quarta-feira, 9 de março de 2016

Era uma vez... os spoilers e eu, eu e os spoilers

Aiaiai... a questão dos spoilers comigo é um pouco complicada. Quanto mais um gosto de uma coisa, de uma forma de entretenimento, ou mesmo de uma história em particular, mais sensível sou a isso. Portanto, isto traduz-se em eu tolerar bastante bem spoilers para séries ou filmes - não sou fã de ser spoilada, mas não morro se o for -; já em livros, especialmente em favoritos, pode cair-vos o céu em cima se me spoilarem. (Estão avisados.)

Faz parte desta história.

Acho que a primeira vez que um spoiler massivo marcou a minha vida de leitora de forma indelével foi, à semelhança do pobrezito do Deadpool ali em cima, no lançamento do sexto livro do Harry Potter, Harry Potter and the Half-Blood Prince.

Este lançamento era importante para mim por várias razões. Primeiro, era uma série favorita, uma que me cativava e me mantinha expectante e interessada e a morrer por ler o próximo livro. Segundo, foi a primeira vez que eu tinha decidido mandar à fava esperar pelo lançamento em português, vários meses depois, e comprar o livro em inglês, mal tivesse oportunidade. (O que seria dois dias mais tarde - tão curto e tão longo espaço de tempo, não é?)

Terceiro, era a primeira vez, acho eu, que ia ler algo em inglês. Um livro completo. Era uma ocasião importante. Quanto, tinha ganho um prémio e ia gastar parte do vale que vinha com esse prémio no livro. Uma razão marginalmente importante, mas na altura pareceu-me gigantesco ter ganho um prémio e ir gastá-lo numa coisa que gostava.

Entra em cena um jornal português - porque pelos vistos já em 2005 os nossos jornais andavam a fazer porcaria, e depois não se admirem que perdem leitores a fazer asneiras destas -, Aquele Que Não Deve Ser Nomeado, só que eu vou nomear mesmo, porque quem faz uma destas merece ser apontado: Correio da Manhã.

Bem, era o domingo a seguir ao lançamento mundial do livro (note-se que o livro saiu no sábado e estes totós ainda assim conseguiram esta proeza), alguém da família foi comprar o jornal, alguns de nós foram passear, a mana ficou em casa... e deu, ao virar a página, com a manchete "SNAPE MATA DUMBLEDORE". *facepalm*

É que nem revelavam o spoiler no meio do texto. Não, estes tipos eram da pesada e tinha de ser no título, para estragar a história aos seus leitores inocentes que não queriam ser spoilados. Jerks. Podem perguntar-se como é que foi a minha irmã que foi spoilada e eu é que acabei traumatizada com isto. Bem, não têm irmãos? Se sim, sabem perfeitamente que quando um vosso irmão sabe de algo que não pode contar, não aguenta até deitar cá para fora. Se não, agora ficam a saber do que se safaram. E nem sequer aguentámos até segunda, que era quando eu tencionava ir gastar o meu vale na Bertrand.

Céus. Acho que não é coincidência que eu nunca mais peguei num Correio da Manhã. Não foi um boicote deliberado, mas acredito que lá no fundo, o meu subconsciente nunca se esqueceu do trauma. Se eu ainda ando a falar disto 11 anos depois... Enfim. Pelo menos contive-me de fazer como o Deadpool, que pelo que li da história à qual aquela prancha pertence, andou à procura do idiota para lhe dar um enxerto de porrada.

Portanto, sim, esta experiência marcante guiou bastante a minha reacção a spoilers de livros. Lembro-me que quando o Clockwork Princess, da Cassandra Clare, saiu, decidi que não ia continuar a reboque dos lançamentos erráticos da editora portuguesa (e dos preços tremendos deles), e mandei vir o livro em inglês. Melhor decisão de sempre. Não fui spoilada. É claro que tive o cuidado de evitar o Tumblr depois do lançamento, porque já aí sabia que era uma excelente plataforma para me estragarem o gosto por uma coisa, spoilando-me.

Assim em termos de spoilers massivos e situações bizarras, ainda tenho de mencionar o lançamento do Allegiant. Oh, céus. Eu dei-me ao trabalho de evitar o Tumblr, ler quaisquer menções ao livro, tudo. Não me podia era proteger, aparentemente, da histeria (e não no bom sentido) que se deu depois do fim do livro sair cá para fora uns dias antes do lançamento.

Partindo dessa reacção dramática, deu para calcular que uma de duas coisas tinha acontecido. Não era assim tão difícil. O que me fez confusão é que o livro não tinha sido lido, e mesmo assim eu tinha pessoas no meu feed do Goodreads a gostar de todas as reviews de uma estrela que encontravam, só por birra. E para estragarem a festa ao resto de nós, aparentemente, já que nem sequer ao Goodreads se podia ir. Ugh.

A piada disto tudo? Acabaram por me estragar o que deveria ter sido uma cena com uma carga emocional enorme. Aqui a je? Yep, não sentiu nada. Normalmente emocionar-me-ia com algo do género, mas como sabia ao que vinha, isso acabou por me banalizar a experiência. Acho que só me emocionei com o depois. Portanto, obrigada, internet, por existires. Já percebi que para a próxima tenho de me enfiar numa caverna e virar eremita. Mensagem recebida. Raios.

Caramba, isto soou muito amargo, não foi? Estou a tentar gerir melhor estas coisas. Primeiro porque fujo de spoilers como o diabo da cruz. Depois, tento não ficar extremamente furibunda se me spoilam acidentalmente.

Ainda há uns dias, quando estava a escrever a primeira parte disto, houve alguém que achou por bem dizer-me quem não se casava no último conto do Stars Above, aquele que é suposto ser um epílogo do último livro da Marissa Meyer, e no qual haveria um casamento. Eu usei um bocadinho de CAPS LOCK para responder a este comentário. Só um bocadinho, really.

Oh, well, a luta contra os spoilers continuará. Nem que eu, para repetir o que disse ali em cima, dê uma de eremita. Parece bastante mais pacífico, e assim podia ler todos os livros que me apetecesse.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Lol, e eu disse que não estava zangada. :P Mas deu material adicional para isto, lá isso deu. xD

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