quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Proposta Indecente, Patricia Cabot/Meg Cabot


Opinião: Vou ter de me repetir, mas tenho vindo a ler os romances históricos da Meg Cabot publicados em português, e cada um tem me divertido mais que o anterior. Leio com a consciência que são os seus primeiros livros, publicados no início da carreira de escritora, ainda sob o pseudónimo de Patricia Cabot, e por isso não espero uma coisa fabulosa, mas os livros já têm algumas características típicas da sua escrita, e por isso tenho gostado bastante de os ler.

Proposta Indecente apresenta-nos Payton Dixon, uma jovem com três irmãos mais velhos e cujo pai tem uma companhia de navegação - o que quer dizer que a Payton cresceu no mar, entre os irmãos, aprendendo tudo quanto não é feminino ou "próprio". Só que a Payton cresceu, e agora é uma mulher, e os irmãos repararam e querem casá-la, quando tudo o que ela quer é o comando de um dos navios do pai. Entretanto, Connor Drake, um dos capitães do pai, ficou-lhe com o navio que ela tanto queria, o que é só piorado pela paixoneta que a Payton tem por ele, e pelo facto de o capitão Drake ir casar com outra.

E pronto, fartei-me de rir com o livro principalmente por causa da Payton e dos irmãos, que têm uma relação mesmo divertida. Não habituados a ter um criado particular, apoiam-se na Payton para lhes fazer os nós das gravatas, mas rapidamente se metem à pancada por um insulto feito por um deles, são valentes e desregrados, embebedam-se e arrependem-se no dia a seguir, mas gostam muito da irmã, apesar de terem alguma dificuldade em reconhecer que ela é capaz de fazer qualquer coisa que eles façam. São um pouco uma caricatura, mas uma não exagerada.

A própria Payton é uma protagonista de que é fácil gostar, pouco habituada a um comportamento "próprio", pois foi educada longe de Londres e da sociedade, e por isso revolta-se quando a família espera que se comporte como uma rapariga normal, arranjando casamento. Payton prefere navegar, como toda a vida fez, e não são os irmãos que a hão de impedir. Acho curioso que apesar da paixoneta pelo Drake, a Payton aceite o casamento iminente e não lhe dê para o drama, tentando impedi-lo em vão.

É claro que a Payton acaba por interromper o casamento, mas isso é o lançamento do resto do enredo, uma aventura em alto-mar entre piratas e inimigos. Foi uma história que me surpreendeu nesse aspecto, afastando-se de Londres e introduzindo um novo cenário, e dando uma nova dinâmica à narrativa.

Entre os personagens secundários, gostaria de destacar a avó do Drake, a Lady Bisson, que parecia gostar muito da Payton e incitá-la a certas atitudes, mas que por vezes me deixou na dúvida sobre o que queria dizer. E também a Georgiana, a esposa do irmão mais velho da Payton, que, pobrezinha, não imaginava a família em que casou, e que os atura com uma certa estoicidade.

Sinto que o final podia ser mais forte, porque não há assim nada grandioso no final, os vilões são apanhados fora da narrativa e da vista dos protagonistas, e apesar de ser interessante a sua estadia na ilha, gostava de ter visto os maus a apanhar o seu castigo. Ainda mais quando a Payton faz uma coisa patetinha, que não parece nada dela, e que volta para a assombrar.

Mais um romance histórico girinho, que entreteve bastante e me conseguiu agradar e divertir. Gostei de reconhecer o típico sentido de humor da autora, que pelos vistos permeia a sua obra, e a protagonista foi uma delícia de acompanhar, com a sua perspectiva pragmática e a sua impaciência para aquilo que esperam dela, sabendo o que quer e perseguindo-o obstinadamente.

Título original: An Improper Proposal (1999)

Páginas: 360

Editora: Quinta Essência

Tradução: Carmo Vasconcelos Romão

3 comentários:

  1. Do que li este foi um dos primeiros romances históricos da Meg Cabot, e isso acaba por se notar um pouco (ex: o final apressado). Eu basicamente desde que li os Diários da Princesa, quando era mais nova que devoro tudo o que a Meg escreve. São livros que nos deixam sempre com um sorriso no rosto. Adoro o humor da escritora, adoro as personagens femininas fortes, e as masculinas de cortar a respiração :)
    São o entretenimento perfeito para os dias que nos apetece ler alguma coisa mais leve. E mesmo este sendo o mais fraquinho dos que li, acaba por fazer bem o seu "trabalho". Beijinhos

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    1. Sim, é isso mesmo. ;) Alguém que goste de Meg Cabot vai encontrar o seu estilo aqui, como esses factores que referes, apenas não é um livro tão apurado. Provavelmente vai agradar mais a alguém que já goste da autora... mas é um livro com que se passa um bom bocado, sim. :D

      Curiosamente, vou pegar na série do Diário da Princesa brevemente e começar a relê-la, vamos ver se resiste à passagem do tempo. :)

      Beijinhos e boas leituras. ;)

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  2. Sim definitivamente concordo contigo. Este não seria de todo o livro que recomendaria dela a alguém que nunca leu nada da escritora.
    Mas apesar de tudo deixou-me com um sorriso no final, e acho que este é o grande objetivo deste tipo de escrita.
    Beijinhos

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