsuna, estas sejam respectivamente a Saturno e a Plutão; devia ser ao contrário. A Hotaru, como representante da destruição e morte, devia ser a Plutão (=deus da morte e do submundo na mitologia greco-romana), e a Setsuna, guardiã do tempo, devia ser a Saturno (=deus do tempo na mitologia greco-romana). Isto não alteraria nada os papéis delas na história, apenas tornaria os paralelismos com a mitologia mais perfeitos, já que praticamente todas as outras navegantes mostram características em consonância com o seu planeta (deus grego/romano) regente.
O grupinho das Outer Senshi dá comigo em doida com aquela insistência em terem de fazer a sua coisa sozinhas, sem a ajuda das outras navegantes, mas vá lá, ganham juízo, porque a Sailor Moon não as deixa armarem-se em patetas. Porque quando as conhecemos melhor elas têm uma história passada fascinante. Estas navegantes viviam isoladas, no seu planeta respectivo, e tiveram de ver a destruição do Silver Millennium na Lua sem poderem mexer uma palha. E o laço que as liga às outras é dual: não se querem envolver pelo que aconteceu no passado, mas no fundo são igualmente dedicadas à sua missão. Apenas fazem as coisas de maneira diferente. A parte final do arco, em que a Saturno renasce e faz a sua coisa, é arrepiante, mas adorei ler.
Depois o arco dos Sonhos/Pégaso começa, no fim do volume 8, e estende-se até ao volume 10. Ainda não sei se gosto mais ou menos de como este arco foi tratado no manga, em relação ao anime, porque engonha menos numas coisas, mas depois perdem-se outras. Perdi o trio Amazonas, Olho de Peixe, Tigre e Falcão, que aqui não têm a história que têm no anime. Mas, por outro lado, ganhei o quarteto Amazonas, que é tão mais giro aqui, especialmente pela ligação à Chibi-Usa. Gosto muito da sugestão de que serão as companheiras dela quando esta se tornar numa guardiã plena.
Adoro a parte em que a Chibi-Usa e a Usagi trocam de lugares, sendo que uma se torna adulta e a outra criança. A Usagi miúda é particularmente adorável. E morri a rir quando as navegantes achavam que a Chibi-Usa adulta era a Black Lady outra vez. Entristece-me ver o dilema da Chibi-Usa. Porque é uma miúda que tem virtualmente 900 anos (ela é que tem o corpo de criança, normalmente, apesar de ser muitíssimo mais velha que a Usagi do presente), e que não pode crescer - pelo menos, até o status quo mudar - e é daí que vêm as inseguranças dela.
O volume 9 tem uns momentos muito bons, pois cada capítulo é dedicado a cada uma das Inner Senshi - ao verem-se confrontadas com o inimigo, o leitor é apresentado ao mundo interior de cada uma, aos seus sonhos, ao que elas querem da vida... e foi engraçado conhecer o "eu Navegante" de cada uma, além de as ver recuperar a sua transformação.
O mesmo volume reintroduz as Outer Senshi e faz o mesmo que os capítulos anteriores fizeram pelas outras. Foi tão bonito vê-las estabelecer uma vida para si próprias, depois do Arco Infinity, a cuidar da Hotaru... adorei o modo como elas tinham tudo planeado! Isto é, até a pequena lhes trocar as voltas. É interessante ver a relação da Haruka e da Michiru, apesar de ser tudo muito sugerido pela rama, e de a autora tentar manter a natureza da Haruka assim por trás de cortinas de fumo e tal, o que é uma opção ridícula, na minha opinião.
Adorei ver a pequena Hotaru a crescer, como se desenvolvia, e como no fim reencontrou o seu lado Saturno. E como tecnicamente, ela é a líder das Outer Senshi, apesar de ser a mais nova, porque a Sailor Saturn é também a mais, er, solene. É uma dualidade interessante, a Hotaru é muitos aspectos uma adulta num corpo de criança. (Já agora, a única coisa que me aborreceu neste volume foi a história da Venus/Minako ficar suspensa no capítulo dela, e só ser resolvida depois das Outer Senshi aparecerem. Não gosto de cliffhangers que depois passam para outra cena completamente diferente no capítulo seguinte.)
Ohhh, e agora que me lembro, o volume 10 tem a Luna, o Artemis, e a Diana na forma humana. Tão giros. Foi uma adição muito engraçada. Assim como a inversão de papéis da Sailor Chibi-Moon e do Helios, à lá Bela Adormecida. E convenhamos, o fim do arco dos Sonhos (e do volume 10) é muito bonito. Acho que é o Artemis que comenta que parece uma coroação, e realmente permite ver um bocadinho do que será o futuro Silver Millennium na Terra.
Entretanto os volumes finais, 11 e 12, reúnem o último arco, Stars. Parece pouco para um arco tão grandioso, mas se fosse mais longo era uma tortura. Porque acontece de tudo às Navegantes, o que é horrível e tristíssimo, e deixou-me completamente deprimida porque a Usagi fica bastante sozinha muito cedo, e a enfrentar as perdas de todos os que ama. A única coisa boa disto é o crescimento dela como personagem.
