segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

How to Be Popular, Meg Cabot


Opinião: Ando há tanto, TANTO, tempo a projectar comprar e reler a backlist (isto é, os livros todos da autora publicados no passado) da Meg Cabot, pelo menos os que não tenho (que são todos menos os publicados em português... incluindo as séries que ficaram penduradas), mas até agora tenho falhado em começar a trabalhar nesse objectivo. Pois bem, essa procrastinação acabou. Declaro oficialmente aberta a época de caça à backlist da Meg até eu ter lido tudo, tudinho mesmo. Não importa quanto tempo demore. Parece que tenho mesmo muitas saudades de ler os livros dela.

Já tinha lido How to Be Popular no passado, e foi por isso que o escolhi. Tinha boas memórias dele. A protagonista da história é Stephanie Landry, e Steph tem um problema: um incidente com uma colega há cinco anos levou a que a expressão "dar uma de Steph" (quando alguém faz uma asneira) se tornasse parte do vocabulário das pessoas da cidade. Agora Stephanie tem um plano: aplicando os ensinamentos do livro How to Be Popular, vai tomar a escola de assalto e tornar-se na rapariga mais popular, deixando o malfadado acidente e a terrível expressão para trás.

As razões pelas quais gosto do livro sobrepõem-se com as razões pelas quais gosto da escritora. A escrita é muito fresca, os livros lêem-se num instante (menos de um dia para este), e as protagonistas têm a combinação certa de drama adolescente, neurose, e humor. Há sempre um conflito, geralmente criado pela própria, ou até apenas "percebido" pela própria. E uma resolução, em que a protagonista resolve o conflito e aprende qualquer coisa, e/ou cresce um pouco. Admitidamente, os livros dela são um pouco formulaicos, mas é a maneira e o humor como ela escreve, e as coisas que introduz na história, que acabam a fazer a diferença para mim.

Gostei muito da Steph como protagonista. Tudo o que ela estava a tentar fazer era ultrapassar a fama que tinha ganho, graças à forma de tortura que a colega, Lauren, criou para gozar com ela nestes 5 anos. E de certo modo resultou. As coisas que ela fez são muito simples, até óbvias - participar mais, dar boas ideias, mostrar iniciativa -, e resultam. O que acontece é que nem toda a gente tem paciência e feitio para "ser popular", e a Stephanie vai descobrir que ser popular dá mais trabalho do que vale a pena.

Os personagens do grupo popular são um tudo-nada cliché, aparentemente, mas a autora consegue dar ali a volta aos clichés dumas maneiras giras. A miúda gira e burra que tem imensos rapazes à volta é mais esperta do que parece. A entourage da menina má está farta de ser torturada por ela. O rapaz-estrela bonzinho é na verdade um manipulador. Há uma série de preconceitos sobre "o grupo popular" e sobre a popularidade que são desmontados, algo que é muito interessante de ler.

Destaque ainda para duas coisas. A primeira é o avô da Steph. Gosto da relação que a Stephanie tem com ele, no seu gosto mútuo por contabilidade e queda para fazer dinheiro. Acho piada ao avô ir casar-se novamente, com uma senhora que tentou impressionar ao construir um observatório astronómico na terra - só porque o neto dela gosta de astronomia!

A segunda são os amigos da Steph, cheios de idiossincrasias e pequenos detalhes que os tornam reais. A adorável e tímida Becca, que anda um pouco desorientada quanto à sua vida amorosa. E o Jason, que a Stephanie conhece desde sempre. É deliciosamente nerd mas parece que também ficou bem giro nas férias (palavras da Steph). Adoro a relação que eles têm, sabem tudo um sobre o outro (bem, quase tudo), são melhores amigos, trocam piadas, entendem-se como ninguém... e estão secretamente caidinhos um pelo outro. Que fofinhos.

Só me falta mencionar o final, que é a razão porque este livro é tão memorável para mim. Acho perfeita a frase - aliás, a cena toda - com que a autora revela os sentimentos do Jason, e depois os da Stephanie. Simplesmente adorável. Merecia ser feito um filme só para eu poder ver a cena no ecrã.

Ponto extra ainda para a maneira como eles lidam com "o grupo popular" no fim. Inverte um pouco as coisas, e pode ser que isso traga alguma mudança. Ah, e a última entrada no "diário"/relato da Steph também é bem engraçada, com uma bela ideia do Jason à mistura.

Primeira experiência na caça aos livros da Meg Cabot: um sucesso. Venham lá mais desses livros.

Páginas: 320

Editora: HarperTeen (HarperCollins)

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