segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Colecção Universo Marvel #16 e #17: X-Women, Hulk

X-Women: Mulheres da Marvel, Chris Claremont, Marjorie Liu, Stuart Moore, Kelly Sue DeConnick, Milo Manara, Filipe Andrade, Nuno Plati, Mark Brooks, Ryan Stegman
X-Women: Mulheres da Marvel usa o título de uma compilação existente (X-Women) com edição nos Estados Unidos, no entanto a edição original circunscrevia-se apenas a mulheres dos X-Men (tinha revistas dedicadas à X-23, a Cloak and Dagger, à Dazzler, e o titular X-Women), e daí o título ser X-Women; esta edição troca a revista da Dazzler por uma da Sif, o que acaba por invalidar um bocado este título. Ao que sei, são todas one-shot, com excepção da revista da X-23, que iniciou uma série dedicada a ela.

X-Women tem argumento de Chris Claremont, mítico argumentista dos X-Men, com desenho de Milo Manara, artista mais conhecido no meio europeu. A história acaba por ser mais uma desculpa para haver uma colaboração entre Manara e a Marvel, porque não é nada de especial, não sendo propriamente credível que meia dúzia de X-Men com aquele calibre se metessem tão facilmente em tal buraco e tivessem tanta dificuldade para sair dele. Quanto ao desenho de Manara, é o seu estilo habitual, caminhando entre o erótico que celebra o corpo feminino e o gratuito que me faz revirar os olhos.

É sem dúvida um estilo interessante, mas torço o nariz ao modo como desenha as caras, que me parecem todas iguais, e ao pontapé que dá nas proporções ao desenhar certas poses. Enfim... as capas reunidas no final do volume são as que desenhou para várias revistas Marvel, e o estilo pin-up é engraçado, mas as proporções voltam a ser esquisitas de vez em quando, e uma ou outra pose dão-me um nó ao cérebro de tentar perceber a sua exequibilidade... bem, ao menos não meteram a infame capa da Mulher-Aranha.

A história da X-23 é bem gira de acompanhar, mas suponho que faça mais sentido se conhecermos melhor o passado dela, particularmente no que toca às sequências de sonhos. Pelo menos, ajudou-me ir à Wikipedia e reler o artigo dela. Mas gosto bastante da X-23, acho que é uma personagem com um potencial enorme, e com uma história e uma personalidade interessantes. A releitura funcionou melhor. O desenho está a cargo de dois portugueses, Nuno Plati e Filipe Andrade, o primeiro para os pensamentos/sonhos, o segundo para a vida real. Gostei bastante do estilo que Nuno Plati deu ao pensamento interior da X-23; no caso de Filipe Andrade, até gosto do desenho, mas algo na coloração ou no sombreado não me convence.

A história de Cloak and Dagger, Adaga e Manto, é bastante boa a apresentar o par, e deixou-me curiosa sobre eles. Têm uma relação intrigante e apreciei que a narrativa a explorasse enquanto mudava o seu status quo no universo Marvel. Até tenho pena que não estejam mais associados aos X-Men, porque senão eu já tinha reparado neles. Gostei da arte e da cor, têm uma qualidade meio brilhante engraçada.

A história da Sif aborda o como é que ela lida com algo que lhe aconteceu anteriormente à narrativa, que fica subentendido com algumas vinhetas. O editorial deste volume menciona que é algo que acontece em Thor: Renascido, o que não me parece ser completamente correcto, já que não é bem assim que me recordo da história do mesmo - deduzo é que é algo que é revelado e tornado explícito depois deste volume, mas que já é introduzido nele. A acção principal não é nada de especial, mas faz bem o seu trabalho, que é estabelecer o estado psicológico da Sif depois desse momento, e permitir-lhe resolver os seus problemas. A arte é engraçadita, tem por vezes um estilo cartoonesco, e por isso gostei de ver.

Hulk: Cinzento, Jeph Loeb, Tim Sale
Hulk: Cinzento funciona como história de origem e como exploração do personagem. Sou a primeira pessoa a reconhecer que o Hulk como personagem e super-herói (?) não faz grande coisa por mim. Simplesmente nunca me identifiquei com o tipo de personagem. Mas apreciei a abordagem feita aqui, porque dá para compreendê-lo um bocadinho melhor, e ao modo como funciona, e como o seu passado o define.

A arte merece ser observada, porque são tomadas algumas opções bem giras de ver... é fascinante como as páginas têm sempre poucas vinhetas, sempre largas, por vezes uma vinheta por página, ou até por duas páginas. Dá um certo dinamismo à história, uma certa sensação de liberdade. A única coisa que não gosto tanto é o traço ocasionalmente muito carregado. Além disso, aprecio o trabalho de cor, que por exemplo no início e no fim trabalha tão bem o preto e branco e cinzento, com ligeiros apontamentos de cor.

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