sexta-feira, 31 de julho de 2015

Este mês em leituras: Julho 2015

Julho foi um mês muito bom para leituras, tenho-me andado a entreter com BDs no meio da ficção, o que é uma boa maneira de variar leituras e nunca me aborrecer. Além disso, consegui ganhar um pouco mais de ritmo a postar aqui no blogue, o que me deixa bastante contente, já que ando a tentar encontrar um balanço. Espero que seja para continuar.

Livros lidos

Falta ali o Ms. Marvel vol. 3: Crushed.

Opiniões no blogue

  • Lion Heart, A.C. Gaughen;
  • Curtas: só volumes 2 de BD: Ms. Marvel vol. 2: Generation Why, G. Willow Wilson, Adrian Alphona, Jacob Wyatt; Batwoman vol. 2: To Drown the World, J.H. Williams, W. Haden Blackman, Amy Reeder, Trevor McCarthy; Sex Criminals vol. 2: Two Worlds, One Cop, Matt Fraction, Chip Zdarsky; Batgirl vol. 2: Knightfall Descends, Gail Simone, Ardian Syaf, Ed Benes, Alitha Martinez, Vicente Cifuentes;
  • Meg Cabot: Royal Wedding, From the Notebooks of a Middle School Princess, Holiday Princess;
  • The Stars Never Rise, Rachel Vincent;
  • Scorched, Jennifer L. Armentrout;
  • Amor Cruel, Colleen Hoover;
  • Curtas: BD: Lumberjanes vol. 1: Beware the Kitten Holy, Noelle Stevenson, Grace Ellis, Shannon Watters, Brooke Allen; Rat Queens vol.1: Sass and Sorcery, Kurtis J. Wiebe, Roc Upchurch; Saga vol. 3, Brian K. Vaughan, Fiona Staples; Velvet vol. 2: The Secret Lives of Dead Men, Ed Brubaker, Steve Epting, Elizabeth Breitweiser;
  • Ventos de Mudança em Summerset Abbey, T.J. Brown;
  • Virgem, Radhika Sangani;
  • Curtas: mais BD, parte I: Hawkeye vol. 3: L.A. Woman, Matt Fraction, Annie Wu , Javier Pulido; Ms. Marvel vol. 3: Crushed, G. Willow Wilson, Elmo Bondoc, Takeshi Miyazawa, Mark Waid, Humberto Ramos; Saga vol. 4, Brian K. Vaughan, Fiona Staples;
  • Curtas: mais BD, parte II: Fatale - Volume Dois: O Negócio do Diabo, Ed Brubaker, Sean Phillips; Tony Chu - Volume Dois: Sabor Internacional, John Layman, Rob Guillory.

Os livros que marcaram o mês

  • The Stars Never Rise, Rachel Vincent - gosto desta autora, só que não sabia o que esperar duma série nova dela... e acabei agradavelmente surpreendida;
  • Scorched, Jennifer L. Armentrout - destaque pela caracterização da protagonista e dos seus problemas;
  • Amor Cruel, Colleen Hoover - um destaque mais pela negativa, a Colleen Hoover consegue escrever de maneira cativante e absorvente, mas porque raios é que é tão fácil encontrar falhas sérias nos protagonistas masculinos dela, e porque é tão fácil ter vontade de lhes dar um pontapé no traseiro?

Aquisições

Temos aqui uma mistura de aquisições em inglês e de promoções. As BDs em inglês ao alto, o Are You My Mother?, e o Overbite via Book Depository, com um vale de 10% de desconto; Vingadores: Era de Ultron 1 é da colecção do Público que estou a fazer - já devia ter o volume 2, mas houve um problema na papelaria que mo devia reservar, e estou ainda à espera.

O livro da T.J. Brown e o Virgem foram adquiridos com uns vales da Bertrand da Feira do Livro; e os restantes ficaram-me praticamente a custo zero com dinheiro em cartão do Continente e da Fnac.

A esta fotografia podia chamar "a Fnac vai arruinar-me". Ultimamente não lhes tenho comprado muita coisa, mas este mês apanhei-lhes duas boas promoções: no início do mês, 20% de desconto nos livros; e mais tarde 10% de desconto com mais 20% de desconto em cartão. O resultado foi trazer para casa uma série de coisas que andava a cobiçar há algum tempo.

Além disso, apanhei algumas bandas desenhadas em inglês a um bom preço, o que foi um incentivo para a aquisição, e alguns livros estavam a preços mesmo, mesmo baixos. (Exemplo: o livro da mitologia grega, pela qual eu me interesso muito; e o da Jane Austen a 3 euros. Onde é que já se viu eu recusar um livro da Jane?)

De qualquer modo, juntou-se aqui muita coisa gira, e que me interessa, por isso fiquei satisfeita com as minhas compras. Foi um bom mês.

A ler brevemente

Pronto, não sei ser contida, ou pelo menos neste momento não vale a pena sê-lo. Esta pilha é capaz de servir mais para uns 2 ou 3 meses, não para um, mas fica já aqui, que junta muitas BDs que me suscitam curiosidade, e todo o tipo de livros que quero ler brevemente (o da Juliet Marillier, o da Jandy Nelson, o do Rick Yancey, por exemplo).

Duas ou três excepções/destaques: aproveitei recentemente uma promoção na Marvel Unlimited, por isso vou dar prioridade a explorar isso antes de ler as BDs que tenho. Para o desafio Meg Cabot espero receber Ransom My Heart, e vou ler o primeiro da Boy series, O Rapaz da Porta ao Lado, como podemos ver na foto. E espero receber (e possivelmente ler) o último da trilogia The Dark Elements da Jennifer L. Armentrout.

(Uma autora que aprecio, mas tenho detestado a trilogia, por isso isto vai ser bonito, entre eu não ter grande vontade para a leitura e ter quase a certeza que vou passar o tempo todo a ser torturada com as falhas que encontrei na trilogia, e a detestar cada minuto. Porque é que eu me vou torturar com isto, mesmo? Oh, sim, sou uma palerma e não consigo deixar de ler tudo o que a autora publica, já que geralmente gosto muito dos livros dela.)

domingo, 26 de julho de 2015

Curtas: mais BD, parte II

Fatale - Volume Dois: O Negócio do Diabo, Ed Brubaker, Sean Phillips
Neste volume, a acção principal passa dos anos 50 para os anos 70, mudando o tom do policial noir com polícias corruptos para o horror insidioso com uma dose de loucura e drogas do meio Hollywoodesco. Josephine entrincheirou-se em casa, escondida do mundo, em parte para evitar aqueles que a perseguem, em parte para evitar levar tragédia a mais vidas, como o seu percurso tem feito até agora.

Pelo meio, temos algumas páginas a desenvolver o percurso de Nicolas Lash no presente, enquanto continua a investigar Josephine e a sua relação com Dominic Raines, um amigo do pai. Nicolas fica cada vez mais obcecado com a sua demanda, mesmo tendo-se cruzado apenas por momentos com Jo, o que mostra a capacidade dela de influenciar os outros.

Ok, este foi um livro bastante intrigante, os autores conseguem escrever e desenhar a história de modo a manter o meu interesse, graças a todo o mistério em torno da Josephine, e ao pendor sobrenatural e de horror da narrativa. No entanto, este é muito claramente um volume de ligação, um em que ainda se apresentam mais perguntas que respostas, o que me frustra um pouco, porque nem um véu sequer é levantado acerca da origem da Jo, apenas nos é mostrado mais do conflito que ela tem com os seus antagonistas.

