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domingo, 15 de janeiro de 2017

Curtas BD: Graphic Novels da Marvel, vols. 26, 28 e 29

O Poderoso Thor: Em Busca dos Deuses, Dan Jurgens, John Romita Jr.
Ok... não estou a ver porque raios é que o Thor precisava de um reboot, mas eu claramente não andava a ler banda desenhada (não de super-heróis, pelo menos) nos anos 90, e por isso a coisa pode passar-me ao lado. Mas nunca fui muito à bola com esta história de o Thor estar ligado duma forma arcana a um tipo humano chamado Donald Blake.

Quero dizer, como é que isso funciona? Em termos físicos? Logísticos? Eles partilham um corpo? Uma mente? Duas mentes num corpo? São uma e a mesma pessoa ou duas diferentes que existem no mesmo espaço físico? São as perguntas que me mantêm acordada à noite. (Ou não.)

De qualquer modo, a maior parte das histórias com o Thor parece ignorar este pedaço de mitologia (ou então nelas o pessoal, muito avisadamente, fê-la terminar), e gosto mais do Thor em modo deus nórdico mesmo - os problemas domésticos dele parecem-me mesquinhos comparados com o tipo de coisas com que ele costuma lidar nos comics.

E portanto não sou fã de vir a ler um livro que pega na mesma premissa, um tipo que é "fundido" com o Thor. Ainda por cima foi trazido de volta à vida. E isto tudo pela razão mais estranha de sempre, o Thor sente-se culpado por o tipo ter morrido no meio duma batalha em que o Thor intervinha. Mas o Thor não teve intervenção directa na morte do tipo. É, infelizmente, um dano colateral, e seria uma boa forma de reflectir sobre o que acontece às pessoas comuns apanhadas no meio das lutas de super-heróis. Mas para este pessoal o mais importante mesmo é meter ali o Thor a ter de lidar com os dramas comuns da vida enquanto distribui porrada.

Fora isso (os dramas domésticos, quero dizer), a história pode vir a ser interessante, porque parece ter um âmbito mais épico. Peca por o volume terminar num cliffhanger. Mas parece promissor, com os conflitos entre panteões de vários deuses. E tem algum humor e alguns momentos em que revemos coisas da mitologia e história passada do Thor.

A arte do Romita, bem, entranha-se. Começo a conhecê-la, e dá algum conforto, estar familiarizada com ela. É adequada para o tipo de história. Começo a achar que ele não tem variedade nenhuma de expressões e desenhar caras, mas pronto. E acho que já sei de BD o suficiente para dizer que me parece que ele estava a canalizar o Jack Kirby e os seus Novos Deuses, o que é uma homenagem gira e adequada para os personagens que são deuses. (Houve um que me fez pensar duas vezes se não era o Darkseid ou um primo.)

1602, Neil Gaiman, Andy Kubert
Como se já não tivesse lido suficiente BD excelente do Gaiman este ano. (O ano passado, quero dizer.) Já tinha lido, cortesia da Devir há muitos, muitos anos atrás. E devo dizer, aguenta muito bem a passagem dos anos. Ainda é muito bom.

1602 reimagina o Universo Marvel se uma impossibilidade acontecesse e desse início à era dos heróis... centenas de anos antes. Essa presença foi, aparentemente, influenciadora da aparição daqueles que conhecemos como mutantes (conhecemos a versão original da equipa dos X-Men ao estilo século XVII), ou de mágicos e físicos (o Dr. Strange), ou de superespias e cegos com capacidades extraordinárias (a Viúva Negra e o Demolidor, respectivamente).

É tão divertido percorrer estas páginas e reconhecer as referências, por mais óbvias ou obscuras que sejam. (Calculo que algumas me tenham passado ao lado, mas enfim.) E melhor, os personagens que conhecemos estão indelevelmente inseridos no espaço e época em que existem. A descrição e apresentação dos mesmos são genuínas. Isto é mesmo a Inglaterra de Elizabeth I, e a Espanha da Inquisição. (E a Latvéria do Dr. Destino. Ehehe.) Mas é o tipo de trabalho que, depois de Sandman, esperaria do escritor.

O fim deixa-me triste e com vontade de ler mais, porque a premissa é tão boa que merece ser explorada. (Parece que foi.) A arte, por sua vez, é mesmo o tipo de coisa que aprecio. Adoro este estilo desenhado e pintado, e adoro as referências visuais no design dos personagens. Muito bom.

