Desde que descobri que a Meg Cabot vai publicar para o ano mais um livro dos Diários da Princesa e da série Mediadora, com um tom mais adulto - as personagens cresceram e iremos visitar as protagonistas uns anos depois, parece -, que ando com imensas saudades desses livros e, bem, dos livros dela em geral. Por isso, começa aqui uma espécie de releitura informal dos livros da autora que possuo, e que incluirá em príncipio os livros dessas séries. Só não faço algo mais oficial porque conheço-me e se calhar ainda acabava por funcionar ao contrário, ou seja, não muito bem. Além disso, ainda não sei bem como vou organizar as coisas.
Quanto a esta série, vou fazer um post conjunto para ela porque não seria capaz de separar os livros, e sinto que a viagem pela história da protagonista, Lizzie Nichols, faz mais sentido quando considerada como um todo.
Queen of Babble apresenta Lizzie Nichols, uma jovem que terminou a universidade e vai aproveitar as férias para ir visitar o namorado britânico. Só que o rapaz se revela menos que ideal (muito menos) e Lizzie vê-se sem alojamento, e sem forma de voltar a casa mais cedo. Por isso, decide juntar-se à melhor amiga, que está a passar férias num castelo no sul de França, e de caminho conhece um rapaz jeitoso, o Luke, e aparentemente perfeito... não fosse o defeito de estar comprometido. Pelo caminho, Lizzie revela uma vocação para renovar vestidos de casamento que lhe vai ser muito útil no futuro.
Queen of Babble in the Big City segue Lizzie na sua tentativa de se estabelecer em Nova Iorque, tentando seguir a sua vocação, o que não está fácil. Por outro lado, a sua relação com o Luke está cada vez a correr melhor, tanto que a Lizzie começa a ouvir sinos de igreja... mas será que Luke sente o mesmo? Já em Queen of Babble Gets Hitched, Lizzie encontra finalmente o sucesso no trabalho, e o casamento com que sempre sonhou está ao seu alcance... com a inconveniência de que Lizzie já não tem a certeza se quer a mesma coisa.
Acho uma certa piada à Lizzie, como protagonista. Está sempre a meter as mãos pelos pés, sendo quase incapaz de guardar um segredo, mas geralmente fá-lo com boas intenções. E a verdade é que, apesar de ser completamente sem noção no que toca à sua vida pessoal, é engenhosa e muito boa a arranjar soluções de todo o tipo no que toca ao seu trabalho. Por mais que lhe apareçam contratempos, ela consegue resolvê-los.
Por outro lado, é mesmo muito, muito, má a gerir os seus assuntos pessoais. Tem uma péssima queda para ver as pessoas pelo seu potencial e por aquilo que ela acha que são, teimando em não as ver pelo que realmente são. Primeiro com o namorado britânico, que se veio a revelar um sapo completo...
Depois o Luke. Eu percebo o apelo, o rapaz tem todo o ar de namorado perfeito. Mas a Lizzie começa a construir castelos no ar, a ver coisas onde elas não estão, e cega pela imagem que tem dele, insiste em seguir por um caminho que não vai levar a lado nenhum. Oh, e que vontade de lhe bater quando volta atrás numa certa decisão que tinha feito! Mas enfim, não posso negar que ela precisava do Luke no seu caminho para aprender umas coisas.
E por fim, o terceiro e, esperemos, último rapaz, que é completamente inesperado, o Chaz. Digo inesperado porque foi o que me pareceu quando li a trilogia pela primeira vez, mas ao reler, estão lá algumas pistas, algumas gentilezas, que comprovam que o Chaz conhece a Lizzie melhor que ela pensa. Oh, e como custa ver a Lizzie passar tanto tempo a negar o óbvio! Sinto que mereço mais um livro desta série só para ver os dois juntos, porque juntam-se demasiado tarde. Oh, mas a química é inegável, e adoro as cenas deles juntos, alguns dos seus diálogos são deliciosos. E há uma coisa muito importante no Chaz, que passa por respeitar a Lizzie e as capacidades dela, e nunca tentar resolver as coisas por ela. Pode frustar a Lizzie no momento, mas acaba por se revelar a opção mais certa.
Enfim, a Lizzie tem um pouco de todas as protagonistas Cabot, trapalhona, com um belo sentido de humor, e mais engenhosa do que se dá crédito. Aliás, os livros são um bom exemplo do trabalho da Meg Cabot, com o seu humor característico, e o modo de desenvolver a história, e o modo como sendo este um livro leve, não deixa de ter algumas ideias e lições mais profundas, incluindo um sentido mais feminista do que me recordava.
O elenco de personagens secundários é giríssimo, muito bem construído e desenhado, e é impossível ficar indiferente a qualquer deles. A Shari, a família da Lizzie (menção para a avó, que é positivamente fabulosa, e um pilar para a Lizzie), os pais do Luke, o casal Henri, as noivas que passam pela loja... e também todo o grupo que se junta em torno da Lizzie, a Tiffany e a Monique e a Ava, pessoas com que a Lizzie podia não ter muito em comum, mas que se tornaram parte do grupo, trazendo-lhe uma nova dinâmica.
Acho que vou terminar por mencionar que acho que podemos, apesar da série ter sido publicada muito antes, considerar estes livros como New Adult - que lá está, não era um termo que existisse quando os livros foram publicados, mas só me faz consolidar a ideia que New Adult já existia há que tempos, apenas se inventou o termo entretanto. Ora vejamos, este livro conta a história de uma jovem saída da faculdade, a tentar encontrar o seu lugar no mundo e lidar com as responsabilidades de ser adulta. É certo que a maior parte dos livros New Adult escritos hoje em dia tem uma maior carga emocional e dramática, mas também há aqueles com um tom mais leve e mais humorístico, entre os quais Queen of Babble não destoaria. Portanto, como em tudo, há que encarar as coisas com ponderação: nem o New Adult é uma invenção novíssima brilhante, como nem por isso deixa de ser uma designação útil para alguns tipos de histórias.
Páginas: 336/320/336
Editora: Avon (HarperCollins)
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