sexta-feira, 6 de junho de 2014

A rainha manda... Filho das Sombras, Juliet Marillier

Depois do lançamento da rubrica conjunta desenvolvida por mim e pela Patrícia do Chaise Longue, aqui fica o resultado do primeiro livro lido a mando exigência pedido da minha companheira de leituras - O Filho das Sombras, da Juliet Marillier.


A Patrícia fez-me algumas perguntas sobre esta leitura, e tendo em conta que abordam os aspectos que eu iria mencionar numa opinião normal, vou deixar que este post funcione como a minha opinião do livro.

Liadan e Bran: o casal perfeito da Juliet ou nem por isso?
Posso dizer perfeitamente imperfeito? Adorei a maneira como a Liadan se impunha em cada situação, em cada desafio que se lhe apresentava, como achava que era uma moça caseira e depois dá por ela numa grande aventura, e a lidar fantasticamente com isso. Contudo, vejo como uma personalidade como a dela também pode ser um tudo-nada difícil.

O Bran, bem, passei grande parte da narrativa com vontade de lhe dar um pontapé no traseiro para ver se ganhava juízo, porque aquela necessidade de ser infeliz e miserável, conjugada com a insistência de que as mulheres são o demo, bem, dão com qualquer um em doido. E tornam difícil ver as qualidades dele, o desgraçado. Mas é leal e um bom líder, e melhor, conseguiu reunir um conjunto de homens sem rumo num propósito único, o que parece bem complicado. Há um certo aspecto de vulnerabilidade seu bastante cativante. A sua história é triste, arrepiante. E vá, tem os seus momentos. Quando não está determinado em fazer figura de urso, isto é.

Portanto, sim, um casal deliciosamente complicado. A sorte do Bran é que a Liadan tem paciência de santa e pouca vontade de aturar tolices.

Niamh e Ciarán: o amor proibido. Quais os teus sentimentos em relação a eles?
Gahhh, coitadinhos, apatece-me dar-lhes um abraço enorme, apertado, e salvá-los de segredos de família ridículos e de familiares que só fazem asneira.

A sério, a sério, merecem mais do que aquilo que a vida lhes deu. A Niamh merece continuar a ser a pessoa que irradiava felicidade, saúde e juventude, e o Ciarán merece ser julgado por algo mais que a sua ancestralidade.

Portanto, bem, acho que mereciam um final feliz só para eles, mas... é complicado.

Que achaste da interacção familiar neste livro?
Interferência familiar, queres tu dizer. Céus, dei por mim a desejar que todos os irmãos da Sorcha presentes tivessem constituído família, para andarem ocupados com ela, em vez de andar a meter o nariz na família da Sorcha. Esta atitude de que eles é que sabem e vamos poupar a Sorcha ao bicho papão e blá blá blá é extremamente irritante.

a) Alguém perguntou à Sorcha o que é que ela queria fazer?

b) Desde quando é que esconder coisas às pessoas alguma vez funcionou? Pois, nunca. Recusaram aos filhos da Sorcha um instrumento necessário para se protegerem do mal externo, sob a desculpa de os estarem a proteger. Quando estavam era a ser egoístas e a querer enterrar a cabeça na areia e a esquecer o que aconteceu. Que, ei, é uma atitude válida. Só que não muito inteligente.

c) Mas ninguém aprendeu nada com o que aconteceu no passado? A geração mais velha precisa mesmo de voltar a fazer asneira, para ter de ser a geração mais nova a resolver (ou sofrer com ela)? Hmmm, vejo um padrão...

Portanto, tinha sido bem melhor se todos tivessem deixado a Sorcha e o Red educarem os filhos como bem entendessem, sem tentarem (e conseguirem) meter a colher, e já agora a faca e o garfo também.

Bem, fora isso, foi bastante bom ver as relações familiares que se formaram em Sevenwaters, porque dá para sentir que este pessoal é mesmo uma família. Interferências ridículas à parte. E deu para matar saudades de um monte de gente.

Guerreiros ou corações de manteiga: o grupo de Bran é um dos pontos fortes deste livro, o que achaste das relações entre eles e da forma como eles se dividem entre o seu chefe e a rapariga que todos passaram a adorar?
Ah, adorei-os. Foi tão engraçado como um bando de duros estava de repente aos pés duma miúda que lhes contava histórias e os tratava como pessoas, com sonhos e desejos e necessidades. Eles lá recuavam quando o Bran fazia cara de mau, mas foram cativados pela Liadan. A maneira como eles cuidam dela e fazem tudo o que ela pede mais lá para o fim... tão fofos.

Há uma revelação importante sobre a identidade de alguém. Estavas a espera disso?
De qual delas é que estamos a falar? Bem, para ser honesta, eu já tinha visto a árvore genealógica de Sevenwaters, por isso já tinha sido a modos que spoilada e estava ciente de ambas as identidades.