Eu, Wolverine, Chris Claremont, Frank Miller
Ah, estou a ficar um nada cansada de todos os livros em que o Wolverine é mau, mas "bom naquilo que faz". Nada culpa deste livro, que é o original, aquele que dita essa abordagem ao personagem, mas pronto. Não foi o que eu li primeiro, portanto leva com o meu cansaço acerca de tudo isto.

Este é interessante e ao mesmo tempo, não-tão interessante. Gosto da expansão que fazem à história pessoal do personagem, de entender a ligação dele ao Japão e como isso guia a mitologia do personagem. Gosto da ideia de uma história que fala de honra e guia os personagens com um código de comportamentos diferentes do ocidental, criando um choque de culturas.

Não sei se sou tão fã do tratamento de algumas coisas dessa cultura. A Yukio é fixe, mas um pouco cliché quando fica obcecada com o Logan. Acho que a Mariko podia ter mais garra, mais qualquer coisa. A história confina-a ao papel da filha obediente, mas ela podia ser isso e ainda assim ter uma certa personalidade. Algo que a distinguisse daquilo que os outros tendem a fazer dela.

Além disso, o pai dela morre às mãos do Logan, e ela no fim faz um discurso a desculpá-lo, que o pai tinha desonrado a família e merecia. Ideia? Devia ter sido ela a ter direito a essa morte. Seria tão fixe, depois de ser um joguete nas mãos dos outros, ela tomar rédeas do próprio destino. E tornar-se uma companheira à altura do Logan, no que toca a sangue frio.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Colecção Universo Marvel #16 e #17: X-Women, Hulk

X-Women: Mulheres da Marvel, Chris Claremont, Marjorie Liu, Stuart Moore, Kelly Sue DeConnick, Milo Manara, Filipe Andrade, Nuno Plati, Mark Brooks, Ryan Stegman
X-Women: Mulheres da Marvel usa o título de uma compilação existente (X-Women) com edição nos Estados Unidos, no entanto a edição original circunscrevia-se apenas a mulheres dos X-Men (tinha revistas dedicadas à X-23, a Cloak and Dagger, à Dazzler, e o titular X-Women), e daí o título ser X-Women; esta edição troca a revista da Dazzler por uma da Sif, o que acaba por invalidar um bocado este título. Ao que sei, são todas one-shot, com excepção da revista da X-23, que iniciou uma série dedicada a ela.

X-Women tem argumento de Chris Claremont, mítico argumentista dos X-Men, com desenho de Milo Manara, artista mais conhecido no meio europeu. A história acaba por ser mais uma desculpa para haver uma colaboração entre Manara e a Marvel, porque não é nada de especial, não sendo propriamente credível que meia dúzia de X-Men com aquele calibre se metessem tão facilmente em tal buraco e tivessem tanta dificuldade para sair dele. Quanto ao desenho de Manara, é o seu estilo habitual, caminhando entre o erótico que celebra o corpo feminino e o gratuito que me faz revirar os olhos.

É sem dúvida um estilo interessante, mas torço o nariz ao modo como desenha as caras, que me parecem todas iguais, e ao pontapé que dá nas proporções ao desenhar certas poses. Enfim... as capas reunidas no final do volume são as que desenhou para várias revistas Marvel, e o estilo pin-up é engraçado, mas as proporções voltam a ser esquisitas de vez em quando, e uma ou outra pose dão-me um nó ao cérebro de tentar perceber a sua exequibilidade... bem, ao menos não meteram a infame capa da Mulher-Aranha.

A história da X-23 é bem gira de acompanhar, mas suponho que faça mais sentido se conhecermos melhor o passado dela, particularmente no que toca às sequências de sonhos. Pelo menos, ajudou-me ir à Wikipedia e reler o artigo dela. Mas gosto bastante da X-23, acho que é uma personagem com um potencial enorme, e com uma história e uma personalidade interessantes. A releitura funcionou melhor. O desenho está a cargo de dois portugueses, Nuno Plati e Filipe Andrade, o primeiro para os pensamentos/sonhos, o segundo para a vida real. Gostei bastante do estilo que Nuno Plati deu ao pensamento interior da X-23; no caso de Filipe Andrade, até gosto do desenho, mas algo na coloração ou no sombreado não me convence.

