Opinião: Ok, eu já não me lembrava do que tinha escrito na opinião do primeiro livro e ia começar por comparar esta série à do Diário da Princesa, mas depois fui lê-la e aparentemente já fiz isso. Bem, pelo menos sou consistente. De qualquer modo, no primeiro livro a comparação era mais negativa, no sentido em que prevalecia a noção que sou demasiado velha para ler estas histórias sem revirar os olhos. Agora que já estou mais (re)habituada, a comparação é mais positiva. Já olho para as aventuras da Harriet com uma certa sensação de saudades e de divertimento para com os dramas que lhe acontecem. Ainda é exasperante ocasionalmente, mas mais tolerável.
Este volume começa com uma trapalhada tipicamente Harrietiana: a rapariga está numa sessão fotográfica, tendo tudo aparentemente sob controlo, só que na verdade também está a estudar para o exame de Física. E é apanhada. E quase chega atrasada. Entretanto, descobre que a melhor amiga, a Natalie, nem sequer vai passar o Verão com ela; vai para França, de castigo. Só que a Harriet tem uma surpresa à sua espera: o trabalho de modelo vai levá-la ao Japão! Um sonho dela desde miúda. Desde que o pai e a Annabel concordem, claro.
Bem, acabei por ficar a gostar bastante da Harriet. Ela é bastante insegura, e isso pode ser um pouquinho irritante, mas é mais fácil de aceitar se nos lembrarmos de como éramos quando tínhamos essa idade. Acabo por ter pena dela; o mundo da moda não é fácil, e sendo ela um "peixe fora de água", ainda mais. Além disso, acabei por adorar a geekiness da Harriet; ela fica tão animada a deitar factos curiosos cá para fora, e o entusiasmo dela por estar em Tóquio é a coisa mais gira de sempre.
Achei ligeiramente frustrantes as asneiradas que aconteciam constantemente nas sessões da Harriet; não por serem culpa dela - eram, claramente, nada vindas dela. Bastante óbvio para quem tenha dois olhos na cara. (Excepto a Yuka, que claramente tem um problema de visão metafórico ali às vezes. Grrr.) Nesse aspecto a Harriet é uma miúda esforçadíssima e dedicada, era claro que estava a ser sabotada. Achei que a autora fez um bom trabalho a disfarçar a fonte, não era imediatamente óbvio, apesar de ser relativamente fácil juntar os pontos. E foi curioso ver esse outro lado da moda; há sempre alguém que se deixa levar pela inveja em todos os campos.
Apetece-me dar uns carolos à Harriet, no entanto: ela leu tão mal a situação com o Nick! *facepalm* O tempo todo a queixar-se num sentido, e afinal a coisa tinha sido dita noutro sentido. Aqui não sei se fiquei muito fã que a autora o tenha feito; soou demasiado a como se fosse negar aquilo que a sua protagonista tinha dito e sentido nas 300 páginas anteriores, e como se estivesse a fazer dela demasiado tolinha.
Gosto imenso de seguir alguns dos personagens secundários. O pai e a Annabel são tão giros: ele pela sua distracção, a Annabel pela relação carinhosa que tem com a Harriet. Gosto de ver como todos recebem a nova adição à família. A Natalie é uma melhor amiga tão real, elas as duas têm uma ligação que dá gosto acompanhar. O Toby continua a ser demasiado estranho para mim, mas gosto que salve o dia no fim. O Wilbur tem uma relação adorável com a Harriet, vê-se que lá no fundo se preocupa. E a melhor nova adição é a Rin, tão entusiástica como a Harriet. Espero que se venham a cruzar no futuro.
O final, no que toca à carreira de modelo da Harriet: gosto que ela o tenha feito. A Yuka tratou-a com demasiado desinteresse durante a narrativa; traz uma miúda de 15 anos para o Japão, e nem se dá ao trabalho de lhe arranjar um acompanhante permanente, para cuidar dela num local desconhecido e se certificar de que as coisas que aconteceram neste livro não aconteciam. Parece-me razoável. (Se bem que assim não tínhamos história.) De qualquer modo, a Yuka afirma interessar-se e preocupar-se com a Harriet, mas depois não mostra exactamente isso. O que não me faz gostar propriamente dela.
Terminei o livro mais animada para continuar a série; creio que a Harriet terá agora uma série de desafios cada vez mais interessantes, e estou muito intrigada para continuar a ler.
Título original: Model Misfit (2013)
Páginas: 368
Editora: Porto Editora
Tradução: Alexandra Guimarães
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