domingo, 4 de setembro de 2016

Confesso, Colleen Hoover


Opinião: Ah, este livro não foi nada mau, e já fico muito contente por isso. Prefiro não reviver a desgraça que foi o Amor Cruel. Este, muito melhor. Uma boa leitura. Nada que me entre para os favoritos de sempre, mas bastante bom, de qualquer modo. No entanto, o seu maior feito, na verdade, é fazer-me compreender porque é que eu e a Colleen não fazemos "clique", e porque provavelmente nunca faremos.

A premissa deste livro são as confissões. O protagonista masculino, Owen, é um pintor com uma galeria que abre uma vez por mês com os quadros que produz. Owen inspira-se com as confissões que lhe deixam anonimamente numa caixa. Podem ser coisas boas, más, horríveis, inspiradoras.

O tema das confissões é transposto para a vida dos nossos protagonistas. No caso do Owen, ele é bastante bem resolvido, o que é, honestamente, refrescante, especialmente porque estamos a falar da Colleen. Os problemas dele vêm da sua família e da relação que tem com eles, e do que é capaz de fazer por eles. E é daí que vem a sua confissão principal.

No caso da Auburn, conhecemo-la num prólogo que se passa alguns anos antes. A Auburn está a despedir-se do namorado na altura, Adam. O Adam está a morrer com cancro e não há nada a fazer. E ela tem de voltar a casa, às aulas, ou os seus pais terão problemas. A despedida é obviamente emocional, e soou-me fantasticamente. A autora sabe como começar um livro logo a abrir, e a emoção soou-me real.

No presente, a Auburn veio viver para o Texas, onde a ex-sogrinha (Lydia) e o irmão do antigo namorado (Trey) vivem, por razões que não entendemos logo. Tenta adaptar-se, mas não gosta particulamente de estar ali. E estes familiares que não são bem familiares dela tratam-na de forma desconcertante e absurda, por razões que ainda não compreendemos.

E pronto, aqui está o cerne do meu problema com a Colleen. A primeira parte é que temos mais uma heroína capacho. A Auburn tem uma excelente razão para deixar que lhe façam as coisas que lhe fazem. Contudo, raramente vejo revolta, só resignação. E como é uma situação nova, estranha, ainda mais me surpreende que ela não se mostre mais chocada. Só no final é que ganha tomates e dá a volta ao tratamento que recebe (e duma forma brilhante, diga-se), mas é demasiado tarde para eu poder respeitá-la completamente.

A segunda parte do meu problema com a autora, e a parte principal... é o drama. Digamos que ela a criar os problemas dos personagens dela, às vezes (errr, na verdade é praticamente sempre), vai um bocadinho longe demais. E passamos do drama para o exagero. E foi o que senti com a revelação da situação da Auburn:  pensei "a sério Colleen? tinhas mesmo de ir por aí?". É que num golpe conseguiu diminuir a Auburn e fazer dela uma coitadinha. Não gostei particularmente.

A situação em si é interessante, e revelada doutra maneira dava muito sumo. A maneira como foi revelada diz-me que a autora gosta de ir para o melodrama e para a lágrima fácil. Não me identifico com isso. Em comparação, o último que li da Jennifer L. Armentrout lida com temas igualmente complicados e pesados, mas nunca senti isto. As emoções soaram-me reais, credíveis. E ela nunca escreve para a choradeira (leia-se: à Nicholas Sparks).

A terceira parte do problema? Oh Colleen, pára-me lá com duas coisas: a) insta-qualquer coisa. Se pensarmos bem, a Auburn e o Owen passam tão pouco tempo juntos, e de repente já estão obcecados um com o outro. E a piada da coisa é que a Colleen escreve emoção bastante bem, e os momentos de ligação deles são extraordinários, e soam-me na maioria reais. Mas depois começo a pensar no pouco tempo que passaram realmente, e tenho dificuldade em acreditar na coisa.

E b) ai por amor da santa, esta coisa do "destino" que ela gosta tanto de fazer está a ficar velha, e eu até nem li tantos dos seus livros. Um livro em que os personagens se conheceram no passado, e um deles não se dá conta, é giro. Mais que um, começa a ser cliché. Ou a soar não tão imaginativo assim.

Enfim. O verdadeiro drama disto tudo é que a Colleen escreve muito bem, e tem umas ideias fantásticas (adoro a premissa das pinturas, incluídas no livro, e das confissões). Acho que apenas de vez em quando fica demasiado enamorada delas e exagera um pouco. E é com esse género de coisa que eu não vou à bola.

O que é que isto quer dizer? Bem, tenciono continuar a lê-la. Como disse, ela é bastante boa escritora. Apenas vou pegar num livro dela com as expectativas ajustadas. Provavelmente não vou amar (não como o Um Caso Perdido, que era o meu primeiro dela e era novidade para mim), e vou mentalizar-me para o melodrama. Com isso em mente, suspeito que sobreviverei.

Título original: Confess (2015)

Páginas: 256

Editora: Topseller (grupo 20|20)

Tradução: Diogo Montenegro

2 comentários:

  1. Finalmente, há quem pense como eu!!! Também li este livro, sendo no entanto o meu primeiro ou segundo dela... não sabia dizer se era impressão minha ou se era verdade, mas fico feliz por haver pessoal a pensar assim.
    Honestamente, para a fama que tem eu até esperava mais... achei o livro interessante na parte das confissões, mas muito confuso... não explorou essa parte, depois do nada começou a colocar drama a mais, e acho que nada ficou muito aprofundado - a começar pelo romance deles. Ela escreve bem, tem boas ideias e o livro em si é interessante, mas não sei se o irei ler outra vez.

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    1. Ah!!! Mais uma pessoa que não cai aos pés da Colleen! Não estamos sozinhas... uma amiga leu há pouco o "Amor Cruel", e o comentário que tinha a fazer no fim era: "o que é que as pessoas vêem no Miles, mesmo?" xD

      Ah, até percebo porque é que a Colleen é tão popular, mas esta tendência dela para o melodrama não encaixa comigo. Sei que vou ler mais coisas dela, mas vai ser sabendo que não vou vibrar com aquilo. :/

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