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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Curtas BD: Spider-Verse

The Amazing Spider-Man v.2: Spider-Verse Prelude, Dan Slott, Christos Gage, Giuseppe Camuncoli
The Amazing Spider-Man v.3: Spider-Verse, Dan Slott, Olivier Coipel, Giuseppe Camuncoli
Spider-Woman v.1: Spider-Verse, Dennis Hopeless, Greg Land
Chamei a este post Spider-Verse, porque a maior parte das histórias aranhescas que li se focam neste "evento", mas antes disso ainda temos o primeiro volume em que Peter Parker está de volta e em controlo do seu corpo e da sua vida.

E não sou particularmente fã. Desde quanto é que o Peter é tão... estúpido? Tanto no sentido de ser parvo com as pessoas, como intelectualmente? A história correspondente ao primeiro volume é suposta ser sobre ele ser um azarado, mas as asneiradas empilham-se ao ponto da incredibilidade.

Porque raios é que a Gata Negra está a agir duma maneira tão lixada? Achava que a Gata tinha mais estilo. E bolas, até meio que gosto da ideia da Silk, mas soa tão mal, tão patetinha esta coisa de eles se comportarem como dois adolescentes no cio. Isto é suposto ser interessante para que tipo de leitor, mesmo?

Enfim. O aparecimento da Silk prenuncia o início de um evento no universo aranhesco, Spider-Verse. Personagens misteriosos andam a percorrer os múltiplos universos, matando e alimentando-se de todos os personagens aranhescos que encontram; o retorno de uma história e de um personagem que, ei, eu até li, há muito, muito tempo atrás. Não é que me lembre de tudo, tendo em conta o tempo que passou, mas lembro o suficiente.

E, tendo em conta o que me lembro, gosto bastante da expansão do conceito, desta "família" de comedores de aranhas, da invasão de universo após universo (especialmente tendo em conta o que estava a acontecer no universo Marvel, com o drama de universos a colidirem).

Mais ainda, achei bastante piada a ler sobre todas as possíveis interpretações de seres aranha que pudessem haver por esses universos fora. Por favor, havia um Gato-Aranha! (E detestei o que lhe aconteceu.) E havia um porco, e um punk, uma Lady Spider (steampunk), e um britânico, duas versões mecha (um parecia um Power Ranger, outro saído de Evangelion), o Miles Morales e uma Jessica Drew que no universo Ultimate, o deles, é um clone?

Bolas, os aranhiços certamente gostam dos seus clones, se bem que não posso dizer que alguma vez tenha lido alguma coisa com eles. (Estou apenas ciente que a coisa dos clones é uma coisa no universo do Peter Parker.) E tenho de acrescentar que o meu aranhiço favorito foi aquele que nem sequer posso discutir, um que já morreu na cronologia "normal", mas cuja história é um reflexo da do Peter. Foi giro, e até comovente, ler e descobrir os paralelos.

Acho que as críticas que posso fazer prendem-se com o âmbito do evento. Quer espalhar-se por tantas revistas aranhiças, contar tantas histórias, que às vezes se perde um pouco, talvez? Quero dizer, a ideia de acrescentar no fim de cada número uma pequena história sobre um universo diferente, um Aranha diferente, é gira.

Contudo, a certa altura, mais para o fim, a história pareceu perder um pouco de coesão, e a verdade é que sinto que certas coisas não são bem esclarecidas. O suposto papel da Silk e dos outros "aranhas especiais", por exemplo. Porque é que tinham os "títulos" que tinham? É este o problema dos eventos. Às tantas esta treta foi explicada num sítio qualquer que eu não li. Um, devia ter sido explicada nos títulos principais, que eu li. Dois, a história em cada número/título devia valer por si, e tais vazios são uma fraqueza narrativa.

O que me leva ao volume da Jessica Drew, a Spider-Woman. Céus, que burrice começar um título novo e metê-lo no meio dum evento. Metade dos fios de enredo começam aqui e acabam noutro sítio, ou vice-versa. (Aliás, é o problema com grande parte do evento. Metade dos personagens vai em missões laterais, que, adivinhem, continuam noutras revistas. Não parecem ter histórias muito importantes para a narrativa principal, ou pelo menos não lhes senti a falta.)

Voltando à Jessica. Gosto bastante dela, da sua personalidade, de como é confiante e assertiva; e gostei de seguir a missão principal dela, de "toupeira" no meio dos Inheritors. Melhor ainda, neste mundo, o Namor é um pirata. Acho isso extremamente hilariante.