A história de Cloak and Dagger, Adaga e Manto, é bastante boa a apresentar o par, e deixou-me curiosa sobre eles. Têm uma relação intrigante e apreciei que a narrativa a explorasse enquanto mudava o seu status quo no universo Marvel. Até tenho pena que não estejam mais associados aos X-Men, porque senão eu já tinha reparado neles. Gostei da arte e da cor, têm uma qualidade meio brilhante engraçada.

A história da Sif aborda o como é que ela lida com algo que lhe aconteceu anteriormente à narrativa, que fica subentendido com algumas vinhetas. O editorial deste volume menciona que é algo que acontece em Thor: Renascido, o que não me parece ser completamente correcto, já que não é bem assim que me recordo da história do mesmo - deduzo é que é algo que é revelado e tornado explícito depois deste volume, mas que já é introduzido nele. A acção principal não é nada de especial, mas faz bem o seu trabalho, que é estabelecer o estado psicológico da Sif depois desse momento, e permitir-lhe resolver os seus problemas. A arte é engraçadita, tem por vezes um estilo cartoonesco, e por isso gostei de ver.

Hulk: Cinzento, Jeph Loeb, Tim Sale
Hulk: Cinzento funciona como história de origem e como exploração do personagem. Sou a primeira pessoa a reconhecer que o Hulk como personagem e super-herói (?) não faz grande coisa por mim. Simplesmente nunca me identifiquei com o tipo de personagem. Mas apreciei a abordagem feita aqui, porque dá para compreendê-lo um bocadinho melhor, e ao modo como funciona, e como o seu passado o define.

A arte merece ser observada, porque são tomadas algumas opções bem giras de ver... é fascinante como as páginas têm sempre poucas vinhetas, sempre largas, por vezes uma vinheta por página, ou até por duas páginas. Dá um certo dinamismo à história, uma certa sensação de liberdade. A única coisa que não gosto tanto é o traço ocasionalmente muito carregado. Além disso, aprecio o trabalho de cor, que por exemplo no início e no fim trabalha tão bem o preto e branco e cinzento, com ligeiros apontamentos de cor.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Colecção Universo Marvel #7, #8 e #9: Universo Marvel, Thor, X-Men

Universo Marvel: Marvels, Kurt Busiek, Alex Ross
Há uns anos ouvi falar deste livro, e fiquei interessada em lê-lo, especialmente porque sabia que tinha havido uma edição recente em português. Só que como o meu timing para estas coisas é sempre genial, o livro já não se encontrava nas livrarias, e vi a minha tentativa de o ler gorada. Por isso, fiquei muito animada quando vi que o livro ia ser publicado nesta colecção, porque era agora a minha oportunidade de o ler.

E fiquei fascinada. Normalmente, os super-heróis metem-se em sarilhos com os vilões, destrói-se tudo na luta, e no fim os heróis vencem, e não há um momento para contemplarmos a destruição, e raramente vemos os seres humanos comuns e a sua perspectiva no meio disto tudo. Quero dizer, Nova Iorque é rotineiramente destruída, ou transformada numa Ilha das Aranhas, ou outra coisa igualmente bizarra, e nunca vemos os Nova Iorquinos a passarem-se da cabeça e expulsarem os super-heróis de lá, pois não?

Portanto, Marvels apresenta a perspectiva de um homem comum, Phil Sheldon, fotógrafo cujo trabalho vai frequentemente levá-lo a seguir estas maravilhas titulares e as suas aventuras. Desde os primeiros heróis da Marvel, antes da Segunda Guerra Mundial - o primeiro Tocha Humana, o Namor, o Capitão América -, até ao aparecimento dos mutantes nos anos 60, até à trágica morte da Gwen Stacy nos anos 70.

E é muito interessante ver sugerida uma possível reacção de um homem comum a estes eventos. O maravilhamento com as capacidades destes seres, e o receio do que serão capazes de fazer. O medo dos mutantes, ou a frustração com o resto do mundo por oscilarem entre agradecimento aos super-heróis quando fazem uma coisa boa, para logo a seguir crucificá-los por uma coisa menos boa. Aquilo que perdeu ou ganhou por ter dedicado a vida a seguir e fotografar estas maravilhas. O desapontamento com um fotojornalista freelancer por vender fotos do Homem Aranha ao J. Jonah Jameson (o jornalista, é claro, é o Peter Parker).

