sábado, 7 de dezembro de 2013

Uma imagem vale mil palavras: Frozen - O Reino do Gelo (2013)

Tenho de ser honesta, desde que ouvi falar deste filme pela primeira vez que fiquei um pouco (bem, talvez muito) de pé atrás. Especialmente no que toca ao ser supostamente "inspirado pelo conto The Snow Queen", porque a sinopse da história não parecia ter nada a ver com o conto em questão. Bem, não quero ser imodesta, mas eu tinha razão. Este filme tem tanto a ver com o The Snow Queen como o Guerra Mundial Z, filme, tem a ver com o Guerra Mundial Z, livro. Que é nada, praticamente. Enfim, consigo sobreviver a isso e avaliar o filme pelos seus méritos e deméritos.

Visualmente, tem um ar giríssimo. As paisagens geladas, cheias de neve e florestas brancas e montanhas íngremes, o palácio de gelo e os efeitos das capacidades de Elsa... muito giro e tremendamente adequado à época do ano, apesar de não haver assim propriamente neve por aqui.

Em termos de sentido de humor, também tem uns bons momentos. O boneco de neve Olaf é bem engraçado, ainda que clueless. (Ainda me lembro do pobre Kristoff a insistir que "lhe deviam contar" o que acontece a um boneco de neve no Verão.) O próprio Kristoff tem uns momentos giros com a sua adorável rena Sven, incluindo umas cenas de dupla personalidade em que ele fala pela rena. Ou a cena em que apresenta os trolls à Anna e ao Olaf e eles pensam que ele perdeu o juízo. Pobre Kristoff, nem sabe no que se meteu.

Em termos de história, tem uns pormenores óptimos e uma base fabulosa. Apenas não fiquei lá muito convencida com a execução e com o ritmo do enredo. A ideia da história ser sobre as duas irmãs é muito boa, e permitia contar uma história com um caminho algo diferente do habitual. Gosto muito do detalhe dos poderes da Elsa e da cidade em Inverno permanente. E devo admitir que a relação e a tensão entre as duas irmãs está bem executada. Mas preferia mesmo que a Disney tivesse resistido à tentação de ter uma protagonista toda ingénua e excitadinha como costuma ter ultimamente. (Não queria fazer a comparação, mas a minha irmã também a fez, por isso cá vai: Rapunzel much? Com uns laivos de Merida?)

A Anna é uma protagonista decente, mas teria sido mais divertido se a narração tivesse sido feita de facto do ponto de vista das duas irmãs. E vá lá, a Elsa é material de primeira para protagonista do seu próprio filme. Uma miúda com poderes sobrenaturais incapaz de os controlar? E aqui reduz-se a um semi-protagonismo que não é carne nem é peixe. (Agora fiquei a pensar, de onde será que a Elsa herdou os poderes? Poderá ter alguém na família ter andado a pular a cerca?)

Gostava que o filme fosse um pouco mais longo. Teria ganho com isso, permitindo desenvolver certos aspectos de modo mais satisfatório. Como disse, gostava que a Elsa tivesse um maior foco, complementando a sua história com cenas que mostrassem o quão alienada estava, o que sentia por ser separada da irmã, a dificuldade que tinha com os seus poderes. A Anna e o Kristoff podiam ter tido um maior desenvolvimento como casal. Quando há a sugestão de sentimentos de ambas as partes, parece tudo demasiado apressado, até mesmo pelos padrões de um filme de animação típico. E o Olaf, pelas piadas que tem, merecia aparecer mais cedo.

A última coisa que tenho a apontar é a dobragem e tradução. Temos tido o desenvolvimento de um bom trabalho ao longo dos anos em Portugal nesta área, mas aqui achei as músicas tão fraquinhas. Por vezes era tão difícil de perceber o que estavam a cantar, graças a tentarem meter sílabas a mais no ritmo da música. E por amor de tudo o que é sagrado, traduziram "Let It Go" por "Já Passou"? Gahhhhh! Eu sei que a audiência preferencial é a infantil, mas "já passou" soa a coisa que se diz quando uma criança tem um pesadelo. E é tão desadequado ao momento em que a Elsa canta a música. "Let It Go" não tem tradução fácil, mas de certeza que esta não era a melhor opção.

Apesar de tudo, foi uma tarde bem passada. Diverti-me bastante e há muito tempo que não via um filme de animação no grande ecrã, soube-me bem. Apenas estive demasiado atenta às imperfeições do filme. Uma história destas merecia estar um bocadito melhor desenvolvida, e eu sei que a Disney é capaz de melhor.

5 comentários:

  1. Haha! Afinal sempre foste ver! Até pareces ter gostado minimamente do filme! =)

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    1. Gostei, foi divertido e fofinho e tanto do que um filme Disney deve ser... mas apanhei bastante coisas que gostava que tivessem trabalhado mais. :/

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  2. Felizmente consegui ver este filme na versão original. A "let it go" foi a minha música preferida do filme, acho que se ouvisse a versão portuguesa não iria achar o mesmo... :P

    Concordo com tudo o que disseste... xD
    Não senti que esta história tivesse sido bem estruturada: com principio, meio e fim... pareceu-me mais uma espécie de sopa de pedra, em que os criadores limitaram-se a adicionar coisas ao longo do filme.


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    1. Lol, mantém-te afastada da versão portuguesa, mesmo. Eu ouvi a versão original durante os créditos e fiquei logo traumatizada ao perceber as diferenças entre as duas. xD

      Sim, também gostava que a história estivesse melhor trabalhada. Gosto imenso dessa comparação da sopa de pedra, é estranhamente adequada. :P Há um monte de detalhes giríssimos, mas depois falta alguma coisa à imagem geral.

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    2. Sim, foi tudo muito superficial. :/

      Eu tenho umas comparações muito estranhas, deixa lá.. xD

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