Enfim, isto não foi suficiente para me matar a vontade de ler a Jessica, aliás, deu-me mais vontade, porque acho que ela merece uma história só para ela, sem factores externos a meter-se. Por outro lado, fico a achar que esta coisa dos "eventos" nas editoras americanas de banda desenhada são uma treta, têm mesmo pinta de ser só para vender, e parece-me normal que lhes acabe por faltar um bocado de coerência, porque nenhum argumentista merece ter de atar tantas pontas em tantos lugares diferentes.

sábado, 7 de novembro de 2015

Curtas: Poderosos Heróis Marvel, volumes 12 a 15

Thor: Coração do Mundo, Matt Fraction, Olivier Coipel
Este livro decorre, ao que sei, depois do evento Siege, e Asgard e os Asgardianos ainda se mantêm junto a uma cidadezinha do Oklahoma. Thor e Sif são enviados por Odin ao fundo de Yggdrasil, para encontrar uma misteriosa Semente do Mundo. Esse acto chama a atenção de Galactus, que vem para a Terra com o objectivo de a adquirir; só que Odin tem outros planos...

Normalmente não leio muita coisa que envolva os Asgardianos: é paradoxal, em teoria gosto muito da mitologia envolvida, e o que tenho encontrado agrada-me; mas há uma gravidade na atitude dos personagens que não me leva a lê-los muito.

Tendo dito isto, é uma premissa meio interessante. Frustra um bocadinho não saber o objectivo mais geral da introdução da Semente, mas a ideia é provocante, especialmente quando leva a questionar a natureza de divindade e dos deuses asgardianos. Tendo a desconfiar das aparições do Galactus, porque é suposto ser tão assustador, mas toda a gente e o primo deles quer usar o Galactus numa história, e dá a sensação que depois se arranja uma maneira demasiado fácil para derrotá-lo. Diminui a ameaça que é suposto representar.

Pontos altos do livro: a presença de Broxton, e a preocupação normal dos seus cidadãos com os vizinhos asgardianos; o Volstagg e o seu alheamento da realidade; e o Kid Loki, que é uma apresentação curiosa do personagem (e a tentativa dele roubar o cabelo da Sif é extremamente divertida).

O Thor parece um pouco estranho, está desenhado duma forma que não me parece visualmente muito interessante; e por outro lado, vejo a Sif por ali apenas a servir de enfeite do cenário, que também não é nada interessante.

Hulk: Futuro Imperfeito, Peter David, George Pérez, Dale Keown
Huh. Quem diria que o Hulk se torna 100 vezes mais interessante num futuro distópico e/ou pós-apocalíptico? Talvez seja da minha preferência pelo género, mas achei que ambas as histórias trouxeram ao cimo os conflitos essenciais do personagem.

Futuro Imperfeito mostra um Hulk do presente, a ser levado para um futuro distópico regido pelo Maestro. A relação entre os dois é fantástica de ver na página, e gostei bastante da exploração psicológica da mesma. O final é muito bom, usa elementos da mitologia do personagem e elementos da história, e fecha o ciclo.

Gostei tanto da arte, visualmente era bem estimulante, com uma bela cor, e tão detalhada. Algumas páginas eram estonteantes. (A sala dos artefactos de heróis do passado também era muito fixe.)

O Fim é totalmente pós-apocaliptico. Todo o mundo morreu num evento apocalíptico, e apenas o Hulk sobreviveu, passando os dias na dualidade entre o Bruce Banner e ele próprio. A desolação da paisagem é impressionante e assustadora, e aquela coisa dos insectos é simplesmente aterradora. Além disso, a ideia de outrém a vigiar a Terra durante o apocalipse é preocupante. Além disso, a dualidade entre as duas facetas do personagem é explorada duma forma que me agrada dentro do contexto.

Marvels: Através da Objectiva, Kurt Busiek, Jay Anacleto
Gostei bastante do primeiro Marvels, mas sabia que este era um pouco menos bem visto, e então estava curiosa e ao mesmo tempo de pé atrás quanto a lê-lo. Pois bem, é uma história de natureza um pouco diferente, mas igualmente satisfatória, parece-me. Funciona como sequela, mas algumas cenas mais do início estão intercaladas com os acontecimentos do primeiro livro, e gostei de seguir novamente o Phil.

