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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Summer Days and Summer Nights


Opinião: Summer Days and Summer Nights é uma antologia editada por Stephanie Perkins, publicada no seguimento de My True Love Gave to Me; a única diferença é os nomes com que conta, que fora a organizadora são todos diferentes, e o foco da antologia: o Verão, em vez da época natalícia.

Acho que em geral gostei um pouco menos desta. Tem menos autores com que eu estava familiarizada. O que não será justificação suficiente por si só, mas se formos ver pelos contos melhores e pelos piores, numa escala subjectiva minha, diria que esta teve mais contos que não gostei, e entre os que não gostei achei-os piores, qualitativamente falando, do que aqueles que não tinha gostado na outra antologia.

E por outro lado, parece-me que a maior parte dos contos não foi tão universalmente gostada por mim como tinha acontecido na outra antologia. Além disso, tenho menos favoritos entre esta antologia. Diria que tudo isto contribui para a minha sensação de gostar menos desta antologia, mas admito que é uma sensação altamente subjectiva.

Pontos altos: os contos da Stephanie Perkins, da Veronica Roth, da Jennifer E. Smith e da Brandi Colbert. Também bonzinhos: o da Cassandra Clare, do Jon Skovron, da Libba Bray e do Lev Grossman.

Mesmo maus/não gostei: Nina LaCour, Francesca Lia Block, Tim Federle. Meh: Leigh Bardugo.

Bem, se formos olhar aqui para esta lista, até não são muitos os que eu activamente desgostei. Mas na outra antologia só não gostei mesmo dum, e achei outro meh. Os outros todos foram francamente bons e favoritos. Por isso, diria que comparando as duas, achei a outra mais de encontro aos meus gostos. (Talvez pelo tema. Uma antologia de Natal é bastante fixe.)


Head, Scales, Tongue, Tail de Leigh Bardugo é um conto que evoca muito bem o Verão pelo seu tom etéreo, impermanente, e misterioso. Gosto do aspecto de realismo mágico que contém, e cativou-me o suficiente para ficar investida na história da protagonista. Mas não me parece tão bom como qualquer conto dos Grisha que a autora tenha escrito. Faltou-lhe um factor “uau”.

The End of Love de Nina LaCour: ah, a maneira como a autora escreve soou-me tão literária/pretensiosa que me predispôs a não achar piadinha nenhuma a este. Além disso, acho que o conto não tem conflito, ou tem um falso conflito: os dramas da protagonista com os pais soaram-me a fracos, não me permitiram relacionar com ela. Parecia que se estava a queixar só por queixar. Gosto do aspecto queer da história, mas merecia melhor. A moça cair nos braços da sua paixoneta foi demasiado “instantâneo”, e o fim vem com uma aceitação demasiado rápida e incredível da protagonista em relação aos seus problemas.

Last Stand at the Cinegore de Libba Bray, por sua vez, é tão divertido e engraçadito. Basicamente é uma homenagem aos filmes de terror que o protagonista e os amigos tanto gostam de ver, e usa os clichés e tropes do género para contar a história. Muito bem feito. Só peca por acabar demasiado depressa, ainda queria ver uma pontinha do “depois”.

Sick Pleasure de Francesca Lia Block trouxe-me outra com a mania que é literária. Mais escrita a soar-me pretensiosa. (Detestei o uso das iniciais. As pessoas não podiam ter o nome completo?) Ugh. Quase que me soou como se a autora estivesse a tentar canalizar a atmosfera do Grande Gatsby para esta época e local. O que não é nada uma recomendação para mim. Não, não quero ler sobre meninos bem que não sabem o que hão de fazer à vida deles. Podia ser uma boa história sobre a instabilidade e impermanência do Verão, mas é só fragmentada e desinteressante. O fim é abrupto, não mostra evolução alguma e não tem qualquer recompensa emocional.

