X-Men Fairy Tales (+ histórias bónus do Homem-Aranha e dos Vingadores), C.B. Cebulski, Sana Takeda, Kyle Baker, Bill Sienkiewicz, Kei Kobayashi, Takeshi Miyazawa
Confesso, depois de ler Homem-Aranha e Vingadores: Contos de Fadas Marvel, quis mesmo ler as outras histórias, porque tinha achado bem giro o conceito das adaptações de contos de fadas ao universo Marvel, e porque gostei do que li, e tinha vontade de ver o que os criadores fizeram com os outros contos. Portanto, aproveitei o acesso ao serviço Marvel Unlimited para me lançar na leitura do material que faltava, que incluía a totalidade dos contos que envolvem os X-Men, mais um conto do Homem-Aranha e um dos Vingadores.
#1:The Peach-Boy, baseada na lenda japonesa Momotarō
Este número usa a lenda para recontar a formação dos X-Men originais, Anjo, Fera, Ciclope e Homem de Gelo (a Jean Grey é despromovida a um papel muitíssimo secundário, qause figurante, o que não me agrada propriamente). O Ciclope é o titular Peach-Boy e os outros X-Men assumem os papéis dos animais companheiros do Momotarō; o que acaba por ser uma adaptação interessante das suas personalidades e poderes. Os vilões/demónios são a Irmandade dos Mutantes, e os paralelos são fascinantes de descobrir. Uma história gira, que mantém o tom do conto, mas o destaque vai para a arte bem bonita, com um estilo manga, mas pintado duma maneira deliciosa, com cores suaves, a lembrar uma pintura.
#2: baseada no conto The Friendship of the Tortoise and the Eagle
Reconta a amizade do Professor X e do Magneto sob a luz deste conto, em que dois animais tão diferentes têm necessariamente perspectivas diferentes, o que acaba por se adequar bem aos dois personagens, mostrando a dinâmica da sua relação e o confronto de ideias opostas que defendem. A arte é mais sóbria, mas visualmente estimulante, com um trabalho a lápis pesado, tanto no traço como na cor.
#3: To Die in Dreams, inspirada na atmosfera dos contos dos irmãos Grimm, com elementos da Branca de Neve
Este coloca o Ciclope como um alfaiate cego e o Wolverine como um talhante/caçador, ambos apaixonados pela mesma bela jovem, a Jean Grey. O Wolverine já conhece a jovem e a sua história, e tem um triste dever para com ela. O Ciclope encontra-a adormecida no bosque, e um beijo acorda-a. Aqui, aquilo que o conto faz de interessante é a reviravolta com a jovem princesa, introduzindo o conceito da Fénix e como isso a afecta e muda. Também é curioso pela inversão de papéis entre os dois protagonistas masculinos, pois normalmente aquele acto final é mais atribuído às capacidades do Wolverine. A arte não é das minhas favoritas, pelo traço pesado.
#4: Restless Souls, inspirada no imaginário sulista de New Orleans, nomeadamente as culturas Cajun e Vodu
Não conheço os contos originais, mas adorei a ideia de colocar a Rogue e o Gambit como protagonistas aqui, juntando-se para enfrentar um grupo que quer usar a habilidade dela para comunicar com os mortos para os controlar. Gosto muito do visual da Mística e da Sina/Destiny, e o tom do conto evocou bem o ambiente sulista. Os vilões são o Hellfire Club, representado na pessoa da (quem mais?) Emma Frost. Quanto à arte, creio que gostaria mais dela sem cor ou noutra coloração. O estilo do artista é mais oriental, com figuras muito esguias, que acho que resultaria melhor sem cor; no modo como algumas estão desenhadas e pintadas, pareceram-me meio estranhas.
Spider-Man Fairy Tales #3: Eclipse, inspirado em contos japoneses de fantasmas
O conto encaixa assim-assim na mitologia do Peter Parker como Homem-Aranha, mas acaba por encaixar com a personalidade e feitio do Peter. O artista é o mesmo do conto anterior, mas aqui o seu desenho agradou-me mais, pela coloração em estilo de pintura. Apesar disso, achei que não trabalhava bem as cenas de acção, achei-as algo confusas, talvez pelo planeamento das vinhetas e das pranchas.