O tom é menos esperançoso, mais negativo. Contudo, tendo em conta a condição do Phil, é o que faz mais sentido. Em adição, o Phil está a envelhecer, ao passo que estas maravilhas continuam na mesma e a salvar o mundo, o que compreensivelmente o deixa algo amargo. A velhice também pode trazer algum conservadorismo, que pode mudar a perspectiva do Phil.

Em último, o mundo também mudou. O sensionalismo das épocas mais tardias é muito certeiro, e compreende-se a desilusão de Phil com o seu meio, e a sua reaproximação dos que admirava. É isso que aprecio no livro, a relação de Phil com as maravilhas que continua a observar, a perspectiva do homem comum no meio do caos.

Pontos para a escrita, que achei mesmo emocional, capaz de evocar aquilo que Phil sentia no momento, de forma poderosa. Fiquei impressionada. O final é algo amargo, e inevitável, mas fico feliz pela reunião que trouxe. A arte, bem, isto não é nenhum Alex Ross - é injusto metê-lo ao barulho e permitir sequer a comparação, porque não é justo para os outros artistas. Até gostei deste trabalho, e como de certo modo era mais sombrio que no volume anterior. Muito adequado.

Gavião Arqueiro: Quem Pelo Arco Vive, Matt Fraction, David Aja, Javier Pulido, Alan Davis
Eu já opinei este livro aqui, e adorei, e a minha opinião mantém-se. Só queria uma oportunidade para o destacar outra vez. Agora que acabei a série estava a ficar com saudades, e aproveitei esta oportunidade para a releitura.

Este volume tem todos os números da revista contidos no primeiro volume da revista, mais o número 6, que já faz parte do segundo volume. E já agora que tenho oportunidade, destaque para as introduções incluídas em todos os volumes, são a primeira coisa que leio e são frequentemente interessantes, informativas e uma boa forma de entrar na história.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Curtas: X-Men, Journey into Mystery, Thor

X-Men vol. 1: Primer, Brian Wood, Olivier Coipel, David López
Este livro é tão curtinho! Mal dá para apreciar a história e os personagens antes de acabar. Normalmente os arcos de história deste tipo de BD ocupam mais números, 5 ou 6, e este só tem 4, sendo que os primeiros 3 contam uma história contínua e o quarto é mais uma espécie de epílogo. A razão para tal é muito simples, os números seguintes da revista entraram no evento Battle of the Atom, mas mesmo assim é uma pena que não tenha havido mais espaço para contar esta história.

Acho que o meu primeiro contacto com os X-Men deve ter sido aquela série de animação dos anos 90, em cuja equipa estava a Jubilee; e por isso, apesar de ela geralmente não aparecer muito na BD que eu tenha lido, acaba por ser um elemento muito presente da equipa para mim. E por isso é muito bom vê-la na equipa aqui retratada neste livro.

A ideia de uma equipa feminina é bem gira, especialmente porque gosto muito das personagens que a compõem. Nesta primeira história, voltam a encontrar um antigo inimigo, que desta vez não é o antagonista, mas o desenrolar deste enredo não é muito forte ou intrigante, porque não tem tempo para se desenvolver ou ser mais ambicioso.

A melhor parte da história é a formação da equipa, o juntar dos elementos num grupo que trabalha bem em conjunto. Há tensões e discussões e choque de personalidades, enquanto tentam levar a cabo a missão, algo que é bastante realista.

É muito interessante por exemplo ver uma situação em que a Storm mostra como é implacável na protecção da equipa, ao ponto de poder sacrificar alguém que pensam já não poder salvar (o que gera tensão com outros elementos), mas depois na cena a seguir arriscar-se para salvar outro elemento da equipa. É uma dinâmica com potencial para se contarem boas histórias.

Esta revista, ao que sei mais generalista, conta um arco de história centrado na Sif. A história começa com mais um ataque em Asgard, que deixa Sif frustrada pela destruição e pelas vítimas que deixa. Decidida a tornar-se uma melhor e maior protectora, vai a extremos na procura dessa demanda.

Parte do interesse aqui passa por conhecer melhor a personagem da Sif, o que é satisfatório, mas também ver o percurso dela por esta tentativa de ganhar armas para cumprir melhor a sua missão. O que a leva a perder-se um pouco, mas também é uma boa curva de aprendizagem e fascinante de acompanhar.

