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domingo, 15 de janeiro de 2017

Curtas BD: Graphic Novels da Marvel, vols. 26, 28 e 29

O Poderoso Thor: Em Busca dos Deuses, Dan Jurgens, John Romita Jr.
Ok... não estou a ver porque raios é que o Thor precisava de um reboot, mas eu claramente não andava a ler banda desenhada (não de super-heróis, pelo menos) nos anos 90, e por isso a coisa pode passar-me ao lado. Mas nunca fui muito à bola com esta história de o Thor estar ligado duma forma arcana a um tipo humano chamado Donald Blake.

Quero dizer, como é que isso funciona? Em termos físicos? Logísticos? Eles partilham um corpo? Uma mente? Duas mentes num corpo? São uma e a mesma pessoa ou duas diferentes que existem no mesmo espaço físico? São as perguntas que me mantêm acordada à noite. (Ou não.)

De qualquer modo, a maior parte das histórias com o Thor parece ignorar este pedaço de mitologia (ou então nelas o pessoal, muito avisadamente, fê-la terminar), e gosto mais do Thor em modo deus nórdico mesmo - os problemas domésticos dele parecem-me mesquinhos comparados com o tipo de coisas com que ele costuma lidar nos comics.

E portanto não sou fã de vir a ler um livro que pega na mesma premissa, um tipo que é "fundido" com o Thor. Ainda por cima foi trazido de volta à vida. E isto tudo pela razão mais estranha de sempre, o Thor sente-se culpado por o tipo ter morrido no meio duma batalha em que o Thor intervinha. Mas o Thor não teve intervenção directa na morte do tipo. É, infelizmente, um dano colateral, e seria uma boa forma de reflectir sobre o que acontece às pessoas comuns apanhadas no meio das lutas de super-heróis. Mas para este pessoal o mais importante mesmo é meter ali o Thor a ter de lidar com os dramas comuns da vida enquanto distribui porrada.

Fora isso (os dramas domésticos, quero dizer), a história pode vir a ser interessante, porque parece ter um âmbito mais épico. Peca por o volume terminar num cliffhanger. Mas parece promissor, com os conflitos entre panteões de vários deuses. E tem algum humor e alguns momentos em que revemos coisas da mitologia e história passada do Thor.

A arte do Romita, bem, entranha-se. Começo a conhecê-la, e dá algum conforto, estar familiarizada com ela. É adequada para o tipo de história. Começo a achar que ele não tem variedade nenhuma de expressões e desenhar caras, mas pronto. E acho que já sei de BD o suficiente para dizer que me parece que ele estava a canalizar o Jack Kirby e os seus Novos Deuses, o que é uma homenagem gira e adequada para os personagens que são deuses. (Houve um que me fez pensar duas vezes se não era o Darkseid ou um primo.)

1602, Neil Gaiman, Andy Kubert
Como se já não tivesse lido suficiente BD excelente do Gaiman este ano. (O ano passado, quero dizer.) Já tinha lido, cortesia da Devir há muitos, muitos anos atrás. E devo dizer, aguenta muito bem a passagem dos anos. Ainda é muito bom.

1602 reimagina o Universo Marvel se uma impossibilidade acontecesse e desse início à era dos heróis... centenas de anos antes. Essa presença foi, aparentemente, influenciadora da aparição daqueles que conhecemos como mutantes (conhecemos a versão original da equipa dos X-Men ao estilo século XVII), ou de mágicos e físicos (o Dr. Strange), ou de superespias e cegos com capacidades extraordinárias (a Viúva Negra e o Demolidor, respectivamente).

É tão divertido percorrer estas páginas e reconhecer as referências, por mais óbvias ou obscuras que sejam. (Calculo que algumas me tenham passado ao lado, mas enfim.) E melhor, os personagens que conhecemos estão indelevelmente inseridos no espaço e época em que existem. A descrição e apresentação dos mesmos são genuínas. Isto é mesmo a Inglaterra de Elizabeth I, e a Espanha da Inquisição. (E a Latvéria do Dr. Destino. Ehehe.) Mas é o tipo de trabalho que, depois de Sandman, esperaria do escritor.

O fim deixa-me triste e com vontade de ler mais, porque a premissa é tão boa que merece ser explorada. (Parece que foi.) A arte, por sua vez, é mesmo o tipo de coisa que aprecio. Adoro este estilo desenhado e pintado, e adoro as referências visuais no design dos personagens. Muito bom.

