Opinião: Já tenho um historial longo com o material original, pois via o anime há uns 12 ou mais anos atrás (eeeee agora estou a sentir-me velha), praticamente quando não tinha idade para perceber nada disto - bem, para perceber grande parte do subtexto, pelo menos. Mas isso não significou que não continuasse a procurar perceber, mais tarde, e fazer sentido do que já sabia e me lembrava. O worldbuilding é rico, e difícil de esquecer, e acho que posso creditar Evangelion como o culpado por eu gostar de worldbuildings e mundos complicadinhos, quando os houver.
Para adaptação, e tendo em conta o que me lembro, está relativamente próximo do original, com o tipo de mudanças que atribuo à diferença de meio. A história flui melhor no manga, parece-me. Tenho a sensação que o anime tinha altos e baixos de ritmo narrativo, com momentos de acção e momentos mais "mortos" (que o meu eu mais jovem achava mais aborrecidos, imagino), e a transição entre ambos parece-me melhor no manga. Ou sou eu que sou menos impaciente com estas coisas agora, tenhamos em conta que as comparações estão a ser feitas à distância de mais de uma década, e isso vale o que vale.
O desenho, esse, também é bem próximo do anime, mas pelo que percebi, Yoshiyuki Sadamoto fez o design de personagens para o anime, por isso não é de admirar. Acho que os três volumes contidos neste omnibus permitem observar a variedade do que o artista é capaz de fazer. Gosto bastante do trabalho de sombreado e tracejado que faz.
Em termos de história, posso desta vez avaliar melhor certas nuances, e perceber melhor os personagens. Vejo o Shinji muito dividido entre a necessidade de agradar, de que gostem dele, e a auto-sabotagem para evitar que saia magoado quando isso não acontece. É na verdade um personagem bastante complexo e a narrativa tem feito um bom esforço a demonstrá-lo. Choca-me um pouco ver as pessoas na NERV (Misato incluída, antes de ganhar juízo) a referir-se ao rapaz como um "corpo", uma coisa que eles usam para pilotar o EVA - mas estas são as pessoas que acham boa ideia tirar a Rei do hospital toda enfaixada e pô-la num EVA para o pilotar.
A Rei é a personagem que conheço do anime, uma escultura de barro em progresso, envolta num ar de mistério e no centro de uma teia de relações com outros personagens. Isso, conjugado com a sua origem peculiar, faz dela uma personagem chave para compreender a história. A Misato, por sua vez, parece por vezes uma criança grande, apenas com idade suficiente para poder beber o frigorífico cheio de cervejas que tem em casa. Mas também é a militar capaz de pensar e organizar o complexo ataque ao 5º anjo (ou o ataque sincronizado Shinji-Asuka ao 7º anjo, que estou morta por ver/ler). É outra personagem fascinante pela sua maneira de lidar com as coisas.
Diverti-me tanto com o Toji, o personagem que originalmente antagoniza o Shinji na escola, primeiro porque as falas dele são escritas de modo a fazer transparecer um sotaque, ou uma maneira diferente de pronunciar as palavras. (Bem, pelo menos na minha cabeça ele soa engraçado.) Isso, e o temperamento dele a lidar com tudo, mas particularmente com o Shinji. Também gosto da maneira como o Shinji lida com ele. No meio disto tudo, só me fez falta a Asuka (adoro o feitio desta miúda), que fazendo a contabilidade deve aparecer logo no início do próximo omnibus, com a aparição do próximo anjo.
Expectativas para o próximo volume/omnibus: Asuka, a batalha com o 7º anjo (a coisa da sincronização forçada com a Asuka e o Shinki no anime era hilariante), e a partir daí tenho medo de ter expectativas. Parece que o manga corta uma série de anjos a seguir ao 8º, e há alguns cujas respectivas histórias eu gostei imenso no anime... por isso, digamos que estou curiosa para ver as alterações que aparecem para transmitir o que os episódios com esses anjos transmitiam. Estes três volumes estão muito próximos do anime, mas parece que os eventos vão começar a divergir, veremos como.
Páginas: 528
Editora: Viz Media
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