A minha parte favorita é a da recta final, em que o Phil conhece a Gwen Stacy, primeiro porque lhe é dada a ela a oportunidade de respirar como personagem, e depois porque marca a vida do Phil duma grande maneira, que fica destroçado com a morte trágica desta miúda, num acidente estúpido e às mãos destas maravilhas que tem seguido. Muda-lhe a vida, porque ele deixa de acreditar nestes super-heróis e neste mundo, deixa de se maravilhar com ele.

Gosto muito das referências e do modo como os autores incorporaram pequenos detalhes do mundo Marvel e do curso dos acontecimentos ao longo da história. Diverti-me tanto ao descobrir o J. Jonah Jameson mais novo, ou ao vislumbrar o Peter Parker apenas numa cena, ou ao ver juntar tantos heróis na cena do casamento da Sue Storm e do Reed Richards, ou ver como o fascínio pelos heróis neste mundo. se estende a haver uma colecção de roupa inspirada na Vespa. Pequenos detalhes que torna a obra rica.

Por fim, só tenho de fazer uma menção à arte do Alex Ross, tremendamente detalhada, linda, fantástica de observar por muito tempo. É um estilo único, mas que me delicia estudar, e que é tão realista, e tão interessante de ver num meio como o dos comics.

Thor: Renascido, J. Michael Straczynski, Olivier Coipel
Ok, a premissa é que o Ragnarok aconteceu, o ciclo foi quebrado, e os deuses nórdicos estão livres de voltar a encenar o ciclo. Para isso, Thor volta à Terra, numa ressureição que tem como objectivo uma demanda para encontrar um local para Asgard, e os outros asgardianos, que vivem dormentes em humanos por esse mundo fora.

É uma ideia interessante, e gostava de vir a ler o enquadramento deste livro. Ou seja, gostava mesmo de ver o ciclo anterior de Ragnarok, e como a Marvel o interpretou, e como este ciclo foi quebrado. E também gostava de ler para a frente, que o fim do livro termina num certo cliffhanger, que não me diz nada sobre o destino do Thor ou dos deuses asgardianos.

Adoro a ideia de Asgard se reconstruir no meio de nenhures, no Oklahoma, e em como os habitantes da cidade vizinha lidam com isso. Há uma certa burocracia, e um certo humor na maneira como o argumentista descreve a reacção dos comuns mortais à presença de Asgard. Aliás, gosto bastante do modo como ele desenvolveu a história neste volume. Adoro como ele escreve o reencontro do Thor com o Homem de Ferro, que ocorre mesmo após a Guerra Civil. Convenhamos que o Tony se mete mesmo a jeito para levar do Thor, quero dizer, toda a porcaria que fez na Guerra Civil, e ainda vir com uma atitude arrogante para um deus asgardiano... *facepalm* Estava a pedi-las.

Estou muito curiosa para ver como os deuses asgardianos vão interagir com o resto do mundo, agora que estão a voltar, e que mudanças vão provocar nele, e na pequena cidade de Oklahoma que os acolheu. (Espero que não queira dizer que a pequena cidade vai ser destruída rotineiramente como Nova Iorque consegue ser...)

Não tenho muito a dizer sobre a arte, geralmente é agradável ao olho, e tem alguns planeamentos de pranchas e vinhetas interessantes. A imagem de Asgard é fantástica. Não sou muito fã de como o artista desenha o Thor (muito... compacto e largo? não sei, fica estranho), gosto mais do Donald Blake. Não achei piadinha nenhuma a uma prancha no início, com uma cena de guerra, em que uma mulher/deusa asgardiana tem apenas uma armadura de metal... nos seios, como biquini. Até pode ser uma personagem conhecida (não a reconheci), com design definido, mas a sério, todos os artistas de comics americanos deviam ser obrigados a usar umas cuecas feitas de ferro até perceberem o quão desconfortável é, e pararem de desenhar armaduras ridículas às mulheres.

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, Chris Claremont, John Byrne, John Romita Jr.
Já conhecia a história titular, creio que a li num dos livros duma colecção dos clássicos da banda desenhada do Correio da Manhã há uns anos, mas esta é uma boa colecção de histórias, que acaba por incluir o Dias de um Futuro Esquecido.