Eu, Wolverine, Chris Claremont, Frank Miller
Ah, estou a ficar um nada cansada de todos os livros em que o Wolverine é mau, mas "bom naquilo que faz". Nada culpa deste livro, que é o original, aquele que dita essa abordagem ao personagem, mas pronto. Não foi o que eu li primeiro, portanto leva com o meu cansaço acerca de tudo isto.

Este é interessante e ao mesmo tempo, não-tão interessante. Gosto da expansão que fazem à história pessoal do personagem, de entender a ligação dele ao Japão e como isso guia a mitologia do personagem. Gosto da ideia de uma história que fala de honra e guia os personagens com um código de comportamentos diferentes do ocidental, criando um choque de culturas.

Não sei se sou tão fã do tratamento de algumas coisas dessa cultura. A Yukio é fixe, mas um pouco cliché quando fica obcecada com o Logan. Acho que a Mariko podia ter mais garra, mais qualquer coisa. A história confina-a ao papel da filha obediente, mas ela podia ser isso e ainda assim ter uma certa personalidade. Algo que a distinguisse daquilo que os outros tendem a fazer dela.

Além disso, o pai dela morre às mãos do Logan, e ela no fim faz um discurso a desculpá-lo, que o pai tinha desonrado a família e merecia. Ideia? Devia ter sido ela a ter direito a essa morte. Seria tão fixe, depois de ser um joguete nas mãos dos outros, ela tomar rédeas do próprio destino. E tornar-se uma companheira à altura do Logan, no que toca a sangue frio.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Curtas: Batman 75th Anniversary Box Set

Batman: The Dark Knight Returns, Frank Miller, Klaus Janson, Lynn Varley
Esta história é mais velha que eu, o que quer dizer que o Batman presente na cultura popular a que fui exposta toda a minha vida é largamente determinado por esta interpretação. Cheguei a ver alguns episódios da série dos anos 60, que era engraçada, mas o Batman com que estou familiarizada é bem mais taciturno.

Portanto, consigo ver como esta história foi impressionante no seu tempo, e consigo apreciar isso, mas não é algo que me deixe surpresa. O Batman volta num momento complicado para a cidade de Gotham, cheia de violência e de vilões à solta; mas a sua aparição também provoca o despertar de vilões como o Joker - por isso coloca-se a questão se o Batman surge por causa dos vilões, ou são os vilões que surgem por causa dele.

Acho fascinante a relação que estabelece entre o Batman e o Bruce Wayne, a relação de dependência, e a maneira como um parece provocar uma desevolução no outro. Também gostei de ler sobre o que era sugerido sobre este futuro, tanto a nível político como o estado de coisas na vida do Batman. É mencionado que um dos Robins morreu, Jason Todd, o que se torna interessante por ser uma coisa que veio a acontecer mais tarde na continuidade normal, marcando o percurso do Batman.

Algo curioso na história é o modo como integra na narrativa principal a cobertura noticiária dos acontecimentos, tanto em Gotham, como fora dela, no país. Acaba por ser uma crítica à postura dos media e também ao momento político que se vivia na altura, ainda na Guerra Fria, e apesar de afastar um pouco da história principal acaba por ser de certo modo um seu reflexo e um seu complemento, por isso gostei de acompanhar.

Não sou fã do tratamento das mulheres na história, porque às vezes parece que ninguém nos comics sabe escrever uma personagem tridimensional que seja mulher, só sabem recorrer ao cliché, e aqui não se fugiu a isso. A Selina Kyle foi reduzida a uma madame mal vestida e mal maquilhada e histérica (estão a dizer-me que a maior ladra do universo DC ficou reduzida a isto?), a nova comissária Yindel não é suficientemente desenvolvida para dar uma boa ideia da pessoa que é, e...

A Carrie Kelley. A Carrie é uma jovem que fica inspirada pelo Batman e assume o uniforme do Robin, tentando fazer a diferença, e acabando por ajudar o Batman numa situação complicada. Por um lado, gosto dela, do impulso puro que a impele a tentar ajudar num mundo cada vez mais perigoso, e gosto de como é engenhosa e consegue ajudar o Batman. Por outro, é questionável a sanidade do Bruce em aceitar uma sidekick não treinada, e preocupo-me em como esta loucura vai afectá-la.

A parte final do livro tem um conflito entre dois velhos amigos em lados diferentes da questão, reflectindo como os dois personagens são dois opostos, e honestamente não pensei que veria tanto do Super-Homem durante o livro. O papel dele neste futuro é tão distorcido quanto o do Batman, apenas duma maneira diferente, o que também é uma base para reflexão.

