domingo, 26 de junho de 2016

The Problem With Forever, Jennifer L. Armentrout


Opinião: A este ponto do campeonato, estou muito familiarizada com os livros desta autora. Talvez demasiado familiarizada. Conheço-a e à sua obra de uma ponta à outra. Li quase tudo dela o que havia para ler, excepção feita àquilo que não se proporcionou, por ter saído primeiro em e-book ou algo do género, ou num dos casos, porque me vai deixar tão furiosa, disso tenho a certeza (Every Last Breath; não gostei dos primeiros livros, não vejo como é que este vai mudar o jogo, acho que vai é piorar as coisas... oh bem, não se pode ganhar tudo).

Bem. Ela já tem escrito coisas de todos os tamanhos e feitios, mas este é dos poucos contemporâneos que escreveu na faixa YA. Talvez mesmo o único e primeiro, se excluírmos o Don't Look Back da categoria de contemporâneo por ser mais a tender para o mistério/thriller. Para quem começou a escrever no fantástico/FC YA, até é curioso ver que ela nunca explorou muito este cantinho género.

E o livro é enorme. Não parece nada, contudo. Flui bastante bem. Uma característica da escrita da Jennifer. Mesmo aqui, num livro que não é guiado pelo enredo ou pelo worldbuilding - coisas que facilitam muito o ritmo da leitura. O impressionante deste livro é que não tem nada disso, é guiado pela caracterização dos personagens, e mesmo assim é devorável.

É por isso que eu gostei dele. A caracterização. A Mallory é espectacular, fantástica de ler. As limitações dela são um seguimento lógico do passado dela, e a autora escreve-as com uma verdade emocional que ressoa. É custoso, é doloroso, a Mallory gostava de ser diferente, mas é assim. Vive com isso, e vai evoluindo aos bocadinhos para fora do casulo. Há vários tipos de força, e a Mallory encontra-a no seu interior. Mesmo não tendo passado pelo que ela passou, mesmo que não agisse como ela, posso entender as suas limitações, identificar-me com elas. Senti-as mais profundamente por isso.

Gostei bastante de ver a história desabrochar, de acompanhar o que estes personagens tinham enfrentado. A descrição do sistema de adopção e acolhimento de crianças é assustador. Nem todos têm as mesmas experiências, mas só a noção de que apenas uma criança possa passar algo como o que a Mallory ou o Rider passaram, bem, é aterrador e preocupante.

No caso do Rider (e já agora, que raio de nome é Rider? ninguém se chama assim, a não ser rapazes bonzões nos livros... ups, aí tenho a minha resposta), bem, o Rider pode parecer bastante mais bem resolvido com o seu passado. Palavra-chave: parecer. No caso dele o que me entristece é que é vítima do estereótipo e do que os outros projectam nele. Quantos miúdos não se perdem porque ninguém espera mais deles? Porque não há ninguém a puxar por eles, a incentivá-los a superarem-se e às expectativas?

Gostei bastante de os ver juntos, porque têm uma história tão séria e poderosa para trás que é impossível não gravitarem um para o outro. E são bem giros juntos, ele armado em protector, ela determinada a acreditar nele quando mais ninguém o faz. Achei um pormenor absolutamente adorável, que era o Rider corar por tudo e por nada. Ah, e há uma cena muito interessante, pelo, er, conteúdo, mas também por se manterem responsáveis. Haja alguém que acredite que os adolescentes são capazes disso.

Fiquei fã de alguns pormenores da história. A Ainsley, pela sua personalidade, pelas discussões com o Hector, mas também por a autora colocar um pouco da sua história nela. Ela tem sido vocal no Facebook sobre ter a doença e alguns problemas que lhe traz. O leque de amigos do Rider. Os pedacinhos da vida do Rider. O professor da disciplina de discurso. Os pais adoptivos da Mallory, a dinâmica que ela tem com eles, o modo como formaram uma família.

Tenho de destacar um par de coisas menos positivas. Uma é que o livro às vezes me deu a sensação de não estar... bem revisto? Ocasionalmente uma frase soava-me mal formulada, coisa que se apanhava com uma revisão mais aturada.

Dois, uma personagem identifica que alguém fala "Puerto Rican" por ouvir uma expressão, e eu fiquei... WTF??? Até consigo perceber a lógica de dizer que alguém fala porto-riquenho, apesar de ser impreciso. Poderíamos fazer o mesmo e dizer que alguém fala brasileiro se for óbvio pelo sotaque e expressões que usa que fala português do Brasil. Mas a expressão usada é tão corriqueira, tão pouco específica, que seria preciso poderes de dedução do nível Sherlock Holmes para chegar a isso. E a Jennifer agradece nos Acknowledgements a uma moça latina pela ajuda com o espanhol. Como é que um falante de espanhol deixava passar uma destas?

De qualquer modo, isto não é nada para me afectar o gosto da leitura, apenas são momentos... estranhos. No fim de contas, acho que este acabou por ficar um dos meus livros favoritos dela. Até me deu vontade de ir ler todos os livros dela que ainda me faltam.

Páginas: 480

Editora: Harlequin Teen

2 comentários:

  1. Temos mesmo opiniões diferentes porque eu também o li e não achei nada de especial. Estava à espera de mais e senti que faltava ali qualquer coisa.

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    1. Acontece? :P Parece-me perfeitamente razoável. xD

      Terá sido porque não te identificaste com Mallory? O teu feitio não podia ser mais diferente do dela, e com esse desencontro suponho que é mais difícil entrar numa história.

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