Ora sem contextualização do conflito torna-se difícil compreender ou preocupar com o que está a acontecer, é só mais do mesmo em relação ao primeiro volume. Não que a história deste volume não tenha qualidade mesmo assim, mas gostava que o decorrer das coisas avançasse um pouco mais depressa.

A arte, creio que já o disse, é muitíssimo adequada a evocar um mistério e uma história tão sombria como esta, e cativa-me bastante. Menção ainda para o mini-cliffhanger envolvendo o Nicolas no fim - outro que traz mais perguntas que respostas, mas que é extremamente intrigante.

Oh, céus, este livro/história é tão estranho, com a premissa mais bizarra de sempre, e curiosamente, os autores conseguem fazê-la resultar. É fascinante. Melhor, conseguem expandir a premissa e construir sobre ela, desenvolvendo novos e velhos detalhes que encaixam com o que sabíamos anteriormente, e que complementam este mundo.

Portanto, sim, esta é uma das coisas que apreciei neste volume. Num mundo em que o frango foi banido devido a uma gripe das aves que matou milhões, aparece agora um fruto que cozinhado tem sabor a frango, mas é claro que com a natureza humana pelo meio, as coisas não correm brilhantemente.

Outras coisas a destacar no volume: o sentido de humor. O retorno do antigo parceiro do Tony, o John Colby, e a relação deles. O sentido de humor maluco inerente à premissa daquilo que é Tony Chu. A aparição do irmão dele. Mais categorias de pessoas com relações estranhas com a comida. O retorno de um personagem mencionado no primeiro volume. Toda a loucura na ilha.

Coisas que não são as minhas favoritas: o Mason está desaparecido, à parte de um breve comentário. A sensação de que este é um volume de ligação, de que ainda há muitas perguntas e poucas respostas, de que ainda não temos o panorama geral. E uma certa sensação de homofobia na maneira como o Applebee é caracterização. (Ugh.)

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Curtas: mais BD, parte I

Hawkeye vol. 3: L.A. Woman, Matt Fraction, Annie Wu , Javier Pulido
Este volume marca a divisão da narrativa em duas partes, e traz a execução de uma das coisas que eu mais aprecio ver ser feitas quando se conta uma história, que é os autores serem criativos e inovadores em termos narrativos. Neste caso, a divisão do título Hawkeye em dois, contando alternativamente, revista sim, revista não, a história de um dos dois personagens que usa esse nome de código como super-herói.

L.A. Woman segue então um dos Hawkeyes, a Kate Bishop, que se fartou dos dramazinhos do Clint Barton e da sua incapacidade de se endireitar e resolver a sua vida. Por isso, ela parte para Los Angeles para se estabelecer sozinha, independentemente, e para trabalhar (mais ou menos) como detective privada.

E pronto, a Kate fazia parecer nos volumes anteriores que era bem mais resolvida que o Clint, mas a verdade é que é uma jovem, rica e protegida, e que nunca se estabeleceu sozinha e que fazendo jus ao nome de código que carrega, também se mete em muitos sarilhos. Eu já gostava da Kate, mas ainda fiquei a gostar mais ao segui-la por este conjunto de aventuras em L.A., ao vê-la fazer asneiras mas também a resolver os seus problemas de forma criativa, o que mostra a jovem inteligente e engenhosa que ela é.

Coisas de destaque no volume: o cão ter ido com ela, o que é superdivertido; O feudo com a Madame Masque e como os casos que a Kate encontra acabam por ter todos a ver com ela. Uma aparição da S.H.I.E.L.D., na pessoa da Maria Hill e do Agente Coulson. Os amigos que ela faz, especialmente o casal gay adorável que toma conta dela e até a ajuda num dos casos. A maneira como a Kate se desenrasca das coisas.

Gostava era de poder ler brevemente o último volume, focado no Clint, porque tenho a sensação que ambos os volumes vão ter ligações um com o outro, e quero muito poder estabelecê-las. Na arte, Annie Wu é nova à colecção (bem, mais ou menos), mas faz as coisas dum modo que me agrada, meio caricato, meio realista.

Ms. Marvel vol. 3: Crushed, G. Willow Wilson, Elmo Bondoc, Takeshi Miyazawa, Mark Waid, Humberto Ramos
Já disse que adoro a Kamala, e me divirto tanto a segui-la, e este volume não foi excepção, continua a história da protagonista como super-heroína em treino, e segue-a na sua vida normal, no dia-a-dia.

As histórias contidas neste volume resumem-se em três pontos. Uma primeira com a aparição do Loki, que vem investigar os recentes acontecimentos em New Jersey e acaba a causar o caos num baile de S. Valentim da escola da Kamala, que esta tem de resolver. Foi muito divertido vê-los confrontarem-se, e ainda melhor ver a resolução do conflito.

O segundo enredo foca-se num jovem de herança cultural semelhante à da Kamala, e ao contrário do que ela esperava, acaba a desenvolver uma paixoneta. Foi muito interessante vê-la a debater-se com este tipo de sentimentos, porque aqui aparece-lhe alguém que tem tanto em comum com ela, mas ao mesmo tempo a situação descarrila, e quero ver como a Kamala lida com um coração partido. (Ou vá, machucado.)

Ainda neste ponto tenho a destacar a atitude do Aamir, o irmão dela. A sua caracterização tem sido enganadora, ele parece um tolinho demasiado religioso, e aqui os autores dão volta ao potencial cliché e mostram-no com uma pessoa com um bom discernimento de como as coisas funcionam, e a conversa dele com o Bruno foi fascinante de ler.

O último ponto da narrativa é um número da revista S.H.I.E.L.D., em que a Kamala intervém. Achei piada descobrir que esta revista pegou nos personagens que vêm da série de televisão e está a desenvolvê-los nos comics; neste aparecem o Agente Coulson e a Jemma Simmons. Gostei de a ver trabalhar em equipa com a Ms. Marvel, e de ver os seus problemas e como reflectem os da Kamala. (Só acho que é um bocado ridículo a profissão fictícia que a S.H.I.E.L.D. lhe arranjou. Tenho a certeza que podiam ter inventado algo melhor.)

Quanto à arte, os desenhadores mudaram, mas mantêm o estilo divertido e cartoonesco anterior, especialmente com ajuda das cores, que são feitas pela mesma pessoa, parece-me, por isso continuo a gostar bastante. Destaque para Takeshi Miyazawa, que tem um estilo um pouco mais realista que anteriormente, mas supergiro e igualmente expressivo.

Saga vol. 4, Brian K. Vaughan, Fiona Staples
Bem, este é claramente um volume de ligação. Não tem muitos momentos de acção, tem uma narrativa mais pausada e introspectiva, e por isso acaba por ser a ponte entre dois volumes que serão mais dinâmicos. O que em si não é mau, até se torna interessante de seguir, mas também me permitiu encontrar um problema com a estrutura narrativa da série que pode vir a tornar-se um obstáculo.

E esse problema é essencialmente o enquadramento do enredo com a narrativa duma Hazel mais crescida, algures no futuro. Primeiro, porque esta narrativa e comentários da Hazel do futuro me dão vontade de a conhecer, dá a sensação que é uma pessoa interessante e quem sabe com muitas aventuras próprias. (O que é bom.) O mau é que esse ponto no futuro é incerto, sabe-se lá se alguma vez o veremos, e isso frustra-me.

