terça-feira, 18 de agosto de 2015

The Winner's Crime, Marie Rutkoski


Opinião: Ah, céus, todo este livro (e esta série) me deixa ansiosa, em todas as suas facetas. Passei o tempo todo antes de o ler ansiosa para lê-lo, mas também ansiosa só de pensar e magicar no que aconteceria aos personagens. Passei o tempo todo que o li absolutamente ansiosa pela atmosfera de tensão, drama e intriga que a autora conseguiu conjurar. E agora vou passar mais um ano ansiosa para saber o que acontecerá no futuro, especialmente depois do fim extremamente doloroso e tortuoso a que fui exposta. Ninguém merece.

Portanto, depois dos eventos e decisões chocantes do final do primeiro livro, a Kestrel está na capital Valorian, e como a sinopse diz, "numa gaiola construída por si própria". Estando na corte, rodeada de intriga e drama, a fasquia está mais elevada, especialmente pela posição única que a Kestrel tem. Os olhos estão todos nela, e a margem para erro é muito menor - e o perigo de perder o jogo muito maior.

E é isso que a Marie Rutkoski é exímia em delinear. A tensão derivada de uma situação muito complexa e complicada, em que o mínimo passo em falso pode ser a morte do artista. O retrato psicológico de alguém que se vê numa situação impossível, e tenta fazer o melhor que pode e o que acha que está certo, por muito difícil que seja. Passei o livro todo extremamente ansiosa pela Kestrel, quase a hiperventilar do nervosismo em segunda mão, só de ficar doente de preocupação com ela. A Marie Rutkoski é mestre em torturar-me, oh se é.

E por falar na Kestrel, fiquei fascinada pelo seu percurso, e tornei-me na sua maior fangirl. Caramba, a fibra moral, a coragem, a firmeza, que são necessárias para se meter no jogo perigoso em que se mete. É que a Kestrel é uma óptima estratega, e tem queda para a intriga, e quem sabe no futuro para ser líder. Mas no momento, ela desgosta do engano necessário à sua posição, e usa as emoções à flor da pele, detestando ter de as esconder, o que a coloca numa posição tão precária. É impossível uma pessoa não se compadecer dela, ver a necessidade que há para manter a personalidade dura e desinteressada, mas ter a mesma vontade que ela de gritar aos sete ventos a verdade.

Quanto ao Arin, eu senti largamente uma enormíssima vontade de lhe bater ao longo do livro. Ainda sinto. E senti particularmente numa certa cena final do livro. Que obtusidade, os instintos dele dizem-lhe, não, gritam-lhe uma coisa, e ele passa o tempo a ignorá-los e a dizer-se outra! Credo, sempre pronto a pensar o pior da Kestrel. E ele tem todas as informações para tirar a conclusão correcta, tanto que chega eventualmente a ela. Mas não lhe perdoo portar-se como uma galinha tonta e passar o tempo a duvidar da Kestrel, quando a conhece verdadeiramente e entende bem algumas verdades fundamentais acerca dela. E não lhe perdoo o final do livro.

Sobre outros personagens secundários: é interessante as duas faces da moeda que compõem o pai da Kestrel e o Tensen, o "conselheiro" do Arin. De certo modo, ambos tentam fazer aquilo que sentem estar certo de acordo com as suas lealdades e falham miseravelmente ao fazê-lo. O Tensen, bem, não gosto de o ver fazer caixinha, mas percebo os seus motivos. Suspeito que pensa que se não revelar certas coisas ao Arin, este não se desviará do seu caminho. O problema é o Arin ainda faz mais porcaria em resultado, e detesto que o secretismo do Tensen contribua para o desfecho final.

O pai da Kestrel, bem, esse é algo inteiramente diferente. É quase morbidamente interessante observar a sua lealdade inabalável a um homem que não o merece, em detrimento da filha. Faz-nos perguntar o que motiva essa lealdade. Sinto história aí metida. Ou espero que assim o seja. Porque a noção de ele fazer o que fez só porque sim é tão, tão deprimente. A relação dele e da Kestrel não é fácil, com a dificuldade mútua em mostrarem afecto um ao outro, mas nada justifica o seu comportamento mesmo chocante do final do livro.

Entre outros personagens, destaque para o Verex, que foi uma pequena (boa) surpresa, pela sua recusa em deixar que o ambiente em que vive mate completamente aquilo que é. Seria quase adorável, se eu não tivesse tanto medo que também ele se venha a revelar também uma cobra venenosa. A Jess (e o Ronan, já agora) comportou-se de forma abominável. Por muito que tenham crescido e sido educados a pensar de um certo modo, é assim tão difícil ser um amigo verdadeiro? Dar pelo menos o benefício da dúvida a uma amiga de infância, talvez aceitar que nem tudo é a preto e branco?

Falando no final do livro... bem, não posso dizer que foi surpreendente, exactamente. Passei o tempo todo ansiosa e à espera que algo corresse mal, portanto... mas foi enervante, de qualquer modo. Deu-me ainda mais vontade de bater no Arin, por fazer a coisa mais estúpida que eu já vi e emperigar a Kestrel por capricho, e por deixá-la desamparada por esse mesmo capricho. Ugh. Que bebezão grande.