A arte torna-se interessante especialmente por duas coisas: a divisão frequente da prancha em muitas vinhetas, que me obrigou a esforçar visualmente, o que é uma coisa boa, e o trabalho de cor, em estilo aguarela, que muda ao longo dos capítulos confome a história, e dá um ar delicado a uma trama que é bem mais pesada.

Enfim, é uma história bem negra, muito pessimista, e tem bastante pontos de interesse, algumas observações certeiras, porventura, mas por outro lado também não me convenceu completamente. Não pretendo conhecer o personagem a fundo, mas algumas coisas não encaixaram bem com outras interpretações do Batman mais, er, canónicas. Enfim, os comics são feitos disto, diferentes interpretações, e se me esquecer disso acaba por ser uma boa história.

Batman: The Court of Owls, Scott Snyder, Greg Capullo, Jonathan Glapion
Este foi uma boa surpresa. O Batman está no seu elemento, a investigar um mistério que se desenrola em Gotham, e isso foi grande parte do que me cativou, usar uma caracterização clássica do personagem, ao mesmo tempo que é empurrado para um mistério que o desafia, talvez maior que as suas capacidades, e que o fazem sair da zona de conforto.

Adorei a ideia da Corte de Corujas, a Court of Owls, tanto pela imagem usada, a da coruja, que é um animal com uma simbologia muito particular, tal como o morcego. A coruja é em algumas culturas associada ao azar, à morte, e certas espécies de corujas são mesmo predadoras de morcegos, por isso é uma simbologia fabulosa para usar numa história do Batman. Além disso, as máscaras dos membros da Corte são ao estilo de uma família específica de corujas com um ar arrepiante, o que só aumenta a atmosfera ameaçadora que evocam.

Por outro lado, é fascinante ver o Batman em sarilhos, fora da zona de conforto, a confrontar-se com algo que não conhecia sobre Gotham, algo que esteve sempre debaixo do nariz dele, e que se conseguiu esconder das suas capacidades detectivescas. Toda a coisa tem um ar de teoria da conspiração, de segredos escondidos ao longo da história de Gotham, e foi delicioso de desvendar. Contudo, também apreciei ver o lado Bruce Wayne, como foi incorporado na narrativa e o peso que nela teve.

No geral gostei da arte, as pranchas têm por vezes um planeamento dinâmico, e o traço agrada-me; o que gostaria de destacar, contudo, é uma parte da história em que o Batman fica à mercê da Corte e se vê à beira de perder o rumo e a sanidade, o que no desenho se traduz por um posicionamento da prancha... inusitado. Contribui para trocar as voltas ao leitor e colocá-lo um bocadinho na posição do personagem. Aliás, toda essa parte da narrativa é tão boa de acompanhar.

Batman: Hush, Jeph Loeb, Jim Lee, Scott Williams
Esta é uma história de que gostei por uma razão semelhante à anterior: desafia o Batman, apenas duma forma diferente. Um inimigo misterioso manobra uma série de circunstâncias e faz o protagonista seguir de pista em pista, descobrindo que amigos e inimigos são marionetas neste esquema obscuro.

Apesar de ser uma história longa, conseguiu manter o meu interesse ao longo dos doze números sem problema, revelando aos poucos algo mais da trama, mostrando como o inimigo de identidade desconhecida manobrou os personagens relacionados com o mundo Batman.

Um dos pontos altos é, portanto, o elenco de personagens, o modo como os vilões e aliados do Batman se sucedem, e parte da piada é reconhecê-los e contá-los entre as aparições na história. Isso, e chegar à conclusão que conseguia reconhecer à partida muitos deles.

Entre todas os momentos da narrativa, destacaria a aparição duma pessoa que se pensava morta nesta altura, cujo percurso marcou o Batman e é capaz de o destabilizar; a ida do Batman a Metropolis; a aparição do Joker, que uma vez na vida nem sequer é responsável pelo que é acusado; e o papel da Catwoman na trama - é superestranho ver o Batman tão apanhadinho por causa dela, mas bem divertido também. (É claro que dá vontade de lhe dar um par de carolos pelo que faz no fim... ao Batman, quero dizer.)