Se não soubesse, a primeira teria tornado-se óbvia a partir do momento em que toda a gente se passa da cabeça com a situação da Niamh. A segunda quando se começa a especular de onde é que o Homem Pintado vem, acho.

Se estava à espera? Talvez da primeira; da segunda, se não soubesse, creio que teria sido apanhada de surpresa... nada nos diria que as coisas iam acontecer do modo como acabaram por acontecer.

Uma personagem acaba por ter um destino horrível em comparação com outra na mesma situação. Isso pareceu-te justo?
Não, nunca. Acho que toda a gente estava a exagerar um bocadinho (MUITO) com o que fizeram à Niamh, que não tinha culpa de toda a gente ter decidido que se tinha de esconder certa informação. Ainda mais porque a miúda não sabia que mal é que tinha feito e foi "castigada" da maneira que foi. E isso apenas torna mais hipocrita a falta de reacção quando a Liadan vai, er, um pouco mais longe.

Enfim, admito que influências externas possam ter determinado a reacção à situação da Niamh e o tratamento que lhe foi dado. Mas não quer dizer que eu os perdoe por terem todos perdido a cabeça com a miúda.

Esta história acaba por misturar fantasia, em forma das lendas celtas, com história. Pensas que essa conjugação é bem feita?
Oh, é uma das coisas mais deliciosas que a Juliet faz. É uma trabalheira para classificar um livro dela (fantasia épica? ficção histórica? fantasia histórica? venha o diabo e escolha), mas ela consegue sempre deitar uma pitada de cada para fazer um tempero da narrativa muitíssimo saboroso e satisfatório. Para responder à pergunta, sim, ela trabalha isso muito bem.

Este livro tem menos de conto de fadas do que o seu antecessor. Sentiste falta disso?
Acho que não, como não conhecia o conto usado no livro anterior, também não senti o reconhecimento duma estrutura familiar, com outra roupagem, ao lê-lo. O que quer dizer que não fez me diferença ao ler este e essa estrutura de conto, com as suas respectivas características, não lá estar.

Como já conheces bem o trabalho desta autora, achas que há muita diferença entre este livro e outros?
O que achas do facto de este ser considerado o melhor livro da autora? Concordas?
Fazendo um disclaimer para quem me estiver a ler, li tudo o que a Juliet tem publicado em português, menos as coisas de Sevenwaters a partir deste livro. Culpo inteiramente o hype em torno de Sevenwaters por isso, mas lá chegarei, eventualmente. (Ao ponto em que li tudo o que houver publicado dela, isto é.)

Agora que já tirámos isso do caminho, passemos à parte de comparar o livro. Acho que nem consigo comparar em termos objectivos, se é pior ou melhor em relação a outros livros da Juliet. Ela começou a publicar relativamente tarde na sua vida, e isso confere à sua escrita uma maturidade que faz com que todos os seus livros me pareçam bons, se é que isto faz sentido. Não vejo diferença, no sentido em que ela trabalha igualmente bem a narrativa, com as suas características típicas, de modo igualmente satisfatório, enquanto conta uma história totalmente diferente.

Posso availá-los no sentido subjectivo, do gostei/não gostei (ah, como se isso fosse acontecer), ou melhor, do gostei mais/gostei menos. Acho que percebo porque é que o livro é um favorito para tanta gente, mas posso dizer que não mexeu no pódio dos meus favoritos - O Filho de Thor, O Poço das Sombras, A Filha da Floresta. Culpo inteiramente o exaspero com certos e determinados personagens (ver: Bran e irmãos da Sorcha).

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E termina aqui a parte das perguntas que a Patrícia me fez. Eu avisei que dava um post de opinião. De seguida, apresento o livro que ela escolheu para mim para Junho, e as suas razões:

A Noite de Todas as Almas, de Deborah Harkness
Escolhi este livro para a p7, porque é um dos meus livros preferidos mas, infelizmente, não tenho ninguém com quem falar dele. Ora como ela o tem na estante, decidi-me por ele este mês. Penso que ela compreenderá o meu enorme carinho por este livro, e rezo fervorosamente por isso, que ela goste quase ou tanto como eu.

O post da Patrícia sobre o livro que leu, Daughter of Smoke and Bone, de Laini Taylor, e o livro que escolhi para ela, juntamente com a minha justificação para o escolher, podem ser lidos aqui.

2 comentários:

  1. Gostei tanto das tuas respostas!!=D Até porque concordo com tudo o que disseste!xD

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    1. Eheheheh, obrigada! ^_^ Sobre os irmãos da Sorcha ou sobre o Bran? xD

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