Contudo, o melhor deste livro é a arte. Tem um estilo clássico e intemporal, que combina bastante bem o desenhador (Valerio Schiti) com a artista responsável pelas cores. E é esta (Jordie Bellaire) que merece todos os louvores, porque grande parte das páginas dão muita vontade de olhar e suspirar de tão bonitas, pelo trabalho de cor. É uma pena que no geral os coloristas não sejam muito reconhecidos nos créditos das capas das revistas e livros onde trabalharam. É trabalhos como este que merecem todo oreconhecimento.

Thor: The Dark World Prelude, Christos Gage, Christopher Yost, Craig Kyle, Jason Aaron, Lan Medina, Scot Eaton, Ron Lim, Ron Garney
Este volume reune algumas histórias em preparação para o segundo filme do Thor. Tem um número da revista de BD mais recente do Thor, em que o personagem Malekith é reintroduzido na história - a razão da presença da mesma, já que o personagem também aparece no filme. Tem também um par de números que reconta a história do primeiro filme.

Ambos são relativamente interessantes; o primeiro porque conseguiu cativar-me, e num instante fiquei investida na história e com vontade de continuar. O segundo porque permite rever a história do primeiro filme, o que é importante para o que se segue.

No entanto, a minha parte favorita do volume são os dois números que funcionam verdadeiramente como prelúdio para o segundo filme, porque preenchem os detalhes e complementam o decorrer dos acontecimentos entre os dois filmes do Thor. Isso quer dizer que explicam o que é que alguns dos personagens andaram a tramar durante este espaço de tempo, incluindo durante o filme dos Vingadores.

E pronto, foi bastante satisfatório perceber onde andava o Thor enquanto não estava no grande ecrã, e perceber o que o Loki andava a tramar, ver quem sabia o quê, e até onde é que estava a Jane e o que fazia, incluindo a pequena menção que ela tem no filme dos Vingadores. De certo modo, as pontes todas foram bem atadas, e gostei muito disso.

Quanto à arte, é relativamente satisfatória, nada de extraordinário, mas o número de Thor: God of Thunder, aquele com o Malekith, é bem giro. Segue o estilo gráfico dos números anteriores, o que é recompensador. Gosto disso.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Colecção Universo Marvel #18, #19 e #20: Wolverine, Vingadores vs. X-Men

Wolverine: Evolução, Jeph Loeb, Simone Bianchi
Uma história que apresenta um novo inimigo do Wolverine, enquanto se debate com um inimigo já bem seu conhecido, Evolução tenta adicionar mais alguns pormenores à mitologia do personagem, desenvolvendo ainda o seu passado.

É intrigante ver revelados certos pormenores sobre o passado do Wolverine e sobre um tal Romulus, que eu já tive oportunidade de conhecer e ler sobre, em histórias mais à frente. Contudo, não sou totalmente fã da narração com flashbacks, que é um pouco confusa e convoluta.

A questão da Evolução também me faz duvidar se seria completamente necessária para apresentar o Romulus; possivelmente sim, mas gostava que tivesse sido explorada doutra maneira. No entanto, gostei bastante da narração interna do Logan, que deu algum interesse à história.

A arte é visualmente muito interessante, talvez um pouco escura, mas bastante enérgica; a composição das pranchas e a organização das vinhetas nelas confere alguma dinâmica à acção. Só não sou completamente fã dum aspecto visual tão escuro.

Vingadores vs. X-Men 1: O Dia da Fénix, Brian Michael Bendis, Jason Aaron, Ed Brubaker, Jonathan Hickman, Matt Fraction, John Romita Jr., Olivier Coipel 
Vingadores vs. X-Men 2: E Então Restou Um, Matt Fraction, Brian Michael Bendis, Jason Aaron, Ed Brubaker, Olivier Coipel, Adam Kubert 
Já disse por aqui que não sou muito fã das sagas longas, porque tendem a arrastar e a engonhar, sem sim à vista; mas este Vingadores vs. X-Men até fez um bom trabalho em manter a minha atenção. O enredo corre a um bom ritmo, e em vez de termos os heróis a correr dum lado para o outro sem rumo (bem, até temos um bocadinho disso), há um acontecimento aproximadamente a um terço ou a meio da história que muda o foco e os desígnios dos super-heróis , e que ajuda a dinamizar a narrativa.

A história geral é responsabilidade de cinco argumentistas bem conhecidos (Brian Michael Bendis, Jason Aaron, Ed Brubaker, Jonathan Hickman e Matt Fraction), que se revezam a escrever cada número individual da história. Fazem um trabalho decente a criar um todo coerente, suponho; não conheço os estilos narrativos respectivos o suficiente para os identificar, mas deu para notar que cada número tinha um estilo diferente.