Consigo acreditar no Batman meio distraído pela paixoneta pela Catwoman, andando dum lado para o outro sem chegar mais perto da identidade do inimigo... até certo ponto. A parte inicial da história envolve ele ir-se pendurando pelos prédios e alguém cortar-lhe a corda, caindo do prédio e espatifando-se todo... estão-me a dizer que o homem que planeia para tudo e mais alguma coisa nunca planeou para se proteger duma possível queda dum prédio em que não tivesse maneira de se pendurar em lado nenhum? Parece-me bizarro, tendo em conta o tempo que ele passa a trepar pelos telhados de Gotham.

Quanto ao inimigo misterioso, consegui adivinhar previamente um dos envolvidos; mas o outro, o puppet master, digamos, manteve-se no escuro. Talvez porque nunca são dadas propriamente pistas para o seu envolvimento, e porque está a fazer isto - só uma conversa com o Batman no final nos esclarece isso. Talvez por essa razão os seus motivos me pareçam fracamente delineados - se tivéssemos o livro todo para os explorarmos, isso não aconteceria. Mas posso acrescentar que foi muito esperto o vilão principal introduzir-se no enredo e parecer que é só mais um dos conhecidos do Batman a ser arrastado para a trama.

Bem, pelo menos o que parecia um livro longo acabou por se revelar rápido de devorar, cativante, e capaz de entreter, para além de juntar num só livro tantos dos personagens da família e do mundo Batman, e só por isso já valeria a pena explorá-lo.

sábado, 21 de junho de 2014

Curtas: Calvin & Hobbes, o Banana e o Batman

Esta é daquelas edições especiais que vale mesmo a pena. É positivamente deliciosa. Com vários ensaios escritos pelo próprio Bill Watterson, dão a sua visão sobre uma série de coisas que o interessam no seu ramo de trabalho: sobre o estado da própria banda desenhada, sobre o seu método de trabalho, as suas influências, a sua postura quanto à estrutura das pranchas de domingo e ao licensing dos personagens - enfim, nestes últimos casos, algumas coisas que lhe deram dores de cabeça enquanto trabalhou em Calvin & Hobbes. Os ensaios em si são fascinantes. Mostram uma pessoa que gosta mesmo do que faz, com integridade, e que quer fazer o melhor para a sua arte. Acaba por fazer muito sentido que tivesse parado de trabalhar na tira quando parar, antes de ficar sem coisas para dizer, e de a deixar "gasta".

Fora os ensaios, a maior parte do livro consiste em tiras e colecções de tiras escolhidas pelo autor, com alguns comentários seus. Umas vezes a explicar de onde lhe veio a ideia para a tira, outras a comentar que a história não resultou tão bem, outras a mostar as suas favoritas ou que mais gostou de fazer, comentários a personagens e enredos, bem, e tudo. É uma visão honesta e descomprometida sobre o seu trabalho, e muito refrescante. Curioso que as tiras devem estar por ordem cronológica, e nota-se muito bem a evolução no seu trabalho - no traço dos personagens, na legendagem, no trabalho nas pranchas de domingo, nas quais teve mais liberdade, mais para o fim.

Ora, bolas (para usar uma das piadas do livro), este livro é hilariante. Muito sintonizado com a mentalidade de um miúdo desta idade, cheio de aventuras, desventuras, problemas e preocupações. O Greg é um miúdo sem muitas qualidades redentoras, o que torna mais divertido vê-lo meter-se em sarilhos e retirar nenhuma moral quando as coisas correm mal. Algumas das sequências mais engraçadas são a do teatro, da casa assombrada, ou a dos cartoons, em que por uma vez, o Greg paga pelas asneiras que fez e o Rowley, o melhor amigo, fica com os créditos do trabalho dos dois (e do Greg). Justiça poética.

O design do livro é bem giro, em estilo de caderno (diário não, o que Greg diz que não tem paciência para diários), com um tipo de letra adequado e desenhos a acompanhar a narração, para explicar o que está a acontecer. As ilustrações são ao mesmo tempo engraçadas e de traço caricaturado e estranho, adequadas a um miúdo desta idade.

Batman: Ano Um, Frank Miller, David Mazzucchelli, Richmond Lewis
É um pouco difícil para mim avaliar o impacto que esta história terá tido no seu meio e no personagem, especialmente quando a história é mais velha do que eu e a sua abordagem é tudo (ou a maioria) do que conheci do Batman.

