Fatale vol. 3: A Oeste do Inferno, Ed Brubaker, Sean Phillips
Fatale vol. 4: As Lágrimas do Céu, Ed Brubaker, Sean Phillips
Bem, estes volumes encheram-me as medidas. Tinha-me queixado nos volumes anteriores que, apesar de gostar muito de seguir a história e adorar o tom sobrenatural e de mistério dela, me estava a fazer comichão tanto mistério e não saber mais sobre o que está por trás do conceito.
Estes volumes deram-me precisamente o que procurava. O primeiro, o volume três da série, é uma colecção de histórias curtas sobre o conceito de Fatale. Passa-se em vários momentos da História, duas delas são com a Jo ao longo do século XX, mas duas são mais antigas (Velho Oeste no século XIX e Europa medieval).
Essencialmente o que faz é mostrar o conceito sob outras formas para além da Jo, e acho que isso já sugere algumas respostas às perguntas que os volumes anteriores punham. É como se Fatale fosse sempre (quase sempre?) uma mulher (a mesma? várias? várias reencarnações da mesma?) ao longo dos tempos, que é o foco de loucura no meio duma tempestade sobrenatural. Não é algo que se controle. É como que uma maldição. A portadora tem uma vida prolongada, se sobreviver à violência que a rodeia. E a violência vem sempre, duma forma ou doutra. Ela é como uma sereia que atrai todos em volta para a destruição.
O volume 4 volta à narração típica dos volumes 1 e 2. Acompanhamos o Nicolas no tempo presente (e em quantos sarilhos o homem está, coitado), e a Jo num passado agora muito próximo do presente. Depois de um acontecimento traumático, ela aparece à porta de casa duma banda da cena grunge nos anos 90, sem memória.
E mesmo sem memória, a sua presença influencia a atitude dos membros da banda, inspirando a voltar a compor e a gravar um vídeo, até que... tudo vai para o inferno, correndo mesmo, mesmo mal. Gostei bastante deste segmento, porque agora que já tenho algumas respostas, consigo seguir a maneira como as coisas evoluem à volta da Jo de forma mais informada.
De qualquer modo, o tom foi muito certeiro para descrever a lenta descida à loucura da banda, como primeiro tudo corre bem e depois... não corre. Desta vez os antagonistas mantiveram-se ao largo, aparecendo muito pouco, e deu para ver como costuma ser a narrativa em torno da Jo assim que se vê rodeada de pessoas. Estou mesmo curiosa para ver como tudo termina.
Tony Chu vol. 3: Enfarda Brutos, John Layman, Rob Guillory
Tony Chu vol. 4: Sopa de Letras, John Layman, Rob Guillory
Se houvesse um prémio para "livro(s) mais improvável(is) de eu ler, e ainda assim, adoro", estes ficavam com ele. A sério, a premissa é tão estranha e tontinha, algo que parece saído de uma sessão de brainstorming às três da manhã, quando toda a gente já está demasiado cansada e pedrada de sono para dizer coisa com coisa...
... e contudo, caramba, resulta. Mesmo. Os autores exploram a coisa de ângulos inusitados mas muitíssimo interessantes. E eu farto-me de rir com estes livros. As coisas são escritas com um sentido de humor brutal, que me cai mesmo bem.
O primeiro volume dos dois, o volume 3, lida com uma cabala de ricos que se junta para degustar carnes raras, e aqui não estamos só a falar de frango, mas também... de mamute. Que é recuperado através de manipulação de ADN. Depois seguimos para uma aparição do frango Poyo, que cruza novamente o caminho do Tony, e para uma emboscada ao Mason Savoy que quase corre mal. E por fim, conhecemos a família alargada do Tony.
Esta última parte foi a minha favorita. Também gosto do resto, porque os autores conseguem contar casos do Tony e do John Colby, o parceiro, que são resolvidos normalmente num único número, mas que contribuem para a narrativa principal da série.
Mas acompanhar a família Chu? SEM PREÇO. Tão fofos e disfuncionais e escritos como um encontro de família: os pequenos dramas e implicações de uns com outros. Descobrimos duas interessantes adições à família: uma que não posso mencionar porque tem mais piada descobrir quando se lê, mas que me deixa curiosa para saber como aconteceu; outra é a irmã gémea do Tony, Antonelle. Que é tão animada e bem-disposta, tão o oposto do comportamento geralmente sóbrio do Tony.
O volume 4 lida com o acontecimento final do livro anterior, o aparecimento de umas letras misteriosas e desconhecidas no céu, e como isso está a levar o planeta à loucura. Alguns dos casos que o Tony e o John investigam relacionam-se com essa loucura e com a narrativa principal da história, muitas vezes de formas inusitadas mas fascinantes.
O Tony tem de colaborar com outras pessoas ao longo do volume delas, uma delas sendo a Toni, a irmã (que também tem os seus próprios superpoderes); outras são algumas agentes da USDA, que são tão engraçadas a rivalizar com estes "palermas de agentes da FDA"; e também conhecemos gente com mais algumas capacidades - um sofívoro, que descobre conhecimento útil aos agentes da FDA ao comer, e alguém que cruza brevemente o caminho do Tony (mas vai de certeza ter importância no futuro), e que lista os ingredientes ao comer algo.
O volume termina com um cliffhanger mauzinho, preocupante mesmo; estou curiosa para ver a reacção do Tony, porque ele não brinca em serviço quando se trata da família, apesar de tudo. E porque fica implícito que esta pessoa também tem... capacidades.
Ainda tenho de mencionar duas coisas que gostei de ver nestes dois volumes. Uma é o John Colby, o parceiro do Tony, que é hilariante. A sério, as coisas que lhe saem da boca... E também foi bem giro ver a reacção dele ao Mason Savoy. Apesar de tudo, é bastante leal. O John faz-me lembrar um cão, nesse aspecto. Muito leal e super bem disposto.
Outra é ver a Amelia e o Tony juntos. Adoráveis. Ele leva-lhe flores e ela lê-lhe as críticas que faz para o jornal de comida. (A Amelia faz a pessoa saborear a comida com meras palavras. O Tony não aprecia comer porque os seus poderes o fazem ver tudo sobre aquilo que come. As críticas da Amelia são o mais próximo que tem de uma experiência gastronómica.) E quando estão juntos estão sempre a fazer olhinhos, o que é tão giro. E acho piada que a Amelia é a única que tira o ar sério e sóbrio da cara do Tony.
Ah, façamos dali três coisas que tenho de mencionar. No quarto volume temos uma menção visual a Fringe. Dois agentes com o ar da Anna Torv (a Olivia na série) e do Joshua Jackson (o Peter) estão a interrogar alguém, juntamente com alguém que pode ou não ser o John Noble (o pai do Peter) - é o único que não se parece tanto com o actor. Ah, tenho tantas saudades de Fringe.
Sem comentários:
Enviar um comentário