segunda-feira, 28 de abril de 2014

Don't Look Back, Jennifer L. Armentrout


Opinião: Sigo esta autora desde quase que começou a lançar livros como se não houvesse amanhã, e li quase todos os seus livros publicados... o que quer dizer que conheço o seu estilo e me sinto confortável com ele, ou não leria tantos livros dela. Por outro lado, conhecendo o seu estilo, é difícil surpreender-me. O que até posso dizer que aconteceu aqui. Don't Look Back é um livro um pouco diferente daquilo a que Jennifer L. Armentrout me habituou, mas que continua a ter a marca da autora e que conseguiu igualmente cativar-me.

Don't Look Back é um thriller/mistério que conta a história de Samantha, uma jovem que aparece a caminhar sozinha, numa estrada, sem memória de quem é ou o que fez. Reintegrada na sua vida, descobre que a Sam antes-da-amnésia era uma rapariga jovem, bonita, rica, a caminho duma faculdade prestigiada e com um namorado de sonho, mas também que era a menina-má-mor da escola, odiada por todos e desafiada por ninguém. Bem, talvez por Cassie, a sua (aparentemente) melhor amiga, mas também rival, que desapareceu na mesma noite que Sam.

Gostei muito do modo como a autora apresentou a questão da amnésia e de como a Sam lidou com ela. Sem os filtros que a antiga Sam tinha, criados por anos de emoções e memórias e o peso que trazem, a nova Sam permite-se ser mais genuína, quase como se tivesse nascido de novo. É uma coisa muito interessante de ver, porque toda a gente espera que ela volte a ser a miúda mesquinha que era, e ficam surpresos cada vez que ela faz algo simpático.

A Sam, por sua vez, não consegue compreender como se tinha tornado nesta pessoa horrível, e tenta regenerar as pontes que tinha queimado, e opor-se às injustiças que anteriormente tinha praticado. Morri a rir na primeira cena dela com o Carson, um rapaz que a velha Sam tinha tratado mal, mas que a nova Sam achava giro, e ao qual perguntou se era ele o seu namorado.

Por falar nisso, achei curioso (mas plausível) como, na ausência da lembrança de emoções e das memórias que as suportam, a nova Sam não sentia nada por aquele que era de facto o seu namorado, o Del. Acaba por ser um pormenor que sugere que por vezes nos agarramos demasiado às coisas, instigados pelo passado e pelo que nos recordamos, mas que no presente podem já não ser as mesmas que nos recordamos.

Uma parte importante da amnésia é conhecer e compreender as relações da Sam com os que a rodeiam. A relação com a mãe é a mais complicada, porque a velha Sam parecia comportar-se muito de acordo com os seus valores, mas sempre a causar sarilhos e a revoltar-se contra isso. A relação com a Cassie também era complicada, pela amizade/rivalidade que partilhavam. Com o Del, o namorado de antes, era bastante turbulenta e cheia de altos e baixos.

Com outras pessoas que tinha afastado acabou por conseguir reaproximar-se delas, como o Scott, o irmão gémeo, que no início está céptico sobre a amnésia mas acaba por protegê-la e defendê-la; ou a Julie, uma ex-amiga com quem partilhava interesses. Outras afasta da sua vida, por serem demasiado tóxicas.

Com outras ainda, é mais complicado. O Carson é um amigo de infância, um jovem pelo qual a pré-adolescente Sam se permitiu ter uma paixoneta, mas que a Sam adolescente reduzia ao filho do jardineiro, insultando-o. Tinham os seus momentos, mas geralmente evitavam-se. Por isso é uma reviravolta gira a Sam permitir-se sentir-se atraída por ele e permitir-se algo que sempre se recusara. O Carson é um bom rapaz, e gentil e paciente, mas que vê através das parvoíces dela, e isso faz dele um bom par para ela.

Outro aspecto da narrativa que achei fascinante é a exploração do stress pós-traumático da Sam. Com amnésia, e em paranóia pelo que passou, a Samantha tem dificuldade, em certos momentos, em destrinçar o que é verdadeiro e o que é ilusão ou memória. O modo como ela começa a duvidar do seu instinto é preocupante, assim como a maneira que o seu subconsciente arranja para a avisar. Mas, por outro lado, esta situação mostra o uso de um medicamento psiquiátrico de forma positiva. Gosto que se tenha fugido ao cliché de um personagem precisar de acompanhamento terapêutico e se fazer disso um bicho de sete cabeças.

Quanto ao objectivo do mistério, que é descobrir quem fez.. passei o livro todo a analisar possíveis suspeitos e suas motivações, e o motivo da pessoa que o fez até me passou pela cabeça, mas não o levei a sério como suspeito porque representava uma quebra de confiança tão grande... pontos bónus para isso. Além de que me manteve a tentar adivinhar até ao último segundo.

Em suma, esta foi uma boa leitura, que conseguiu manter o suspense e reter a minha atenção durante todo o livro. A Samantha foi uma boa protagonista, determinada em mudar, em ser melhor do que era, e acompanhei com gosto o seu percurso. Soube-me bem, a leitura.

Páginas: 384

Editora: Disney Hyperion

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