Avengers Fairy Tales #3: baseado em Alice no País das Maravilhas
Adorei esta adaptação, acabei de ler o título dos Young Avengers em nome próprio, e por isso foi muito divertido vê-los nesta adaptação, tomando os papéis dos personagens do conto. A Cassie Lang é a Alice (também aumenta e diminui de tamanho, como a Alice no livro), a Kate Bishop e o Patriot são a Rainha de Copas e o Rei, e o Speed, o Hulkling, o Wiccan e o Iron Lad são os personagens que tomam chá com a Alice, perdão, a Cassie. (Não consegui perceber quem era o correspondente do Gato de Cheshire.) A história original é adaptada livremente, sendo usados os momentos chave da mesma, e achei a adaptação bem fixe, e gostei dos papéis que os Young Avengers tomaram. Adorei a arte, também com um estilo oriental/manga, com um traço bem giro e um bom uso da cor - e gostei tanto do estilo steampunk que o artista usou.
Young Avengers vol. 1: Sidekicks, Allan Heinberg, Jim Cheung
Young Avengers vol. 2: Family Matters, Allan Heinberg, Jim Cheung, Andrea DiVito
Este bando de miúdos é tão adorável e tão a minha cara. Eu sabia que havia de gostar de ler isto. Vá lá, as iniciais do grupo até são YA. (Uma faixa etária que tenho lido bastante nos últimos tempos.)
Uma curta série de 12 números (mais um número especial), Young Avengers conta a história de origem de um grupo de jovens adolescentes que, possuindo superpoderes e inspirados pelos Vingadores, se junta para combater o crime. Esta história ocorre num momento no universo Marvel em que os Vingadores tinham desfeito a equipa, e por isso é significativa a homenagem dos jovens.
Achei tão gira a maneira como o grupo se juntou, porque quando a narrativa começa parte dos YA já se juntou no grupo, e depois a Cassie Lang e a Kate Bishop forçam a modos que a sua adesão, a Cassie por herdar os poderes do pai, e a Kate por ser corajosa e engenhosa, e mesmo não tendo superpoderes, estudou formas de luta e autodefesa, e torna-se numa superheroína por pura determinação.
Suponho que é bastante adequado que parte significativa dos arcos de história contidos nestes dois volumes passe pela importância das origens dos personagens, porque um novo herói desconhecido precisa de se apresentar, e porque essas origens acabam por definir a sua posição quanto a tornar-se um superherói. Nesse aspecto, o número especial dos Young Avengers conta aquilo que levou estes jovens a este caminho, e é uma narrativa bem interessante.
Por outro lado, a origem do Iron Lad vai levá-lo a tornar-se nalguém muito diferente e que já não é propriamente desconhecido dos Vingadores, e é o tentar fugir ao seu destino que leva à formação da equipa, e por isso a sua origem também é importante.
Já as origens do Teddy por um lado, e do Billy e do Tommy por outro são bastante intrigantes, porque acabam por ligá-los a jogadores bem importantes no universo Marvel - e no caso do Billy e do Tommy, a própria existência deles é uma coisa bem mais complicada e retorcida do que seria de esperar. Fascinante.
Outro arco de história passa por alguns (ex-)Vingadores como o Homem de Ferro, o Capitão América e a Jessica Jones ficarem compreensivelmente preocupados com a questão de ter um bando de menores de idade não treinados a meterem-se em tantos sarilhos, e tentam convencê-los a parar de usar os seus uniformes...
Só que então os YA começam a usar novos uniformes, que é uma noção divertidíssima, porque é o tipo de coisa que um adolescente faria. "Ah, o pai disse que eu não podia fazer isto assim, mas não disse que não podia fazê-lo assado." Aliás, o sentido de humor é uma das coisas que mais me cativou nestes YA. Quero dizer, a certa altura o Capitão América vai falar com os pais dos jovens para tentar pará-los: a ideia do Capitão a fazer queixinhas é hilariante.
Algo que gostaria também de destacar é o modo como os personagens são escritos, muito realista e natural, com adolescentes a serem naturalmente rebeldes, mas também a possuírem um módico de bom senso, nada de drama exagerado, apenas o dia-a-dia de um jovem que por acaso tem superpoderes. As revelações sobre os personagens são feitas com tacto e acima de tudo dão dimensão às pessoas que são sem se tornarem no ponto focal da narrativa.
Como já mencionei, gostei bastante do humor destes livros, é fresco e algo silly, como convém a um personagem jovem; a história não se leva demasiado a sério mas também não se substima, e isso são pontos que a fizeram destacar-se para mim.
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