A premissa em si é bastante interessante, com os dois grupos titulares a discordar acerca de um assunto que lhes é muito caro - a vinda da Fénix, presumivelmente para encarnar na Hope Summers, e o caos que poderá vir daí - e a história que daí resulta até entretém, e se acompanha bem. Contudo, é daquelas premissas que se eu me puser a esmiuçar cai logo abaixo - creio que se os dois grupos se sentassem a uma mesa a discutir o assunto em vez de partir para a agressão imediatamente, não tínhamos tido tanto drama. Por outro lado, se toda a gente não insistisse em ser tão irracional, não tínhamos história, portanto...

Tenho a sensação que os Vingadores se fartaram de pôr o pé na argola vezes sem conta, em termos tácticos, o que é um pouco estranho, tendo em que conta que são liderados pelo Capitão América, que é supostamente um bom líder militar e uma pessoa razoável. E por falar no Capitão, a militarização da situação inicial parece-me totalmente descabida. Esperaria essa atitude dum Nick Fury, mas do Capitão? Bah.

Outro que faz uma asneirada de todo o tamanho é o Tony Stark. Para o génio que é suposto ser, como??? Como é que ele comete uma argolada como aquela com a Fénix? Podemos argumentar que tudo o que se segue é culpa dele, que foi fazer de Deus sem ter a certeza do que estava a fazer - o que não me parece nada típico do Homem de Ferro, mas enfim.

O acontecimento a meio da narrativa leva as coisas para novo território, e torna-se interessante seguir o Quinteto da Fénix. Porque a ideia inicial que têm, de melhorar o mundo em que vivem é fantástica; mas como acontece frequentemente com quem possui muito poder, as boas intenções degeneram. É curioso observar como os personagens resistem ou não ao poder da Fénix, mantendo a sua personalidade ou exacerbando-a até ao ponto de desequilíbrio.

Agrada-me a ideia final do que acontece à Fénix. A verdade é a história para trás deste evento é longa e complicada, indo bater pelo menos até à Dinastia de M, e aquilo que a Wanda/Feiticeira Escarlate fez nessa história teve repercussões durante muitos anos. Portanto, é adequado que ela tenha um papel na resolução do conflito, e que seja peça essencial no equilíbrio das capacidades da Hope.

Sobre uma certa morte ali para o final, bem, já disse que estou à espera que o personagem volte a todo o momento, por isso não me aquece nem arrefece. Ainda por cima o momento é tão anticlimático, ocorrendo depois dum momento grandioso, e tão inglório - querem mesmo que eu acredite que esta pessoa não saberia fazer melhor que cutucar uma fera enfurecida? É quase como se fosse culpa dele, bolas. A situação diz mais sobre a psique do perpetrador e de como se sentia em relação à sua vítima - de forma exacerbada pela Fénix.

Aprecio perceber finalmente o estado de algumas coisas nos primeiros números do Marvel NOW!, há muita coisa que faz agora sentido, como a tensão entre o Pantera Negra e o Namor. E percebi porque é que o casamento do Pantera com a Tempestade acabou, ainda que seja por uma razão estúpida - estarem de lados opostos do conflito não me parece suficiente, muito menos ele culpá-la pelo que o Namor fez, mas enfim...

Quanto ao trabalho artístico, está bem representado, entre três desenhadores bem conhecidos (John Romita Jr., Olivier Coipel, e Adam Kubert); só lhes notei a diferença porque o primeiro desenha caras e expressões num estilo mais cartoonesco e menos realista. Uns (Olivier Coipel, parece-me) têm mais queda para brincar com a organização das páginas e o posicionamento das vinhetas, mas no geral o trabalho apresentado conseguiu manter o meu interesse.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Colecção Universo Marvel #7, #8 e #9: Universo Marvel, Thor, X-Men

Universo Marvel: Marvels, Kurt Busiek, Alex Ross
Há uns anos ouvi falar deste livro, e fiquei interessada em lê-lo, especialmente porque sabia que tinha havido uma edição recente em português. Só que como o meu timing para estas coisas é sempre genial, o livro já não se encontrava nas livrarias, e vi a minha tentativa de o ler gorada. Por isso, fiquei muito animada quando vi que o livro ia ser publicado nesta colecção, porque era agora a minha oportunidade de o ler.

