sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Stone Cold Touch, Jennifer L. Armentrout


Opinião: Li quase tudo o que está publicado da Jennifer L. Armentrout, e isso acaba por merecer algumas considerações quando leio um novo livro dela, especialmente este. Primeiro, não continuaria a lê-la se não encontrasse conforto e algo novo sempre que abro um livro seu. Depois, já estou habituada à sua escrita e ao modo como cria a sua história. E por fim, consigo apreciar aquilo que tenta fazer em cada livro, especialmente porque é impressionante a produção anual dela em termos de escrita.

Com isso dito… Este livro foi uma desgraça. Houve nele tantas coisas que me desagradaram que eu me arrastei pela leitura. Pela minha experiência, um livro desta autora, deste tamanho e com a disponibilidade que tenho tido, levar-me-ia uns dois ou três dias a ler. Nunca os seis dias que levou de facto.

Primeiro problema: o triângulo amoroso. Tornei-me mais leniente com este tipo de coisa, porque senão não conseguia ler nada, e de qualquer modo, 3/4 das vezes os supostos triângulos amorosos são uma chachada a fingir que são triângulos amorosos. Bem, de qualquer modo, o problema aqui é que ao fim deste segundo livro é suposto os fãs escolherem com quem querem que a heroína fique.

Daqui podemos concluir que o triângulo amoroso ou a relação que a heroína tem com qualquer dos rapazes não seja realmente essencial para a história. E em resultado, este livro perde taaaanto tempo com ela a oscilar entre os dois, e a lamuriar-se por causa disso que eu quase morri de aborrecimento. Cliché, cliché, cliché. Ugh.

Porque o problema é que enquanto estivemos a perder tempo com o triângulo amoroso, a história não avançou nadinha de nada. O enredo é sobre um ser maléfico que foi criado pelos eventos do final do primeiro livro, e que os Wardens têm de travar, mas não há ninguém que o encontre. Os Wardens andam no fundo do cenário, e seria de esperar que descobrissem alguma coisa, mas porque o enredo assim o exige, são tão úteis como se não existissem. E quanto aos nossos protagonistas, andam demasiado preocupados com a beijoquice e quem anda a beijar quem para fazerem realmente alguma coisa de jeito.

Também há a considerar a protagonista, Layla, que conseguiu o feito que mais nenhum personagem tinha conseguido até agora, que era encarnar a qualidade TSTL (too stupid to live, demasiado estúpida para viver), e que eu nunca tinha encontrado em nenhum personagem, pelo menos não de modo a dar comigo em doida. Quero dizer, é um milagre como é que ela se mantém viva depois de tantos sarilhos.

Gostava que a Layla ganhasse um bocadinho de juízo, que deixasse de mentir e escapulir-se e esconder coisas, porque nada de bom vem daí, e porque geralmente isso ajuda-a é a enterrar-se mais. Também gostava que ela mudasse de atitude. Fechou-se aos outros na casa dos clã Warden a que pertence. Compreendo que seja porque não se sente tão à vontade com eles depois de tudo o que aconteceu, mas o esconder-se também ajuda a que a desconfiança deles para com ela aumente. E a verdade é que ainda tem aliados em casa.

Ainda tenho de mencionar o Roth, que era um pouco o bad boy a tender para o cliché, mas com potencial para evoluir, no primeiro livro. Aqui, ele envereda por uma série de comportamentos ainda mais bad-boy-cliché, mas não é no bom sentido. Começa o livro sendo o maior idiota para a Layla, e depois ainda tem o desplante de dar em stalker, aparecendo inoportunamente, impondo a sua presença quando ela lhe pede para ir embora, e metendo o nariz onde não é chamado. (E não, a "boa" razão que ele dá no final não justifica tal comportamento.)

Bem. Que charme, não é? Pior ainda, a Layla mais para a frente na história ainda tem uma travadinha e mesmo com este comportamento execrável dá-lhe para o acompanhar a certo sítio. Oh, e fica toda contente porque o Roth mostra-lhe a verdade, e trata-a como uma igual, e blá blá blá. Oh, minha inocente criança, a) o Roth mente-te tanto como os outros, com os dentes todos que tem na boca e mais alguns e b) que raio de valor é que tem o Roth dizer-te a verdade quando te leva a sítios em que sabe que te vais meter em sarilhos? Ah, e c) se queres a verdade, impõe-te e começa a agir como uma adulta.

No meio disto tudo, há personagens decentes? Bem, suponho que sim. Temos a Danika, que eu começo a desejar que fosse a protagonista disto tudo, já que pelo menos tem espinha. Acho que se perfila para executar as mudanças que eu desejava ver na sociedade Warden, e espero que consiga fazê-lo. É uma jovem inteligente, discreta e merece coisas boas.

Quanto ao Zayne, até tenho pena dele. É geralmente boa pessoa e parece-me merecer coisas boas também, mas se o primeiro livro era supostamente para o Roth, e este para ele, não vi assim tanto destaque para o Zayne como isso. Gostava de tê-lo conhecido melhor, mas o drama e inseguranças da Layla assumiram o controlo.

Primeiro porque passa o tempo a duvidar dele, quando o Zayne já deu uma série de provas de que está na Equipa Layla, e quando é suposto tê-lo conhecido grande parte da sua vida, e serem os melhores amigos. Depois, porque passa o tempo a duvidar que consiga ter algo com o Zayne, porque blá blá blá, blá blá blá, blá blá blá *desfia o rosário*. Minha querida, when there's a will, there's a way.

Já disse que enredo nem vê-lo, e parece que a 100 páginas do fim a autora se lembra disso. E portanto toda a gente fica estúpida e começa a desconfiar duma certa pessoa. Mesmo quando não faz sentido nenhum que seja essa pessoa a culpada... basicamente, a lógica causa-efeito saltou pela janela no início do livro e não se deu ao trabalho de voltar a aparecer.

Pois é, se passássemos menos tempo na beijoquice e no triângulozinho, tínhamos tido mais tempo para, sei lá, procurar o vilão, e aprender mais coisas sobre ele, e encontrá-lo? Porque até nem era muito difícil descobrir quem era. Tenho a sensação que devia haver alguém no meio desta coisada toda que soubesse mais sobre os Lilin. Se isto fosse um livro a sério, isto é.

Enfim... eu estou disposta a deixar passar esta, e a sujeitar-me à leitura do terceiro livro, porque: a) esta é das minhas autoras favoritas; b) ela costuma ser bastante boa a dar uma volta aos clichés, apesar de aqui nunca chegar a fazê-lo; c) ela costuma ser boa a planear um livro, por isso não sei que pancada lhe deu aqui; d) ela não costuma embarcar em triângulos amorosos parvos, por isso vou dar um desconto; e e) ainda estou com esperança que o terceiro livro seja melhor, apesar da patetice de termos de escolher o parzinho para a Layla. Essencialmente, vou considerar este uma excepção à regra, e fingir que não existe. Para bem da minha sanidade mental.
Páginas: 464

Editora: Harlequin Teen

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