In Ninety Minutes, Turn North de Stephanie Perkins mostra que é por isto que eu gosto da Stephanie. Qualquer coisa que ela escreva tem esta qualidade adorável, gostável. Tudo o que eu li dela até agora tem aquele ar de comédia romântica, e digo-o como o maior dos elogios. Recaptura a fofice de tais filmes. Adoro que ela tenha revisitado o casal sobre o qual escreveu para a antologia anterior, e que tenha dado uma evolução à sua relação. Pode não ser a que esperávamos, mas obriga os dois a compreender algumas coisas acerca de si mesmos e do outro. A cena final é de morrer e chorar por mais.

Souvenirs de Tim Federle: bem, isto tinha sido melhor se não achasse o protagonista narrador tão choninhas e queixinhas. Não me aqueceu nem arrefeceu. O que é pena, porque a premissa é até curiosa: uma relação com prazo de validade, já que as partes acordaram em terminar antes de irem para a faculdade. E tem os altos e baixos emocionais certos, incluindo a revelação de que o Keith até se preocupa. Mas ter-me-ia soado melhor se o protagonista não me bulisse com os nervos.

Inertia de Veronica Roth: e é por isto que esta miúda é uma mestre, e me faz envergonhar porque tem mais ou menos a minha idade e eu não seria capaz de escrever assim, nem agora nem nunca. E é por isto, também, que o conto foi comprado para uma potencial adaptação cinematográfica, porque a premissa é tão singular e tão simples que soa lindamente. Ah, até a escrever um conto sobre o Verão ela parte a louça toda. Mas lá está, foi isto que eu vi no primeiro livro dela: a capacidade de pegar numa premissa razoável, com sentido, e explorar as suas ramificações na vida e sociedade. Tem uma evolução emocional fantástica e muito bem esgalhada. O fim é um pouco meloso e cliché, mas no melhor dos sentidos, porque faz todo o sentido. É facilmente um conto uns furos acima dos outros.

Love is the Last Resort de Jon Skovron seria a maior e melhor surpresa da antologia; o conto que me poderia dar vontade de explorar o resto da obra do autor. (O que é inteiramente o objectivo duma antologia. Ou devia ser.) Adorei a escrita dele, tão divertida e meio sarcástica, e bastante auto-consciente, falando directamente com o leitor. Diverti-me tanto com as tropelias cupidescas da história. O fim é que me soube a pouco. Ver o casal final junto não foi tão satisfatório como podia ser, o autor podia ter sugerido e desenvolvido melhor a ligação deles ao longo do conto.

Good Luck and Farewell de Brandy Colbert é outro que entrou para os meus favoritos. Gosto da premissa - a narradora adolescente vai perder a prima, que basicamente a educou - vai para outra cidade. Tem os altos e baixos emocionais certos, descreve mesmo bem o sentimento de perda e revolta que a Rashida tem, ao mesmo tempo que mostra que a mudança da prima Audrey é uma coisa boa. Gosto da maneira como a autora introduz diversidade sem ser esforçada, mas também como mostra não ser cega a certas coisas de política racial. Só o fim é que me pareceu um pouco apressado ou precipitado.

Brand New Attraction de Cassandra Clare: acho que vou acabar sempre por gostar do que esta senhora escreva. Neste caso, apreciei que ela fosse pegar em algo que possa ser mais associado com o Verão, como o carnival, e dando-lhe o seu toque típico paranormal. É também um mistério, e é bastante simples nesse aspecto, mas tem um bom ritmo. Adorei os detalhes paranormais, gostava tanto de os ver mais explorados, como o que é real ou não no carnival, ou a existência dos demónios e como “funcionam”/interagem com o mundo.

A Thousand Ways This Could All Go Wrong de Jennifer E. Smith foi muito melhor que a minha única experiência com a autora. Mesmo giro e adorável. A protagonista é monitora numa espécie de ATL de férias e convida para sair um rapaz da escola, no qual ela sempre esteve interessada. Só que o encontro é torpedeado por uma emergência no ATL, e a Annie vê um lado mais secreto do Noah. Adivinhei bastante cedo o segredo dele, mas gostei de os ver juntos, e gostei da reacção dela ao descobrir, e de como o desafiou a pensar melhor de si mesmo.