E fiquei fascinada. Normalmente, os super-heróis metem-se em sarilhos com os vilões, destrói-se tudo na luta, e no fim os heróis vencem, e não há um momento para contemplarmos a destruição, e raramente vemos os seres humanos comuns e a sua perspectiva no meio disto tudo. Quero dizer, Nova Iorque é rotineiramente destruída, ou transformada numa Ilha das Aranhas, ou outra coisa igualmente bizarra, e nunca vemos os Nova Iorquinos a passarem-se da cabeça e expulsarem os super-heróis de lá, pois não?

Portanto, Marvels apresenta a perspectiva de um homem comum, Phil Sheldon, fotógrafo cujo trabalho vai frequentemente levá-lo a seguir estas maravilhas titulares e as suas aventuras. Desde os primeiros heróis da Marvel, antes da Segunda Guerra Mundial - o primeiro Tocha Humana, o Namor, o Capitão América -, até ao aparecimento dos mutantes nos anos 60, até à trágica morte da Gwen Stacy nos anos 70.

E é muito interessante ver sugerida uma possível reacção de um homem comum a estes eventos. O maravilhamento com as capacidades destes seres, e o receio do que serão capazes de fazer. O medo dos mutantes, ou a frustração com o resto do mundo por oscilarem entre agradecimento aos super-heróis quando fazem uma coisa boa, para logo a seguir crucificá-los por uma coisa menos boa. Aquilo que perdeu ou ganhou por ter dedicado a vida a seguir e fotografar estas maravilhas. O desapontamento com um fotojornalista freelancer por vender fotos do Homem Aranha ao J. Jonah Jameson (o jornalista, é claro, é o Peter Parker).

A minha parte favorita é a da recta final, em que o Phil conhece a Gwen Stacy, primeiro porque lhe é dada a ela a oportunidade de respirar como personagem, e depois porque marca a vida do Phil duma grande maneira, que fica destroçado com a morte trágica desta miúda, num acidente estúpido e às mãos destas maravilhas que tem seguido. Muda-lhe a vida, porque ele deixa de acreditar nestes super-heróis e neste mundo, deixa de se maravilhar com ele.

Gosto muito das referências e do modo como os autores incorporaram pequenos detalhes do mundo Marvel e do curso dos acontecimentos ao longo da história. Diverti-me tanto ao descobrir o J. Jonah Jameson mais novo, ou ao vislumbrar o Peter Parker apenas numa cena, ou ao ver juntar tantos heróis na cena do casamento da Sue Storm e do Reed Richards, ou ver como o fascínio pelos heróis neste mundo. se estende a haver uma colecção de roupa inspirada na Vespa. Pequenos detalhes que torna a obra rica.

Por fim, só tenho de fazer uma menção à arte do Alex Ross, tremendamente detalhada, linda, fantástica de observar por muito tempo. É um estilo único, mas que me delicia estudar, e que é tão realista, e tão interessante de ver num meio como o dos comics.

Thor: Renascido, J. Michael Straczynski, Olivier Coipel
Ok, a premissa é que o Ragnarok aconteceu, o ciclo foi quebrado, e os deuses nórdicos estão livres de voltar a encenar o ciclo. Para isso, Thor volta à Terra, numa ressureição que tem como objectivo uma demanda para encontrar um local para Asgard, e os outros asgardianos, que vivem dormentes em humanos por esse mundo fora.

É uma ideia interessante, e gostava de vir a ler o enquadramento deste livro. Ou seja, gostava mesmo de ver o ciclo anterior de Ragnarok, e como a Marvel o interpretou, e como este ciclo foi quebrado. E também gostava de ler para a frente, que o fim do livro termina num certo cliffhanger, que não me diz nada sobre o destino do Thor ou dos deuses asgardianos.

Adoro a ideia de Asgard se reconstruir no meio de nenhures, no Oklahoma, e em como os habitantes da cidade vizinha lidam com isso. Há uma certa burocracia, e um certo humor na maneira como o argumentista descreve a reacção dos comuns mortais à presença de Asgard. Aliás, gosto bastante do modo como ele desenvolveu a história neste volume. Adoro como ele escreve o reencontro do Thor com o Homem de Ferro, que ocorre mesmo após a Guerra Civil. Convenhamos que o Tony se mete mesmo a jeito para levar do Thor, quero dizer, toda a porcaria que fez na Guerra Civil, e ainda vir com uma atitude arrogante para um deus asgardiano... *facepalm* Estava a pedi-las.

