segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Uma imagem vale mil palavras: Paper Towns (2015)

Ok, tenho a dizer que este filme me apanhou de surpresa. quero dizer, eu sabia que ele ia sair, mas (in)convenientemente esqueci-me de quando, exactamente, é que ele ia sair, e quando dei por mim, já estava prestes a sair, e os meus planos de ler o raio do livro antes do filme foram por água abaixo.

Oh, céus, detesto mesmo este poster. É
tão preguiçoso, em termos de design.
A sério? Uma foto do protagonista,
uma foto da protagonista com o cabelo
ali a passar por cima, e já está?

Isto para dizer que a minha opinião é colorida por, uma vez na vida, não ter lido ainda o livro. O que se tornou uma experiência curiosa. É que eu estava totalmente à espera de ter uma espécie de cópia do Looking for Alaska à minha frente, com um rapazinho totalmente obcecado pela manic pixie dream girl, que dá significado à vida dele sem ter a sua história própria.

E se a Margo começa por ser exactamente esse estereótipo, o filme é também uma desconstrução do mesmo. (Se o John Green fizer um décimo disto no livro, já leva os meus parabéns.) É que o Quentin, o protagonista, conviveu com a Margo durante 2 anos, dos 7 aos 9 anos. E admitidamente, não fala com ela desde os 9 até aos 18 anos.

No entanto, não deixou de pensar nela e de fantasiar com ela, e de se achar até apaixonado por ela. O filme, ao apresentar as coisas nestes termos, faz-nos questionar quão saudável e razoável é esta perspectiva. (Quero dizer, é um bocado patético. Patético ao estilo dum miúdo de 18 anos, mas mesmo assim.) Faz-nos questionar a imagem que temos da Margo, que é filtrada pela perspectiva do Quentin, que nem sequer tem um contacto directo com ela.

Ou seja, a Margo da narrativa do Quentin não é a verdadeira Margo. Ela própria diz isso no fim, que não é possível ele estar apaixonado por ela. É interessante, pensar no que vislumbramos dela que nos diz realmente coisas sobre a personalidade dela. É uma miúda sem rumo, possivelmente mimada, porque cada vez que foge dá a sensação que os pais a deixam fazer tudo. Algo egoísta e centrada em si própria, e talvez um pouco snobe, ou talvez cega a certas coisas da vida como só alguém da idade dela pode ser.

Como espectadores, vislumbramos mais da Margo que o Quentin se permite ver. Tem uma imagem idealizada da moça, que nunca se poderia concretizar, claro. É um peso tremendo, pedir a alguém que corresponda à imagem que temos de si. E por isso, o filme é um negar do estereótipo que mencionei, porque admite que a manic pixie dream girl não é um exemplo, e que sonhar e fantasiar não leva a lado nenhum, se não se estiver ancorado na realidade.

Coisas fixes sobre a história: o foco na amizade, a importância que lhe é dada, e como o fim da escola secundária a muda. A sensação de fim de uma era com o fim da escola. O sentido de humor. O conceito de paper towns. A road trip. Um certo cameo na road trip. (Morri a rir quando vi.) As partidas da Margo. O Ben, que era adorável. E o Radar, idem. E as meninas, Lacey e Angela, que conseguem ter personalidade numa história que originalmente não as inclui tanto. (Ao que ouvi dizer, claro.)

Coisas que gostava de ver mais desenvolvidas: a road trip. Achei que faltava-lhe ter mais umas peripécias. As partidas da Margo, que eram supostamente com 9 passos e só vimos para aí metade disso. O filme dá a sensação de que podia ter uma edição melhor, e a estrutura de ter as partidas primeiro, e a road trip depois, pode não ajudar a fazer o enredo correr a bom ritmo.

Portanto, em suma, estou curiosa. Gostava de ler o livro mais para a frente, porque quero comparar as duas versões, e ver em que diferem. Vejo muito ódio por aí pela Margo, e gostava de perceber o que se passa, e gostava de ver se o John Green foi realmente capaz de fugir a algo que poderia ser descrito como uma fórmula que ele usa.

Fiquei satisfeita com o filme, apesar de, ou se calhar por causa de, nunca ter lido o livro (eu sei! o horror!), mas a curiosidade mórbida impele-me à leitura. Um dia destes  logo me viro para o livro.

5 comentários:

  1. OMD, acho que preferia comer a sola do meu sapato do que ver ou ler outra coisa do John Green. Que cambada de personagens tão arrogantes e pretensiosas! Não aguento toda aquela atitude de "olhem para mim! sou tão intelectual e maduro para a minha idade", já para não falar na diarreia verbal que são os diálogos, oh God. xD
    Estes dois são basicamente novas versões dos chatos de tfios, não são??

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    1. Looooool leste o quê dele? Mas true, na maioria são too precious for this world. Acho que estes são os mais screw-ups do grupo de protagonistas dele... :P Pelo menos são potencialmente mais interessantes. :)

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    2. Li o Looking For Alaska e depois cometi o erro de ler o The Fault in Our Stars. Credo, acho que nunca revirei os olhos tantas vezes como quando o Augustus abria a boca. Ao ponto de nem ter pena do miúdo no fim, e mesmo com ele morto ainda tive que o aturar na carta post-mortem, chato até a partir do Além! Isto faz-me sentir mal porque é uma coisa horrível de se dizer, mesmo que seja uma personagem fictícia, mas opá ele é tão afetado, não há paciência. E o estúpido do cigarro nos lábios arrrghhh só me apetecia dar-lhe um par de estalos na cara! A Hazel depois que o Augustus entra na história fica igualmente chatinha. (Acho que até ia gostar deste livro se não houvesse Augustus.)
      Quando li o Looking for Alaska até gostei de algumas coisas, mas não adorei, e quando li o TFIOS cheguei à conclusão que este autor parece que escreve sempre versões das mesmas personagens, uma cambada de special snowflakes que tudo o que dizem são metáforas e no geral frases já prontas para serem quotes. **INTENSE EYE-ROLLING**
      Deve ser um pesadelo conhecer o John Green na vida real, ele é que deve ser a inspiração para todos estes adolescentes "especiais". T_T

      Bem, ao menos isso, screw-ups é melhor do que bebés pseudo-intelectuais com cigarros por acender na boca UGH

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    3. Jasus, mulher, até me assustas com esse stress todo com o JG. Especialmente porque eu me sinto maioritariamente indiferente a ele. Ou pelo menos, não provoca em mim sentimentos tão intensos. Talvez uns revirares de olhos. xD

      Mas pronto, eu fui a pessoa que passou o tempo todo a rir no TFiOS. O meu sentido de humor é tendencialmente mórbido, e por isso o tema deu-me para isso. :P Quanto ao Gus, bem, confesso que na altura não percebi o que fazia ele tão desejável por essa net fora. Especialmente pelo que lhe acontece no fim. Prefiro rapazes que ainda estejam a respirar. xD

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    4. Não te assustes xD a minha relação com o JG é tipo o inverso de fangirling, não percebo o hype, de todo.

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