The Map of Tiny Perfect Things de Lev Grossman tem uma premissa fabulosa – um par de jovens fica preso num dia no meio do Verão, que se repete vezes sem conta. De início o narrador nem dá conta, mas quando dá, acaba por se cruzar com uma jovem que também está presa; e ambos iniciam um desafio de encontrar as coisas pequenas e perfeitas que acontecem naquele dia, na zona onde estão “presos”, para ver e rever, dia após dia. Gosto da ideia de isto acontecer por uma razão nada relacionada com o protagonista, mas também gostaria de poder ler isto do ponto de vista de quem é o foco deste acontecimento: a rapariga que ele conhece. Seria infinitamente mais interessante e desafiador, mas acredito que um bom escritor conseguiria fazer caixinha e fazer o mesmo tipo de revelação, que é bem intrigante. O fim, por sua vez, é fofo, mas talvez um pouco abrupto/apressado e meloso demais para o meu gosto.

Páginas: 400

Editora: St. Martin's Griffin (MacMillan)

sábado, 22 de novembro de 2014

My True Love Gave to Me, antologia editada por Stephanie Perkins


Opinião: My True Love Gave to Me é uma antologia de contos com tema festivo, subordinando-se à época natalícia e de Ano Novo para apresentar uma dúzia de histórias escritas pelo mesmo número de autores, sendo que a totalidade das histórias se encaixa na faixa etária YA (e todos os autores me parecem publicar maioritariamente YA, também).

Em jeito de visão geral, é um bom conjunto de histórias, que me agradou imenso. Os nomes dos autores são em grande parte meus conhecidos e por isso já me sinto confortável com a sua escrita e o seu estilo narrativo - se bem que não será essa a razão principal para eu ter gostado dos contos ou não, já que gostei de contos de autores para mim desconhecidos, por exemplo.

Fiquei surpreendida com o tom ligeiramente mágico de alguns contos. Não é que não o esperasse de alguém como a Laini Taylor; mas o meu primeiro conto "mágico" da antologia foi o da Kelly Link, uma autora que não conhecia, e não sei bem porquê, não me identifiquei com a maneira como a história foi contada. Também o segundo conto "mágico", o da Jenny Han, me soou um pouco estranho, talvez inacabado, mas fiquei curiosa por ler mais coisas dela.

Por outro lado, fiquei a conhecer a voz de novos autores, e gostei muito daquilo que li do Matt de la Peña, da Myra McEntire, e até da Holly Black ou do David Levithan. Cada um deu uma perspectiva única à sua história, e isso contribuiu para manter o meu interesse no conto.

Das autoras que já conhecia, adorei reler a Rainbow Rowell, a Stephanie Perkins, a Gayle Forman, a Kiersten White, a Ally Carter, e a Laini Taylor. Qualquer uma destas senhoras é capaz de escrever uma boa história, e apreciei acompanhá-las, encontrando novas histórias e um estilo já conhecido e confortável.

Midnights de Rainbow Rowell é uma história adorável sobre dois amigos, um rapaz e uma rapariga, que se juntam nas passagens de ano em 4 anos sucessivos. Gostei do formato (ano após ano), que permitiu ver a evolução da relação deles, e foi deliciosamente frustrante esperar que pelo menos um deles se apercebesse do que tinham.

The Lady and the Fox de Kelly Link foi uma história que tive dificuldade em acompanhar. Não sei se por causa do tom ou da escrita. A ideia é interessante, um ser mágico que ano após ano aparece a uma família, preso a uma figura misteriosa, mas o tom não encaixa propriamente com o tema natalício, e a premissa precisava de ser melhor desenvolvida para funcionar.