Estou muito curiosa para ver como os deuses asgardianos vão interagir com o resto do mundo, agora que estão a voltar, e que mudanças vão provocar nele, e na pequena cidade de Oklahoma que os acolheu. (Espero que não queira dizer que a pequena cidade vai ser destruída rotineiramente como Nova Iorque consegue ser...)

Não tenho muito a dizer sobre a arte, geralmente é agradável ao olho, e tem alguns planeamentos de pranchas e vinhetas interessantes. A imagem de Asgard é fantástica. Não sou muito fã de como o artista desenha o Thor (muito... compacto e largo? não sei, fica estranho), gosto mais do Donald Blake. Não achei piadinha nenhuma a uma prancha no início, com uma cena de guerra, em que uma mulher/deusa asgardiana tem apenas uma armadura de metal... nos seios, como biquini. Até pode ser uma personagem conhecida (não a reconheci), com design definido, mas a sério, todos os artistas de comics americanos deviam ser obrigados a usar umas cuecas feitas de ferro até perceberem o quão desconfortável é, e pararem de desenhar armaduras ridículas às mulheres.

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, Chris Claremont, John Byrne, John Romita Jr.
Já conhecia a história titular, creio que a li num dos livros duma colecção dos clássicos da banda desenhada do Correio da Manhã há uns anos, mas esta é uma boa colecção de histórias, que acaba por incluir o Dias de um Futuro Esquecido.

Gostei muito de ler a primeira história, Elegia, porque se passa após a morte da Jean Grey como Dark Phoenix, e faz um bom resumo da história dos X-Men desde o início até ali. Apreciei aperceber-me que até conheço grande parte das histórias mencionadas, e que tenho quase todas os livros que são referenciados nesse capítulo como contendo essas histórias.

A história titular é interessante pelo seu estatuto icónico, e por apresentar o conceito de futuros paralelos que nunca se concretizarão, coisa em que os X-Men parecem exímios em explorar. A ideia de um futuro distópico em que os mutantes morreram ou são controlados no território dos EUA, e em como a presença dos Sentinelas está prestes a lançar o mundo numa guerra nuclear... gosto. Tem o grau certo de tensão e drama, e equilibra bem futuro e presente, mostrando o que acontece com os personagens em ambos.

Entre as outras histórias, gosto daquela dedicada ao Nocturno, e à sua incorporação do inferno de Dante, gosto da apresentação dos super-heróis mutantes canadianos, especialmente a Pássaro de Neve, que tem um poder intrigante, e que daria para escrever uma história muito boa - aquilo que é explorado já é bem cativante -; e em geral, gosto muito de como a Kitty Pryde é apresentada e explorada, de como esta menina vai crescendo e aprendendo com os X-Men - a última história, em que ela luta contra um monstro na Escola Xavier, sozinha, é tão boa - go, Kitty!. Faz-me feliz ver que ela evoluiu para uma jovem segura e decidida, professora e directora (pelo menos, assim o é por estes dias) da Escola (agora) Jean Grey.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Colecção Heróis Marvel Série II #1-2

X-Men  e Vingadores - Dinastia de M, Brian Michael Bendis, Olivier Coipel
Realidade alternativa, em que os super-heróis vivem uma realidade tirada dos seus sonhos e desejos, e em que os mutantes dominam. Curioso. Gostei. Alguns dos destinos dos personagens são mais óbvios, outros mais subtis, outros ainda são tristes. O Peter Parker tem a sua Gwen viva, é casado com ela e tem um filho. (A Mary Jane é uma superestrela.) O Steve Rogers nunca entrou no programa do supersoldado e agora é um velhote reformado e retirado do exército. Os pequenos pormenores fazem a diferença, e aqui com estes os autores conseguem pintar um quadro maior.

Quanto à Feiticeira Escarlate, bem, nunca li nada com ela, mas quanto eu a odeio... Só de ler um monte de histórias pós-Dinastia de M, com toda a gente a falar da Wanda ser responsável pela diminuição drástica do número de mutantes, bla bla bla. Que família de loucos, mesmo. O Magneto conseguiu dar mesmo cabo dos filhos. Uma virou psicopata, o outro está sempre metido mesmo no meio dos sarilhos que origina.

Apresenta algumas ideias interessantes, particularmente quando os heróis discutem se deviam fazer alguma coisa para reverter esta realidade alternativa. Ou quando estão preparados para fazer tudo contra o Magneto pela extrema manipulação das suas vidas. Vemos um bocadinho dos resultados das acções da Wanda, e algumas repercussões são francamente intimidantes.