Por outro lado, este arco é fortíssimo no que toca a enriquecer a mitologia deste mundo. Adorei todo o conceito do Galaxy Cauldron, de como há estrelas por essa galáxia fora, de como há navegantes/guardiãs de planetas por esse espaço fora (e da importância que Luna, Artemis, Phobos e Deimos têm neste aspecto), e de como a Sailor Galaxia, numa busca incessante de poder, criou o Shadow Galactica para (muahahahah!) acumular poder e destruir tudo à sua frente.
Ah, e ainda nesse aspecto, posso contar também a pequena reviravolta com a Chibi Chibi (adorável). Acho muito intrigante o que é sugerido acerca do futuro, e gosto da ambiguidade em relação à natureza da Sailor Cosmos. Tenho a minha própria opinião acerca do assunto, mas de vez em quando mudo de ideias. Porque é uma ideia tão provocadora e tão boa que merece quase um livro acerca do assunto.
Também achei bem interessante ver desmoronar o futuro do século XXX. Apesar de tudo, das inseguranças da Usagi acerca do Mamoru, e dos vilões que enfrentam, uma coisa que era incontestável é que tinham um futuro juntos, e que o Silver Millennium seria um dado adquirido no futuro. O que me agrada, mas também me fez questionar sempre o que aconteceria se no presente algo acontecesse que pudesse destruir esse futuro idílico. Pontos bónus por a Naoko Takeuchi me tirar as dúvidas.
Outra coisa muito interessante na série é ver como toda a gente é extremamente devotada à Usagi/Sailor Moon/futura Rainha Serenidade. E se bem que ela tem os seus defeitos e recua quando devia avançar, e tem muitas dúvidas e debate-se muito com o caminho a tomar, é isso que faz dela uma personagem que vale a pena acompanhar. E no fim, ela acaba sempre por mostrar o que vale, e a ultrapassar as nossas expectativas, e a mostrar porque é que será a rainha duma utopia futura. A rapariga é muito poderosa, e o seu coração, o seu bom fundo, a sua esperança sem fim acaba sempre por vir ao de cima, sendo uma luz que derrota as trevas.
Outra coisa que gosto imenso de ver na série é a relação da Usagi com o Mamoru. Já disse que os adoro, que são épicos e que me delicio a acompanhá-los como casal, e a torcer por eles... e acrescento que gosto de ver a dinâmica de casal deles. Bem, talvez não as ciumeiras da Usagi. Mas o facto de que ela é a todo-poderosa Sailor Moon, e o pobre do Mamoru debate-se com o facto de a estar a atrasar... e ela ao mesmo tempo a perguntar-se se não traz desgraça a todos e se não se devia afastar... *sem palavras* The feels! All of the feels!
E ainda tenho a dizer... gosto mesmo da mensagem que a história passa. Que as raparigas podem ser fortes, e salvar o mundo, e ainda assim usar saltos altos e vestidinhos curtos, e uns uniformes meio ridículos, meio badass. E que todas as raparigas são diferentes, com uma miríade de sonhos e expectativas diferentes, e todas sentem a feminilidade de forma diferente, e que é ok sermos nós próprias. E a mensagem de amizade e fraternidade entre todas é também bastante enternecedora.
Ahhh! E já agora, nunca me tinha dado conta... eu sabia que a história tinha um pendor para a fantasia, com toda a magia e transformações a acontecer... mas nunca me tinha ocorrido que também tem um aspecto de ficção científica - com todos os vislumbres do futuro, e os pedaços de mitologia do último arco, que expandem o mundo das Navegantes pela galáxia fora... nem ao ler o Cinder, da Marissa Meyer, que é vagamente inspirado nisto, e muito mais claramente ficção científica, me tinha ocorrido. Sou tão cega! *facepalm* E pronto, este é mais uma razão para eu ter ficado a adorar toda a história. Não que precisasse de mais alguma. *psst... que tal a arte que enquadra os capítulos? adorava ter uns livrinhos que reunissem a arte de Sailor Moon*
Ainda só li até ao volume 7 porque sinceramente tenho medo que acabe... mas parece que o melhor ainda está para vir... ai que nunca mais estreia o anime!!!! :)
ResponderEliminarPois, agora estou toda nostálgica porque acabou... bem, ainda tenho o Sailor V e os volumes das short stories, mas já não é a mesma coisa. :)
EliminarSim, na minha opinião algumas das melhores partes estão aqui. Adorei o arco dos Death Busters/Sailor Saturn, especialmente no fim, e o arco das Stars é muito bom... triste, mas gostei muito de ler.
Agora estou animadíssima para pôr os olhos no anime... :D
Acho que vou cravar alguém para me emprestar as boxes ^^ =p
ResponderEliminarClaro! Depois diz-me alguma coisa para combinarmos. ;)
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