Além disso, sendo a Hazel a sua própria pessoa, custa-me que essencialmente esteja a contar as histórias de outros. Não é que estas histórias de outros não estejam ligadas à sua, mas o enquadramento narrativo faz por vezes tangentes, e acaba por não ser já *só* a sua história. E atenção, eu divirto-me imenso a seguir os personagens secundários, e louvo o modo como os autores os têm caracterizado e nos feito preocupar com eles.

Segundo, este enquadramento narrativo da Hazel faz com que os autores introduzam por vezes iscos narrativos baratos para nos manter o interesse, e que eu acho completamente desnecessários. Exemplo muito vago para não spoilar completamente: a certa altura deste volume a Hazel faz um comentário sobre os pais. Esse comentário foi escrito com o intuito de nos fazer pensar que é uma coisa grave, porque a interpretação mais óbvia é essa.

No entanto, o comentário pode ser interpretado duma forma menos grave e menos permanente, e até pode ser interpretado num sentido bem diferente. O que posso concluir é que o comentário é formulado de propósito para nos chamar e manter a atenção, só que o problema é que não precisam. O resto da narrativa já faz um bom trabalho nesse aspecto. E daí a minha queixa de que é um artifício barato e preguiçoso.

Daqui também resulta a minha observação de que a Hazel está a contar algo em segunda ou terceira mão, algo que não aconteceu directamente com ela ou de que ela não se lembra porque é demasiado pequena. E portanto, em teoria aquilo que conta pode bem ser uma versão truncada dos acontecimentos, colorida pela percepção de quem lhe contou. (E pronto, aqui eu já estou a teorizar demais sobre isto, eu sei. Mas o raio do volume fez-me pensar. Não posso ler coisas com menos acção que me dá para a filosofia.)

Enfim, estou eu aqui a (aparentemente) queixar-me, mas não é bem assim. Continuo a gostar imenso da história, apenas o seu teor mais calminho proporcionou-me espaço para reflexão acerca da estrutura narrativa, que na prática gosto, mas também consigo ver os potenciais problemas que pode vir a trazer.

Outros pontos a destacar neste volume: ver a família protagonista a ser uma família, com problemas de família, como qualquer um. A fuga constante até agora não lhes tinha permitido agirem como pessoas normais, e mesmo que isso arranje uma série de sarilhos de natureza diferente dos que têm acontecido até agora, é cativante ver este pessoal a fazer asneiras como qualquer um de nós, mesmo quando me dá vontade de os esganar por estarem a agir parvamente.

Mais: a Klara e a Izabel são fantásticas, e só tenho pena de não ver mais delas. (Mas os poderes da Izzy estão a desenvolver-se, estou a gostar de ver.) A Sophie e a Gwen estão numa demanda, e promete. (E sou só eu ou o Lying Cat tem os dois olhos sãos? A Klara não lhe deu cabo de um no volume 3?) Até vemos um bocadinho dos jornalistas do volume anterior, coisa que eu passei este volume todo a pedir. E gostei de conhecer mais recantos deste universo, e de como funcionam.

Coisas menos boas: bem, o The Will está maioritariamente desaparecido, o que quer dizer que a história dele, da Gwen e da Sophie está em stand-by... e a parte dos robots ainda é a que menos me interessa. Ainda estão demasiado pouco desenvolvidos, gostava de saber como funciona a integração biomecânica da sua anatomia, e como a sua sociedade funciona. Ainda lhes falta qualquer coisa que os humanize, ou os torne interessantes a meus olhos, como aconteceu praticamente com o resto do elenco.

Arte: já disse que gosto, a Fiona Staples é suficientemente expressiva para mim, e gosto de como desenha certas coisas, e ainda mais de como pinta. E também acho um piadão a como não tem pudor em desenhar de tudo. A primeira página do livro é o nascimento de um robotzinho de perto, mesmo de perto, e eu passei 10 minutos a olhar para aquilo a tentar perceber o que estava a ver.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Virgem, Radhika Sanghani


Opinião: Isto não era bem o que eu esperava, e ainda bem que não foi propriamente de encontro às minhas expectativas. Esperava algo divertido, uma comédia talvez, e se bem que Virgem é bem engraçado, não o é ao ponto do ridículo, como alguns livros que podiam encaixar na mesma categoria, o que é refrescante.

A protagonista é Ellie Kostalkis, uma jovem de 21 anos que está a terminar a universidade, e que tem o que ela considera um problema: é virgem, e não por escolha ou por razões religiosas. Simplesmente não aconteceu. E Ellie não consegue deixar de se comparar com as amigas, ou dar em doida por ainda não ter acontecido.

E pronto, a Ellie no início do livro é um bocadinho obsessiva com o assunto, o que me fez revirar um pouco os olhos com tanto drama e tanto stress, ela portava-se como se fosse o fim do mundo. Mas depois a história evolui, e o stress dela até acaba por fazer sentido: numa sociedade como a nossa, que por vezes tem mensagens tão sexualizadas, acabamos por ser muito maus a discutir sexo, levando a que algum falso puritanismo deixe tanta gente como a Ellie com um monte de perguntas e dúvidas e ninguém disposto a discuti-las.

Portanto, esta história, e a necessidade de ser escrita, acaba por ser uma crítica implícita ao estado de coisas. Mas também uma descrição realista duma rapariga que vai à procura das respostas. No caminho para se livrar dessa coisa chata (heh) que é a sua virgindade, a Ellie depara-se com um monte de situações relacionadas com sexo e com a sua vagina. E essas situações derivam das suas dúvidas e do que é que deve fazer ou não, do que é apropriado ou não, do que gostaria ou não de fazer. E algumas são caricatas, mas (felizmente) nunca resvalam para a parvoíce, como eu estava meio à espera de que acontecesse.

É que este livro é escrito na esteira de alguma outra literatura feminina (a Ellie menciona mesmo a série da Louca por Compras, e de como é irrealista encontrar o "príncipe encantado"); o curioso é que este livro é um contraponto a essa série (por exemplo) de outro modo: eu li as peripécias da Becky Bloomwood até certo ponto, e as situações escorregavam quase sempre para o reino do ridículo. E aqui, isso nunca acontece. Há passos em falso, e situações embaraçosas, mas fica tudo dentro do reino do credível e do realista. Podia acontecer a qualquer um. E o mesmo se aplica ao evoluir das relações que a Ellie tem com os que a rodeiam. As amigas, o suposto namorado... podia acontecer facilmente. (Especialmente o drama com o Jack.)

E pronto, as situações por que passa nesta viagem permitem à Ellie crescer um bocadinho e ter uma atitude ligeiramente diferente em relação ao sexo, o que é muito bom. Além disso, gostei muito de ver o desenvolvimento da relação que tinha com as suas amigas. Há partes embrulhadas e complicadas (amizade feminina é por vezes bem dramática), mas a Ellie permite-se sair da casca e fazer novas amizades, e gostei tanto de a ver com a Emma e do blog que criaram. Muito giro.

