sábado, 20 de fevereiro de 2016

Worlds of Ink and Shadow, Lena Coakley


Opinião: Vou ter de me repetir, mas estou mesmo contente por ter apostado no Owlcrate. É a segunda vez que me mandam um livro que eu não compraria por mim própria, em que provavelmente não apostaria - e acabo a divertir-me imenso com ele.

Worlds of Ink and Shadow é um livro sobre os irmãos Brontë que mistura partes reais da sua biografia com um mundo de fantasia criado por eles, habitado pelos personagens que escreve(ra)m na juventude. Apresenta a sua vida familiar e elementos dos seus escritos para construir uma narrativa bem cativante e imaginativa.

E é isso que gostei no livro, na verdade. Pega em elementos base dos quatro irmãos, do que conhecemos da sua biografia, das suas personalidades e do que podemos entever dos livros que escreveram mais tarde na vida, e junta com pedaços do que escreveram em jovens para criar este mundo fantástico ao qual podem aceder. É uma introdução gira para quem não os conhece ou lhes conhece os livros, mas também pode agradar a quem com eles está familiarizado, ao encontrar tais detalhes.

A maneira como a Charlotte cria os seus personagens não é a mesma da Emily, tal como a Anne é bastante diferente; até o Branwell tem o seu tipo de escrita, apesar de não termos livros escritos por ele em adulto. Gostei que a caracterização fosse relativamente detalhada e pudéssemos ver claramente as personalidades de cada um, os conflitos entre irmãos, por exemplo - como os mais velhos se colocavam à parte para proteger as mais novas, e como elas se sentiam excluídas como resultado.

O mundo fantástico, aquele em que os personagens que escrevem vivem, fascinou-me. Gostei mesmo de descobrir como foi criado, quais são as suas regras - um personagem que morre não pode ressuscitar, por exemplo. É um mundo estranhamente vívido, mas que encaixa bastante bem na realidade. Está à parte mas não destoa.

Acho que a maneira como as coisas funcionam no mundo fantástico faz um argumento fantástico acerca de como escrever uma história funciona. Como os Brontë controlam as cenas quando lá estão, o que existe e não existe conforme a sua presença, a vida que os personagens tomam e quão estranho se torna vê-los controlá-los. A vida própria que os personagens tomam e o modo como as coisas se tornam descontroladas e os "criadores" já não têm mão nelas.

E por fim, gostei do tom da história. Tanto as partes mais fantásticas do outro mundo, cheias de vivacidade e maravilhamento; como a vida mais espartana e algo tristonha dos Brontë. A morte trágica das duas irmãs mais velhas, a ausência de mãe por uma morte prematura; tudo isso tem peso na maneira como esta família funciona. É tão interessante que o reverendo Brontë acreditasse em dar uma educação às filhas, alimentar-lhes os interesses; mas é tão triste que tenha vivido para ver todos os filhos morrer, todos demasiado jovens.

Páginas: 352

Editora: HarperCollins

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