Airhead (2008) / Being Nikki (2009)
Páginas: 352 / 352
Editora: Point
Ok, tenho de tirar isto do peito primeiro: o designer destes livros devia ser obrigado a segurá-lo durante DOIS ANOS, obrigado a passar as páginas, e a ficar com dores nas mãos de o fazer. Ugh. Normalmente num paperback o papel é fino e maleável o suficiente para o passar das páginas e o agarrar no livro com uma mão serem confortáveis; aqui não. Não, não, não.
O papel é tão rijo que mal se mantém aberto com duas mãos, quanto mais com uma, que é o que eu preciso que aconteça se vou no autocarro em pé e tenho de me agarrar a alguma coisa para não dar com o nariz no chão. Portanto, mau trabalho, senhor designer. Muito mau trabalho. Parece que ainda estou a sentir dores nos dedos.
Voltando aos livros: isto é tipicamente uma premissa Meg Cabot. Louca, completamente doidivanas, mas ela fá-la funcionar. Essencialmente, a personagem principal, Emerson Watts, ou Em, está no lançamento de uma nova loja da corporação Stark, quando é esmagada por um ecrã de televisão mal preso, que lhe cai em cima.
Quando acorda, Em não é a mesma pessoa. Quase literalmente. Ao mesmo tempo que a Em teve o seu acidente, a estrela representante dos produtos Stark, a supermodelo Nikki Howard teve um aneurisma cerebral. A solução? Um transplante cerebral: o cérebro da Em no corpo da Nikki. Parece que a empresa Stark financia a pesquisa dos médicos que estudam este procedimento, e já foi feito várias vezes.
Cabe à Em continuar a viver como Nikki, a fazer o trabalho de modelo e representante da marca, o que seria mais fácil se a empresa não fosse uma dessas corporações sem alma, maléfica e com fins nefastos. E seria certamente mais fácil se ela não tivesse de se desligar da família e de tudo o que conheceu, o que é algo difícil para ela.
Por outro lado, é super divertido ver a Em adaptar-se à vida da Nikki. Primeiro porque a Nikki era, bem, uma pessoa assim não muito simpática, e toda a gente fica desconcertada ao vê-la ser uma pessoa decente.
Depois, porque a desculpa para a Em não se lembrar de tudo o que está para trás é amnésia. E então é divertido ver as pessoas a tentar (ou não) relembrá-la de coisas que sabia sobre beleza ou o mundo da moda; e é muito divertido vê-la cruzar-se com pessoas que a Nikki magoou de algum modo.
O enredo do primeiro livro não é muito definido, é mais um livro sobre a adaptação da Em à sua nova vida, e pode soar a pouco. Aliás, soou-me totalmente a pouco. Já o tinha lido há uns anos, e tinha a sensação que tinha ficado mais à frente na história ao fim do primeiro livro.
O que me fez pensar que talvez possa ter lido o segundo livro na altura, mas ao mesmo tempo não me lembrava de nada dos pormenores do segundo livro, por isso provavelmente não li. E sim, isto foi antes de começar a registar os livros que leio. Ainda bem que o comecei a fazer, ou não me lembrava de nada.
O segundo livro já é mais focado, mais orientado, e começamos a desvendar os esqueletos no armário, tanto da Nikki como da Stark. Conhecemos alguns familiares da Nikki, no primeiro caso, e no segundo, vamos subentendendo mais sobre o porquê do transplante.
Uma das questões que gera tensão é o facto de a Em não poder passar justificadamente tanto tempo com a sua família, porque a Nikki nada lhes é. O que é interessante, porque a irmãzinha mais nova, o Frida, olha para a Em como um modelo, apesar de nenhuma o admitir.
Por outro lado, achei o comportamento dos pais da Em algo reprovável. O Natal aproxima-se, e sei que isso torna as coisas mais complicadas para toda a família, mas os afectos não se desligam, e custa-me que tenham feito planos assumindo que a Em-como-Nikki não poderia estar com eles. Bastava perguntar e tentar combinar algo.
Outra coisa que gera tensão são todos os namorados da Nikki, que até é uma situação divertida, com drama a pedir para acontecer, porque ela namoriscava demasiados rapazes, e nem os namorados das amigas estavam fora de questão.
O único que me parece interessante, de momento, é o Gabriel Luna, que parecia fascinado com a "lenda" da Nikki, mas essa situação pode ter algum interesse da empresa por trás, o que lhe mata o interesse.
Mais uma coisa que gera tensão: o Christopher sabe? Ainda não? Quando vai descobrir? O Christopher era o melhor amigo da Em, grande paixoneta de sempre, que ela não consegue deixar para trás. E ele, parece que também não, porque depois da "morte" dela fica um bocadinho... intenso.
Tenho pena que ele não tenha compreendido por si, teve uma pequena ajudinha, e queria ver esta situação melhor explorada, porque já soube demasiado tarde no segundo livro para explorar devidamente a tensão subjacente à Em não estar no mesmo corpo e ele nunca ter feito nada na vida anterior deles.
Tenho a estranha sensação de que sei como a situação vai ser resolvida, afinal anda por ali um corpo que podia ser, hmmm, atribuído à Em, e resolvia as coisas duma maneira perfeitinha, bem à maneira da Meg. Já consigo ver as consequências disso para outros personagens. Espero estar certa.
Oh well, esperemos que esteja certa. No próximo mês, veremos. Mal posso esperar.
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