A amizade com o Paul também é um ponto interessante, e gostava de o ver mais desenvolvido no futuro (parece que há uma sequela). De certo modo, a Ellie e o Paul estão no mesmo barco, e a viagem de descoberta dele seria interessante de seguir. Já o Jack, se calhar sou só eu, mas estava a ver a milhas aquilo a não correr muito bem. Foi um marco na evolução da Ellie, mas pareceu-me uma pessoa pouco interessante, pouco interessada nela, e o seu comportamento era bastante... er... egoísta. A última vez que o vimos, bem, a atitude dele até me deu vontade de lhe bater.

Em suma, este livro revelou-se uma bela surpresa, e aprecio que a autora tenha discutido temas como o sexo e as relações com os outros duma forma divertida, honesta e bem realista, sem exageros e tragédias gregas. Parece que uma sequela está anunciada, e ainda bem, porque quero ver como é que a vida da Ellie evolui daqui para a frente.

Nota não positiva para a tradução, que apanhei ali umas asneiras que não se fazem. Dois exemplos. Vi Tweeter quando devia estar escrito Twitter. (A sério que ainda alguém dá erros destes? Bem sei que o site/empresa não se escreve da mesma maneira que o verbo to tweet, mas é uma coisa tão presente que parece estúpido que ainda gere confusão.)

E oh senhora tradutora, tenha vergonha, quando a Ellie diz no original que usou bleach no buço, ela não usou literalmente lixívia, caramba. Usou descolorante, que no mundo anglo-saxónico também é descrito pela palavra bleach. Mas quando é que neste país os tradutores vão desenvolver sentido crítico sobre o que traduzem? Ou será que esta senhora achou que isto fazia totalmente sentido no contexto? Lixívia no buço... credo. *facepalm*

Título original: Virgin (2014)

Páginas: 264

Editora: Presença

Tradução: Maria Ferreira

domingo, 19 de julho de 2015

Ventos de Mudança em Summerset Abbey, T.J. Brown


Opinião: Depois de dois livros que conseguiram manter o meu interesse, mas que não conseguiram deixar de me suscitar dúvidas e de me fazer apontar-lhes defeitos, chega o terceiro e último volume desta colecção. E sabem que mais? Foi fantástico, valeu mais que a pena, e valeu pela trilogia toda. Nem sequer tenho razões de queixa desta vez.

O aspecto mais importante e que mais me atraiu aqui neste livro foi mesmo a entrada na Primeira Guerra Mundial, porque permite colocar personagens em posições e funções muito mais interessantes. De certo modo, na minha cabeça passei o tempo a comparar a adaptação que este livro fez da Guerra com Downton Abbey, e honestamente o livro fica a ganhar.

É que a série fica demasiado presa à propriedade titular, e foge um bocado a mostrar coisas da Guerra, mostra mais como esta afectou a propriedade e os que nela vivem. O que até faz sentido, mas lembro-me que na altura em que a vi desejei ver mais sobre a Guerra, que mudou uma geração que até aí viveu com uma perspectiva de vida muito mais segura.

Aqui este livro enche-me completamente as medidas. Os personagens secundários externos ao elenco principal do livro são um pouco mais desenvolvidos, portanto quando vemos todos os rapazes do grupo de jovens a serem destacados e chamados para o exército, é muito mais fácil ficarmos preocupados com eles.

Todos os presumíveis pares das meninas protagonistas estão fora, e vamos tendo relatos deles, às vezes preocupantes e em segunda mão, às vezes em pessoa, que mostram como esta geração habituada ao ócio foi irremediavelmente afectada.

As jovens protagonistas também não ficam paradas. A Prudence morre de medo que o marido lhe seja levado pela Guerra, e luta para o proteger ao máximo, especialmente com a boa surpresa que recebem. É tão curioso ver evoluir a relação deles, e gosto de ver que algo que começou num pé menos auspicioso e menos afectuoso crescer para algo estável e forte e com afecto mútuo.

A Rowena ultrapassa o desgosto que recebeu anteriormente e agarra-se à vida e ao que adora fazer, a aviação, e consegue contribuir para o esforço de guerra servindo de piloto de transporte de aviões por todo o Reino Unido. É uma perspectiva tão excitante, e adorei seguir-lhe os passos. Tornou-se numa personagem favorita. Além disso, portou-se dum modo tão digno e despretensioso no campo amoroso, e gostei tanto de ver a ver evoluir desta maneira. O Sebastian foi um doce de pessoa e tão adorável.

(De certo modo, era este tipo de evolução que eu gostaria de ter visto para a Mary em Downton Abbey. Nem me lembro do que é que ela fez na série naqueles quatro anos, a não ser olhar para as paredes, e desde então têm embarcado num jogo ridículo de emparelhar a Mary que até me faz revirar os olhinhos. Como se ela não tivesse mais que fazer, e não houvessem coisas mais interessantes para a pôr a fazer.)

A Victoria, bem, anteriormente irritava-me um bocado, porque me faz comichão haver alguém tão idealista e ingénuo e com pinta para fazer asneira. No entanto, neste livro ela cresce brutalmente, e adoro vê-la como voluntária/auxiliar de enfermagem, e gosto de ver explorada a vida de uma mulher nesta época que o fizesse. Ainda mais porque gere bastante bem a sua doença, a asma, e isso permite-lhe fazer uma vida normal. Bem, não completamente, mas isso é porque a Vic exagera.

E diverti-me tanto a vê-la com o Kit, era muito claro que ele andava a zumbir à volta dela, mas a Vic quer independência e acha que não pode ter as duas coisas, o que é parvo, porque o Kit vai sempre fazer tudo o que ela quiser, é bastante óbvio. Ri-me tanto vê-los terem-se resolvido tão às pressas, é mesmo deles.

O enredo desenvolve-se muito bem, começa um pouco antes da Guerra, e entra por ela adentro até meio de 1915, parece-me. Há pequenos saltos no tempo, para permitir aos personagens viajar e fazer coisas e viver o dia-a-dia, mas nunca senti que isso se traduzisse em saltos abruptos na evolução deles, por isso a autora conseguiu fazê-lo funcionar.

Em suma, um óptimo fecho para a trilogia, uma boa descrição da Primeira Guerra Mundial e de como afecta os nossos personagens, e um livro que termina a história destes personagens fantasticamente e eleva a qualidade da série. (A única coisa que aponto é o fim, que parece um nada abrupto, não me importava de ter visto mais sobre o que aconteceu no futuro destes personagens. E gostava que a autora tivesse resolvido melhor a Elaine, ficou tão em suspenso, pobre da rapariga.)

Título original: Spring Awakening (2013)

Páginas: 280

Editora: Noites Brancas (Clube do Autor)

Tradução: Eugénia Antunes

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Curtas: BD

Lumberjanes vol. 1: Beware the Kitten Holy, Noelle Stevenson, Grace Ellis, Shannon Watters, Brooke Allen
Este livro é totalmente adorável. Já tinha ouvido falar tanto dele, mas não tinha uma ideia muito clara do que esperar, por isso ainda bem que me arrisquei. A história passa-se num campo de férias para meninas, ahem, hardcore lady-types, como o texto se refere ao grupo e ao campo, e conta as aventuras de um grupo de 5 jovens.

Só que a piada dessas aventuras é que têm um pendor sobrenatural, com serpentes marinhas gigantes, raposas com três olhos, e estátuas falantes, num misto de várias coisas que gosto de ler (ou ver), tudo no mesmo produto artístico, e isso é tão divertido. Quase que podíamos argumentar que tanta aventura é produto da imaginação das meninas, se não fosse a monitora delas aparentar ficar ciente dos monstros no fim deste volume.

