sexta-feira, 3 de junho de 2016

Alice, Lewis Carroll


Páginas: 176 / 160

Editora: Relógio D'Água (ambas as edições)

Tradução: Margarida Vale de Gato

Estou aqui sentada, a olhar para ontem, e a pensar como é que se opina um par de livros como estes. Se não têm uma seguimento lógico, por que raios é que a minha opinião havia de ter? Mas depois lembrei-me que a minha onda não é propriamente falta de lógica, e por isso desisti. A maneira normal de opinar terá de servir.

Acho que é muito difícil escrever um livro que seja verdadeiramente nonsense, e que ainda assim tenha a sua lógica particular e consiga dizer algo ao leitor. E fazendo um bom trabalho nesse aspecto, ainda se presta a não ser universalmente gostado, mesmo que seja universalmente reconhecido.

Suspeito que é o caso com estes livros. Falando por mim, creio que percebo porque são considerados literatura infantil, porque sinto que a nível emocional me teria relacionado melhor com eles se os tivesse lido em criança. Lendo na idade adulta, consigo entendê-los a um nível intelectual, mas a minha cabeça funciona de forma demasiado lógica para me relacionar com eles inteiramente.

Contudo, consigo perceber porque são livros para crianças, antes de serem para adultos, também. A maneira como são escritos, especialmente o primeiro, fazem-me pensar em medos infantis, no modo como uma criança se poderia relacionar com o mundo.

O nonsense, as regras irracionais, as conversas que não levam a lado nenhum... tudo isso pode ser visto como uma criança a tentar navegar o mundo adulto, cheio da sua própria lógica insondável. E ainda assim, podemos ver algumas situações não como medos infantis, mas medos primordiais, com os quais um adulto se poderia relacionar.

Dos dois, acho que gostei mais do segundo. Não sei se era porque nessa altura já estava habituada à deslógica, ou se o segundo tem uma certa lógica na evolução da narrativa que me é mais apelativa, ou se é até porque descobri que o segundo tem mais frases e conceitos que saltaram para a cultura popular e que já me eram familiares (não que o primeiro não tenha), mas acabou a cair-me mais facilmente no goto.

E pronto, that's all I have to say. Não são livros que se prestem a que eu escreva aqui um longo testamento, porque estou mais habituada a opinar outro tipo de coisa, com uma estrutura mais tradicional e mais racional; por isso aqui ficam umas impressões mais gerais.

2 comentários:

  1. Posso dizer que li em criança (tinha 8 ou 9 anos) e achei que era parvo por não ter lógica nenhuma! xD Estava a pensar lê-los agora, sendo mais adulta, mas agora já não tenho tanta certeza.

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    1. São pequeninos, por isso não se perde muito tempo com eles. xD

      O problema de sermos adultos, e talvez também de sermos opinadores de livros, é que não conseguimos desligar. Não consigo largar o chapéu de crítica e de sobreanalisar tudo e mais alguma coisa, o que provavelmente não é o que livros como estes pedem. A análise devia vir depois da leitura, nas releituras.

      Mas por outro lado, fico contente por ter lido. Compreendo melhor agora certas referências da cultura popular, e mesmo duma forma mais analítica consigo dar-lhe valor. Só não me liguei a eles emocionalmente. Até leria de novo, mas em inglês, para ver como são os trocadilhos - contudo, tinha de ser uma edição fortemente anotada, para perceber as referências todas. :P

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