Angels in the Snow de Matt de la Peña foi uma boa surpresa. Gostei da voz que o autor deu ao protagonista, pois senti-a muito credível, e era possível acreditar nas dificuldades e tristezas que carregava. Além disso, a história pega num tema apropriado à época, com duas pessoas que nunca se cruzariam a aproximarem-se graças à mesma.

Polaris is Where You'll Find Me de Jenny Han é uma história estranha. Fez-me confusão pegar-se nos habitantes do Polo Norte, torná-los reais, e ainda criar uma protagonista humana que cresceu educada pelo Pai Natal e rodeada de elfos. A história pareceu-me inacabada, por deixar uma situação em suspenso, mas também foi isso que me intrigou.

It's a Yuletide Miracle, Charlie Brown de Stephanie Perkins conta com dois protagonistas encantadores, e com uma química bem credível, mesmo ao jeito da autora. Gostei muito da exploração do passado dos protagonistas e como isso faz deles o que são. Cada um tem as suas particularidades, mas fazem um belo casal, e acreditei na sua aproximação.

Your Temporary Santa de David Levithan consegue sugerir muito com pouco, e apresentar uma história fofinha - o protagonista veste-se de Pai Natal para permitir a uma menininha continuar a acreditar no mesmo. Pontos bónus por apresentar um casal gay naturalmente. O fim parece um pouco fraco, mas apreciei vislumbrar as dúvidas do protagonista.

Krampuslauf de Holly Black funcionou bem para mim, pois mantém a aparência de realismo, só sugerindo o mágico, e revelando-o mais no fim. Acabou por ser interessante pela determinação da protagonista e pelas peripécias que ocorrem. A narração é singular - no início nem dá para perceber de que sexo é a personagem principal, e o seu nome só é mencionado no fim.

What the Hell Have You Done, Sophie Roth? de Gayle Forman é curiosamente nada dramático. Consegue apresentar os problemas da protagonista, fazer perceber onde ela tinha razão e onde podia melhorar. Gosto da voz sarcástica dela. É engraçado, porque apresenta a questão da discriminação dum novo ponto de vista, virando a posição dos dois personagens principais.

Beer Buckets and Baby Jesus de Myra McEntire tem um tom tão, tão divertido. O personagem principal é um ensarilhado e admite-o sem pedir desculpas. Dá para vislumbrar como é que a vida fez dele o que é, e as peripécias da história levam-no a desejar ser uma melhor pessoa, e a esforçar-se nesse sentido. Alguns personagens secundários surpreendem, no bom sentido.

Welcome to Christmas, CA de Kiersten White tem o bom humor da autora na sua concepção, mas também consegue desenhar um bom retrato do mundo interior da protagonista, do que a frustra e daquilo que falha em ver. Numa lição natalícia, acaba por apreciar melhor o que tem e aproveitar o que vem ao seu encontro. E a noção duma vila natalícia é hilariante.

Star of Bethlehem de Ally Carter tem uma premissa que roça o difícil de acreditar, mas que a autora faz resultar, tal como nos seus livros de Gallagher. A protagonista precisava de um bocadinho de paz, de encontrar um refúgio, e a família que a acolhe é fantástica nesse aspecto. Consegue ainda esboçar os problemas que afligem alguns personagens em poucas palavras.

The Girl Who Woke the Dreamer de Laini Taylor era o único conto que eu à partida tinha a certeza que ia ser bom, porque tudo o que sai da cabeça da Laini é fascinante e cativante. Sem entrar em muitos detalhes, a personagem principal tem uma vida complicada, num local que já de si é duro, e num momento de desespero pelo futuro incerto, inicia uma coisa mais fantástica e maravilhosa que alguma vez podia imaginar. Com o toque de magia habitual, a autora faz duma história simples uma bela aventura.