O enredo corre bem, com um misto de aventuras e momentos mais calmos, alturas em que cada rapariga pode brilhar por mostrar uma capacidade que tem (afinal, isto é um campo de algo parecido com escuteiras, e têm de ganhar badges por certas capacidades que demonstram), e pontos em que descobrimos mais um pouco sobre elas e sobre o mistério geral no centro de Lumberjanes (o meu único problema é ainda não termos uma ideia muito clara do que se passa, detesto não saber já).

Gostei bastante de conhecer as várias jovens protagonistas, ficamos com uma pequena ideia das suas personalidades e relações, mas estou com vontade de as conhecer melhor, acompanhá-las foi uma delícia. A arte é exuberante e colorida e uma delícia para os olhos, e pontos-bónus para esta edição - com folhas mais grossas que o normal para estes livros, e com muitos extras de capas variantes para os vários números presentes no volume.

Rat Queens vol.1: Sass and Sorcery, Kurtis J. Wiebe, Roc Upchurch
Outro livro acerca do qual não sabia bem o que esperar, e outro que me surpreendeu. Basicamente os autores pegam em todos os clichés dos livros e jogos de fantasia que se lembraram, e comentam-nos e gozam com eles, e viram-nos ao contrário para criar uma história que provavelmente vai agradar mais se o leitor tiver algum conhecimento do género, para poder rir-se com as piadas internas inseridas na narrativa.

E a sério, só os arquétipos e raças neste são por demais engraçados de ver explorados. As protagonistas são uma elfa feiticeira, uma anã guerreira, uma humana clériga e uma smidgen/halfling/hobbit/whatever ladra. Só aí as expectativas sobre elas são esmagadas, com a clériga a ser também ateia, ou a ladra a ser uma hippie de primeira, com uma queda por doces e drogas.

As aventuras em si são bastante engraçadas e cativantes de acompanhar - alguém anda a tentar matar grupos de mercenários, e as protagonistas são um deles, e tentam safar-se das tentativas de assassinato ao mesmo tempo que procuram o culpado. Os personagens secundários e até a maneira como as aventuras decorrem fogem ao conhecido para o género, e adoro o sentido de humor embutido na narrativa e nos diálogos.

Gosto ainda mais de ver um grupo de mulheres mercenárias, femininas, com diferentes estilos e perspectivas de vida, a divertir-se, matar coisas por dinheiro, e com uma saudável perspectiva sobre sexo. Creio que tenho uma inclinação maior para a Dee, só porque ela no fim do livro na festa estava tão desconfortável na festa, agarrada ao seu livrinho e com uma disposição "não me chateiem". Mas na verdade gostei de todas, e apreciei as suas diferentes personalidades.

Saga vol. 3, Brian K. Vaughan, Fiona Staples
É assim, eu já comentei Saga por duas vezes aqui no blog, não sei se tenho muito a acrescentar. Grande parte das coisas que disse continuam a aplicar-se. É uma história que cada vez mais vai ganhando tracção, e está numa parte particularmente cativante e interessante. As histórias dos vários personagens cruzam-se finalmente, e beeeeem, é explosivo. (Quase literalmente.)

Achei bem interessante ver os desafios que se põem à Alana, ao Marko e à Hazel como família, e o que se perfila e se espera para eles no futuro, e achei tão engraçado ver a Klara e o Oswald darem a volta à geração mais nova. Para além disso, aprecio como os autores estão a conseguir desenvolver quase todos os personagens, fazendo o leitor preocupar-se com o que lhes acontece.

Velvet vol. 2: The Secret Lives of Dead Men, Ed Brubaker, Steve Epting, Elizabeth Breitweiser
Neste segundo volume da intriga em torno de Velvet, a protagonista volta a casa, em Londres, para perseguir mais umas pistas relacionadas com o mistério que investiga, e no qual foi implicada como bode expiatório.

Acho que a parte que eu gosto mais destes livros é a intriga de espionagem, as facadinhas nas costas entre gente deste meio, os segredos e mistérios, a incerteza do que vai acontecer e de quem temos à frente. E também o perigo associado à missão de Velvet, os planos malucos de espião que usam coisas tão básicas da natureza humana para funcionar, e o drama presente derivado de tudo o que aconteceu no passado.

Parece que estou a ver um episódio de Alias, uma série que eu adorava ver, e por isso digo-o no sentido de elogio. Essa série também conseguia ser bastante retorcida e cheia de reviravoltas. Neste volume, adorei ver como a fasquia sobe mais um bocado, a intriga revela-se ser mais profunda que o esperado, e a Velvet, apesar de ser quase sobrehumana nas suas capacidades, vê-se ultrapassada por alguém que joga este jogo ainda há mais tempo que ela.

Os pontos de vista espalham-se a outros personagens, o que dá uma imagem mais geral da coisa, mas também permite avaliar a genialidade da Velvet, na maneira como manobra a perseguição que lhe é feita, e se escapa entre os pingos da chuva. Espiões a enganar espiões é tão divertido.

O enredo avança com uma velocidade furiosa (heh, nada a ver com o filme), nem dando tempo para respirar, e levanta mais uma pontinha do véu deste mistério, ao mesmo tempo que coloca mais perguntas e mostra que isto é bem mais profundo que inicialmente se apresentava. A narrativa joga bem com as personalidades e tropes de espiões, e é um gosto acompanhar, nunca se torna confusa.

A arte é fantástica, Steve Epting e Elizabeth Breitweiser combinam traço e cor para apresentar uma imagem bem realista e cinematográfica, conjurando uma atmosfera bem adequada a uma história de espionagem dos anos 70. No entanto, não gosto muito da capa (deste e do anterior). Sei que está a tentar conjurar um estilo de época bem explorado, mas é mesmo por essa razão que sei que é possível fazê-lo sem parecer uma confusão pegada. Aqui não há ligação entre imagens, está tudo ali a flutuar sem nexo.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Amor Cruel, Colleen Hoover


Opinião: Colleen Hoover, minha cara, por favor, pára de me torturar. E não, esta frase nem sequer é no bom sentido. (Bem, maioritariamente não é no bom sentido.) É que escreves bastante bem, bem o suficiente para me cativar e arrebatar e arrastar ao longo das tuas páginas sem que eu dê por isso, e as tuas histórias são interessantes e cheias de reviravoltas, e os teus personagens têm (maioritariamente) um quê de real e relacionável, e eu embalo na história, e parece tudo bonito e perfeito.

MAS... e tudo tem um mas... as tuas histórias têm situações problemáticas, e não acho que lides bem com elas, e quanto mais penso nelas mais as detesto, e mais furiosa fico com o livro, e pronto, estão contentes, Dona Colleen e Senhor Cérebro da p7, acabaram de me estragar mais uma leitura perfeitamente decente.

A grande situação problemática deste livro: o Miles. Oh, a história dele é interessante, e trágica, e a maneira como a Colleen a conta, com os capítulos do Miles a serem em flashback, é cativante o suficiente. Contudo, bolas, o Miles do presente é um idiota (para não usar epítetos piores), e não me parece que se redima a suficiente para merecer que eu goste dele.