Gostei muito de ler a primeira história, Elegia, porque se passa após a morte da Jean Grey como Dark Phoenix, e faz um bom resumo da história dos X-Men desde o início até ali. Apreciei aperceber-me que até conheço grande parte das histórias mencionadas, e que tenho quase todas os livros que são referenciados nesse capítulo como contendo essas histórias.

A história titular é interessante pelo seu estatuto icónico, e por apresentar o conceito de futuros paralelos que nunca se concretizarão, coisa em que os X-Men parecem exímios em explorar. A ideia de um futuro distópico em que os mutantes morreram ou são controlados no território dos EUA, e em como a presença dos Sentinelas está prestes a lançar o mundo numa guerra nuclear... gosto. Tem o grau certo de tensão e drama, e equilibra bem futuro e presente, mostrando o que acontece com os personagens em ambos.

Entre as outras histórias, gosto daquela dedicada ao Nocturno, e à sua incorporação do inferno de Dante, gosto da apresentação dos super-heróis mutantes canadianos, especialmente a Pássaro de Neve, que tem um poder intrigante, e que daria para escrever uma história muito boa - aquilo que é explorado já é bem cativante -; e em geral, gosto muito de como a Kitty Pryde é apresentada e explorada, de como esta menina vai crescendo e aprendendo com os X-Men - a última história, em que ela luta contra um monstro na Escola Xavier, sozinha, é tão boa - go, Kitty!. Faz-me feliz ver que ela evoluiu para uma jovem segura e decidida, professora e directora (pelo menos, assim o é por estes dias) da Escola (agora) Jean Grey.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Colecção Heróis Marvel Série II #1-2

X-Men  e Vingadores - Dinastia de M, Brian Michael Bendis, Olivier Coipel
Realidade alternativa, em que os super-heróis vivem uma realidade tirada dos seus sonhos e desejos, e em que os mutantes dominam. Curioso. Gostei. Alguns dos destinos dos personagens são mais óbvios, outros mais subtis, outros ainda são tristes. O Peter Parker tem a sua Gwen viva, é casado com ela e tem um filho. (A Mary Jane é uma superestrela.) O Steve Rogers nunca entrou no programa do supersoldado e agora é um velhote reformado e retirado do exército. Os pequenos pormenores fazem a diferença, e aqui com estes os autores conseguem pintar um quadro maior.

Quanto à Feiticeira Escarlate, bem, nunca li nada com ela, mas quanto eu a odeio... Só de ler um monte de histórias pós-Dinastia de M, com toda a gente a falar da Wanda ser responsável pela diminuição drástica do número de mutantes, bla bla bla. Que família de loucos, mesmo. O Magneto conseguiu dar mesmo cabo dos filhos. Uma virou psicopata, o outro está sempre metido mesmo no meio dos sarilhos que origina.

Apresenta algumas ideias interessantes, particularmente quando os heróis discutem se deviam fazer alguma coisa para reverter esta realidade alternativa. Ou quando estão preparados para fazer tudo contra o Magneto pela extrema manipulação das suas vidas. Vemos um bocadinho dos resultados das acções da Wanda, e algumas repercussões são francamente intimidantes.

X-Men - A Saga da Fénix Negra, Chris Claremont, John Byrne
Sagas controversas e muito (re)conhecidas, as da Fénix e da Fénix Negra. Já tinha podido ler os eventos que levaram a Jean Grey a tornar-se na Fénix; faltava esta segunda parte, da Fénix Negra. Gostava de espreitar as histórias pelo meio, para ver como a Jean lidava com este poder e se havia pistas para os acontecimentos desta saga.

É um pouco assustador, ver aquilo em que a Jean se torna, e o fim que teve é absolutamente justificado pelas acções da entidade Jean/Fénix. Tanto poder pede uma responsabilidade impossível. A Jean acaba por ser uma personagem trágica e sacrificada, sempre dominada pela extensão dos seus poderes. A sua manipulação pelo Mestre Mental, tornando-a numa Rainha do Clube do Inferno, foi um apontamento irónico, tendo em conta que a Rainha Branca, a Emma Front (aqui uma antagonista), acaba por tomar o lugar da Jean à frente dos X-Men e ao lado do Scott Summers/Ciclope.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Colecção Heróis Marvel #8 e #9: Hulk e Wolverine

Hulk - Tempest Fugit contém uma história em cinco partes com o mesmo título, em conjunto com três histórias sequenciais adicionais, com argumento do mesmo autor. Tenho que ser honesta - o Hulk como personagem nunca me atraiu muito. Por um lado, a vertente destrutiva e violenta do personagem estraga a meus olhos o seu potencial como herói; por outro, a ideia que as poucas coisas que li me transmitem afastam-no das suas influências duma maneira que não me agrada. Vagas e esquisitas, estas justificações, eu sei, mas estou com dificuldades em pôr em palavras o porquê de não ligar muito ao personagem.