X-Men - A Saga da Fénix Negra, Chris Claremont, John Byrne
Sagas controversas e muito (re)conhecidas, as da Fénix e da Fénix Negra. Já tinha podido ler os eventos que levaram a Jean Grey a tornar-se na Fénix; faltava esta segunda parte, da Fénix Negra. Gostava de espreitar as histórias pelo meio, para ver como a Jean lidava com este poder e se havia pistas para os acontecimentos desta saga.

É um pouco assustador, ver aquilo em que a Jean se torna, e o fim que teve é absolutamente justificado pelas acções da entidade Jean/Fénix. Tanto poder pede uma responsabilidade impossível. A Jean acaba por ser uma personagem trágica e sacrificada, sempre dominada pela extensão dos seus poderes. A sua manipulação pelo Mestre Mental, tornando-a numa Rainha do Clube do Inferno, foi um apontamento irónico, tendo em conta que a Rainha Branca, a Emma Front (aqui uma antagonista), acaba por tomar o lugar da Jean à frente dos X-Men e ao lado do Scott Summers/Ciclope.

domingo, 26 de agosto de 2012

Colecção Heróis Marvel #5, #6 e #7: Homem-Aranha e Os Vingadores

Homem-Aranha - A Morte dos Stacy reúne, como o título indica, as histórias que contam a morte do Capitão Stacy e da sua filha, Gwen Stacy - história que nunca havia lido, apesar de conhecer o conteúdo (é tão icónica que era preciso ser eremita para não a conhecer).

A história sobre o Capitão Stacy tem três partes e tem como vilão o Dr. Octopus (que consegue sair da prisão com uma premissa completamente ridícula); o Homem-Aranha enfrenta-o, mas tem dificuldades em derrotá-lo, e na confusão da batalha o Capitão Stacy dá a vida para salvar uma criança. Um ponto interessante da história são as palavras finais do Capitão Stacy para o Peter, que ressoam num diálogo semelhante presente no reboot filme recente do herói.

A segunda história do livro chama-se Morte e Destino e foi escrita e desenhada anos mais tarde. Descreve a perseguição implacável do Homem-Aranha ao Dr. Octopus, e em como o Peter encontra paz após os eventos da história anterior.

A terceira história cobre o momento trágico da morte da Gwen e as suas consequências. É um momento tão significativo na definição do Homem-Aranha que continua a ter histórias dedicadas a este ainda hoje. Percebe-se porquê. A Gwen é vítima da sua associação com o Peter, sem o saber, e de um acaso estúpido (e de uma coisa tão ridícula como a Física) - é o tipo de momento que muda tudo e não deixa voltar atrás. É bom que a incluírem-no num próximo filme do super-herói seja brilhantemente executado. Bónus para o momento em que o Homem-Aranha enfrenta o Duende Verde - o resultado final terá sido a inspiração para o primeiro filme da série.

Vingadores - Confiança Mundial é sobre um acontecimento misterioso, que "engoliu" as cidades capitais por todo o mundo. As Nações Unidas viram-se para a equipa de super-heróis e pede-lhe para liderar o mundo até a crise ser resolvida.

Confesso que não conheço muito dos Vingadores, a não ser talvez os membros mais proeminentes. Dos outros membros não conheço o suficiente para gostar, ou então conheço e tenho razões para não gostar. Mas a ideia de uma super-equipa de super-heróis, capacitada para lidar com ameaças muito fora do normal, é cativante. E a noção de todo o mundo recorrer e confiar neles é bem interessante. Há neste volume uma segunda história, sobre o Visão, um dos membros dos Vingadores, e a sua génese.

Vingadores - Zona Vermelha agradou-me muito porque é uma saga que ocupa todo o livro, sem ser necessário preencher o livro com mais alguma história, e que me soube a mais completa. Depois dos acontecimentos de Confiança Mundial, mansão dos Vingadores é reconhecida como território soberano e os super-heróis como diplomatas.

Curiosamente, a primeira crise que têm de enfrentar ocorre em território americano e põe à prova cada membro da equipa, enquanto se debatem com uma "praga" vermelha que alastra rapidamente e mata todos os que entram em contacto com a mesma. O fantasma das armas biológicas é explorado nesta história, com direito a um inimigo antigo da equipa no papel de terrorista. Bónus: uma aparição do presidente dos EUA à data (Bush).