Primeiro: um rapaz de 24 anos que ficou emocionalmente (e sexualmente) preso nos 18 NÃO é sexy. Nadinha. Tenham lá paciência. Depois: ele porta-se de maneira tão estúpida com a Tate, e tem consciência disso, e pede desculpa, mas o problema é que à segunda, e terceira, e quarta vez, continua a portar-se como um estúpido.

Se pede desculpas é porque está minimamente emocionalmente envolvido, o suficiente para lamentar magoar a Tate, mas isso implica evitar voltar a magoá-la, o que ele não faz. (E nem é por causa do acordo deles. Podia manter-se emocionalmente afastado, e ser uma pessoa decente e não magoá-la. Mas não consegue evitar ser horrível com ela. Isso é simplesmente ser má pessoa.)

Mais: não conseguimos ver o suficiente da evolução emocional dele no presente para acreditar bem na sua mudança de sentimentos. Se eu franzir e esforçar bem os olhos consigo, lá bem no fundo, ver vislumbres de que o seu coração está comprometido, e que pode estar a mudar de ideias. Mas é isso. Sou eu a esforçar-me muito para ver coisas que podem não estar lá. A narração no presente é da Tate, e claro que estamos reduzidos ao que ela vê, mas creio que a autora podia ser mais e menos subtil ao mesmo tempo e plantar melhor as suas pistas.

Por fim: mas ele acha que pode trancar o coração e sentir só com a cabeça? Oh, céus, que perspectiva tão infantil e ingénua. Isto é mesmo um homem de 24 anos? Não parece. Porque o que é mais irritante é ver esses vislumbres de que falei, e vê-lo insistir na mesma atitude casmurra, de não querer sentir emoções, qual pessoa que bate com a cabeça contra a parede na esperança de atravessá-la.

Não digo que a caracterização dele não faça sentido em certos pontos, mas depois há outros em que podia ser bem melhor. Não vou pedir capítulos no ponto de vista dele do presente, fiz isso com o Hopeless acerca do Holder e arrependi-me porque achei o Holder tão aborrecido e repetitivo e choninhas no Losing Hope. Mas podíamos ter uma evolução dele para melhor mais profunda e mais bem explorada. Ser traumatizadinho não é desculpa para se ser má pessoa.

Agora a Tate. Eu gosto dela, é uma rapariga independente a esforçar-se para avançar profissionalmente e academicamente. E respeito-a o suficiente por se meter com o Miles consciente de que aquilo vai dar asneira, porque ao menos sabe isso, o que já é um passo à frente da maior parte das heroínas neste tipo de história.

Só que também tenho alguma dificuldade em respeitá-la por estar a insistir em cavar o buraco quando sabe que será a sua sepultura. No seu primeiro encontro, o Miles é tudo menos charmoso, um parvo autêntico, e o que é que ela está a pensar um bocado depois "ai ele é tão giro, apetece-me saltar-lhe para cima". *facepalm*

Acho que também tenho alguns problemas com eles como casal, porque ali não vi, ou li, grande química. A primeira cena de sexo deles é francamente aborrecida. Além disso, sinto que falta uma série de cenas que sirvam de ligação e que construam a relação deles, cenas mundanas (não relacionadas com o todo o sexo que é suposto terem) só com os dois que mostrem porque é que estão a mudar de perspectiva, porque é que se estão a aproximar. Temos poucas cenas disso, muitas de sexo, muitas com outros personagens, e muitas que não fazem nada para avançar a relação.

Há uma série de personagens secundários nos quais fiquei interessada, pelas cenas que li com eles, pelos seus comentários, pelos seus perfis. O Comandante, que é totalmente adorável. O Corbin, o irmão da Tate, e o Ian, o amigo do Miles, têm potencial. E a Rachel, que no meio disto tudo é a verdadeira heroína da história. Porque esta mulher teve a coragem de fazer paz com uma tragédia pessoal e continuar a viver, recusando-se a ser derrotada. Não podíamos ter contado a história dela em vez desta?

Enfim. Quanto mais leio Colleen Hoover, mais confusa fico. Gosto genuinamente de ler os seus livros, e divirto-me a lê-los, passo um bom bocado, e gosto de como constrói as suas histórias e até dos traços que dá aos personagens. No entanto, algo falha na execução, e quanto mais penso no livro depois de o ter lido, mais me irrita com os problemas que demonstra.

É engraçado, porque eu adorei o Hopeless, e encontro-lhe umas poucas falhas (melhor, gosto dele apesar das falhas), mas ainda assim lembro-me que achei que precisava de mais trabalho de edição. É precisamente o que encontrei neste: com alguém a obrigar a Colleen a pensar no sentido que a história e os personagens têm de fazer, isto seria francamente melhor. Eu consigo vislumbrar um livro melhor, mais bem feito, que seria brilhante com os pedaços que já gosto nele e com aqueles que precisa de melhorar, e sei que há uma história melhor à espera de sair desta escultura em bruto.

P.S.: não sei se gosto deste título. Amor Cruel soa-me a um tipo de relação que nada tem a ver com a descrita no livro. O Miles não é cruel, apenas insensato e pouco ponderado. E quanto ao passado, bem, já não é amor, pois não? O título aponta mais para o presente. Talvez Amor Sombrio? Melhor ainda, Feio Amor. Sei que é literal, mas também é simbólico, e lembra-me o dito popular de que quem feio ama bonito lhe parece, o que é bastante adequado à atitude da Tate ao longo do livro.

P.S.II: não sou fã da tradução. Não consigo apontar exemplos específicos, mas de vez em quando soava-me mal, como quando se tenta traduzir literalmente, em vez de figurativamente, algo que só faz sentido em inglês.

P.S.III: a capa no entanto é brutal e brilhante. Faz um sentido perfeito com uma cena crucial do livro. É até arrepiante.

Título original: Ugly Love (2014)

Páginas: 288

Editora: Topseller (20|20)

Tradução: Duarte Sousa Tavares

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Scorched, Jennifer L. Armentrout


Opinião: Pronto, estava eu a queixar-me na opinião anterior de um dos últimos livros desta autora, e depois tinha de vir este dar-me a volta e surpreender-me. Scorched é uma espécie de companion de outro livro da autora, Frigid; ambos têm personagens em comum, que são protagonistas num e personagens secundários noutro, e vice-versa, mas podem ser lidos em separado, sem haver propriamente continuação entre os dois.

A razão pela qual este livro é surpreendente é porque, indo numa direcção oposta ao sentido de humor que eu já espero da autora, ela decide falar de temas sérios. A protagonista, Andrea, bebe, e bebe muito, um problema só por si, mas que se revela uma bengala por ela usada para esconder outras coisas mais profundas.

E gostei de ler a caracterização que a autora faz da Andrea. O alcoolismo é uma forma de enterrar coisas para não lidar com elas, e a ansiedade e depressão subjacentes ao comportamento dela parecem tão certeiras, ela que age como uma menina de festas, divertida, cheia de vida, apenas para esconder os seus problemas mais profundos. Mais, ela tem uma família e vida familiar normal, e adora-os, o que foge ao que se vai tornando clichè no género New Adult contemporâneo. Gostei disso.