Páginas: 336

Editora: St. Martin's Press (MacMillan)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Isla and the Happily Ever After, Stephanie Perkins


Opinião: Isla and the Happily Ever After foi uma criança de parto difícil. Passaram-se quase três anos desde a publicação do último livro da série, Lola and the Boy Next Door (dois anos desde que o li), e desde então a autora tem-se debatido consigo própria, com problemas pessoais e com o próprio livro para fazer dele algo à altura dos dois livros anteriores. É que, já aqui me tenho queixado, as expectativas são terríveis, e compadeço-me da Stephanie, que deve ter passado este tempo todo aterrorizada, receosa de não corresponder ás expectativas dos seus leitores, de não atingir a fasquia muito alta colocada pelo Lola e pelo Anna and the French Kiss.

Quanto a esta leitora, não precisava de se preocupar. Isla é uma história bem diferente dos seus antecessores, mas isso não é uma coisa má. Apreciei o tipo de história que Stephanie Perkins estava a tentar contar, adorei lê-la e deixar-me imergir nela, vivi os acontecimentos com os personagens intensamente, identifiquei-me com eles e compreendi os seus problemas e dilemas. Não podia pedir mais.

Isla é uma jovem introvertida e tímida, sem rumo na vida. Uma parte dos seus últimos anos tem sido guiada por uma simples paixoneta pelo Josh, pela observação de longe, sem nunca se atrever a meter conversa, a aproximar-se dele. E no entanto, durante o Verão em Nova Iorque, um encontro acidental aproxima-os, atira-os para os braços um do outro quando descobrem uma atracção mútua, que evolui para uma paixão intensa e consumidora.

E pronto, está aqui a razão pela qual gostei tanto do livro. Nos anteriores, os personagens debatiam-se com os seus problemas, que os afastavam até bem ao final; aqui a Isla e o Josh nada têm que os separe, aparentemente, e embarcam numa relação amorosa que lhes leva todos os minutos do dia, porque o foco está no outro, nada mais há que o outro, que conhecê-lo em todas as suas facetas. É esta intensidade que foi tão deliciosa de ler e acompanhar, e tão difícil de resistir.

Outro aspecto de eu ter gostado da história prende-se com a reflexão que a autora faz, de um amor adolescente que consome, e da falta de perspectiva que o acompanha. Há um momento de separação a meio da história, e parece o fim do mundo para ambas as partes, e é tão difícil não nos deixarmos envolver nesse sentimento, não deixar de compreender a dor da separação.

Além disso, a separação traz à tona algumas inseguranças da Isla, para quem esta é a primeira relação séria, e apesar de criarem um fosso entre ambos, e de ser frustrante esta parte da história... eram inseguranças que precisavam de ser expressas. A Isla precisava de ver o Josh não só como o objecto da paixoneta, paixão e amor que lhe tinha, mas como outra pessoa de carne e osso, com problemas e bagagem próprios. Por isso, apesar de todo o dramatismo da segunda parte do livro, senti que era uma coisa que precisava de acontecer, para que se tornasse mais fortes e mais maduros, como casal e como pessoas.

Suponho que outra das razões para ter gostado tanto do livro é o facto de, como pessoas, os protagonistas Isla e Josh serem aqueles mais próximos de mim, aqueles com os quais mais me identifico. Oh, identifiquei-me e compreendi os problemas dos protagonistas anteriores (provavelmente mais a Anna e o Étienne do que propriamente a Lola e o Cricket), mas sou inclino-me mais para as personalidades introvertidas e introspectivas da Isla e do Josh.

Entendi a incapacidade de escolher um rumo da Isla, e a frustração do Josh com o rumo que escolheu. A necessidade de aventura da Isla e de um meio de expressão do Josh. A insatisfação indistinta da Isla e a solidão do Josh. Adorei que a Isla tivesse pilhas e pilhas de livros pelo quarto fora, e que o Josh estivesse a trabalhar numa novela gráfica que detalhava os seus anos na escola secundária em Paris. (Matava para ler essa novela gráfica.)