Ela fez tudo e mais alguma coisa pelo que achava correcto, e por ele, e em retorno que fez ele, se não agir como um palerma, e fazer asneira atrás de asneira? É bom que sofra e se redima no terceiro livro, ou por mais delicioso que seja ler sobre um casal impossível, não poderei acreditar nele como par merecedor para ela. Ainda não vi nada que justifique vir a ser o parceiro que a Kestrel merece. Nunca poderia ser alguém inferior.

Algo verdadeiramente cativante é o final, que apesar de ser horrível, também é prometedor pela direcção em que pode levar a história. Céus, quase que me lembra o final do The Assassin's Blade. Podia ser uma prequela dessa série, totalmente. Mas isto sou eu e o meu obcecado cérebro com tudo o que sai da pena da Sarah J. Maas. Acho que posso dizer que a Marie Rutkoski está a jeito para se juntar a ela.

Páginas: 416

Editora: Farrar, Strauss & Giroux

3 comentários:

  1. Woohoo! leste! xD

    Gaaaah, vamos fazer (outra) esperinha ao Arin, apanhá-lo assim desprevenido num canto escuro e ZÁS! tu dás estalos no lado direito, eu dou estalos no lado esquerdo. O grande idiota... ele melhor do que ninguém devia saber que nem tudo é o que parece e que há sempre a possibilidade de haver alguém à escuta. Mesmo que a Kestrel tivesse passado o livro a ser fria com ele, porque raio ele acha boa ideia "testar" os sentimentos dela na toca do lobo?? Quase tão boa ideia como um adepto do Sporting ir gritar pelo seu clube para o meio da claque do SLB em dia de jogo ou vice-versa. Muito boa ideia mesmo! Genial! T__T
    Quero muito que ele descubra logo no inicio do próximo livro a verdade, que é para sofrer o mais tempo possível.

    Eu acho que o Verex é boa pessoa... espero não estar enganada, até porque é preciso alguém para tomar o lugar do pai dele no final, methinks. Engraçado como ele é basicamente o único aliado da Kestrel neste livro, o próprio filho do Imperador... quem diria. Consegue ser mil vezes mais amigo da Kestrel do que a parva da Jess ou o Ronan, ugh, que dois...

    Da mesma maneira que acho que o pai da Kestrel é uma daquelas pessoas fascinadas pelos seus líderes, aquelas pessoas ceguinhas ao que está certo ou errado, a única coisa que interessa é ser fiel ao superior que eles admiram acima de tudo.

    É triste a maneira como todas as pessoas que a Kestrel ama se comportam neste livro, ela basicamente leva facadas nas costas de toda a gente. O_O
    Espero que não se passe muito tempo entre o final deste o inicio do próximo livro, não gosto de pensar nela sozinha e completamente helpless sabe-se lá onde durante um grande período de tempo.

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    1. I know! Agora vamos aborrecer a Patrícia do Chaise Longue, que devia ter estado a ler comigo, para ver se o acaba. xD

      Looool vamos, vamos, o Arin merece que se lhe torça o pescoço! Credo, que totó, passou o tempo todo a ignorar os instintos dele, que lhe diziam uma coisa, só para acreditar noutra completamente estapafúrdia, porque "a Kestrel não seria capaz, a Kestrel é horrível e igual aos outros", blah blah blah. Argghhhhh que a atitude dele deu-me uns nervos enormes. Só ideias brilhantes atrás de brilhantes ideias, a última das quais foi realmente ir meter-se na boca do lobo. Céus, quando vi o que ele estava a fazer, passei o tempo todo a fazer facepalms mentais. xD Isso, e a guinchar "não faças iisssssooo!!! vai dar asneiraaaaa!!!", mas ninguém me ouve. -.- :P

      Eu tenho um bocado de medo que ela me estrague ou dê cabo do Verex, este mundo é tão retorcido que tenho receio quase de gostar dos personagens, sob pena de morrerem ou algo do género. Ela pode fazer no entanto muitas coisas interessantes com ele...

      Eu não sei, é tão estranho e fascinante, a Kestrel e o pai têm uma relação complicada, em que têm muita dificuldade em mostrar que gostam um do outro, o que é explicado pelo tipo de sociedade bélica em que vivem. Mas o pai da Kestrel não se tornou um general experiente e vitorioso ao ser um seguidor cego, parece um homem mais inteligente que isso. E portanto fico a magicar, que raios aconteceu com ele e o imperador no passado, para isso ter tanto peso no presente. De qualquer modo, gostava de ver este ponto explorado, porque parece ter muito por trás.

      Ahhhh I know! Até o Arin, goddammit, fiquei a odiar toda a gente depois de ler o raio do livro. Deixou-me tão furiosa e stressada, bolas, a Marie é boa.

      Gosto de pensar que a Kestrel vai criar o caos lá onde estiver, tipo uma revolta de prisioneiros ou algo do género. Ou vai destruir o sistema de dentro, fazendo pequenas coisas todos os dias, coisas aparentemente insignificantes mas que levem à sua libertação. Estilo Prison Break. xD

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    2. Prison Break: Winner's Curse, haha muito bom. xD
      Sim, eu também queria muito que ela se salvasse a si própria, e como a Kestrel é a Kestrel, óbvio que teria de trazer mais alguém atrás, mas também queria que o palerma do Arin passasse por muitos trabalhos para chegar até ela, só para a ver já livre e a liderar um grupo. O "kiss" de Winner's Kiss deve ser um beijo nos pés da Kestrel logo após a reunião dos dois, "FORGIVE ME LOVER I BEG THEE".

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