A única coisa que não gostei tanto no que toca a este detalhe da narrativa é que domina a segunda metade do livro, enquanto o romance e o humor dominam a primeira metade, e tematicamente sinto que ambas as metades podiam ter sido mais harmonizadas. Além disso, a autora tenta encaixar muito em tão pouco na segunda metade, com a recuperação da Andrea, e sei lá, gostava que esta tivesse mais tempo de antena, e que passasse por mais cenas e interacções com outros elementos da narrativa. Não temos uma imagem clara do que ela andou lá a fazer aquele tempo todo, e seria tão interessante de explorar.

Gostei de ver a Andrea e o Tanner juntos, porque personagens que começam como inimigos e acabam em namorados é sempre divertido de ver, e porque as trocas verbais deles eram sempre engraçadas. Mas também gostei de ver como a sua relação evolui, condicionada pela doença da Andrea e o seu caminho para ficar melhor.

Não fui a maior fã do Tanner em partes, porque aconteceu vezes demais ele fazer um comentário desbocado e (ainda que inintencionalmente) maldoso que magoava a Andrea, e nunca se vê ele tentar redimir-se ou melhorar este aspecto. Mas as reacções dele depois de descobrir a extensão dos problemas dela são louváveis, mantendo-se a seu lado, e eles têm tanta química que consigo acreditar neles como casal. Só me faltou um bocadinho de desenvolvimento pessoal do Tanner, mas compreendo que tenha ficado para segundo plano face à história da Andrea.

A Syd e o Kyler (do Frigid) voltam a aparecer, são os melhores amigos destes dois, são o típico casal, tão adorável e fofinho que até dá nojo (ehehe), e são os catalisadores do enredo, sugerindo as férias que juntam a Andrea e o Tanner na mesma casa. Mas custou-me que fossem egoístas num certo ponto. A Andrea tem uma crise e eles decidem simplesmente voltar para casa, sem pôr a decisão à consideração do grupo, obrigando todos a voltar.

Um forçamento de acções que lança a Andrea numa espiral depressiva por se culpabilizar pelo fim abrupto das férias - da qual eles não têm culpa, claro, mas sinto que podiam ter lidado melhor com a situação, especialmente a Syd, que tinha uma ideia, ainda que pequena, dos problemas que a Andrea fazia por esconder.

Em suma, não estava nada à esperar da história que me chegou às mãos, mas estou contente por a ter lido. Os problemas da Andrea soam tão reais, e tão insidiosos, e a sua caracterização é bastante cativante; é quase por acaso que se repara nos seus problemas, porque ela os esconde bem. Torci por ela a cada passo do caminho e o seu fim foi mais que merecido (ainda que não me importasse nada de ver a parte final mais bem desenvolvida).

Páginas: 248

Editora: Spencer Hill Press

sábado, 11 de julho de 2015

The Stars Never Rise, Rachel Vincent


Opinião: Bem, eu considero-me fã da Rachel Vincent, e até eu fiquei surpreendida com o facto de este livro me ter enchido as medidas, e o quanto me encheu as medidas. Já há algum tempo que não lia um livro dela (o ano passado foi marcado por não ter uma publicação dela, e ainda não me atrevi a continuar a explorar os livros já publicados por ela no passado mas ainda não lidos por mim), e parece que já não me lembrava que ela costuma escrever e apresentar as suas histórias duma maneira que me agrada bastante.

Primeira coisa mesmo fixe: a premissa. Só a Rachel para me misturar distopia com fantasia urbana e escrever assim num género a que vou chamar distopia paranormal, que não é muito comum ver por aí. Este livro passa-se num futuro construído depois do mundo quase ter sido destruído por possessões demoníacas - a sério, é mesmo isso.

Essencialmente, no passado deste mundo houve um momento em que as pessoas se deram conta da existência de almas, e de que o "poço" de onde quer que elas vinham tinha secado, e que os bebés que estavam a nascer morriam todos por falta de almas. E deram-se conta que demónios possuíam pessoas, e que podiam existir normalmente, pelo menos até consumirem a alma dessa pessoa e deixarem uma espécie de zombie no lugar do que era um corpo saudável.

Neste passado a Igreja (Church no original) lutou contra os demónios, e diz que venceu. Que o local da acção (os EUA) está livros de demónios. Isso dá-lhes poder para gerirem a sociedade como lhes convém, o que passa por uma série de regras estritas sobre comportamento adequado, uma espécie de Neo-Puritanismo que leva a jovens serem "esterilizados" se forem vistos, de algum modo físico ou psicológico, como impróprios para reprodução, ou que leva a espectáculos públicos de queimamentos na fogueira se alguém tiver um comportamento suficientemente herético.

E gostei mesmo de ver isso explorado. Adoro o conceito de uma sociedade controlada pela religião, ou por uma organização que usa a aparência de religião para controlar as pessoas. Gosto da imagética que adoptaram, muito inspirada na religião tradicional, e do uso de regras e tradições religiosas antigas, e até de irem buscar (o que são basicamente) autos-de-fé para pessoas que saem da linha.

Gosto do conceito de possessões demoníacas, que implicam que alguém próximo de ti possa ser um deles, ou que pelo menos deixem essa suspeita, e quando esse pequeno comboio de desconfiança parte, leva a que se possa desconfiar de toda a sociedade e de como está organizada - o que é o objectivo neste livro. E gosto do conceito de exorcistas e de como funcionam neste livro.

Segunda coisa que gosto, os personagens. Adoro a Nina, uma boa protagonista, muito ao estilo da autora, capaz, corajosa, decidida a fazer o que precisa para sobreviver. A Nina e a irmã, Melanie, têm sobrevivido com dificuldade por a mãe ter caído aparentemente no vício da droga, mas fazem tudo para continuar e evitar que a Igreja descubra a situação e as separe.

Não sou a maior fã da Melanie, porque achei-a demasiado cabeça no ar e desconsiderada para com as circunstâncias, sem pensar bem no que fazia, mas não posso negar que é uma boa caracterização. Pelo menos aprecio-lhe a fibra moral e gosto da sua relação com a irmã. Protegem-se, cuidam uma da outra, preocupam-se.

O interesse amoroso é algo abordado aos poucos, sem dominar a história, e até é uma coisa fascinante, que me dá muita vontade de ver explorada. As capacidades do Finn são únicas, e a sua natureza traz questões sobre amor e atracção e como "funcionam". O conceito da sua existência é brilhante no contexto deste mundo, e as possibilidades são quase infinitas. Tenho as minhas ideias sobre o que a autora pode vir a fazer, mas é tão provável que esteja certa como errada.

O grupo Anathema é um belo grupo de jovens que me deu vontade de conhecer melhor. Achei alguma piada e irritação com a Devi, que tomava aquela atitude antagonística, mas é uma espertalhona, e gosto que seja uma rapariga com atitude. Fora isso, quero conhecer melhor os outros, mas gosto da dinâmica no grupo, especialmente com a presença do Finn.

Também gostei de como a narrativa desenvolveu, o enredo corre a bom ritmo e é uma viagem de descoberta da Nina, do que é capaz e das mentiras que a sua sociedade lhe impingiu. Creio que adivinhei as reviravoltas, mas não creio que era suposto serem surpreendentes, tendo em conta o género são mais ou menos cruciais existirem na narrativa; deviam ser chocantes, e isso foram. Li o livro em menos de nada, e quando embalei, nunca mais quis parar, por isso posso dizer que é devorável e bastante cativante.

