segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Every Move, Ellie Marney


Opinião: Estou a sentir-me torturada. Eu não queria ler isto. Porque é que me meti a fazê-lo? Agora já não tenho mais livros da Ellie para ler e a culpa é toda minha! Eu tinha de saber o que se ia passar, não tinha? Não podia esperar, pois não? Pois bem, agora tenho de lidar com a dura realidade, e torcer para que o tempo esteja a meu favor e a Ellie esteja prestes a publicar mais qualquer coisa. Mesmo que seja uma nova série, não quero saber. Só preciso de alimentar o vício.

... e agora fui ao blog dela e está na fase de escrever o próximo livro. O que quer dizer que devo estar a um ano de tê-lo nas mãos. Porque é que eu me continuo a torturar desta maneira???

Enfim. Custa-me dizer adeus, custa-me não ter mais nada desta senhora nas mãos, mas já era tempo. Passou mais de um ano desde que li o último livro, o segundo da série; e sem previsão de vir a ter o terceiro nas edições que tinha, as americanas, arrisquei-me a mandar vir a australiana. Irrita-me não ter tudo na mesma edição (os primeiros em hardcover e este em paperback), mas irritar-me-ia mais estar refém da editora americana para terminar a trilogia.

Pois bem, os acontecimentos do segundo livro deixaram a sua marca, como era de prever. A Rachel, a narradora, passou um mau bocado, e ainda está a tentar lidar com isso. Psicologicamente, mas também na relação que tem com os que a rodeiam e que ama. Os pesadelos abundam, a relação com a mãe está mais tensa que nunca, e tem-se mantido afastada do James.

Entra o Mike, o irmão mais velho, que a leva numa viagem improvisada à quinta que tinham no interior australiano, para refrescarem as ideias. Errrr... na verdade o Mike tinha um motivo oculto para voltarem, que era ajudar um amigo que estava a passar um mau bocado, e facilitar-lhe a mudança para Melbourne com eles.

Entra em cena esse novo personagem, e é engraçado ver a evolução dele. O Harris é apresentado duma maneira na sinopse, e os nossos cérebros já estão tão habituados a que isso signifique "triângulo amoroso", que nem passa pela cabeça que a coisa não seja nada assim. Quero dizer, o Harris tem pinta de ser jeitoso, e até pode ter uma queda pela Rachel, mas aqui o importante é como ela se sente.

E ela pode estar a passar por muito, e o Harris até está ali a jeito para a fazer compreender algumas coisas acerca da situação por que passou - o rapaz até tem alguma profundidade, e mais experiência com uma vida difícil do que se pensaria -, mas é muito mais divertido e realista vê-la considerar a relação que tem com o James.

Ela chega a pensar que devia terminar tudo, que "estar quebrada" significa que lhe vai ter de pedir para desistir de coisas que ele não quereria desistir, mas depois o rapaz aparece-lhe à frente depois de algum tempo sem se verem, e é adorável, ela toda derretida, só faltou ver-lhe olhinhos em forma de coração como nos desenhos animados. (E essa cena é tão gira pelos sarilhos em que eles se metem.)

É isto que eu louvei nos livros anteriores, que a Ellie seja capaz de escrever adolescentes realistas, maduros mas não adultos, gente com emoções credíveis e com as quais nos podemos relacionar. Não há drama excessivo, só a realidade da vida.

Além disso, gosto muito de como ela escreve as emoções dos personagens; é incrivelmente cativante e absorvente. Adorei ver a evolução do James com a tia, para algo que finalmente se parece com serem uma família; e a evolução da relação da Rachel com a mãe, que finalmente está a melhorar; e na verdade, as cenas à volta duma carta muito especial que o James recebe, porque ele precisava de receber aquilo e deixar-se sentir tudo aquilo. (E o fim da cena? Com ele a receber uma mensagem curta e inesperada da mãe a elogiá-lo? Adorável.)

Acho que não é preciso dizer que adorei ver a Rachel e o James juntos, porque eles são tão fofos e adorável um com o outro, e têm uma química fantástica, e fazem uma óptima equipa...

É claro que por muito que a Rachel preferisse não se envolver com a investigação em curso, a investigação não concorda com ela, e o inimigo que fizeram com as suas acções em Londres não os vai deixar escapar assim tão facilmente... o perigo espreita, mesmo não sabendo eles de início o que fizeram e o que o inimigo pretende.

Acho que o único defeito que posso pôr neste livro é ser curto. Saber-me a pouco. Queria ter mais tempo com estes personagens. Dá a sensação que o enredo não está tão desenvolvido como os outros, mas isso é uma falsa ideia, deriva apenas de os personagens não serem tão activos na procura do mistério, porque neste caso o mistério vem ter com eles. Mas parece que acontece tudo tão depressa. De repente estamos no fim, e pumba! acabou.

A parte final... bem, estou um pouco zangada com os meus meninos, e com o Harris também, que eu gostei dele mas não o suficiente para achar piada a que apoiasse tanto o plano. Porque é que eles haviam de se meter num buraco tão grande??? (Quase literalmente. Eh.) Quero dizer, compreendo porque acharam que era a sua melhor hipótese, mas preferia que tivessem tido ajuda. Só a Ellie para me torturar tanto.

Oh, céus. Agora estava a pensar naquilo que disse há pouco sobre o James e a Rachel serem uma boa equipa. Eles no futuro vão estudar para ser um investigador forense e uma médica, certo? Portanto, está-me a ser tão fácil visualizar uma daquelas séries tipo thriller que estão agora tão na moda publicar em Portugal; consigo totalmente ver alguém a escrever uma série do género a relatar as aventuras e mistérios deles enquanto adultos. Por favor, alguém que o faça acontecer. Eu preciso disso.

Ahhh terminou, acabou mesmo. Mal posso acreditar. Posso voltar ao início?

Páginas: 352

Editora: Allen & Unwin

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