Opinião: Esta foi uma leitura um pouco estranha. Tenho sentido
algumas dificuldades com esta série, porque sinto que tem perdido um pouco na
qualidade, e este volume não foi excepção, sendo aliás um exemplo
particularmente gritante disso mesmo.
O livro é demasiado longo, arrastando-se em partes, e ao
mesmo tempo sofre daquela coisa de apresentar reviravoltas esquizofrénicas no
enredo e nas atitudes dos personagens que sabe-se lá de onde vêm. O casal
principal muda de ideias como se muda de camisa e se ora estão decididos a
fazer uma coisa, passados 5 segundos estão a fazer outra diferente, e as coisas
acontecem tão abruptamente que não percebo de onde vêm... mas ao mesmo tempo,
há tanto engonhanço que até dá dó.
Eu gostava de gostar do casal principal, mas houve algo que
me dificultou a tarefa. No papel, são fantásticos. A Josephina é forte e
corajosa, aturando coisas muito difíceis, mas depois a sua personagem (des)evolui
para uma donzela em apuros com síndrome de Cinderela que não consegue resolver
nada sozinha.
Já o Kane, em teoria tem uma história fabulosa - torturado
no Inferno, era uma óptima oportunidade para falar de stress pós-traumático e
de como se começa a curar de uma situação como a dele. O detalhe de portar o
demónio do Desastre e de isso o excluir de tudo o que os Senhores do Submundo
fazem também seria uma boa coisa para explorar. No entanto, tudo o que temos
dele é atitudes ciumentas e violentas em que distribui porrada a rodos. Ou a tentativa
mal amanhada de se livrar do seu demónio, na qual nunca acreditei porque o Kane
nunca se esforça realmente.
E depois este é o caso mais doloroso de insta-love que já
vi. Consigo aceitá-lo em certa medida, em romance paranormal, mas caramba, o
Kane já está em modo troglodita e a resmungar "minha!" no capítulo 2.
E por todas as pressas em se jogarem nos braços um dos outro, não senti química
nenhuma. As cenas de sexo são quase inexistentes (nunca pensei queixar-me
disto, mas que saudades da Olivia e do Aeron, esses é que eram um casal
fantástico), e raios quando estes dois estavam a ter um momento íntimo, havia
sempre qualquer coisa a interrompê-los. Bahhh, que aborrecido.
A introdução do mundo dos Fae é em si muito interessante, e
fiquei sedenta de o conhecer melhor, de saber todos os pormenores e mais
alguns. Podiam ser tanto mais, mas resumem-se a uma sociedade mesquinha e
ofuscada com estrelas. Pior, em quase todos os momentos basta o Kane dar um
berro ou distribuir porrada para conseguir o que quer com eles. Mas que raio de
história é esta? A autora nem consegue fazer dos Fae antagonistas convincentes.
Acho que os pontos de interesse estão nos enredos e
personagens secundários. Gostei bastante daquilo que se estava a passar com a
Cameo, acho que tem grande potencial (que com a minha sorte vai ser
desperdiçado, mas enfim). E fiquei intrigada com o que está reservado para o
Torin, o próximo livro é o dele, e aquilo que vislumbramos neste livro deixa
algumas questões interessantes. Já o William irritou-me um pouco, no início,
mas é um personagem que tem sempre a sua piada, e gostava mesmo que tivesse um
livro para si.
Em suma, não me lembro exactamente porque é que continuo a
submeter-me a isto, mas suponho que a curiosidade continua a conseguir levar a
melhor. Continuo a querer conhecer a história dos poucos Senhores do Submundo
que sobram, o problema é que ultimamente os livros me têm sabido a pouco. São
leituras rápidas, e conseguem cumprir o objectivo de entreter, mas não consigo
deixar de estar ciente das suas (muitas) falhas.
Título original: The Darkest Craving (2013)
Páginas: 464
Editora: Harlequin
Tradução: não disponível
Não não me esqueci mas aii ta difícil pegar lhe. prometo que não passa de junho
ResponderEliminarO Paris está a dar-te problemas? Desgraçado, tanta espera pelo livro dele, quem diria que nos ia dar trabalho a lê-lo. xD
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