Por falar na novela gráfica, quase sempre vemos o Josh pelos olhos da Isla, mas na dita cuja aquilo que ele escreve e desenha fala por si, e deu para apreciar a sua frustração com o estar a estudar em Paris, a solidão e separação escolhida por si quando se dá conta que vai perder o seu grupo de amigos, a felicidade que estar com eles traz, o furacão que foi a relação com a Rashmi... compadeço-me do rapaz, com tanto potencial para ser brilhante, mas decidido a enterrar-se o mais fundo possível. Foi preciso o ataque de insegurança da Isla para lhe dar um empurrão para ele ganhar juízo, e mais uma vez este ponto do enredo revela-se necessário, apesar de ser bastante espinhoso.

Desta vez, o local não é tão importante, porque o caso amoroso da Isla e do Josh domina toda a história, mas temos pequenas visitas a Nova Iorque e Barcelona, das quais gostava mesmo de ter lido mais. E devido ao quão consumidor o enredo Isla-Josh é, também não há tanto destaque para os personagens secundários... gostava de conhecer melhor o Kurt (talvez um livro só para ele? por favor, mil vezes por favor), e apreciei a dinâmica familiar entre a Isla e as irmãs - a Isla apercebe-se de algumas coisas que podia trabalhar, não só com as irmãs mas com o resto da sua vida, e aí o seu período de reflexão foi muito frutuoso.

Sou capaz de ter morrido de felicidade um pouco, quando vi antigos personagens, recordados com carinho, voltarem para uma visitinha. Sou capaz de ter guinchado um bocadinho quando uma certa coisa muito feliz acontece, que infelizmente não posso spoilar. Mas pronto, foi bom ver a Anna, o Étienne, a Lola, o Cricket, e a Meredith, e a sua dinâmica de amizade com o Josh. (Por falar na Meredith, não há um livro para ela, que bem merece? A moça está em Roma, vá lá, está uma história mesmo romântica a pedir para acontecer.)

O fim é sofrido, mas merecido. Apreciei a reavaliação de certas coisas, e uma certa releitura que levou a um final bem mais feliz. A novela gráfica toma um rumo que salta um bocadinho da ficção para a realidade, e foi engraçado de tentar prever o que ia acontecer.

Em suma, pode não ser um livro consensual, porque a história da Isla e do Josh é mais espinhosa, mais complicada de acompanhar e entender... mas sinto que era o que precisava de acontecer, e aprecio mais a Stephanie Perkins por contar uma história mais difícil, mas mais satisfatória por isso mesmo. A espera de dois anos valeu mesmo a pena, não me arrependo de ter esperado e de ter apostado na série (só me arrependo desta capa, mas já me queixei disso aqui), pois fez de mim uma fã da Stephanie, e tenho vontade de continuar a espreitar o que quer que ela tenha nas mangas para os seus próximos livros.

Páginas: 352

Editora: Dutton (Penguin)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Lola and the Boy Next Door, Stephanie Perkins


Opinião: Ai, Lola, Lola, Lola... já dizia a minha avó que o pior cego é aquele que não quer ver. Basicamente a Lola e o Cricket andam a dançar à volta do outro desde os cinco anos, sempre em encontros e desencontros. Desta vez, a Lola namora um rapaz mais velho quando o Cricket volta a morar na sua casa de infância, a casa ao lado da da Lola. Sentimentos, indecisões, discussões acontecem.

Não gostei mesmo de ver a Lola com o Max. A diferença de idades não seria significativa, se houvesse apoio e respeito um pelo outro. Mas a Lola está encantada por ele por ser mais velho, e ele por ela ser misteriosa e ser uma pessoa diferente todos os dias (por se vestir de forma diferente). Ele não faz nenhum esforço para a incluir na sua vida, e apesar de aparentar que ele se esforça para se inserir na vida dela, não respeita as pessoas que dela fazem parte.

