Opinião: Ok, isto é definitivamente fofinho, adorável e divertido alternadamente. Mas, e que remédio, tem de haver um mas, eu beneficiaria muito mais disto se tivesse menos uma década ou coiso e tal em cima.
Porque o livro, a premissa, e a maneira como é escrito - tudo nele me lembra o Diário da Princesa, e como foi ler pela primeira vez esse livro. A diferença está mesmo no tempo que passou, na minha experiência literária e "rodagem", que são seguramente diferentes.
Se eu lesse o Diário pela primeira vez com esta idade, também sentiria o mesmo. Saber-me-ia a pouco, sentir-me-ia exasperada com os personagens e o decorrer do enredo, cansar-me-ia uma certa simplicidade da história. A diferença é que relendo as palavras da Mia, não me canso porque já as conheço, tenho uma ligação emocional com elas, e isso dá-lhe o benefício da dúvida.
Isto tudo para dizer, este não é um mau livro. Não de todo. Apenas, como disse ali em cima, soube-me a pouco. Podia ser mais longo, mais complexo. Podia não simplificar o mundo da moda desta maneira - tenham paciência, ninguém metia uma miúda de 15 anos em cima duns saltos altos, a fazer sessões fotográficas e passerelles, sem treino nenhum. É uma simplificação do trabalho que dá fazer estas coisas na vida real. Só tem o seu lugar porque é usada para efeito cómico.
O livro é tremendamente divertido. Há uma certa sensação de humor britântico que é engraçada de acompanhar, e as reviravoltas em que a Harriet se mete são tão engraçadas; foi certamente um gosto acompanhar.
Gostei de conhecer a Harriet e alguns dos personagens secundários. A Harriet porque o seu percurso é, ali nuns momentos, até triste. Entre uma bully da escola e a sensação que nunca vai ser aceite por quem é, levam-na a aceitar este desafio. E a ironia é que a Harriet, como quem é, é bastante fixe, com o seu amor por factos e o modo como pensa. É triste vê-la sentir-se forçada a ser "formatada".
Achei o pai dela muito engraçado, e adorei a sua dinâmica com a madrasta. Fora com o cliché da madrasta má, a Annabel adora a Harriet, e elas fazem um par temível. A Nat também era uma melhor amiga muito interessante, gostei de como ela tentou ultrapassar os problemas.
Não gostei do Toby, porque todo o conceito de stalker não é fofinho, é arrepiante, por mais inofensivo que o personagem possa ser. Sinto que este conceito é explorado e levado para a piada, mas não tem piadinha nenhuma.
Há ali certos momentos em que senti que o desenvolvimento do enredo podia estar mais apurado, e quem sabe até mais desenvolvido, mais explorado. Seria muito útil para criar uma melhor história.
No entanto, isto é coisa para me deixar curiosa, lá isso é, e espero que venham a publicar mais livros na série para eu poder espreitar e satisfazer a minha curiosidade. Gostava muito de poder continuar a acompanhar a Harriet.
Título original: Geek Girl (2013)
Páginas: 344
Editora: Porto Editora
Tradução: Alexandra Guimarães
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