Contudo, é uma história interessante, especialmente pelo foco no Jim Gordon. Fiquei com pena dele, vir meter-se no buraco que é Gotham City, e ser parcialmente corrompido, mas sempre tentando manter-se íntegro, e fazer o seu trabalho. O Bruce Wayne vai mostrando como se torna no Batman, sempre por tentativa e erro, metendo-se me mais sarilhos do que será razoável conseguir sair. (Uma das vezes sobrevive a um prédio em chamas e uns quantos tiros... para 9 dias depois, estar a esquiar. *facepalm*) Tendo em conta que o Bruce é um ser humano, com capacidades espectaculares, mas sem super-poderes...

Gostava de ter visto um bocadinho mais do Harvey Dent e do que andava a fazer, porque nem sempre era claro. E da Selina, que se transforma em Catwoman perante os nossos olhos, mas não tem conseuência na narrativa, é apenas uma sidenote. Gosto do ritmo, de a história se passar ao longo de um ano, e do tom negro. É engraçado reconhecer onde certas cenas nos filmes do Batman do Christopher Nolan terão sido inspiradas. (A coisa dos morcegos e do manto de disfarce que dão, por exemplo.) Não me passou ao lado a menção ao Joker. Ah, e alguém ensine ao Frank Miller a duração da gestação de um bebé humnao, que 10 meses não são de certeza.

A arte dá o tom à narrativa, escura, cheia de sombras. Gosto bastante dos detalhes das cenas, mas não sou fã das caras dos personagens. A coloração é gira, muito a acompanhar a arte, com cores escuras e fortes, e muitas sombras para o Batman. Mas nos extras do livro vi scans das páginas na impressão original e fiquei curiosa em ver como ficariam, pareceram-me um tudo-nada mais claras e coloridas.

Esta edição traz uns extras, esboços das páginas e dos personagens, scans do argumento, comparações entre a impressão original e o desenho a tinta, ou entre o desenho a tinta, e a coloração sem a arte final, e ainda algumas capas. Destaque para as pranchas do desenhador em homenagem ao que conheceu do Batman na infância, muito giras. Em geral, uma boa colecção de extras, com um pouco de tudo, mas que me atiçou ainda mais curiosidade sobre como este processo funciona.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Colecção Heróis Marvel Série II #6-10

Dr. Estranho - O Juramento, Brian K. Vaughan, Marcos Martin, Stan Lee, Steve Ditko
O volume contém algumas histórias mais antigas do Doutor, sobre as suas origens, o que dá alguma contextualização do personagem, mas que não se destacam especialmente.

Quanto à história titular, a arte agradou-me, colorida e dinâmica. As origens do Dr. Estranho são recuperadas, para explicar o título e as suas acções ao longo da história. A ideia por trás é boa, se bem que convoluta, por vezes. O Dr. Estranho enfrenta um inimigo místico e ao mesmo tempo ambientado num mundo bem real, em que um elixir milagroso o faz pesar a vida um contra a vida de muitos, relembrando-o do seu juramento de Hipócrates.

Homem-Aranha - Reino, Kaare Andrews
Uma história sombria para o Homem-Aranha. Estranho, mas ao mesmo tempo faz sentido. O Homem-Aranha tem um sentido de humor hilariante, mas ao mesmo tempo um percurso de vida trágico, e sempre pus a possibilidade de o seu futuro ser um triste futuro. Não tão tenebroso, mas é uma história de futuro alternativo, com tendências distópicas, cativante.

É deprimente ver o Peter no estado a que chegou, velho, senil, preso no passado. As coisas mudam quando alguém do passado lhe traz a velha máscara. (A propósito, foi engraçado ver esse personagem ainda rijo e mal-humorado.) A piada da coisa é que mal põe a máscara, o Peter recupera o sentido de humor. (Fiquei traumatizada com o ter visto o Peter velhote de máscara e boxers, lol.)

O aspecto distópico e a arte sombria conjuram uma história com preocupações actuais que me agradou ler. É um volume que vale muito a pena, um dos melhores da colecção.

Demolidor - Renascido, Frank Miller, David Mazzucchelli
Uma magnífica história de redenção e renascimento para Matt Murdock, que depois de ter caído o mais fundo possível tenta voltar a erguer-se. Muito boa, foi terrível seguir as sucessivas tragédias que aconteciam ao Matt pela mão do Rei do Crime, cujo alcance chega a todo o lado. (O que é assustador de ver, na verdade, quantos cordelinhos o homem consegue puxar.) O próprio Rei do Crime é um personagem interessante de seguir, pela extensão vingativa com que persegue o Matt Murdock ao descobrir que este é o alter-ego muito incomodativo (para o Rei do Crime) Demolidor.