Quanto à escrita, eu já sei que gosto da Rachel Vincent, e gosto de como ela apresenta certas coisas. Gosto das premissas dela, pouco usuais. Gosto que haja uma discussão honesta sobre comportamentos no seio desta sociedade, e como certas atitudes são problemáticas, e gosto como nunca há uma culpabilização da Nina ou da Melanie pelas opções que tomaram.

Em suma, um belo livro que inicia uma nova série. A Rachel Vincent é uma autora muito capaz, que faz as coisas duma maneira que me cativa e agrada, e conseguiu ainda nunca me desapontar. (Ao contrário doutra autora que leio muito e aprecio, a Jennifer L. Armentrout... sim, JLA, ainda estou MUITO lixada com o Stone Cold Touch.) Gosto do cenário, da premissa, dos personagens e da escrita, por isso tem tudo para continuar a dar certo.

Páginas: 368

Editora: Delacorte Press (Penguin Random House)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Royal Wedding, From the Notebooks of a Middle School Princess, Holiday Princess, Meg Cabot


Páginas: 160 / 192 / 448

Editora: HarperCollins / Feiwel & Friends (MacMillan) / MacMillan

Estava bastante expectante acerca destes novos livros relacionados com os Diários da Princesa, porque não sabia bem o que esperar. Não precisava de me ter preocupado. A Meg Cabot continua com o seu sentido de humor bem afinado, continua com mão para as referências culturais, e ler mais uma aventura da Mia foi como voltar a casa depois de muito tempo fora: reconfortante, e muitíssimo divertido.

Tendo lido os dois novos livros lado a lado, prefiro (e recomendo) a ordem de leitura como a fiz, primeiro o livro da Olivia (From the Notebooks of a Middle School Princess), e depois o da Mia (Royal Wedding). O livro da Olivia passa-se num mais curto espaço de tempo, e cronologicamente está no meio do Royal Wedding, por isso faz mais sentido lê-lo depois, para perceber o que levou aos eventos em torno da Olivia, e o que resultou depois deles. Por outro lado, a Olivia aborda certos pontos mais levemente, ou passam-lhe ao lado certas coisas que depois podemos ver melhor exploradas pela Mia. E assim, complementa-se a leitura entre ambos sem estragar o resultado de cada um.

Posso começar por comentar que a Olivia é completamente adorável. É tão engraçado, mas é uma miúda completamente diferente da Mia, e nota-se. É menos neurótica, menos cínica e céptica, e mais segura de si mesma, mais observadora, e acima de tudo, mais cativante. Não tem problemas nenhuns em cativar a Grandmère pelo amor mútuo que sentem por animais (vá, os cães da Grandmère). É uma pequenita corajosa, e nunca se queixou do tratamento recebido na casa dos tios.

O seu é um livro curtinho, pois a audiência-alvo é mais nova, mas é igualmente cativante. Adorei a voz da Olivia, e não tive dificuldade em segui-la. Gostei muito de ver que tem sonhos e deseja ser ilustradora da vida animal, que tem objectivos definidos, e gostei que fosse bondosa e nada conflituosa, e genuína, e completamente cativante para os que a rodeavam. (Não gostei do tratamento que os tios lhe davam - quando começamos a perceber as coisas, através da narração da Olivia, é arrepiante.) Se saírem mais livros da Olivia, lerei com prazer.

Quanto ao lado da Mia, diverti-me tanto a ler a sua história. Passaram alguns anos (8, na cronologia dos livros), e nota-se, na diferença de perspectiva, mas noutras não mudou nada. A Mia está mais segura de si, mais experiente e assertiva, mas ainda é dada a neuroses e ser hipocondríaca, e é bom ver que alguém que tem a minha idade não tem tudo resolvido.

É curioso ver uma Mia adulta, ver o que ela faz agora, na vida adulta, depois da universidade. Ver como ela e o Michael estão. Ver a sua relação com os que a rodeiam. Adorei descobrir as mudanças nas vidas destas pessoas que me ocuparam tanto tempo.

E por falar nisso, mudanças favoritas: o Boris ser agora a modos que um Justin Bieber. Do melhor. A Lilly passar o tempo a insinuar-se ao Lars. A Lana casada e mãe! (Medo! Aquela rapariga a educar uma criança!) Uma mudança menos favorita: o Frank Gianini. Sei porque aconteceu, e de certo modo abre a porta a outras coisas que eu gostei de ver, mas bolas, também é triste. Por outro lado, gostava de ter visto mais da mãe da Mia e do Rocky, sinto que vimos tão pouco deles.

Achei muito interessantes as referências, porque dão uma boa imagem do momento cultural que se vive. A prevalência das redes sociais e dos smartphones, a presença da vida privada da Mia nos jornais, a existência mesmo de um site que faz um ranking dos membros da realeza europeia conforme as preferências dos utilizadores. (Claro que a Mia fica obcecada com isso a certo ponto.)

Ainda mais interessante, quando a Mia era uma miúda, não era tanto incomodada pelos media, o que acontece agora, a um ponto invasivo e quase perturbador. Não sei se é por ela antes ser menor, ou se é porque hoje em dia os media são bem mais agressivos, talvez seja um pouco de ambos, mas é uma perspectiva fascinante a ponderar.

Quanto à Mia e ao Michael, só tenho a dizer que são adoráveis. Gosto de ver a relação deles num ponto tão estável, de entendimento mútuo, é uma mudança refrescante e sempre foi o que quis ver deles, um casal de iguais. Adorei um certo pequeno desenvolvimento entre eles, porque só a Mia para ser tão clueless (eu percebi as pistas todinhas), e foi uma delícia acompanhá-los por esta fase tão atribulada da sua vida. (Não era parte dos Diários da Princesa se assim não o fosse.)

Agora que penso nisso, chego à conclusão que a Meg podia perfeitamente ter estendido estes livros por dois ou três: Royal Engagement, Royal Wedding, e talvez Royal Birth? Seria tão divertido, acompanhar todos os dramas da Mia por estes acontecimentos tão gigantescos da vida dela.

Outras coisas que gostei: rever a Grandmère, e todas aquelas referências enviesadas a ela andar enrolada com actores de Hollywood com metade ou um terço da idade dela. (Heh, assim é que uma pessoa se mantém jovem e com pedalada.) Gostei do percurso do pai da Mia pelo livro, que teve de se confrontar com algumas decisões bem grandes, e agora finalmente posso acreditar que o homem está mais bem resolvido que alguma vez o vi.

Oh céus, agora estou mesmo a pensar em que precisava de ler mais um volume ou dois com a Mia. Livros novos na série, bem entendido. E em hardcover, pode ser, oh forretas da editora da Meg? Por favor, todos os livros dos Diários da Princesa tiveram direito a isso quando a série era YA, mas agora que tem um volume de teor mais adulto já não há cá nada para ninguém? Bah. Além disso, detestei a capa americana (a minha edição, aqui vista, é a britânica/resto do mundo, bem mais fofinha, e visualmente faz par com a americana da Olivia), tão pouco inspirada e ao mesmo tempo cheia de tralha.

Uma breve menção a Holiday Princess, que é um pequeno livro na senda dos outros semelhantes, só que desta vez sobre a época festiva em Dezembro, e que várias festas religiosas e que tradições são observadas na altura. Muito giro. Há uma secção com um parágrafo para montes de países, e Portugal aparece lá.