quarta-feira, 27 de abril de 2011

Delirium, Lauren Oliver


Opinião: Tenho andado a adiar a escrita desta opinião. A procrastinar, mesmo. Estou com dificuldade em dizer porque é que gostei tanto deste livro. A história passa-se algures no futuro, em Portland, Maine. O amor, amor deliria nervosa, foi considerado uma doença e na verdade o causador de muitos outros males, como doenças psicológicas ou cardíacas. Foi por isso que quando se criou uma intervenção cirúrgica que "cura" as pessoas desta doença, se implementou o actual sistema de governação.

Basicamente, somos "curados" no dia em que fazemos 18 anos, e depois toda a nossa vida é escolhida por alguém no sistema de governação. Os jovens prestes a ser curados são "avaliados", e se tiverem boas notas vão para a faculdade; se não, vão trabalhar. É neste momento que um par é escolhido para eles dependendo da sua "avaliação" e compatibilidades, e até é escolhido por eles quantos filhos vão ter.

A Lena é uma jovem que acredita mesmo que vai ficar melhor com a cura. Viveu toda a vida com o estigma de ser a filha de uma mulher que, mesmo após 3 curas, continuava, que pecado!, a amar, a demonstrar sentimentos. Mas a 3 meses de ser curada, Lena apaixona-se (contraindo a "doença"), e começa a perceber que está algo de muito errado por trás de todo o sistema em que as vidas das pessoas são comandadas por outrém, em que as pessoas vivem como robôs sem sentimentos, em que são dominadas pelo medo e pelo sentido de dever.

Para distopia, esta ficou-me na mente de um modo especial. Talvez tenham sido as descrições de toda esta sociedade fria e distante. Ou a descrição deste último Verão adolescente da Lena, em que ela compreende tantas coisas importantes sobre si mesma e sobre o que a rodeia. Ou a escrita da autora, que me levou pelo enredo fascinada com a construção do mesmo e deste mundo.

O modo como as pessoas são "controladas" lembrou-me muito algumas ditaduras na nossa história, particularmente a Nazi. O medo é muito poderoso, e vários aspectos neste livro lembram-nos isso: seja as pessoas estarem dentro de uma cerca que limita a cidade, com medo dos "Inválidos" (Invalids) e da "Selva" (Wilds), em que ainda restam alguns curados; ou o facto de se fazerem regularmente raids por toda a cidade, verificando os documentos de todos e se alguém olha só de modo diferente para os raiders, pode vir a ter problemas; ou o desaparecimento e execução de pessoas que fossem "simpatizantes" (dos não curados)... tudo isto contrói uma sociedade aterrorizada.

Mas no entanto quase corremos o perigo de deixar passar estas reflexões sobre esta sociedade, de tão absorvidos que ficamos naquilo que Lena está a pensar e sentir. A sua evolução enquanto personagem é muito interessante e a sua amizade com Hana e o amor por Alex dominam a sua vida, ao mesmo tempo que são os motores para Lena perceber coisas sobre o que a rodeia.

O final é agridoce, mas senti que não podia ser de outra forma. Pergunto-me o que vai acontecer nas sequelas (parece que vão haver 2, via Goodreads, perfazendo uma trilogia). No site da autora é mencionado que o seu outro livro, Before I Fall, é/será publicado em Portugal pela Presença (bem, no site estava Presenca, mas os americanos não têm acentos nem cedilhas nos teclados) - este livro é YA contemporâneo, e cheira-me que deve ter um final bem triste, mas não sei se espere pela edição portuguesa.

Páginas: 448

Editora: HarperTeen

3 comentários:

  1. O amor é uma doença :o ... quer dizer, é verdade, de certa maneira.

    Pois...se vai ser um trilogia, estragam um bocadinho o final do primeiro volume *sigh*

    Tenho o Before I Fall para chegar, mas também tenho medo que não corra bem x_x

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  2. Pois, as descrições que aparecem no livro são as típicas duma pessoa apaixonada, só que levadas ao extremo. :P E bolas, aquele final... deixou-me os cabelos em pé. Estou para ver como é que um segundo livro "descalçaria a bota".

    Eu só de ler a sinopse do Before I Fall SEI que vai acabar mal. É daqueles livros que me dá um pressentimento forte, conjugado com o que sei da maneira como a autora escreve a partir deste. É também daqueles livros que são como um desastre de automóvel: é terrível, mas não se consegue evitar olhar.

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  3. Estou curiosa... mesmo que o final seja meio negativo, estou muitíssimo curiosa!!

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