Outra personagem que me cativou, apesar de a odiar no início por ser ela a traidora que dá o nome do Demolidor a um tipo qualquer por uma dose de droga, é a Karen Page, que se redime pela tenacidade com que tenta voltar a Nova Iorque, para avisar o Matt da palermice que fez. Destaque ainda para a arte, que me fez esquecer o ano em que foi feita, e que repete alguns motivos que se relacionam com a história.

Wolverine - Arma X, Barry Windsor-Smith
Adoro, adoro a arte deste senhor. O uso das cores é fabuloso, especialmente numa época em que ainda havia alguma restrição nas mesmas devido à impressão. O trabalho para criar pontos de luz e sombras é fantástico.

Mais uma história que desvenda um bocadinho as origens do Wolverine, mostrando-nos exactamente o que lhe aconteceu no programa Arma X, como adquiriu o esqueleto de Adamantium, e as experiências a que foi submetido. Contado do ponto de vista dos cientistas, tem um ritmo lento e levanta mais perguntas do que dá respostas. Só me falta ler alguma coisa da ligação japonesa do Wolverine.

O fim do volume conta ainda com a republicação duma história do mesmo autor que já conhecia através da série Clássicos da BD do Correio da Manhã, mas aqui em tamanho original, e num volume de luxo. Gostei e pude relembrar partes da história que já me tinha esquecido.

Novos Vingadores - Guerra Civil, Mark Millar, Steve McNiven
Uma história produto do dias de hoje, que obriga os super-heróis a reflectir no seu papel no mundo e os põe em lados diferentes da barricada no que toca às suas liberdades e responsabilidades. É um evento que se expandiu por vários títulos do universo Marvel, para além de ter direito a revista própria, cujos números são reunidos neste volume.

A história aguenta-se bem por si mesma, mas por vezes fazem-lhe falta as histórias laterais, passadas nos títulos de cada super-herói. As decisões do Homem-Aranha durante a saga, em particular, parecem um bocado descabidas se não se for lendo as revistas do super-herói, o que pude fazer há uns tempos com as revistas da Panini brasileira. A narrativa levanta algumas questões interessantes, mas o fim foi algo anti-climático.

domingo, 15 de julho de 2012

Colecção Heróis Marvel #1 e #2: Homem-Aranha e X-Men

Já aqui tenho falado das saudades que algumas colecções de BD, distribuídas com jornais, me suscitam. (Sim, falo pela milionésima vez da série Clássicos da BD e Clássicos da BD - Série Ouro.) Por isso recebi com algum entusiasmo a notícia desta série, publicada numa parceria Público/Levoir. Gosto bastante de BD, e tenho um historial mais longo de leitura de BD americana com super-heróis, por isso a colecção vem cair que nem ginjas para me animar o Verão.

A edição, devo dizer, é fantástica. Começando pela capa dura de qualidade, cada edição traz uma pequena introdução e um índice exaustivo das histórias e respectivos autores. As páginas e impressão têm boa qualidade. Enfim, uma edição de sonho e por um preço de pechincha.

Homem-Aranha - Integral Frank Miller é, como o nome indica, um volume que acompanha algumas histórias do Homem-Aranha criadas por Frank Miller. Foi uma ideia interessante, lançarem a colecção e este volume em particular no dia em que o novo filme do super-herói estreava.

Em termos de história, os vários enredos perdem-se nos grandes arcos de história do Homem-Aranha, mas em termos de arte é interessante acompanhar o início da evolução de um artista que tem o seu lugar nos anais da história da BD. As minhas favoritas foram as duas histórias com o Demolidor, Em Terra de Cegos... e Das Cinzas às Cinzas! - é pena que não possamos ver a história final, que já não foi desenhada pelo Frank Miller, mas ao menos é-nos dada uma breve descrição do que acontece.

X-Men - Filhos do Átomo cobre a mini-série com o mesmo nome, acompanhada da primeira história de sempre dos super-heróis, que já conhecia. Gostei da arte, às vezes quase lembrando o estilo dos anos 60, às vezes bem moderna, mas bastante dinâmica, e cativou-me a interpretação da imagem dos personagens principais. (Se bem que quase não reconheci o Magneto, quase parecia um Wolverine.)

Adorei a história da mini-série, dá uma prequela interessante para a primeira história dos X-Men, sendo quase intemporal, apesar dos X-Men serem quase cinquentões. Foi bem giro seguir os cinco adolescentes que viriam a ser os X-Men originais, e vislumbrar o ambiente que terá rodeado a criação da equipa.