Meg Cabot
Título original: The Princess Diaries (2000) / The Princess Diaries II:
Princess in the Spotlight (2001) / Princess Lessons (2003)
Páginas: 250 / 232 / 144
Editora: Bertrand
Tradução: Mário Dias Correia / Mário Dias Correia /
Irene Daun e Lorena, Nuno Daun e Lorena
E pronto, chego finalmente à série do Diário da Princesa para o meu desafio pessoal Meg Cabot. Que saudades. Saudades desta gente toda, das neuroses da Mia, das esquisitices da Grandmère, dos dramas da Lily... bons tempos.
O primeiro livro conta como a Mia descobre que o pai já não pode ter filhos, e sendo o monarca de Genovia, ela é a sua herdeira, e por isso princesa de Genovia. Adoro a reacção da Mia à notícia: qualquer outra rapariga adoraria descobrir ser uma princesa, mas ela passa-se dos carretos. Já não lhe bastava ser uma anormal com um metro e oitenta e sem peito (palavras dela), agora é uma anormal princesa.
E portanto, a reacção dela a tudo isto, e ao que a sua nova posição implica, é divertidíssima. O tentar esconder de toda a gente, o choque quando tem de receber "lições de princesa" da Grandmère, o ter de andar com um guarda-costas atrás... a sua vida não mais será a mesma.
Por outro lado, a Mia tem muitas outras coisas com que se preocupar, e por isso não admira que seja uma miúda à beira de um ataque de nervos. Primeiro está a chumbar a Álgebra, depois a mãe começa a andar com o seu professor de Álgebra, e além disso, a miúda má da escola - a Lana Weinberger - faz-lhe a vida negra.
Para não falar de que está a desenvolver uma séria paixoneta pelo irmão da melhor amiga, Lilly - além de que esta não compreenderia a coisa de ser princesa. Hmm, e já no primeiro livro as duas têm uma zanga das boas.
O segundo livro foca-se mais no ajuste da Mia à coisa de ser princesa, pega na sua primeira entrevista (que podia ter corrido melhor), e ainda é marcado pela notícia de que a mãe da Mia está grávida do professor Gianini, e que se vão casar.
Entretanto, a Grandmère mete na cabeça que há de organizar o casamento em menos de uma semana, o que leva a Mia à loucura. Nem tudo é mau, no entanto: Mia tem um admirador secreto, e não faz ideia de quem seja. (Mas sabe quem gostava que fosse.)
Foi muito bom rever a história dos livros, e relembrar muita coisa que já estava esquecida. E reparar, em retrospectiva, já sabendo como as coisas acabam, numa série de coisas ou pistas plantadas desde o início. A amizade de Mia e Lilly já desde o início que mostra como é frágil.
A própria Mia tem pânico de dizer à Lilly que é uma princesa, porque a Lilly não compreenderia. Se a Lilly fosse sua amiga, e se a Mia confiasse na Lilly como sua amiga, não haveria este problema. E discutem pelas coisas mais parvas, como a mudança de look e estilo da Mia, o que era uma pista sobre como não estavam destinadas. Sempre achei a amizade delas um pouco estranha, e vi que tinha razão, mais à frente.
Por outro lado, a fofa da Tina é uma miúda que faz clique com a Mia mal começam a falar, têm gostos e feitios mais semelhantes, e é uma delícia vê-las tornarem-se amigas. Aliás, é muito bom ver o grupo que se forma em torno da Mia, que vai crescendo aos poucos, à medida que largam os preconceitos e vão entrando novas pessoas.
Já a mãe da Mia, bem, aquela mulher é um perigo. Quero dizer, anda com o Frank Gianini umas semanas ou meses, e vai engravidar acidentalmente dele? *facepalm* Não que as coisas não tenham corrido bem para o lado deles (são um casal adorável, e o puto também), mas é um pouco irresponsável.
Quanto ao Michael, caramba, apetece-me bater-lhe. Aquele rapaz gosta dela desde o início, e não é capaz de a convidar para coisa nenhuma, céus! Primeiro é ultrapassado pelo pateta do Josh Richter, depois o Kenny Showalter mostra-se mais romântico com a coisa do admirador secreto.
E não é que o Michael não dê pistas - canta à Mia, no fim do primeiro livro, uma música que pela descrição dela é sobre os dois, e sobre gostar dela. (Só que a Mia não percebe a pista.) Michael, querido, não te apaixonaste pela Mia por ser esperta. Tens de ser mais óbvio, por favor.
Quanto à própria Mia, gosto tanto da maneira como o diário está escrito. Ela fazia imensas listas, e incorporava coisas que escrevia para a aula de Inglês, o que se tornava divertido de acompanhar. E a Mia fartava-se de dar calinadas, sem vergonha nenhuma, e é divertido tentar descobrir as trocas e baldrocas que ela faz. Além disso, o escrever no diário quase em tempo real, escrevendo aula a aula, se preciso fosse, para relatar o que tinha acabado de acontecer, dá um imediatismo à história que a torna bem mais real.
Gosto muito do tradutor destes livros iniciais, o Mário Dias Correia, porque no geral toma umas opções de tradução fantásticas (a revisão é que é fraquinha), e não se inibe de fazer notas se achar que é preciso explicar algumas das referências que a Mia faz. E melhor, faz as notas num tom deliciosamente divertido, que é muito giro de acompanhar.
Detestei quando os livros passaram para os tradutores seguintes, que salvo erro são os do As Lições da Princesa (Irene e Nuno Daun e Lorena). Lembro que dava a sensação que nem se deram ao trabalho de ler os livros anteriores, e que mudaram uma série de opções deste tradutor que deviam absolutamente ter sido mantidas.
Quanto ao As Lições da Princesa, é um livro complementar, não essencial à história. Tenciono ler as novelas e contos e livros complementares todos da série, se puder, e achei que podia pegar logo neste, já que mais para a frente aparecem muitos destes livros ao mesmo tempo.
É um livro engraçadinho, escrito pela Mia e pelos que a rodeiam, sobre vários assuntos que devem ser abordados nas ditas lições - etiqueta, moda, carácter, educação, ... é um complemento bem giro, pela contribuição de tantos personagens da série, e que reflecte bem as personalidades de cada um. Além disso, o livro é de boa qualidade. A minha edição, em português, tem capa dura, e o papel é melhor que os outros livros da série, não estando praticamente nada amarelado, ao contrário dos outros livros.
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