E a sério, a Lola chega a invejar por um momento o que a Anna e o Étienne têm. Porque ela não o tem com o Max, mas é demasiado palerma para o ver. De certo modo, a Lola é o Étienne deste livro, presa a uma pessoa sem conseguir decidir-se a arriscar-se a mudar a sua vida. E por falar neles, adorei as pequenas aparições da Anna e do Étienne. O modo como eles fazem parte da vida da Lola não é nada forçada, e é uma delícia vê-los juntos. Acabam por ser confidentes do nosso casal. E dar uns empurrõezinhos na direcção certa.

A Lola e o Cricket são tão fofinhos. Como disse acima, desencontrados, mas quando estão juntos até saltam faíscas. Conhecem-se bem demais e há demasiado tempo e as pequenas idiossincrasias de cada um acabam por combinar tão bem. A Lola é uma fashionista-estilista que muda de traje e até peruca todos os dias, e o Cricket é um génio das engenhocas.

A dinâmica familiar de ambos é muito interessante. Os pais da Lola são um casal homossexual, o Nathan e o Andy, que não podiam ser mais extremosos e preocupados com ela, são adoráveis. E a família do Cricket passa o tempo todo a apaparicar a Calliope, a irmã gémea dele e a super-estrela da patinagem, desleixando um pouco os outros filhos. Detestei a Calliope. É o centro das atenções, mas ainda assim é insegura o suficiente para tentar controlar as atenções do irmão. É a responsável para separar a Lola e o Cricket numa certa altura, e toma a família que tem por garantida.

Ai... só a Stephanie Perkins para me fazer ler um livro em 24 horas. Outra vez. Estou com muita vontade de ler a história da Isla e do Josh.

Páginas: 352

Editora: Dutton

domingo, 16 de setembro de 2012

Anna and the French Kiss, Stephanie Perkins


Opinião: Este livro é tão giro. Fofo. Adorável. Encantador. Fantástico. Estupendo. E... corro o risco de me afogar em adjectivos (os adjectivos a mais dão cabo de mim), por isso vou tentar reduzi-los ao mínimo. Mas a sensação de estar nas nuvens mantém-se. Estava no Goodreads há pouco a rever citações e a deliciar-me, com um sorriso parvo no rosto.

A Anna é uma rapariga de 17 anos que foi enviada para terminar o último ano do ensino secundário em Paris. Parece de sonho, não é? Só que a Anna morre de saudades de casa, e no início o choque de culturas é demais para ela. Felizmente, ela conhece um grupo de gente boa que a ajuda a ambientar-se, coisa que não será certamente dificultada por um rapaz Americano-Inglês-Francês (French name, English accent, American school. Anna confused.), totalmente giro e muito charmoso.

Gostei muito da voz interior da Anna. Ela é refrescantemente honesta, dizendo muito do que lhe vem à cabeça, e e achei muito realista o facto de ela se sentir quase abandonada e cheia de saudades de casa no início. O choque de culturas foi engraçado de seguir, especialmente quando os novos amigos da Anna se metiam com ela por causa disso. O Étienne trocou-me as voltas. Mal o rapaz me apareceu à frente e eu não conseguia deixar de o imaginar com aquele sotaque inglesíssimo, meio Hugh Grant-ish, e eu que nem sou muito imaginativa a "ouvir" os personagens na minha cabeça.

Duas coisas atraíram-me no livro. Uma foi a descrição dos personagens, com os seus pormenores e idiossincrasias (a Anna quer tornar-se numa crítica de cinema, o Étienne é baixinho). Outra coisa é o jogo de encontro e desencontro de sentimentos da Anna e do Étienne. Tão tortuoso, mas delicioso. Quase explodi de alegria com o final (finalmente!), e foi tão bonita aquela cena na Notre Dame.

Recomendadíssimo, mas sem dar corda às expectativas, que suspeito que seria capaz de dar cabo do divertimento que o livro pode trazer.