O que não quer dizer que nas mãos do autor certo eu não goste. Gostei da sequência Tempest Fugit, com a sua sequência de sonho, a ilha, os monstros e os flashbacks para o passado do Bruce. Também gostei da arte. A história seguinte captou-me a atenção, com o Bruce Banner à procura da Betty, e teve um momento engraçado no fim. A arte, por outro lado, sofre daquela coisa que me irrita bastante - a coloração, que muda a cor do cabelo ou da roupa dum personagem de página para página.

Wolverine - Madripoor reúne 10 mini-histórias de 8 páginas do personagem na revista Marvel Comics Presents, mais as 5 primeiras histórias em nome próprio. Achei curioso ler as mini-histórias, que conseguem abarcar um arco narrativo, com mini~cliffhangers ao fim de cada 8 páginas. É mais interessante do que esperava ler o Wolverine em nome próprio, sem X-Men à mistura.

As 5 outras histórias compõem dois arcos narrativos, divididos em 3 e 2 histórias - o primeiro sobre uma espada misteriosa (gostei) e o segundo mete novos inimigos à mistura. No entanto, alguns personagens secundários, locais e temas repetem-se ao longo das 15 histórias, e há uma certa continuidade. A arte também tem aquela coloração irritante que muda de página para página, mas consegue-se notar o estilo distinto do artista.

domingo, 15 de julho de 2012

Colecção Heróis Marvel #1 e #2: Homem-Aranha e X-Men

Já aqui tenho falado das saudades que algumas colecções de BD, distribuídas com jornais, me suscitam. (Sim, falo pela milionésima vez da série Clássicos da BD e Clássicos da BD - Série Ouro.) Por isso recebi com algum entusiasmo a notícia desta série, publicada numa parceria Público/Levoir. Gosto bastante de BD, e tenho um historial mais longo de leitura de BD americana com super-heróis, por isso a colecção vem cair que nem ginjas para me animar o Verão.

A edição, devo dizer, é fantástica. Começando pela capa dura de qualidade, cada edição traz uma pequena introdução e um índice exaustivo das histórias e respectivos autores. As páginas e impressão têm boa qualidade. Enfim, uma edição de sonho e por um preço de pechincha.

Homem-Aranha - Integral Frank Miller é, como o nome indica, um volume que acompanha algumas histórias do Homem-Aranha criadas por Frank Miller. Foi uma ideia interessante, lançarem a colecção e este volume em particular no dia em que o novo filme do super-herói estreava.

Em termos de história, os vários enredos perdem-se nos grandes arcos de história do Homem-Aranha, mas em termos de arte é interessante acompanhar o início da evolução de um artista que tem o seu lugar nos anais da história da BD. As minhas favoritas foram as duas histórias com o Demolidor, Em Terra de Cegos... e Das Cinzas às Cinzas! - é pena que não possamos ver a história final, que já não foi desenhada pelo Frank Miller, mas ao menos é-nos dada uma breve descrição do que acontece.

X-Men - Filhos do Átomo cobre a mini-série com o mesmo nome, acompanhada da primeira história de sempre dos super-heróis, que já conhecia. Gostei da arte, às vezes quase lembrando o estilo dos anos 60, às vezes bem moderna, mas bastante dinâmica, e cativou-me a interpretação da imagem dos personagens principais. (Se bem que quase não reconheci o Magneto, quase parecia um Wolverine.)

Adorei a história da mini-série, dá uma prequela interessante para a primeira história dos X-Men, sendo quase intemporal, apesar dos X-Men serem quase cinquentões. Foi bem giro seguir os cinco adolescentes que viriam a ser os X-Men originais, e vislumbrar o ambiente que terá rodeado a criação da equipa.